Menina de Família escrita por Lupe


Capítulo 1
Capítulo 1




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Domingo no centro de eventos da cidade. Duas horas da tarde.
Um metro e oitenta, cabelos castanhos e bagunçados na altura do pescoço. Meias pretas cobrindo minhas pernas até pouco acima dos joelhos, desenhando seu contorno. As meias faziam conjunto com a saia, também preta, o casaco com orelhas de ursinho, e a camisa com a estampa de um punho vermelho que fazia pensar em Green Day, apesar de não se tratar do mesmo símbolo. O delineado gatinho feito com cuidado completava meu visual.
"Olha elaaa, gótica suave". Claramente, o melhor jeito de ser cumprimentada por meus amigos. Melhor descrição, também.
"Em todo meu brilho, glitter e glória" digo, erguendo os braços e dando uma voltinha. Era minha primeira vez em um evento de anime e cultura oriental, eu tinha que experimentar o look né. Fui montada na goticidade.

Muitos amigos meus estavam no tal evento, e acabamos por formar um grupinho. Estávamos conversando sobre o que fazer quando aparecem dois amigos do Marcelo, meu melhor amigo. Eles haviam se conhecido no sábado, primeiro dia do evento.
Logo nós fomos todos apresentados e Júlio e Thiago ficaram andando com a gente entre as barraquinhas.

Os dois eram mais velhos, com 18/19 anos, enquanto o resto de nós tinha entre 13 e 15 anos.
Thiago passava muito tempo falando comigo, me olhando, e eu me sentia envergonhada. Sentia ele me julgando, já acostumada. Alta, estranha. Ria demais, falava demais, xingava demais. Sou hiperativa, não consigo focar em nada. Corria de um lado para o outro tirando foto com os cosplayers como uma criança agitada e impressionável.

Ele me observava, sem nunca fazer um comentário negativo ou para me reprimir. Parecia que estava se divertindo as minhas custas. Mas também pudera, eu estava beirando o ridículo. Ele só sorria e continuava o assunto.

Em certo ponto, eu comecei a me sentir envergonhada. Falava um pouco menos, e quando falava era com ele e sobre assuntos que pudessem me fazer parecer legal. Inteligente, engraçada. O tipo de pessoa com quem as pessoas fazer amizade e conversar.

Depois de olhar a maior parte dos estandes do evento e comprar alguns doces e bugigangas, nós resolvemos ir para o auditório. Lá tinha um karaokê com musicas de j e k-pop, e aberturas de anime principalmente. Nós só queríamos um lugar para sentar e ficar aonde tinha ar condicionado.

Sentamos em uma fileira vazia, com Gaby na ponta, Júlio do seu lado, depois Marcelo, então eu e Thiago por último. Nós ficamos conversando sentados lá por quase uma hora, então Robson e Naomi vieram sentar conosco. Naomi estava trabalhando no evento como um dos NPCs que ajudam nas missões do rpg "real" que o evento faz.

— Ahhh que fome. Eu não almocei hoje - disse ela.

— Ahh eu também. Queria um crepe - respondi, rindo - Mas eu não tenho dinheiro pra comprar um crepe.

— Nem eu - ela reclamou.

— Tá, mas você nunca tem dinheiro Naomi - retrucou Marcelo.

De repente, Thiago entrou na conversa (o que fazia sentido, sendo que eu e Naomi estávamos conversando praticamente por cima dele) e pediu:

— Tá, mas quanto é um crepe?

— 10 reais - eu e Naomi falamos em uníssono, olhando pra ele, esperançosas.

— Caramba. Tá, acho que vou comprar um. Vêm com três coisinhos, e eu só consigo comer um mesmo. - ele deu de ombros.

Naomi levantou e começou a dar pulinhos, puxando ele.

— Ahhhh vem logo entãoo - diz ela. - Quero comer aquele crepe de queijo desde que eu cheguei.

— Queijo? Ah, eu queria de brigadeiro. - exclamou Thiago.

— Mas queijo é bom. - ela resmungou.

— E brigadeiro é melhor - defendi.

— Viu? Ela entende das coisas. Vou dividir com a Chris em vez de você. - brincou ele, se virando pra mim. - Vamos?

— Ah, pera deixa eu prender meu cabelo.

— Pra que? Ele é tão lindo assim solto, liso...

Me senti corar. Elogios eram meu ponto fraco e sempre me deixavam envergonhada. Talvez por que eu não conseguia acreditar muito neles.

