Família De Marttino Uma Segunda Chance(degustação) escrita por moni


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Oiiieeee
Boa noite!! espero que gostem.



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   Pov – Kiara

   Eu tentei abrir a calça dele. Essa é a primeira coisa que vem a minha mente quando acordo. Nem consigo abrir os olhos de tanta vergonha. Quero morrer só de pensar em tudo que eu fiz.

   Perdi todo o controle. Não sei o que me deu. Quando chegamos ao hotel e eu me dei conta que o Enzo ia ficar um mês fora. Que eu estava sozinha. Que ele tem agora uma família, que eu ando para traz. Aquilo foi me assustando. O fim de semana perto do Filippo me fez tão bem e isso também estava acabando.

   Tomei o cantil todo de vodka em cinco minutos no banheiro do restaurante do hotel. A bebida me pegou de jeito. Os drinks durante o jantar ajudaram a terminar de me afundar. Ainda consegui mais vodka no bar enquanto eles se distraiam arrumando malas.

   Me encolho na cama cobrindo a cabeça como se isso pudesse apagar as lembranças. Ele me convidou para a casa dele e só pensei que ele queria transar. Quando um cara me convidou para qualquer outra coisa?

   Nem sei o que me magoou mais. O convite dele ou depois a recusa. Me senti um lixo quando ele convidou e achei que ele estava se comportando como todo homem. Me senti ainda pior quando descobri que não e ele me recusou.

   Cubro o rosto com as mãos. Como se a coberta não fosse o bastante para me esconder. Eu tentei abrir as calças dele. Eu queria ser a vadia que todo mundo pensa que eu sou e dormir com ele e tirar ele de dentro da minha alma pela manhã. Apagar esse sentimento que tenho por ele e está me machucando junto com todo o resto.

   Saí correndo feito uma menina boba. Uma dessas meninas que lê romances como ele gosta de me provocar. Nem sei como cheguei naquele bar, nem sei quando mais eu bebi. Vomitei no Ítalo. Acho que ele bem que mereceu, estava sendo um babaca. Espere. Ele sempre é. Estava sendo apenas ele e eu sei quem ele é. Não seria a primeira vez que acabaria bêbada na cama dele.

   Como se não bastasse a vergonha no apartamento ele ainda tinha que me resgatar daquela cena deprimente, tinha que ser ele a me encontrar nem sei como, me trazer para casa, me ajudar a chegar no quarto.

   Pelo menos eu consegui tomar banho sozinha e deitar. Se ele tivesse me ajudado nisso eu estaria cortando os pulsos agora. De novo a imagem dos olhos dele quando eu tentava abrir sua calça me vem a mente. Ele deve sentir vergonha de mim.

   Meu irmão vai me odiar quando souber. Filippo é melhor amigo e sócio e eu me atiro em seus braços como se um cara incrível como ele fosse se render a uma vadia estúpida. Alguém que namorou a bela Paola Rugani. Linda, rica e elegante. Gemo com raia de mim. Me corroendo de vergonha. Como se eu não tivesse monstros o bastante dentro de mim para arrumar mais um.

   Escuto a porta do quarto abrir e não acredito que ele ainda está aqui. Quero ficar sozinha. Quero nunca mais ter que olhar para ele. Eu tentei agarrar o cara e ele está aqui?

   ― Bom dia. – A voz alegre dele chega a mim e me encolho. – Não adianta cobrir a cabeça. Estou aqui e só saio quando tiver certeza que está bem.

   ―Estou bem. – Aviso para ver se ele me esquece.

   ― Senta. Tem suco de laranja e um analgésico. Vai se sentir melhor. Vai Kiara. Para de drama. – Eu afasto as cobertas. A luz do dia me dói a cabeça. Tento arrumar os cabelos e olhar para ele. Filippo está lindo. Usa roupas do meu irmão, os cabelos estão úmidos. Ele tem sempre a aparência saudável. É tão bonito e solar.

   ―Obrigada Filippo. – Pego o copo de suco. Coloco o comprimido na boca e tomo alguns goles da bebida azeda e gelada. Isso é mesmo muito bom. – Desculpe por ontem.

