Eles por ela e ela por gatos escrita por Airi


Capítulo 6
Certas visitas, certos gatos.Isto é certo e errado


Notas iniciais do capítulo

EU SEI QUE ABANDONEI! HAHAHAHA, mas calma, abandonei por um tempo, tanto que quem le nem vai mais querer continuar ! Estou continuando esta fic assim como todas as outras, por isso espero que gostem dos proximos capitulos tambem 83
Afinal, agora entrara em um parte teeensa *-*
Boa leitura,



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– Preciso de sangue para me transformar em gato, caso contrario ficarei dessa forma sempre, de dia e de noite – ele explicou sem muito interesse, se deitando

– Tá, eu entendi isso já, mas Serafim, e o resto?

– Resto? Como assim resto Amélia?

– É só para isso que preciso do meu sangue? Aquilo que você fez ontem doeu e muito! O sacrifício que estou fazendo para esconder a dor e que tive que fazer para esconder essas marquinhas da minha avó, só deus sabe! – rosnei

– Essa parte é problema seu, fizemos um acordo, então não venha reclamar comigo

– Tudo bem, então eu não vou mais te dar sangue, isso é ridículo – falei um pouco mais calma

– Ridículo são as situações que estou tendo que passar ao seu lado Amélia, pense nisso – ele comentou um pouco aborrecido

Me levantei e andei alguns passos para perto da cama, e ao perceber minha aproximação Serafim se levantou da cama e se afastou, indo para o canto que eu estava antes, como se estivesse com nojo de mim. Isso me irritou um pouco porque eu não sou nenhuma berebenta! Mas não tem jeito, ou é isso ou a gente... é, prefiro nem pensar no resto.

Sentei na cama, abraçando meu travesseiro e voltando a olhar para a sombra de Serafim, já que estava tudo escuro. Seus olhos azuis brilhavam a luz do luar que iluminava muito pouco o canto em que ele estava, já fazia algum tempo que ficávamos assim no quarto, então eu não me incomodava mais ficar com tudo apagado, mas o mais engraçado é que mesmo sendo grosso e um tremendo narcisista, Serafim está se esforçando para me aturar e cumprir sua missão, tenho que reconhecer. Somos dois estranhos tendo que se conhecer e se dar bem, é complicado isso, mas não tinha me dado conta, já que em filmes e series os protagonistas sempre se dão bem, pelo menos ao meu ver.

Mas isso é a vida real, não posso ficar pensando nisso como em um filme ou sonho, não vou acordar do nada e muito menos escutar alguém falando “Corta! Bom trabalho pessoal”. Serafim e eu temos uma missão e precisamos cumpri-la, nos gostando ou não.

– No que está pensando? – ele perguntou curioso ainda me olhando

– E te interessa? – falei ríspida

– Sim, caso contrario não perguntaria, vamos, desembucha menina

– Nada, só pensando nas coisas que estavam acontecendo antes de tudo isso aqui, antes das férias – menti

– Naquele menino? – ele tornou a perguntar

– Mais ou menos. Estava pensando nas minhas amigas também, não as vejo a um bom tempo e uma delas me ligou hoje, achei estranho terem me caçado que nem loucas

– Vai ver estão preocupadas com você, sei lá... – respondeu meio pensativo - ...não sou muito bom com essas coisas

– Você não é bom com quase nada né? – Arrisquei, rindo um pouco

– Sou bom com as mulheres, então sou melhor em certos quesitos – respondeu irônico

Respirei fundo e sentei na ponta da cama, pegando uma vela e a acendendo enquanto respondia, respectivamente, a altura.

– Será mesmo? Você é mesmo meio... como é a palavra? – disse em voz alta

– Sedutor? – ele disse

Nesse momento acendi a vela e pude ver o sorriso torto que se formava em seus lábios, ele tinha acertado, sabia disso, mas sabem como é, quando a questão é o orgulho eu sou uma das mais chatas!

