Entre Ela&Eles: Um segredo. escrita por BeaFonseca


Capítulo 4
Capítulo 03 - Um sábado desastroso. Part.1




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O Final de semana estava martelando naquele despertador inútil. Na noite anterior, eu havia esquecido, completamente, de avisar que não queria ser incomodada. E com despertador, eu quis dizer...

— Senhorita Jiwoo Miller? – Ouvi a senhora Sorah bater na porta de forma sutil. Não respondi. As vezes era divertido vê-la irritada, principalmente quando eu estava em um péssimo humor. – Senhorita Miller, sei que está acordada, então eu apenas vim avisar que a refeição da manhã já está na mesa. – Ouvi seus passos cada vez mais longe da minha porta.

            “Senhorita Miller!”

            Imitei sua voz aguda e arrastada. Com certeza, fazia jus a um despertador irritante, como todos falam.

            Levantei da cama, pronta para fazer a higiene pessoal, antes de escolher uma roupa qualquer para descer. Olhando para o espelho, pensei em mil e uma coisa para se fazer sozinha em casa, porque é evidente que papai não vai está o dia todo. Ultimamente, tem andando bastante ocupado. Principalmente depois que arrumou uma namorada.

            Dei uma última olhada no celular, apenas para ter certeza que não havia mais nenhuma mensagem da minha mãe. A muito tempo não havia mais mensagem dela.

            Por fim, decidi que passaria na loja de quadrinhos, logo após o café da manhã. Eu não me daria ao luxo de lamentar a sua ausência. Disse a mim mesma que seria o melhor. Eu ainda não conseguia perdoá-la, e acho que ela percebeu isso.  

— O Sr. Miller pediu para avisar que haverá convidados especiais para jantar hoje. – A senhora Sorah avisou, no momento em que coloquei os pés na cozinha, com sua carranca de sempre.

            Odiava tomar o café da manhã sozinha naquela mesa gigante da sala de estar. Do contrário, não me daria ao trabalho de olhar para a cara dela.

— Uhum. – Me limitei em concordar com a cabeça. Eu e a Senhora Sorah não nos dávamos tão bem, apesar da velha está em nossa casa a, igualmente, seis meses.

            Sua função era ser a minha governanta. Em outra palavras, Babá em tempo integral (Uma babá que não gostava muito de mim). Eu já tinha 16 anos. Não havia necessidade alguma de ter uma babá. Papai acha que, por eu não ter uma mãe presente, uma babá compensaria a falta. Era um pensamento idiota, mas não o culpava por isso. Além do mais, ele só estava preocupado comigo.

— Pretende sair? – A senhora Sorah me encarava, séria.

— Pretendo... – Percebi que ela iria falar alguma coisa. Mas interrompi. – E não. Não precisa ir comigo. – Finalizei, certa de que ela compreenderia. Tomei meu café da manhã e voltei para meu quarto.

            Eu ainda não tinha ideia do motivo de não ter dito a meu pai que a Sra. Sorah e eu não nos dávamos bem. Talvez estivesse com pena dela, pelo fato de ser  o sustento da própria casa. Não sabia muito sobre ela.. na verdade, não sabia quase nada. Mas estava ciente de sua situação financeira nada favorável. Por este motivo, eu acreditava está fazendo alguma boa ação. Por um momento, lembrei das aulas extras com Jimin. A próxima semana, prometia novidade, e eu não sabia se estava preparada para tudo isso.

            Olhei ao redor, a procura da minha bolsa, e quando a encontrei, joguei na costas e caminhei para fora do quarto.

            Eu não pretendia ir de carro, então, preferir ir caminhando. Era prático e me pouparia do transito da cidade. Não precisei avisar a ninguém da minha saída. Todos já estavam acostumados com isso. Por sorte, a loja não ficava tão longe da minha casa.

            Uma leve rajada de vento foi distribuída pela rua. Era um bairro nobre, então, era fácil ver pessoas desfilando nas calçadas, e carros enormes e importados encostados em frente a portões gigantes. As árvores ali, eram bem mais vivas e majestosas. Eu gostava da paisagem e dos desenhos que as folhas faziam quando caiam como chuva em uma passada de vento.

