Pov. Narrador.

            Em meio a lamentações e confissões, as duas amigas, de tão diferente idade, não perceberam a presenta de uma terceira pessoa, tão quieta quanto Jiwoo quando o queria. A dor pela culpa de está ouvindo algo que não deveria, o incomodava. Mas não poderia deixar de notar o quão mais próximo se sentia daquela garota, agora mais do que nunca.

            Estava mais envolvido do que poderia imaginar. E não foi por escolha... Mas por acaso. De alguma forma, pensou ser alguma obra do destino, ter colocando justamente ela em sua vida novamente. Ele não desperdiçaria a chance de provar que pode ser bem mais que um mero coadjuvante naquela história.

   Pov. Jiwoo

            No fundo da sala, eu apenas me concentrava nos exercícios passados pelo professor. Me dando conta do enorme silêncio que pairava. As vezes, era desconfortável o eco que o giz produzia em contato com o quadro negro. Suspirei, percebendo que um papel foi jogado em minha direção.

            Peguei, apenas para descobrir que se tratava de Jungkook. E junto ao papel, havia um bombom.

“Segui o seu conselho. Começo amanhã no clube de música!

Muito obrigado, Jiwoo. Aceite o bombom como forma de agradecimento, apesar de não ser grande coisa... Foi de coração.” 

Ass: Jungkook

            Fiquei surpresa com o bombom, não vou negar. Jamais pensei que receberia um doce de agradecimento. Isso é bastante inusitado, e eu não sabia se estava confortável com a situação.

            De relance, notei que Tae parecia bem interessado em meu bilhete, além de ter feito uma expressão curiosa em relação ao bombom. Fiz sinal para que ele parasse de me olhar assim. Ele riu, de forma abafada, sendo chamado a atenção do professor.

“Obrigada pelo bombom, Jeon. Fico feliz que tenha feito sua escolha, e esteja feliz com ela.” 

Ass: Jiwoo

            Analisei o bilhete antes de enviar. Eu não assinei como “esquisita”, e isso foi bastante involuntário da minha parte. No fim das contas, eu deixei do jeito que estava. Era uma completa bobagem da minha cabeça.

            Quando o sinal tocou, lembrei que precisava me livrar de Yoongi, e pela primeira vez, fui uma das primeiras a sair da minha sala, sem dar chances algum de mais alguém vir falar comigo.

            Bem... É claro que já sabem que nunca sai como eu desejo.

— Jiwoo! – Ouvi, infelizmente, a voz de Yoongi, já me esperando no pátio do colégio. Era incrível como ele tinha chegado tão mais rápido. Geralmente, dos populares, ele era sempre o último.

— Hum? –Me fiz de desentendida.

— Vamos? – Disse, ajeitando sua mochila nos ombros e lançando um sorriso sem dentes.

— O motorista já esta me esperando. Acho que não precisa me acompanhar... – Falei, disposta a continuar meu caminho.   

— Ótimo, não vamos precisar ir a pé, então. – Disse, logo ao meu lado. Bufei, pela sua ousadia.

            Quando foi que Yoongi se tornou uma pedra no meu sapato?

            Ah sim! Quando ele decidiu que seria como um irmão mais velho preocupado. Não nego que era algo do qual sempre desejei.. digo, ter um irmão, ou irmã. Mas Yoongi não me convenceria de que isso, de fato, poderia ser divertido.

            Conformada, eu apenas me deixei levar pela situação. Não adiantaria discutir com ele. Não conseguiria buscar um argumento plausível para afastá-lo de mim. Por que eu seria, completamente, mal-educada com seu aparente gesto de solidariedade.

— Vai ficar para jantar e dormir também? – tentei soar sarcástica, no momento em que entramos no carro, logo após cumprimentar o motorista. Na verdade, eu estava mais resmungando para mim do que para ele.

— Não seria uma má ideia. – Ele sorriu de lado. Provavelmente estaria me provocando. Resolvi não retrucar. Pedi para Kiron deixar deixar Yoongi na casa dele, primeiro, logo depois de confirmar o endereço com o mesmo, que ainda sorrindo disse de muito bom grado.

            O silêncio era bastante incômodo durante todo o trajeto. O que era irônico, tendo em vista que eu já estava acostumada com ele. De relance, percebi que Yoongi estava distraído no celular. Fiquei me perguntando que tive de assunto ele se interessava para conversar.

            “Mas o que eu estou pensando? Eu nem deveria está preocupada com essa possibilidade.”

— Você é igualzinha ao Taehyung, as vezes... – Ele disse, de repente, me pegando de surpresa.

— C-como é? – Perguntei, incerta sobre a comparação.

— Ele tem a mania de pensar alto também. – Respondeu. Daí me dei conta que havia feito novamente.

            Também havia descoberto algo interessante... Eu não era a única com essa proeza.

— Hum... – Expressei apenas, fingido-me desinteressada.

— Compartilham a mesma sala, não é? – Perguntou. Fiz que sim, achando inacreditável como ele conseguia manter um diálogo simples. – Deve ser a convivência.

            Pensei em sua análise, e por alguma razão, aquela ideia me fez rir. Era fato que a convivência de Tae, repentina, estava me afetando de alguma forma. As vezes penso que ele mesmo causou tudo isso. Porque foi justamente ele quem esteve por duas vezes em meu caminho. Mas não, Yoongi estava enganado sobre a influência de falar só. Nem mesmo sabia que Tae tinha o mesmo hábito.

— Deveria rir mais vezes. – Comentou, me fitando. Ao perceber que excedera o meu próprio limite de sociabilidade, parei. Envergonhada e completamente sem graça.

            Não disse nada. Não queria ter que entrar em uma debate dos “Ns” motivos pelos quais eu pouco sorria. Ele ainda não tinha minha confiança para isso.

            Demos continuidade ao silêncio até chegarmos no endereço do próprio Yoongi. Nos despedimos de forma pólida, mas pela minha parte do que para a dele. E no momento que me vi, completamente só, desabafei em longos suspiros. Estava cansada demais e nem percebera isso.