— Ah, valeu. Mas é porque tá enroscando no brinco que eu comprei.

— Ahh sei. Bom, você que sabe, fica bonito de qualquer jeito - ele sorriu.

Eu fiz uma trança rápida no lado esquerdo do meu cabelo, para tirar ele de cima do earcuff de unicórnio que eu tinha comprado mais cedo na feira.
Fomos até a praça de alimentação, e no caminho encontramos o resto dos nossos amigos. Enquanto andávamos, Thariq me segurou um pouco para trás do grupo.

— Que foi? - perguntei

— Quero falar contigo ué.

— Então fala, duhh

— Só dando um toque - ele deu um sorrisinho maldoso, com aquele brilho de arrogancia no olhar de sempre - Mas não se esforça demais não. O Thiago é mais velho, e você não é tão bonita assim. Não adianta dar em cima, ele nunca vai querer ficar com alguém como você.
Eu olhava pra ele, atônita. Até parei de andar.

— O que? Mas e-eu... Eu não quero ficar com ele. Eu não tô flertando com o Thiago.

— Uhum, tá. Para que tá feio, Chris. Você passou a tarde dando em cima dele.

— Que??? Não, sério. Quando?

— Ah, tá. Se finge mesmo. Mas ele nunca vai ficar com você, só queria ajudar.

Ele saiu andando atrás do nosso grupo e eu fui junto. Ele fingiu que não havia acontecido nada, indo conversar com os meninos.

— Ei - chamou Thiago - Tudo bem?

— Sim, tudo - eu dei um sorriso fraco, pensando no que Thariq me disse.
"Você não é tão bonita assim"
"Ele nunca ficaria com alguém como você"

— Vai querer dividir o crepe comigo então?

— Ah, eu não quero incomodar - ri, tentando me diatrair - Mas eu tô quase sem dinheiro, então vai ser roubado.

— Tudo bem, não faz mal. - ele olhou nos meus olhos e sorriu - Eu pago.

O foodtruck do crepe estava sem fila, mas o cara disse que demoraria cerca de 40 minutos para ficar pronto. Robson protestou, mas não tinha jeito. Teríamos que esperar.
Todos nós sentamos ao redor de uma mesa, roubando cadeiras de praticamente todas as outras. Thiago ficou do meu lado, e estávamos bem próximos, mas eu não me importava. Devíamos ser umas treze pessoas ao redor de uma mesa de plástico estilo aquelas de bar (aquelas da Skol sabe? Só que branca). O espaço não era muito grande, todo mundo estava ombro com ombro.

Então anunciaram nos auto falantes que os shows de k-pop iriam começar logo. Gaby pulou da cadeira na hora, como k-poper louca que é, e Marcelo foi atrás dela imediatamente, junto com Júlio e mais duas meninas do nosso grupo.
Tinham sobrado seis pessoas na mesa, mas dois garotos se levantaram e resolveram ir tentar entrar no rpg do evento, completar uma quest ou sei lá. Eu, Thiago, Robson e Naomi ficamos na mesa, esperando a comida (nós duas com fome e eles com as fichinhas de senha).
Estávamos conversando sobre alguma trivialidade qualquer quando, do nada, Robson estendeu a mão fechada como se segurasse algo.

— Ei, Naomi - ele disse, sério - Acende aqui pra mim.

— Acender o que? - ela pediu, confusa.

— A vela que a gente tá segurando. - ele respondeu, segurando a risada.

— Ah - exclamou a Japonesa. Ela imediatamente fechou o rosto e se fingiu de séria enquanto solenemente usava um isqueiro invisível para acender a vela invisível de Robson, depois estendendo a mão para pegar "metade" da vela.

Eles ficaram ali, com as mãos fechadas estendidas e as caras sérias, enquanto eu os fitava perdida.

— Tá, mas… vela porquê??? - perguntei, genuinamente confusa.

— Uh, oi? Vocês tão praticamente se pegando mentalmente aqui miga. - falou Naomi

— Que? Nada a ver - falei rindo, nervosa.

Ao mesmo tempo, Thiago disse:

— Não estamos. Quer dizer, acho que não. - então se virou pra mim com um sorriso besta, enquanto eu encarava ele envergonhada e perdida, e perguntou no tom mais sugestivo possível. - Estamos?