   ―Você sempre sabe a coisa errada a ser feita e acredite. Quando vomitou no imbecil foi a melhor coisa errada que alguém podia ter feito. Ou seja. Foi perfeito.

   Cubro o rosto. Eu quero ficar sozinha. Quero nunca mais sair dessa cama.

   ― Nunca mais entro naquele lugar.

   ― Vê? A coisa só melhora. Isso sim é boa notícia. Agora só precisa vomitar em mais uns quarenta e cinco bares da cidade e fico realmente despreocupado.

   ― O Ítalo...

   ― Não. – Ele me corta. – Imbecil, prefiro chama-lo assim, cai melhor. Pode ser idiota também, mas me apeguei ao imbecil. Vamos chama-lo assim.

   ― Desculpe. Por favor, sinto por tudo. O Enzo vai ficar tão bravo comigo. Fiz tanta bobagem ontem.

   ― Senso crítico. Que gracinha. – Como ele consegue tornar as coisas tão leves? – Não se preocupe. Não vou contar a ele. O Enzo me pediu para ficar de olho em você e te perdi na primeira noite. Vamos guardar segredo do desastre.

   ―Obrigada. – Pela primeira vez tomo coragem de olhar em seus olhos e eles tem tanta paz. Me dá tanta vontade de me agarrar a ele. A segurança que sinto com ele por perto.

   ― Eu tenho que ir trabalhar. Estou muito atrasado. Se cuida e não faz tolices. Me liga se precisar.

   Balanço a cabeça concordando. Ele caminha para a porta. Me olha antes de sair. Fecha a porta atrás de si e me sinto ainda pior. Queria que ele tivesse gritado comigo.

   Preciso de um tempo longe. Aqui eu o obrigo a ficar por perto. Meu irmão não tinha nada que jogar nas costas dele a obrigação de cuidar de mim. Agora em nome dessa amizade ele fica preocupado, me caçando por aí e cuidando de mim.

   Me lembro do convite do Vittorio. Acho que se ficar lá um tempo o Filippo vai seguir seu caminho despreocupado. Pelo menos três ou quatro dias. Só o tempo dele esquecer essa coisa de cuidar de mim. Só o tempo de eu esquecer essa noite vergonhosa.

   Pego meu telefone. Sempre que pego esse aparelho eu me lembro do meu irmão. Entreguei ele a Giovanne, para ele vender e juntar algum dinheiro para pagar a maldita dívida. Ele não vendeu. Talvez a caneta do Enzo tenha sido o bastante, talvez ele não tenha conseguido vender a tempo. Não importa. O que importa é que foi desse telefone que descobrimos seu estado.

   Esse aparelho esteve em suas mãos enquanto ele morria sozinho num velho galpão abandonado.

   ―Alô.

   ―Vittorio. Você disse que mandava o helicóptero. – Minha voz sai meio embargada. Ele fica mudo um minuto e eu espero. Com medo dele dizer que não.

   ―Está a caminho. – Ele responde. Sinto um alivio misturado a tristeza. Queria ficar perto do Filippo e ao mesmo tempo longe. Tudo tão confuso dentro de mim. Confuso a tanto tempo.

   ― Obrigada.

   Visto uma roupa e prendo os cabelos. Arrumo a bolsa e faço uma mochila com umas peças de roupas. A casa está fechada e arrumada como quando partimos. Mesmo a cozinha e o quarto de hospedes. Filippo ajeitou tudo e isso só me deixa mais triste.

   Me sento na sala abraçada a mochila enquanto espero o helicóptero. Leva uns vinte minutos de lá aqui, acho que ele deve vir ainda pela manhã. O Vittorio vai mandar o piloto vir quando der. Fico olhando para essa casa enorme que não tem nada a ver comigo, mas os cômodos vazios que estão cheios de fantasmas muito mais reais do que os que assombram a mente doce do Filippo.

   Estuco o som da máquina sobrevoando a mansão e corro para o jardim. Só quero sair logo daqui. O helicóptero desce no jardim. Sobre a placa grande que eu uso as vezes para jogar bola com o Matteo por é uma superfície lisa e ele acha que está ali para ele brincar.

   A hélice não para de girar quando a porta se abre e Vittorio salta. Ele veio. Não esperava por isso. Que meu irmão fosse deixar seus afazeres para vir pessoalmente me buscar.