            Precisei virar duas esquinas, até chegar próximo a avenida que dava a acesso a todas as lojas de grife da cidade. No fim da próxima esquina, estava um edifício com um letreiro em neon, indicando o nome da loja. “Espaço Geek”.

            Era um lugar bastante frequentado por nerds, como o próprio nome já sugere. Embora eu estivesse acostumada com aquele tipo de lugar, jamais deixaria de suspirar em frente a ele. Lidar com pessoas era sempre difícil...

            Lembrei de alguns dos motivos que me deixaram tão introspectiva. Aqueles flashs não saiam da minha cabeça. No entanto, eu aprendi a ignorá-los. De qualquer forma, eu não estava disposta a descobrir a verdade por trás deles.

            Eu não sabia se seria o certo a se fazer. Mas estava disposta a esquecer, completamente, tudo que já passei.  Ou o que achava ter passado.

***

— Nova edição dos Novos vingadores? Ainda não chegou. – O homem do balcão avisou, logo depois que perguntei.

— Obrigada. – Agradeci, me afastando.

            Inconformada com a perda de tempo, atravessei uma prateleira com diversos outros quadrinho e me deparei com uma coleção ilimitada de bonequinhos. Eram dos mais variados personagens de animes e desenhos. Vasculhei a prateleira em busca da coleção do Super Mario. Eu os achava muito fofos. Fofos o bastante para comprar.

            Quando encontrei, levei minhas mãos ao boneco, apenas para encontrar uma outra mão, o tanto quanto macias, por sinal. Me assustei.

— Desculpe. – A voz era doce e abafada por causa da distância. Ele se desculpou por um vão entre a prateleira que nos separava. Quando percebi de quem se tratava, foi inevitável prender a respiração.

“Só me faltava essa, agora.”— Resmunguei, pensativa.

— Ei... – Ele chamou, e decidi fingir não ouvir. Continuei o caminho pelo corredor das prateleiras, esquecendo que ia comprar o boneco do Mario. – Ei! Não precisava ser rudo. Tem muitos outros bonecos na prateleira. Se quer este, posso lhe devolver! – Ele disse, empatando a minha passagem. Parecia preocupado.

            Pra variar, minha boca sem filtro entrou em ação. Ele provavelmente achava que eu tinha respondido mal a ele, simplesmente por não conseguir seguir minha língua solta. Acho que o “príncipe” Kim Seokjin, não estava me reconhecendo, por fim. Do contrário, teria me ignorado, como sempre o fez. Afinal, ele era do terceiro ano A. Não iria mesmo me conhecer, de qualquer forma.

— Não foi por isso que eu me afastei... – Respondi, sem fitá-lo. Pensei em desviar seu caminho, mas ele impediu, de novo.

— Oh... – Percebi de relance, que ele sorria. – Então houve má comunicação.

Literalmente, se quer saber.”— Pensei.

— Que bom que concordamos. – Disse, ainda sorrindo. E eu havia feito de novo. – De qualquer forma, fique com este. Não quero parecer mal-educado por isso. – Me entregou o boneco do Mario.

            Acho que ele não percebeu o quanto o gesto era amigável e esquisito para a nossa situação. Suspirei, percebendo que não venceria aqueles olhos brilhantes e sorriso radiante. Peguei o Mario.

— Obrigada. – Pensei em me afastar novamente, mas ele parecia persistente.

— Eu acho que já te vi em algum lugar. – Apontou, com a sobrancelha erguida. Senti minhas bochechas arderem.

            “Será possível que todos eles vão inventar de falar comigo, agora?”

            Olhei para Jin, pronta pra dar uma resposta negativa. Percebi um sorriso galanteador em seu rosto. Ele estava flertando comigo?

— Não! Com certeza a gente nunca se viu antes, e espero que continue assim. – Devolvi o Mario a suas mãos e caminhei a passos apressados para longe daquela loja.

            Voltei pelo mesmo caminho em que tinha vindo, sem antes reparar que a nova cafeteria estava finalmente aberta. Talvez um achocolatado me distrairia o suficiente para esquecer toda essa confusão em minha mente.

            No balcão, eu estava bastante concentrada em olhar o cardápio, mesmo sabendo o que iria pedir. Talvez o flerte de Jin tenha me deixado desorientada.