Eu quase morri. Meu coração deu um tripo mortal carpado de costas dentro do peito, sério mesmo. Dava pra entrar nas olimpíadas de Tokyo com aquilo.

— Hahaha nããooo, nadaver. A gente tá só conversando né - eu respondi, nervosa e tropeçando nas palavras. Eu literalmente disse "hahaha".

Naomi se levantou da mesa.

— Okay, a tensão entre vocês é muito grande. Eu vou embora antes que vocês se beijem de verdade.

— Vou com ela. Peguem meu crepe pra mim, se não estiverem ocupados.

Eu fiquei olhando pra frente, meio apavorada. Thiago empurrou o ombro de leve contra o meu, me fazendo olhar para ele.

— E aí?

— O que?

— Ah cê sabe. - ele colocou o braço sob meus ombros, no encosto da cadeira. - A ideia da Naomi não foi exatamente ruim.

— Que ideia??

— Ata. Ela acabou de dizer Chris.

Eu olhava em volta, meio confusa. Que ideia?? O que eu perdi??

— Sério - exclamei - Eu tô perdida.

— A gente se beijar.

— Quee

— Serião

Eu senti meu rosto arder em chamas, e ele sorriu ao perceber.

Eu abaixei a cabeça, envergonhada. O que estava acontecendo comigo? Eu sempre fui extrovertida e orgulhosa, de onde saiu tanta tímidez???
Ele passou a mão na minha bochecha com carinho e me fez olhar para ele de novo. Com uma voz suave e uma expressão fofa, ele perguntou:

— Eae, bora fecha?

Nessa hora eu comecei a rir impulsivamente. Não uma gargalhada, mas uma risadinha nervosa e e mecânica com som esquisito, aquela risadinha fina que sai "pelo nariz" que você dá quando não quer rir (tipo quando seu amigo escreve um bilhete hilário e te passa no meio da aula daquele professor chato).

— Nooooossa, sou tão feio assim? Okay.

— Nããão, não é isso

— Sou bonito então?

— Não sei. Sim. Acho que sim. - Tenha em mente que eu estava rindo muito. O tempo todo. Entre as palavras. No meio das palavras.

— Porque você tá rindo? AH MEU DEUS VOCÊ TÁ VERMELHA QUE FOFO.

— Paraa - eu ri mais ainda - Desculpa, a Naomi fez a situação parecer estranha.

— Okay então. Mas e aí, bora fecha ou não?

— EU NÃO SEI. - risos - Desculpa - risada de retardada de novo - Eu não, ai Deus, não sei porque estou rindo.

— Tá. Se não queres ficar comigo é só dizer.

—Eu não... Não sei. Pode ser. Acho que quero. Sei lá. - Meu rosto começou a esquentar de novo, e com medo de falar algo e começar a rir, eu abaixei a cabeça e soltei um suspiro.

Ele se inclinou em minha direção. Naquele momento percebi que, de qualquer forma, a distância entre nós já era pequena. Percebi também que meu coração martelava no peito, forte o bastante para meu peito doer, que minhas mãos tremiam e que ele era muito bonito.
Não "altamente gato", mas bem bonito. Um nível sei lá, Peter Parker. Clark Kent. Nerdzinho pegável, com quem você daria seu primeiro beijo.

Meus Deuses, será que tem coisa mais virjona que perder o bv num evento de anime?

Nessa onda de pensamentos confusos, eu comecei a rir igual boba outra vez. Ele me encarou com cara de “turubom”, mas deu risada.

— Na boa, você tá muuuito vermelha. Você é muito fofa. Mas é normal ficar nervosa, tudo bem. Eu espero você, sei lá, assimilar a coisa toda.

Eu segurei o riso, respirei fundo. Não posso usar a risada como mecanismo de resposta pro resto da vida. Me acalmei um pouco mais.

Eu continuei rindo maniacamente, baixinho, e tremendo, e tendo um colapso emocional, enquanto ele me observava como se pensasse “Caramba, você é tão linda” (do jeito que eu olharia pra uma batatinha frita até perfeição) por quase 5 minutos.

— Ei, olha aqui.

Eu me virei.

Ele pôs a mão no meu pescoço, me puxou um pouco e se inclinou, e me me deu um selinho e eu estava só tentando não morrer (ou rir). Ele separou nossos lábios suavemente e logo depois juntou’os novamente, dessa vez num beijo de “verdade”.

