Eles por ela e ela por gatos escrita por Airi


Capítulo 3
"O que quer de mim?"


Notas iniciais do capítulo

Bom, eu parei por aqui de escrever a hitoria! Agora enquanto eu deixo esse 3 capitulo ai eu vou começar a escrever o 4°! Tem bastante coisa já acontecendo ai povo '-' ; Bom, o que mais posso dizer? Vai ler logo! o/



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Depois disso? Acordei na minha cama as oito na manha! Será que aquilo era um sonho? Não, porque Missy estava aborrecida comigo e eu estava com os braços vermelhos por ele me segurar. Desci correndo as escadas vendo cada canto da casa. Todos os objetos considerados de valor por qualquer ser humano estavam intactos. Então aquilo não era um ladrão? Ou era? Mais então levou o que? Ração para gatos? Roupas? Nada? Será que era ele que tinha me mandado o bilhete? Poderia ter sido, alias, fazia todo o sentido! Ele estava la para me mandar o bilhete! Se bem me lembro antes de desmaiar eu vi os olhos daquela pessoa, eram azuis... Como daquele gato branco. Coincidência pura! Mas que tinham olhos parecidos? Ah! Isso eles tinham. Aquele azul penetrante.

Minha avo me chamou da cozinha para tomar café. Meu estomago roncou novamente. Quando fico nervosa tenho fome o tempo todo. Eu engordaria uns 15 quilos naquela semana. Tomei um café bem reforçado, com tudo o que eu tinha direito. E fui ao trabalho. Mais um dia cuidado de gatos. Aquilo não seria nada fácil. Primeira tarefa do dia: Solta-los. Chegando no quintal minha tia já tinha soltado eles e estava com uma expressão muito seria, parecia preocupada. Não consegui conter a curiosidade e perguntei um pouco receosa.

– Tia... Aconteceu alguma coisa?

– Um dos gatos não estava dentro da lavanderia esta noite – Aquilo me trouxe lembranças e mais coincidências – Você me disse que tinha o prendido. Porque ele estava fora Amélia?

Porque minha tia parecia tão seria? Desde quando um gato a menos ou um a mais dentro da lavanderia fazia diferença? Estranho.

– Eu prendi ele sim tia! Só que ele deve ter escapado. Não faço idéia de como, mas deve ter alguma explicação. Não é mesmo? – Fiz de conta que não sabia nada, afinal, quem acreditaria em mim?

Mas minha tia não respondeu, o que me preocupou muito. Ela apenas entrou em casa. Tão seria. Acabei deixando de lado essa parte e fui direção a um gato especifico que estava em um canto encolhido. Ele tinha o pelo todo repicado e preto, com uma cara de assustado que dava do, seus olhos eram de um marrom meio mel, lindo! Ao chegar perto dele eu espirrei e ele acabou fugindo. Logo me veio na cabeça uma voz fraca e assustada dizendo “Espirro!”. Querendo tirar minha curiosidade comecei a chamar o gato.

– Espirro? Onde você esta?

Fiquei o chamando por um bom tempo ate achar onde o suposto “Espirro” estava escondido. Ele estava debaixo de uma cadeira podre que minha tia deixara no quintal. Quando falei novamente o nome dele seus olhos se arregalaram mais do que podiam e ele patinou para o buraco da porta que levava para o jardim da frente.

Eu estava adivinhando o nome deles ou eles estavam me falando? Primeiro foi o Serafim e agora era esse Espirro. Algo estranho estava acontecendo e não estava maluca, dessa vez não era um sonho ou uma fantasia! Estava realmente acontecendo. O medo e a ansiedade vieram juntos novamente e aquele sorriso de vitoria voltou para meu rosto. Agora eu estava completa. Sabia que ficar longe por um tempo ajudaria e isso significava mais tempo na casa da querida vovo. Entrei correndo (de novo) e fui ate o telefone, discando o numero do trabalho da minha mãe.

– Alo? – Disse ela apressada e doce como sempre.

– Mãe?

– Amelinha! Como você esta filha? Como estão as coisas com as duas? Muito trabalho? – Ela disse rindo.

– Ah! Então elas contaram a tortura e você não fez nada não é dona Milia? – Disse a acusando, em resposta e ela riu. Culpada – Não interessa muito mãe, esta tudo bem, para quem quer ser veterinária um dia essa é uma experiência e tanto! E por isso eu queria pedir...

– Pedir o que? – Ela perguntou preocupada. Sempre que eu fazia suspense ela agia assim.

