Pacto Secreto escrita por Annie Felicity


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Conforme prometido.

Eu só posso agradecer a todos que comentaram e favoritaram.

Os três primeiros capítulos vão ser uma espécie de prólogo para introduzir a história, como vocês puderam perceber, esse primeiro caso vai ser resolvido logo e ele vai ser apenas como um pano de fundo para apresentar alguns personagens originais. Então os personagens da série (principalmente o Hotch e Reid) vão começar a se destacar na metade do terceiro capítulo.

Mas vamos logo ao que importa. Boa leitura, meus amores!



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Nova Iorque (Nova Iorque)

Wendy tentou manter o controle, todavia parecia uma tarefa difícil. Ela voltou a ler o bilhete; seus olhos percorriam por cada palavra mas custava acreditar no que lia. Quem poderia ter mandado aquilo?

Olhou para os lados na esperança que uma das suas ex-colegas de faculdade estivesse lá e dissesse que tudo não passava de uma brincadeira. Mas não viu ninguém, nem mesmo o garoto que havia lhe entregado o bilhete.

A garota então resolveu se recompor, respirar fundo e voltar para o fórum. Ela sabia que estava atrasada e não seria nada bom para o primeiro caso no tribunal. Caminhava o mais rápido que podia, mas com aquele salto era impossível. Wendy não teve muito problema para entrar, pois era uma cara nova e poucos jornalistas sabiam quem era ela.

Quando entrou na sala de reuniões, estavam somente Gideon e Reid olhando umas fotos que estavam sobre a mesa ao lado de uma pasta. Sua apreensão aumentou temendo que o promotor estivesse lhe procurando.

— Boa tarde — foi tudo que ela conseguiu dizer, ainda procurando o promotor, por isso olhou cada centímetro da sala.

Gideon tinha o rosto coberto por uma das fotos, a qual olhava atentamente. Quando percebeu Wendy ali, abaixou a foto e empurrou os óculos até a ponta do nariz, olhando-a por cima das lentes, sua testa franzida.

— O promotor está em uma reunião com o Hotch e o senador Baynes — ele falou sério —, não se preocupe, já faz um bom tempo que eles estão lá, ele nem vai saber que se atrasou.

— Ah, obrigada — ela disse ao ouvir aquelas palavras, que diminuíram um pouco a sua tensão. Imediatamente ela sentou-se à mesa junto com os dois.

— Wendy, não é? — perguntou Gideon retoricamente, tirando por completo os óculos e colocando-os sobre a mesa, mas em um tom mais amigável que o de antes. — Eu quase não te reconheci. Também, a última vez que te vi, você tinha o que? Onze? Doze anos?

— Onze — ela respondeu de imediato.

Reid também parou de olhar as fotos e começou a prestar atenção na conversa.

— Lembra de mim? — perguntou Gideon.

— Claro que sim — ela respondeu se sentindo bem à vontade. — Eu não disse nada quando te vi, pois não era um momento apropriado e também não tinha certeza que se lembrava de mim.

— É muito bom ver que você está seguindo os passos do seu pai — falou Gideon, deixando-a constrangida —, Hotch deve estar muito orgulhoso.

— Espere um pouco — disse Reid surpreso —, ela é a filha do Hotch?

— Sim — Gideon respondeu —, fruto do casamento com Emily Prentiss. E sua mãe como está?

— Minha mãe continua morando em Londres.

— Ainda na Interpol? — indagou Gideon.

— Exatamente — respondeu Wendy percebendo o olhar desconfiado de Gideon.

O agente encarava a garota que tremia um pouco, mesmo tentando disfarçar.

— Quando você entrou por aquela porta, senti que você estava bastante apreensiva — disse o experiente agente —, em um primeiro momento acreditei que fosse pelo atraso, mas ainda sinto que tem algo que te incomodando. Aconteceu mais alguma coisa?

— Não, é impressão sua.

— Tem algo que possamos fazer? — insistiu Gideon,

— Já disse que não está acontecendo nada — respondeu a garota, se sentindo pressionada.