A primeira cisa que eu pensei foi “estranho, mas muito bom”. Beijar era tão escorregadio quanto eu imaginava, mas ele movia a língua muito rápido de um lado para o outro (confuso e esquisito). Aos poucos, eu acelerei um pouco também, ele desacelerou. Nossas linguas não “travavam uma guerra” como diz o clichê, não sei o que elas estavam fazendo na verdade. Mas olha… Era quente, molhado, e bom o bastante pra fazer um arrepio subir pela minha espinha.

Depois disso, meu nervosismo sumiu aos poucos. Nos beijamos por no mínimo 20 minutos. Com direito a mordidinhas no lábio inferior, na orelha, beijinhos no queixo, no pescoço, na testa… Santo Deus, muitos beijos.

Aparentemente, anos de fanfics com descrições detalhadas de beijos me deram uma boa ideia do que fazer (aliás crianças, não confiem naquela fic que você leu uma vez a mil anos atrás que dizia “nos beijamos por alguns minutos e nos separamos em busca de ar”. Dá pra respirar de boa, okay meus bebês? Só vai. Beija mesmo. Half an hour straigh. Or half an hour gay, if you want to [bad pun, sorry]).

Eu estava com os braços ao redor do pescoço de Thiago, nos beijando intensa e apaixonadamente, aquela coisa clichê toda. (Eu tava adorando viu) Então eu ouvi a risada inconfundível do Marcelo atrás de mim e gelei.

Nós nos separamos, testas encostadas, meus olhos fechados. Ele riu baixinho e eu só encolhi os ombros enquanto esperava a bomba. Quando os abri, estavam todos ao redor da mesa, se sentando.

— Ahhh que lindooooo - Marcelo parecia uma fangirl.

— EU SHIPPO AHHHHHHH - Naomi, por sua vez, era uma fangirl.

— Cara tu tem 19 anos vei, como que tu fica com uma mina de 14 manoo - falou Thariq, fingindo ultrage.

— Pedooooofilooooooo - brincou Gabriel, atrás dele.

— Ahh vão se foder - exclamei.

Thiago ria, com o braço ao redor dos meus ombros.

Gaby, Naomi e Marcelo ficaram tagarelando ali em volta de nós, e os garotos se distrairam falando sobre a quest do rpg.
Ficamos todos ali por um tempo, depois (como o crepe estava demorando muuuuuuuito) eu disse que queria comprar um colar de fandom e uns bottons, então queria olhar as barraquinhas, e Thiago se ofereceu pra ir comigo e me mostrar aonde ele tinha comprado um colar legal.

Nós estávamos andando lado a lado, entre as pessoas, conversando.

— Ei, Chris - eu olhei pra ele - Porquê você não segura minha mão? Tá com tanta vergonha assim?

— Não

— Mentirosa, tá sim. Tá vermelha de novo.

Então ele segurou minha mão, eu cruzei nossos dedos e ele deu um sorriso enorme, como se eu tivesse feito o dia dele. Ficamos andando de mãos dadas e passando nas lojinhas, e umas 4 pessoas conhecidas minhas passaram por nós, me encarando horrorizadas como se dissessem "A Chris arranjou um boy? Whaaatttt isso é possível?". Eu me sentia murchar quando via aquilo. Será que eu sou tão irritante assim? Tão "não pegável"? Tão... Eu?
Toda vez que eu ficava assim, me sentindo como se afundasse dentro de mim, Thiago apertava minha mão um pouco mais forte e me dava um beijo. Aquilo era tão bom, sentir alguém do meu lado. Não só fisicamente, sabe? Mó clichê.
Nós conversavamos, e as vezes, do nada, ele virava e me beijava, ou começava a me elogiar, falar como eu era fofa e bonita. Eu acho que nunca tinha recebido tanta atenção positiva junta.
Nós voltamos para buscar o crepe, e continuamos dando voltas entre as lojinhas e barracas, de mãos dadas, conversando, nos beijando e tirando foto com cosplayers.
Em um momento ele virou-se pra mim, dando risada sozinho.

— Af, você não toma iniciativa, né? Poxa, você
é tão hiperativa, mas fica toda envergonhada comigo e fazendo eu te beijar. Não vou mais.

— Como assim? - eu perguntei, rindo.

— É, sua vez. Vai ter que me beijar agora, se quiser provar essa boca deliciosa de novo.