   Vittorio me olha com atenção enquanto me aproximo. Paro diante dele, mas meu irmão não diz nada, só indica a porta e me acomodo no helicóptero, ele ao meu lado e então levantamos voo.

   ― Vovó está ansiosa. Mandou preparar o almoço com capricho. Precisa mesmo prestar mais atenção na sua alimentação.

   Olho para ele um momento. Fico procurando o olhar crítico, só tem um ar preocupado. Ele não quer saber por que estou indo, só veio me buscar e acho que não faz uma hora que telefonei. Abraço a mochila. Sinto vontade de chorar, mas não quero fazer isso na frente dele, então travo os lábios e encaro a vista em silencio.

   Vittorio não diz uma palavra. Fica imóvel e calado, sinto seus olhos sobre mim, mas ele não insiste, nem mesmo pergunta por que estou indo. Só me buscou.

   ― Vou ficar dois dias. – Não quero ninguém achando que vou morar na Vila só por que pedi socorro.

   ―Fique o tempo que quiser.

   ― Quero outro quarto. Um que não pareça um mausoléu.

   ― Vamos providenciar. – Seco uma lágrima.

   ― Quero só dormir um pouco e respirar ar puro. Só por isso que estou indo.

   ―Como se sentir melhor. Quando decidir voltar o helicóptero traz você. É para isso que ele foi comprado.

   Ele não pode ficar sendo assim paciente e gentil. Ele não pode fugir de uma briga. Não é justo. Aperto a mochila no peito, fecho os olhos e fico muda até descermos.

   Vovó me espera na porta. Abre os braços quando me vê e eu a abraço sem muita alternativa. Logo me livro do abraço.

   ―Que bom que veio ficar conosco.

   ―Obrigada vovó. – Abraço a mochila mais uma vez. Anna surge ao lado da minha avó.

   ―Anna, prepare o quarto de hóspedes para a Kiara. Ela vai ficar lá até reformarmos o quarto dela. – Vittorio avisa e a mulher balança a cabeça se afastando. Vovó segura meu rosto com as mãos. Só queria ficar em silencio longo momento.

   ― Demoramos demais para fazer isso. Merece um espaço que se pareça mais com você. Amanhã vamos a cidade fazer umas compras. – Vovó me beija a testa. – Vamos almoçar? Aposto que está em jejum. Mandei adiantar um pouco o almoço.

   ―Tomei um suco mais cedo. – Que o Filippo preparou para curar a ressaca da idiota que deu um dos maiores vexames do ano. Nem posso dizer da vida. Já estive no fundo do poço e sei que é bem mais embaixo.

   Ela segue me abraçando até a sala de jantar onde a mesa está posta com elegância. Me sento no lugar de sempre. Vittorio na cabeceira da mesa e vovó do seu lado direito.

   ―Vittorio saiu correndo e eu fiquei achando que tinha acontecido alguma coisa. Está tudo bem?

   ― Sim. Não pretendia causar problemas.

   ―Não causa. – Vittorio responde frio enquanto se serve. Depois ele parece mergulhar no seu mundo silencioso e vovó puxa uma conversa sobre decoração e fico tentando atender seus desejos de escolher móveis e cortinas.

   Quando consigo me livrar do almoço vou para o quarto de hóspedes. É o quarto que Filippo ficou. Tantos quartos e tinha que ser justo o que ele sempre fica quando vem?

   Sorrio olhando a decoração. Um quarto em tom de bege, sem muito exagero e com certeza livre de fantasmas.

   Deixo a mochila no pé da cama e me deito. Só quero dormir um pouco e não pensar. Demoro a pegar no sono. A cabeça pesa muito. Uma batida leve na porta me desperta. Vovó entra no quarto e percebo que é noite. Dormi toda a tarde. Me sinto bem. Fisicamente a ressaca me deixou, mas emocionalmente tudo está como antes.

   ―Boa noite. – Vovó se senta na beira da cama. Me arrumo para atende-la. Ela me sorri. ― Vim ver como se sente.

   ―Estou bem.