— Vejo que você também mente muito mal — continuou Gideon.

— Eu não estou mentindo — ela disse, ficando ainda mais nervosa.

— Ele tem razão — falou Reid —, os movimentos dos seus braços e pernas estão tensos e repetitivos. Com certeza você esconde algo.

— Vamos encerrar esse assunto, por favor — ela pediu puxando a pasta que estava sobre a mesa dos lados das fotos.

Gideon e Reid se entreolharam, porém resolveram não pressioná-la mais, tinham um caso urgente a resolver.

— Essa é a Kaley Larson? — indagou Wendy vendo a foto da garota totalmente desfigurada. Naquele momento, sentiu que seu almoço vazou do seu estômago até o esôfago e que iria vomitar, mas conteve-se. — Me desculpem, não estou acostumada a ver isso.

— Está tudo bem — disse Reid.

— Vamos ao que importa — completou Gideon, em seguida virando-se para Reid. — Consegue ver diferenças entre o assassinato de Larson o os das demais vítimas?

— Aparentemente são bem similares — respondeu Reid olhando para Gideon. — A posição do corpo na desova, indicando remorso — novamente ele olhou para as fotos atentamente —, mas as marcas dos cortes parecem ser mais rasas, como se o assassino hesitasse.

— E isso quer dizer o quê? — perguntou Wendy.

— Que foi a primeira vez que ele torturou uma pessoa — retrucou Reid. — O que confirma a teoria de que se trata de um imitador.

— Os crimes foram cometidos por pessoas diferentes — falou Gideon consigo mesmo, analisando as fotos dos outros crimes com o assassinato de Kaley Larson. Foi quando ele viu uma cor esbranquiçada na mão desta última.

Apesar da mancha ter chamado sua atenção, não teve tempo de expor seu pensamento, pois neste momento Hotch entrou na sala os chamando para o tribunal. O recesso havia acabado.

***

— Excelência — disse o promotor —, pedimos que não libere o acusado. Somente adie para que possamos averiguar.

— Excelência — disse a advogada de defesa —, agora há pouco foi encontrado um outro corpo cujo assassino usou o mesmo modus operandi que foi usado para matar essas três moças que julgam que meu cliente matou.

— Excelência, temos convicção de que outra pessoa tenha cometido o crime.

— Somente uma hipótese — retrucou a advogada de Stanley. — A Convenção Americana de Direitos Humanos diz em seu artigo 8º que “toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente até que a culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei”. Sem ter provas que o incrimine, meu cliente é inocente.

— Promotor Berger — disse o juiz —, até agora não apresentastes nada de concreto contra Mike Stanley. Não podemos ficar penalizando um acusado dessa forma. Por isso, tendo em vista a ausência de provas e testemunhas por parte da promotoria e com o novo crime que ocorreu que coloca em dúvida a autoria dos crimes por parte do réu, não tenho outra alternativa a não ser liberar o acusado.

Assim que o juiz terminou de falar, bateu o martelo. Um sentimento dividido tomou conta dos que estavam ali para assistir o julgamento. Do lado da promotoria várias pessoas mostraram frustração, decepção com a decisão... uma mulher caiu em prantos, sendo socorrida pelos outros. Parecia sofrer muito, com certeza era a mãe de uma das vítimas. Do outro houve uma vibração como se tivessem ganhado a final de um campeonato.

Wendy olhou para o lado das pessoas que comemoravam e viu, ao lado da mãe de Stanley um rapaz que se parecia muito com aquele. Podia ser um filho ou um irmão mais novo. O estranho é que ele usava luvas e nem estavam no inverno. Muito pelo contrário, era primavera e estava bem quente. Todavia aquela visão lhe trouxe uma das piores lembranças do seu passado.

O local era deserto e ao ar livre.

— Megan, Megan! — Wendy gritava desesperadamente enquanto tentava reanimar a amiga que estava deitada no chão, desacordada com o pescoço sangrando.

— Wendy, faz alguma coisa — pedia Jessica, uma garota loira que estava do lado —, ela não pode morrer.