Eu gargalhei e puxei ele para a frente do palco, para assistirmos às apresentações dos grupos de dança. Thiago fingia que ia me beijar e desviava para me dar um beijo na bochecha ou no pescoço, coisas assim.
Eu não conseguia beijar ele, porque eu tinha começado a rir de novo toda vez que nos aproximavamos um pouco mais.

— Nossa, porque você não me beija? - pediu ele, em tom de provocação.

A essa altura, eu estava ficando nervosa de novo. Minhas únicas reações as brincadeiras e provocações dele eram rir e corar. Naquele dia eu soube qual a sensação de ser uma "Mary Sue" da vida real.

— Você não tá com vontade?? - ele me cutucava - Eu to só botando lenha na fogueira né?

Sua risada era tão boa de ouvir... Ele não parava de falar sobre como eu estava adorável com vergonha, e tudo que eu queria era jogar os braços ao redor do pescoço dele e beijar ele intensamente, mas eu estava meio surtada de nervosismo e vergonha.

— Cara eu te odeio tanto - falei, finalmente desistindo de resistir.
E ele deu uma risadinha, eu puxei ele pra perto e o beijei. Me senti #empoderada naquela hora, confesso. Ele fez tanta provocação, e eu estava com tanta vergonha, que eu conseguir tomar iniciativa foi uma injeção de confiança enorme pra mim. Perdemos umas duas apresentações inteiras da dança, mas valeu a pena. Ô, se valeu.

No fim da noite, umas 8 horas, meus amigos tinham nos abandonado. O grupo se dispersou, alguns foram para casa, só Robson e Naomi continuavam andando comigo e Thiago (Naomi nem tanto, já que estava ocupada com o próprio "boy"). Meu pai me ligou e disse que em meia hora estaria lá para me buscar.

— Era seu pai? - perguntou Thiago. O celular havia tocado no meio de um beijo, que ele aparentemente não queria ter parado.

— Uhum. Em meia hora ele vai vir me buscar.

— Que pena. Mas vamos pensar pelo lado bom, tem mais meia hora pra gente aproveitar.

— Bobo - eu disse, rindo, enquanto o beijava de novo.

E, santo Deus, como Thiago beijava bem. Tão bem que eu não vi o tempo passar, e quando lembrei de olhar o relógio já eram 20h27.

— Ahhh Thiago, vamos lá pra frente?

— Que? Pra que?

— Meu pai vai vir as oito e meia lembra?

— Ah, ele não vai chegar beem na hora...

— Se tem uma coisa que meu pai é pontual na vida, é em horário pra me buscar. - eu disse, rindo, e pegando minha bolsa. - Vamos, que com sorte eu encontro a Kami, minha amiga que tava trabalhando no evento, pra dar um oi.

— Ah, okay. - ele levantou e pegou minha mão, e fomos indo em direção a saída.

Kami ainda estava lá, estressada e com fome, então eu falei um pouco com ela e deixei ela ir jantar.

— Ei - chamou Thiago. Eu já tinha aprendido que esse era o sinal dele pra "me dá um beijo?".

Eu dei um selinho nele e continuei andando para perto da porta, tendo o cuidado de soltar a mão dele com delicadeza quando cruzamos as divisórias que bloqueavam a visão de quem via da rua para dentro do evento.

— Ué, porque isso?

— Daqui a pouco meu pai tá aí, Thiago.

— Tá, mas por que a gente não senta ali esperar ele? Dá pra ver a porta, e ele não veria a gente...

— Bem que eu queria, mas logo ele chega...

— Ah, me dá pelo menos mais um beijo.

Eu ri e me virei para dar um beijo nele, mas vi meu pai encostado ao lado da saída e então dei um beijo na bochecha de Thiago, e um abraço.

— O meu pai tá ali.

— Certeza que é ele?

— Sim.

— Caraaaca, gelei.

Eu ri e me afastei.

— Bobo. Eu vou indo então... Tchau.

— Tchau... - ele disse, e eu já estava me virando e andando para a saída quando ele veio correndo atrás de mim e gritou - Ei, espera! Me passa seu número. Pra eu te enviar as fotos que tirei de você com os cosplayers e tal. Como você vai viver sem a sua foto com o Yuuri, o Viktor e o bebê Yuuri?

— Com certeza não vou. - eu brinquei, pegando o celular dele e salvando meu contato. "Chrissy :3"

Ele viu aquilo e sorriu.

— Tchau então. Até depois. - exclamou, guardando o celular no bolso e me vendo ir embora.


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