Farol escrita por Owl KodS


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Essa história pode no futuro virar uma long, mas ainda estou pensando nisso (:DD)

Espero que entendam e gostem e (por favor) pelo amor de deus, *ALERTA DE DRAMA BARATO PARA GANHAR COMENTÁRIOS* deixe seu Rewie, eu acabei de passar por uma desilusão preciso de carinho.



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Ela observou a escuridão do mar de sobre as rochas. Faziam anos que aquele farol não funcionava, o porto havia sido movido para um local diferente, ela não sabia onde era e tão pouco se importava. Gostava de ouvir o som das ondas negras contra o granito e o cheiro da maresia que invadia seus pulmões pela manhã ao acordar.
       Sabia o que as pessoas diziam. As ouvia quando ia no mercadinho comprar suas poucas provisões. Diziam que era louca e que os anos de isolamento naquele farol a haviam deixado daquela maneira, mas nenhum deles sabia como era sentar sob a luz do luar com as estrelas como companhia.
    Só quando pensou nisso foi que percebeu o ronco em seu estômago. Se levantou da grama úmida e caminhou com o vestido branco roçando de leve as folhas verdes enquanto mantinha sobre os ombros um apertado xale de lã.
     Comeu de costas para tudo, trancafiada em seu pequeno paraíso isolado. Muitos haviam enlouquecido ali. Ela havia tido um pai e irmãos que moraram lá antes dela exercendo sempre a mesma função de guiar as embarcações pelo breu noturno. Todos enlouqueceram, menos Anika, ela nunca compreendeu ao seu certo o motivo de sua falta de loucura, só sabia que os dias passavam e ela continuava em seu mundo isolado.
      O relógio bateu meia noite retirando a jovem de seus devaneios solitários. Caminhou lentamente em direção a porta sentindo o vestido leve grudar em seus calcanhares em cada passo.
    O lado de fora estava iluminado pela luz ofuscante do farol que acendia desde a grama acinzentada sobre a rocha até a espuma branca do mar. Ela se aproximou da beirada onde o pequeno barco se aproximava perigosamente dos minerais pontiagudos na margem.
    Anika desceu a encosta com os pés ágeis, se equilibrando nas rochas repletas de musgo com a habilidade de um carneiro montanhês. Ao chegar lá embaixo encontrou o pequeno bote estraçalhado contra o sopé. O pequeno embrulho se debatia sobre a superfície fria e cinzenta, o pequeno rosto descorado em contraste com a pedra escura.
      Anika ergueu as mãos para segurar aquela coisa em seus braços.
   A criança lhe deu um sorriso desdentado, os brilhantes olhos negros brilhavam como a espuma acinzentada da água refletindo a luz do farol. Ela sorriu em resposta quando a pequena ergueu os bracinhos buscando o carinho da mulher a sua frente balbuciando algo ininteligível em sua linguagem de bebê.
    Ela observou a escuridão marítima, buscando um barco ou algum local de onde poderia ter vindo aquele bote, mas não havia qualquer sinal de civilização pela volta e a única luz era aquela que farol oscilava iluminando tudo ao redor.
     Anika se ajoelhou nas pedras, sentindo a umidade fria em seus joelhos. As memórias se arrastavam pela sua mente. Ecos de um passado muito distante. Dhália era o nome da criança, aquele que ela mesma escolhera diante daquele mar e sob a luz milenar nas estrelas.  
     Ela pode rever Dhália correndo em volta do farol, buscando lascas de pedras brilhantes e cuidando do jardim. Anika podia se lembrar de cada segundo que passara com aquela que se tornara a sua única filha e motivo de sua vida.
   Uma dor atingiu o peito pálido de Anika quando ergueu a pequena para mostrar aos deuses no céu e na terra. Ela apertou a criança contra os seios. O medo havia tomado conta de si, ela não sabia do que, mas sabia que algo havia acontecido.  
      Ali entre aquelas pedras, ela podia sentir as gotas contra seu rosto mesmo sabendo que não era real, ela viu os relâmpagos sobre sua cabeça enquanto as lágrimas rolavam, mas ainda era apenas ela e a criança aninhada entre seus braços trêmulos.
     Ela continuava de joelhos quando ouviu o relógio badalar uma da manhã e tão rápido como havia começado tudo se desfez. Agora era apenas Anika e a escuridão da noite, não havia luz vinda do farol e não havia criança em seus braços. Ela suspirou com as mãos em concha contra o peito, agora ela se lembrava de quase tudo e a tormenta se alojava em seu coração mais uma vez.
      Ela chorou em silêncio, tendo apenas o mar e o céu como testemunhas. Ela não se lembraria de nada amanhã, mas continuaria sobre as pedras esperando pela filha perdida. Ela continuaria a observar sua sombra fugindo ao sol como os ponteiros de um relógio enquanto esperava por alguém que nem ao menos podia se lembrar apenas para que a noite pudesse sentir a dor de perdê-la novamente.
     Esse era o preço de uma imortalidade que não pediu, a consequência cega de se opor a um deus egocêntrico.


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Notas finais do capítulo

Sim, eu tirei o final (MUAHAHAHHA) se quiserem saber como a Anika foi amaldiçoada peçam para virar uma long aqui nos comentários.
Qualquer critica é bem vinda, seja ela boa ou construtiva. ?“dio gratuito eu passo, obrigada! :D