– Tá, que seja... mas não te vi com nenhuma mulher, por isso não posso concordar com você – terminei meu pensamento

– Pobre Amélia – ele disse irônico – Tão jovem, tão sozinha

– Cala a boca seu protótipo de gato! – gritei e taquei o travesseiro em cima dele – Seja útil e me diga, que horas são?

– E porque eu saberia? – perguntou confuso – Vai lá falar com a sua avó, sei lá Amélia

– Aiai, certo. Me espere aqui – comentei conformada me levantando

Para ir até o corredor tive que passar por ele e senti algo estranho querendo começar a confundir minha cabeça então sai o mais rápido possível, antes que mais coisas constrangedoras acontecessem.

Desci e achei um dos relógios. Eram 00h20. Meu deus, eu tenho dormido tanto assim ultimamente? Já estou vendo que minha avó vai ligar para minha mãe e reclamar que tenho dormido muito. Da ultima vez que isso aconteceu eu estava com anemia, a uns 8 anos atrás e hoje em dia, de tanto as amigas da minha mãe a encherem, ela vai pensar que estou nas drogas.

Me toquei que não tinha comido quase nada novamente, então fui para a cozinha, procurar algum aperitivo ou pão velho. Chegando lá levei um susto e só não gritei porque Serafim foi mais rápido e tampou minha boca. Vi uma criatura igual a ele só que muito mais baixo, era apenas um pouco mais alto do que eu e tinha os cabelos escuros, em pé, e seus olhos negros arregalados me diziam que ele era algum dos gatos que eu já tinha tido contato, porque aquela expressão não me era estranha.

Olhei para trás, encarando Serafim para ele me largar e tirar a mão da minha boca, mas ele parecia estar novamente com aquele probleminha, mas eu tinha me assustado tanto que nem tinha tido tempo de pensar nisso. Virei para encarar a criatura novamente, mas ele ainda estava na mesma posição, não tinha se mexido nenhum milímetro. Irritada, pisei no pé se Serafim que pareceu acordar e deu um tremendo berro, daqueles quando pisamos no rabo de um gato.

– Ficou louca? – ele disse irritado

– Não. Apenas salvando a sua pele e preservando o meu bom humor – resumi

– Louca.. – ele disse novamente – Deveria me agradecer por ter evitado de você ter acordado a vizinhança inteira, iria te trazer mais problemas

– E você é o maior deles, mas... quem é este ai? – perguntei mais calma, apontando para a outra criatura

– Vocês já se conhecem, ele é um dos gatos que vive aqui, o Espirro

– Porque essa noticia não me deixa mais abalada? – perguntei meio incerta

– Quer mesmo que eu responda?

– Não, obrigada. Mas, Espirro, você também consegue ficar igual ao Serafim?

– T-to-todos podemos Senhorita Amélia – ele respondeu tímido largando um biscoito

– Todos? Serafim, isso você ainda não me disse

– Você não sabe nem da metade – ele comentou irritado, se aproximando de Espirro – O que está fazendo a essa hora da madrugada transformado seu burro?

Enquanto observava Serafim dando uma bronca no pobre coitado fiquei imaginando quais eram as responsabilidades dele nessa outra dimensão, ele estava muito mais para um vagabundo que foge dos compromissos do que para alguém que resolvia as coisas, mas nunca se sabe, eu mal o conheço. Naquele momento a expressão de irritado nele era nítido, tanto que seus caninos estavam à mostra e ele estava quase gritando.

Acabei ficando com dó do pobre Espirro e me aproximei, tocando com a ponta dos dedos o ombro de Serafim.

– Calma, ele não deve ter feito por mal, e do jeito que está gritando você que vai acordar a vizinhança inteira e as velinhas. Espirro, sinto muito pelo mau comportamento deste daí

– E-e-ela está se desculpando por você? Serafim, já são tão amigos assim? – ele perguntou um pouco mais animado mas ainda nervoso com a minha aproximação

– Cala a boca Amélia, você não sabe nem metade da historia

– Então me conte oras, fica dando uma de misterioso a troco de que heim?