   ― Ótimo. Vai descer para jantar? – Quero dizer não, mas falta um pouco de coragem. Hoje me sinto sozinha demais e ficar com eles me acalma um pouco.

   ―Vou.

   ―Está sentido falta do seu irmão. Do Enzo? – Ela se apressa e só torna a coisa pior.

   ―Dos dois, vovó. A vantagem é que o Enzo está feliz e logo está de volta. O Giovanne se foi para sempre, mas ele não é problema de vocês. Ele não é problema de ninguém.

   ―Não foi sua culpa.

   ―Eu podia ter pedido o dinheiro para a senhora. Teria me dado. Fui egoísta com ele.

   ―Acho que não tinha ideia do que iria acontecer. É tão jovem ainda. Giovanne era responsabilidade do pai dele.

   ―Pode estar certa, mas éramos amigos. Iguais. As coisas, o jeito que sentíamos as coisas. Não pode entender.

   ―Eu sei que acha que tinha uma conexão especial com ele, mais do que os outros, mas seu irmão estava num momento tão doloroso que ele não sentia mais nada. Não siga esse caminho querida.

   ―Não sentir nada pode ser bom. – Ela nega. – É melhor que...

   ―Medo? Vergonha? Dor? Não é queria. O melhor é ser capaz de sentir todas essas coisas que provam que está viva e se está viva, então pode transformar tudo. Pode mudar isso tudo.

   ―Eu não sei não.

   ―É por isso que veio para cá correndo? Estava se sentindo com saudade e triste?

   ― Eu não quero contar.

   ―Tudo certo. Enzo ligou. Está feliz, mandou um beijo. Avisei que está aqui conosco e ele ficou feliz.

   ―Qualquer coisa deixa o Enzo feliz. Ele é irritante de tão fácil de ser feliz. Só o Filippo supera isso.

   ―Rapaz de ouro ele. Gosto como de um neto. Ele leva jeito com o Matteo. – Balanço a cabeça concordando. – E tira o Vittorio do sério de um jeito bom. Seu irmão fica para morrer com as intromissões dele.

   ―Pode me esperar tomar um banho para servir o jantar? Dormi demais.

   ―Claro. – Ela olha minha mochila ao lado da cama. – Nem desfez a mala. – Vovó ergue a mochila e quando vejo está abrindo. ― Eu te ajudo.

   ―Não preci... – As palavras morrem quando ela retira o cantil. – Desculpe. Eu não devia.

   ― Meu pai andava com ele no bolso interno do terno. – Ela toca o brasão da família, contorna o fio de ouro que desenha as linhas famosas em toda Florença. – Vez por outro ele tirava e tomava um gole. Os homens da época faziam isso. Todo mundo achava que era uísque. – Ela ri da lembrança. – Mas papai odiava bebida alcoólica e o que carregava era água.

   ―Eu não devia ter roubado isso. – Admito sem forças para mais essa vergonha.

   ―Quando me casei ele deu ao seu avô. Ele tinha amor pela família, pelo brasão, pelas terras. Mesmo que não fosse um De Martino. Fiquei viúva e seu pai herdou esse cantil, mas os homens já não andavam com um desses no bolso e ficou perdido numa gaveta.

   ― Então eu encontrei e roubei.

   ―Não pode chamar de roubo se pertence a você. Gosto que tenha ficado com você. Eu preferia que não vivesse cheio de Vodka, mas estou feliz que é seu. Dei a caneta ao Enzo. Ela também é importante para a família e quando fiz isso eu sabia que o cantil estava com você e achei que era bom, cada um de vocês ter algo com o brasão da família.

   ― Obrigada. – Penso na caneta que era tão importante e Giovanne deu fim. Não tenho coragem de contar a ela. Vovó ficaria arrasada.

   ―Fico muito contente de termos vencido essa barreira. Eu estava esperando que me contasse sobre o cantil.

   ―Não fiz isso vovó. Você invadiu meu espaço e abriu minha mochila sem ordem. Descobriu sozinha. – Vó ri com gosto, me ajeita os cabelos numa espécie de carinho.

   ―Fez isso primeiro querida. Invadiu meu espaço abriu uma gaveta sem convite e tomou para si um objeto sem questionar se era importante. Acho que estamos quites.