            O que ele estava pensando? Aquele era Seokjin, o príncipe do colégio Bangtan High. O cara popular. Em que mundo paralelo eu estava, afinal?

            Um dia eu era “a ignorada”, e no outro, estava chamando mais atenção que a placa de Neon do “Espaço Geek”. Tinha alguma seta verde limão apontando em minha direção, por acaso?

            E não era como se isso realmente não fosse acontecer. É claro que só aconteceria, se realmente soubessem quem eu era. E como eu disse, ninguém tinha esse conhecimento. Do contrário, meu nome já estaria estampado em todos os jornais da cidade.

            “Filha da polêmica atriz Kennya Barcellos, estuda no colégio Bangtan High School.” – Imaginei a notícia.  

— Deseja alguma coisa? – Meus pensamentos foram interrompidos pela voz grave do atendente.

            Eu gostaria de poder dizer que desejava não ser filha de quem sou. Mas um atendente de lanchonete não teria a mínima ideia do que eu estivesse falando. Muito menos faria isso acontecer. De qualquer forma, ele não resolveria meu problema. Eu nem mesmo estava entendendo porque tudo isso estava vindo a tona com frequência.

            Me limitei em responder apenas, “café”. Não precisava de mais motivos para me sentir ainda mais perturbada.

            Procurei por uma mesa vazia. Não que não tivesse opção, afinal, aquele lugar estava quase vazio.

            Caminhei lentamente até a mesa mais distante, próxima a janela. Mas pra variar, alguma coisa impediria o meu objetivo.

            Dito e feito.

            Alguém havia se levantando de vez da cadeira, empurrando a mesma em minha direção, que com uma pancada dolorosa, fez meu pés saltarem e, obviamente, a queda final, que por algum milagre do destino, não chegou.

            Ao contrário de um chão frio e duro, eu me apoiava em braços firmes e quentes. Meu olhos ainda estavam fechados, por medo do que viria a seguir. Constatei que não poderia ficar naquela posição por mais que um minuto. Seria estranho pra quem quer que estivesse me segurando. Ao abri os olhos, me deparei com o castanho escuro de um rapaz, cujo apelido, fazia jus a toda essa confusão. Namjoo, o Rei da destruição.

            A essa altura, eu já não me surpreenderia com mais nada.

            Quem seria o próximo? O destino poderia me adiantar. Assim eu ficarei preparada.

— Essa foi por pouco. – Ele disse, aliviado por ter conseguido salvar alguma coisa, e quando digo “coisa”, falo de mim. – Poderia ser pior...

“Pior do que você me segurando assim?”— Era o que eu estava pensando, ao me dar conta da cena dramática.

            Ele ergue a sobrancelha, confuso, e de certa forma, parecia ofendido. E novamente, me perguntei se ele teria escutado os meus pensamentos altos. Na intenção de me afastar, acabei escorregando em algum líquido e caindo de vez no chão.

“Tudo bem. Tinha que ser castigo!”— Pensei. E desta vez, me certifiquei de que ficaria nos pensamentos mesmo.

— Desculpe... – Ele disse, pondo as mãos para trás da nuca, preocupado.

— Olha, ta tudo bem! – Suspirei. A vida estava me testando. – Acontece. Não precisava ficar se culpando. – Me levantei, desta vez, sem ajuda alguma. Evitei que ele se aproximasse. – Só fica paradinho aí, okay?

            Lentamente, me afastei do desastre alimentício que o chão promovia. Ignorando completamente os olhares alheios. Segui caminho até a saída. Havia perdido a fome, e a dignidade, pelo visto.

            Não poderia piorar, poderia?

            Alguém esbarrou em mim na saída. Quando percebi que era Jin, resmunguei. Me arrependendo de ter perguntando.

            Minha paciência estava no limita, e eu não entendia muito bem do porque.

            Eu não estava entendo esse meu comportamento agressivo com cada situação incomum.  


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Notas finais do capítulo

Oii gente!! Por favor, me incentivem e comentem. Vai me deixar mais feliz e disposta a postar com mais rapidez a fic, que já está pronta.
Vai depender muito de vocês!! Bjsss e até o próximoo!



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