Ele ia responder, mas Espirro começou a rir e então ele se virou para dar um tremendo tapa na cabeça do gato.

– Porque fez isso mestre?

– Mestre? – perguntei perplexa – Essa coisa é seu mestre!?

– Sem ofensas, sem ofensas... – Serafim disse já começando a se irritar novamente

– Sim, Serafim é meu mestre Senhorita, ele é o melhor me...

Espirro parou de falar quando escutou algo, pude ver as orelinhas dos dois se mexerem, eles estavam atentos ao que era. Me virei também, um pouco assustada, e tenho a impressão de que conheço aqueles passos lentos e cansados...eram da minha avó, descendo as escadas.

– É a vovó – disse baixo me virando

Mas quando olhei para trás Espirro já tinha virado um gato e já tinha ido para detrás da geladeira, enquanto Serafim ficou me olhando em desespero com a boca semi- aberta.

– E ai, não vai fazer o mesmo que ele não?

– E por acaso bebi sangue para fazer isso?

– Mas o Espirro não precisou de sangue para fazer isso Serafim, porque você precisa?

Serafim ficou quieto, olhando agora para mim, parecia um tanto quanto aborrecido de eu ter que tocar no assunto, mas em vez de responder ele correu para a outra parte da cozinha e abriu a porta do quintal. Lá deveria estar tão escuro que ninguém o veria, então fiquei tranqüila por ele e comecei a procurar alguma coisa para fingir que tinha descido para pegar.

– Amélia? – escutei minha avó falar meio sonolenta – Algum problema querida?

– lanchinho da meia noite vovó – disse fingido estar com sono, com um biscoito na mão – Quer?

– Ah, então era isso, tinha me assustado de não vê-la em seu quarto há essa hora. E não obrigada, comidas fora de hora para pessoas velhas como eu são uma perigo – ela disse entre um sorriso e um bocejo – Bom, então eu vou me deitar, Boa noite querida.

– Estava acordada?

– Não. Só preocupada...

– Então tá, boa noite vovó

Respondi calma, esperando ela sair de lá para ir correndo até a porta do quintal a onde encontrei Serafim sentado no chão, segurando um dos gatos que dormia profundamente em seu colo.

– Oh, que cena mais tocante – disse sem muito animo

– O que foi? Nunca ouviu falar que gatos são bem unidos? – ele retrucou, colocando o gato no chão, sem acordá-lo – Ela já foi?

– Já sim, pode entrar

Abri espaço para ele, mas ele não se mexeu, ficou ali sentado olhando para mim, meio confuso. Não gosto quando ele faz isso, parece tão inocente, tão despreocupado, como um gato mesmo. Não consigo imaginar que um dia ele pode ter sido assim.

– O que foi Serafim? Estou longe o suficiente

– Está, eu sei... é que você veio até aqui me chamar

– E o que que tem?

– Nada, vamos entrar então...

Entramos e fomos para o meu quarto novamente e fechei a porta rápido, vai que a minha avó inventa de vir ver se eu não tinha alguma coisa escondida, porque ultimamente eu estava agindo como se a policia, o FBI e a CIA estivessem atrás de mim. Completamente suspeita, ou tá, nem chega a tanto, mas eu estava muito diferente, não costumo ser assim quando venho para cá, e muito menos pedir para a minha mãe para ficar mais tempo.

Serafim foi para seu canto preferido do quarto e eu para o meu, a cama. Me sentei lá e voltei a olhá-lo, sem muito animo desta vez. Tinha chegado a pior parte e eu senti isso.

– O que faremos agora? – ele perguntou entediado

– Ah, não vem com essa, quer brincar de damas agora? – rebati irritada – Me fala, porque o outro pôde e você não?

– O que?