Wendy tirou uma das luvas de lã que usava e tentou usá-la para estancar o sangue.

— Aqui não pega sinal — falou Nathan  que estava em pé mexendo no celular.

Cassidy, uma garota ruiva, estava em pé encostada no carro chorando compulsivamente, sendo consolada por Ellen, uma morena de cabelos ondulados. Freddie ficou em pé do lado de Wendy e fitava o corpo de Megan totalmente desnorteado, incapaz de dizer uma palavra.

— Não adianta — disse novamente Jessica —. Megan está morta. Nós a matamos!

— Não... não — Wendy repetia para si mesmo chorando. — Nós vamos ter que chamar a polícia.

Mas os pensamentos dela foram interrompidos quando o promotor a chamou.

— Perdão, o que disse? — perguntou Wendy.

— Vamos à delegacia — disse ele. — Quando chegarmos lá, quero te passar algumas instruções para você seguir à risca.

— Certo — ela assentiu, pegando sua pasta e o acompanhando.

***

O promotor Berger foi em seu carro e Wendy foi no dela. Aquele dia estava sendo difícil para Wendy. Toda a tensão que o bilhete lhe trouxera e as lembranças ruins que vieram com ele estavam atrapalhando sua concentração no caso, e ela sabia que precisava manter-se focada.

Quando desceu do carro, ela viu o pai juntamente com outros agentes do FBI. Eles conversaram com agilidade e se dividiram em três equipes, e somente Reid e Gideon entraram na delegacia. Ela ficou alguns segundo o olhando de longe enquanto Hotch entrava no carro com outra agente loira muito bonita, mas quando ele olhou de volta, ela desviou o olhar e fingiu que não o tinha visto.

Logo ela entrou na delegacia. O promotor já aguardava, ele mal havia chegado e aparentava já estar de saída.

— Prentiss, o senador Baynes me ligou e eu vou ter que atendê-lo no meu gabinete, mas quero que fique aqui acompanhando a investigação e me passe todos os detalhes assim que souber de algo. O FBI e a polícia tem o hábito de esconder algumas informações da promotoria até a conclusão do inquérito, mas com o senador no meu pé, não posso me dar a esse luxo, por isso, fique atenta a tudo que acontece e me ligue assim que tiver algo palpável.

— Entendi, Senhor Berger.

— Me deseje boa sorte — ele suspirou fundo —, pois vou precisar de muita.

— Boa sorte!

Ele despediu-se e voltou para seu gabinete.

***

Wendy então foi até os dois agentes que ficaram delegacia. O rapaz fazia algumas anotações em um quadro branco, onde havia foto das vítimas e dos suspeitos, enquanto Gideon olhava atentamente as fotos das cenas do crime.

— Qual dos agentes foi ao legista? — perguntou Gideon.

— Morgan e Elle — respondeu Reid.

No mesmo instante Gideon pegou o celular e ligou para Elle.

— Elle Greenaway — ela falou assim que atendeu o celular.

— Elle, já está no legista?

— Sim.

— Olha para mim a cor das mãos de Kaley Larson.

Elle, com o auxílio da médica legista que estava no local, olhou no local indicado por Gideon.

— Tem umas manchas brancas ovais — ela respondeu.

— Como se fosse de um polegar?

— Sim — ela respondeu e voltou a olhar o corpo. — Estranho, parece que ela usava algum tipo de creme de clareamento nessa parte. Contudo, nenhum indício de alguma dermatose.

— Ela não usava, isso foi uma transferência do assassino.

— Como tem tanta certeza?

— É um palpite. Eu já tinha a visto outras vezes e ela não tinha essas manchas na pele.

— Então é provável que o assassino tenha qualquer dermatose e que utilize algum creme de clareamento. Vou pedir para a perícia analisar.

— Certo, fico no aguardo.

Gideon desligou o telefone.

— O que descobriu? — perguntou Reid.

— Que o segundo assassino tem algum tipo de doença na pele que requer o uso de pomada para clareamento — respondeu Gideon.