   ―Mereci essa. – Ela me beija a testa.

   ―Você é muito honesta. Diz o que pensa, é crua nesse sentido. Fico pensando por que não usa isso para expor seus sentimentos. Seria tão mais fácil para sabermos o que fazer.

   ―Vou para o banho vovó. Encontro vocês no jantar.

   ― Meia hora? – Ela se põe de pé. Afirmo apenas com a cabeça, ela me estende o cantil. – Água hidrata, rejuvenesce.

   Vovó deixa o quarto. Encaro o recipiente de prata, imito seus movimentos e faço o contorno do brasão com a ponta do dedo. Água. Eu não sei se consigo. Não sei se posso conviver com os fantasmas assim a seco. Sem a bebida a me entorpecer.

   Eu não gosto de beber. Não sinto falto, não sou viciada. Só não achei mais nada para aplacar a dor. Posso ficar sem a bebida. Apenas não sei se consigo com a mente limpa.

   Deixo o cantil na mochila, agora vazio graças ao porre da noite anterior. O meu comportamento me volta a mente com toda a força. Meus dedos na fivela de Filippo e o olhar de choque dele é o que mais me machuca.

   Me enfio no chuveiro. Tomo um longo banho. Escovo os cabelos e faço minha maquiagem. Dessa vez estou sem paciência e não capricho muito.

   É só jantar com eles e voltar para cama. Não é ruim estar aqui, mas é tão melhor quando Filippo está por perto. Não fico lutando com lágrimas e dores. Fico lutando com a vontade de rir e brincar. Ele é tão especial e eu me sinto tão boba perto dele.

   Sempre penso em como seria estar em seus braços. Penso se seria vazio como todos os braços em que estive ou se eu sentiria alguma coisa. Eu sinto quando ele me toca mesmo sem querer. Sinto meu coração batendo e fico ansiosa e atenta e parece que vale a pena ficar viva. Só ele provoca isso. Provocava. Depois do vexame ele vai correr para longe de mim e nunca mais vai aparecer de novo. Isso é a mais pura verdade. Eu o constrangi de todos os modos que existem.

   ―Vamos lançar o vinho em três meses. Vou liberar o Enzo para começar com a campanha assim que voltarem de lua de mel. Kevin criou algo totalmente novo.

   ―Ele me fez provar e eu adorei. Muito leve e... – Vovó e Vittorio param de falar quando me junto a eles. – Está linda querida. – Vovó me sorri indicando meu lugar a mesa. Pego meu prato e talheres e sento do outro lado. Os dois ficam me observando calados.

   ―Não cansam de repetir tudo igual? Por que eu tenho que me sentar sempre no mesmo lugar? Não é só um jantar em família? Quem disse que tem que ser assim?

   ―Minha contestadora neta você está certa! – Vovó se levanta, pega seu prato e talheres e muda de lugar. – Abaixo a repressão e a ditadura da mesa de jantar. – Ela ri, me faz sorrir também. – Vamos Vittorio. Mexa-se.

   ― Ainda tenho que voltar ao trabalho, acho que podemos só... – Ele me olha, estava mesmo indo bem demais. Vittorio não está disposto a mudar nada. – Está certo. – Ele pega suas coisas e muda de lugar. – Pronto? Agora podemos jantar?

   Anna entra na sala e para olhando os lugares trocados, faz um ar atrapalhado de quem parece ter entrado no lugar errado. Depois, como é discreta demais para comentar, apenas se aproxima trazendo a bandeja com o assado.

  ―Bom apetite. Com licença. – Ela se retira e me sirvo de um pouco de arroz branco e carne assada. Até que me deu um pouco de fome. Filippo ia gostar da brincadeira se estivesse aqui. Talvez fotografasse para mandar ao meu irmão.

   Enquanto como fico pensando se não devia telefonar para ele. Avisar que estou aqui, nem trouxe meu celular, mas acho que seria o certo. Ele cuidou de mim. Pode ser que esteja preocupado. Ou pode ser que esteja bem feliz de se livrar de mim que se eu ligar vai parecer que estou pedindo atenção. Não sei. Nem sei por que ainda insisto em pensar tanto nele. Duvido que ele se aproxime de novo.


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Notas finais do capítulo

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