– Se transformar sem sangue Serafim, seja breve meu caro – disse a moda antiga

– Perguntas, perguntas, perguntas...Amélia, nem tudo eu sei tá legal? Ele simplesmente consegue e eu não, não me lembro de ter dito, em nenhum momento, que todos precisavam, eu disse de mim, falei o que acontece comigo, os outros eu já não sei

– Tá, eu vou confiar em você, que outra escolha eu tenho? – disse conformada – Eu quero dormir cedo hoje, mesmo com sono sei que você pode me fazer dormir, então, vamos terminar a parte torturante da noite

– Como quiser – falou mais satisfeito se levantando

Me aproximei dele e evitei ao máximo olhá-lo nos olhos para que não desse aquele “problema” de novo. Mais uma noite e mais surpresas aconteceram, conheci a forma “humana” de Espirro e admito que ele realmente é um bebe, aparenta ter no máximo uns 14 anos. Fiquei pensando nisso enquanto Serafim afastava meu cabelo do pescoço e passava uma das mãos pela minha cintura, me puxando para baixo, se sentando e me colocando logo a sua frente.

– Até amanhã Amélia – ele sussurrou em meu ouvido

Preferi não responder, seria...arriscado demais. Depois das breves palavras de Serafim senti meus olhos pesarem e os fechei e depois a escuridão.

Naquela noite não tive sonho nenhum, dormi como um pedra, era como se eu tivesse tomado algum remédio para insônia e que tinha tido o efeito esperado. Quando finalmente acordei meus olhos já não pesavam tanto quanto da ultima vez e aquela dor latente no meu pescoço tinha voltado. Droga. A cama deveria estar completamente suja de sangue.

Me levantei com cuidado, olhando para o travesseiro, mas nada, nenhuma gota sequer de sangue. Estranho. Olhei ao redor e quase enfartei quando vi aquele ser e suas curiosas orelinhas se mexendo na minha frente. Eu vou morrer... mas eu levo ele junto!

– O que está fazendo aqui?

– Bom dia – ele comentou sem se importar com a minha rispidez – Estou com fome

– Você tomou meu sangue e continua nessa forma seu verme desprezível – disse quase chorando – Se alguém entrar aqui estou perdida Serafim, o que aconteceu?

– Não sei, eu não consigo me transformar novamente Amélia, não me culpe – ele continuou calmo – Dessa vez eu tomei até menos e olha só o que aconteceu

– Você precisa de mais?

– Será? Quem sabe..eu não sei de nada

– Serafim, você me paga... – disse furiosa - ...deixa eu primeiro tomar um banho e me arrumar, fingir que está tudo bem e normal, ai eu volto, combinado?

– Aham

– Não faça nada e nenhum movimento idiota, caso contrario você é um gato morto, escutou? M-O-R-T-O

– Calma, eu não vou fazer nada Amélia, vai lá. Vou aproveitar para descansar um pouco mais...

Serafim parecia muito despreocupado para o meu gosto e isso não é nada bom. Meu dia já estava começando mal, mas pelo menos ele não iria piorar. Tomei meu banho e cuidei da ferida que parecia ainda mais aberta de ontem para hoje e desci para tomar café, mas quando entrei na cozinha vi mais cabecinhas do que desejaria ver justo naquele dia.

– Mas o que diabos vocês estão fazendo aqui?

Perguntei perplexa para Thais, Amanda, Angelina, Fernanda e pra variar Vinicius, que estavam todos sorridentes me esperando na mesa para tomar café da manhã.

– Amélia é assim que trata seus amigos que acabaram de chegar? – minha avó comentou com tom de repreensão

– Isso mesmo Amelinha – Thais disse animada – Achamos o seu esconderijo secreto, agora não tem como você fugir! Hahaha – escutei a risada aguda de Thais

Porque justo hoje eles tinham que aparecer?


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Notas finais do capítulo

Bom, já sabe como funciona. Tá bom? Até o proximo!



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