— Como o Michael Jackson? — Wendy perguntou, recebendo um olhar estranho de ambos os agentes.

***

Hotch dirigia o carro no mais completo silêncio.

— Reid me contou por telefone a caminho da delegacia que a assistente do promotor é sua filha — disse JJ querendo puxar assunto.

— Ele também disse que ela me odeia?

— Odeia? Hotch, de onde tirou isso?

— Ela disse para o namorado dela que eu estava morto.

— Me admira você sendo um dos melhores analista de perfis que conheço, não saber que tudo que ela faz é só para chamar sua atenção.

Hotch não respondeu, continuou sério e dirigindo atentamente.

— Hotch, você tentou dar o seu melhor, mas com ela em Londres e você aqui, eu imagino que tenha sido difícil.

— Ela não fala comigo desde os 15 anos. Nunca me perdoou por não ter ido a festa dela. Ainda mais em Londres, onde o baile de debutantes é uma festa bastante tradicional. Todas as meninas sonham com essa data. E um dos melhores momentos é a dança pai e filha. Eu prometi a ela que ia, mas eu acabei não indo. Apareceu aquele caso em Illinois... — ele ficou em silêncio alguns segundo e depois continuou. — Eu só queria que ela me entendesse.

— Um dia ela vai te entender. Talvez até mais rápido do que pensa.

— Espero — Hotch disse enquanto estacionava o carro.

Finalmente haviam chegado ao seu destino: o local de desova do corpo de Kaley Larson. Que era bem parecidos com os das outras vítimas. Sempre em locais desertos, pertos de lixões ou de qualquer entulho, o que demonstrava o desprezo que estes assassinos tinham pelas vítimas.

***

— Michael Jackson? — indagou Reid confuso.

— Sim. Michael Jackson, o cantor pop. Não conhece? Ele tinha uma doença de pele.

— Você está se referindo a vitiligo — respondeu Reid —, que é uma alteração patológica caracterizada por perda localizada da pigmentação da pele.

— Exatamente — respondeu a garota. — Me lembro que houve um tempo que ele usava luvas somente em uma das mãos para esconder as manchas.

— Então — completou Reid —, é muito provável que ele use casacos, luvas ou qualquer outra vestimenta para ocultar partes do corpo afetadas pela doença.

— Eu acho que eu vi um possível suspeito — disse Wendy, obtendo a atenção dos dois agentes. — Havia um homem no tribunal que estava com a mãe de Mike Stanley, ele usava luvas. Eu acho que deve ser algum parente.

— Qual a hora da morte de Larson? — perguntou Gideon para Reid.

— Ela está morta há pelo menos 19 horas, então a hora da morte foi entre 20:00 h e 21:00 h de ontem.

— Então, ele matou Kaley Larson ontem, desovou o corpo e apareceu hoje no tribunal? — indagou Gideon. — É muita ousadia.

— Vou pedir para a Garcia a lista de todos os parentes próximos de Mike Stanley com fotos — disse Reid. — Acha que consegue se reconhecê-lo?

— Eu não tenho memória fotográfica como você, mas acredito que consiga sim.

Em alguns minutos, Garcia mandou as fotos dos parentes próximos de Mike Stanley. Wendy reconheceu um dos primos dele como sendo a pessoa que viu de luvas no tribunal, era Christopher Stanley. Depois Reid pegou pediu a ficha médica do mesmo e foi confirmado que ele tinha vitiligo e que fazia uso de hidroquinona, uma substância costumeiramente indicada por dermatologistas para clareamento da pele.

— Se o laudo pericial confirmar que a mancha na pele de Kaley Larson é o creme de clareamento que Christopher Stanley usa — disse Reid —, ainda não prova a culpa dele, mas temos o suficiente para um mandado de busca e apreensão domiciliar.


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Notas finais do capítulo

Então meus amores, o que acharam?

No próximo capítulo teremos um acontecimento muito importante (mas não posso falar para não estragar a surpresa).

Eu vou está viajando essa semana, mas vou me esforçar para postar no sábado.

Beijão e até lá!



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