– Posso ficar aqui ate o final das férias? Sabe o que é...

– Claro que pode filha, não precisa explicar... Você esta precisando não é mesmo?

– Como sabia?

– Mãe sempre sabe filha. Então avisarei seu pai, um fim de semana antes eu vou te buscar ai ta bom?

– Claro! Sem problemas mãe! Te amo! Beijos!

E assim desliguei o telefone sem nem ao menos deixá-la terminar. Corri ate minha avo e contei a noticia. Ganhei vários abraços e beijos dela. E depois voltei a cuidar dos gatos. O dia passou ate que rápido, no final da tarde eu estava sentada no chão do quintal com Missy em meu colo. Ela finalmente tinha me perdoado (mesmo eu não sabendo o que tinha feito). O resto dos gatos me olhavam desconfiados e Serafim estava deitado no telhado com seu jeito superior de ser. E aquele tal de Espirro? Onde estaria? Era um gatinho ate que simpático e medroso (muito medroso).

O sol já estava se pondo e era hora de guardar os gatos. Abri a porta da lavanderia e gritei.

– Hora de entrar pessoal! Já esta anoitecendo!

E quem disse que eles me ouviram? Sumiram todos na mesma hora. Menos Missy que dormia dentro de casa junto comigo. Fui achando um por um e colocando dentro da lavanderia. O mais difícil de pegar foi o Espirro, fugia o tempo todo de tão assustado e chegou a me arranhar quando o peguei. Para pegar Serafim foi pior do que no outro dia. Ele andava de um lado para o outro no telhado e parecia não querer descer. Mas quando viu minha tia vindo ele desceu correndo e entrou na lavanderia. Fiquei um pouco chocada, minha tia tinha todo esse poder sobre os gatos? Era incrível, mas ela parecia não estar muito feliz ainda. Resolvi perguntar.

– Tia, aconteceu alguma coisa? Quer dizer, esta acontecendo alguma coisa com você? Esta chateada comigo por não ter guardado o gato corretamente?

Ela me olhou com aquela mesma expressão seria, que logo se transformou naquele velho sorriso que eu tanto amava e me lembrava.

– Não esta acontecendo nada, não tem nada de errado neguinha. Vamos entrar? Já esta ficando frio aqui fora e não quero que pegue um resfriado.

Não perguntei apenas a segui ate dentro de casa e fui tomar meu banho sagrado. Entrei no banheiro com todas as coisas. Demorei mais de meia hora e sai relaxada, com aquele soninho maravilhoso. Meus planos eram ir para a cama e me deitar para uma boa (e bota boa nisso) noite de sono. Mas não foi exatamente o que aconteceu. Entrei com cautela no quarto e olhei diretamente para a cômoda. Nenhum bilhetinho noturno ou algo do tipo, só o velho quarto de sempre com Missy deitada na cama.

Me senti tranqüila para entrar no quarto, não estava no campo inimigo. Ufa. Foi só colocar os pés no quarto que o sono aumentou violentamente. Cai de joelhos no chão tentando manter meus olhos abertos. Fui me arrastando ate a cama e subi com muita dificuldade nela. Minhas pernas tremiam muito assim como todo o resto do meu corpo. Olhei a rosa. Ela estava mais aberta e estava tão vermelha que parecia estar pintada com sangue. Depois disso, meus olhos se fecharam e veio a escuridão.

Senti uma leve pressão no estomago, algum peso na barriga. Minha respiração estava funda e descompassada. Pude sentir isso. Abri os olhos e encarei o teto, estava na mesma posição de quando deitei. Mexi as pernas, os braços, o pescoço e apertei os olhos com força. Nada danificado. Olhei para minha barriga e Missy estava deitada em cima de mim. A tirei e levantei. Minhas pernas ainda estavam muito pesadas e meus olhos doíam como se eu tivesse levado um soco.

Minha garganta estava seca. O relógio marcava exatamente três da manha. Será que eu acordaria toda santa madrugada? Dei os primeiros passos para chegar à porta quando pisei em alguma coisa, lisa que fazia uma espécie de barulho irritante. Tirei o pé de cima e olhei. Essa não. Outro bilhete! Abaixei com cuidado e o peguei. Seria um bilhete da minha tia? Eu sabia que não. Era daquele ser que não se dizia humano. Talvez se eu abrisse amanha, quem sabe... NÃO! A porcaria da curiosidade falava mais alto naquele momento então resolvi abrir. Nele dizia:

“Nosso primeiro encontro foi exatamente como pensei. Humana patética”

Aquelas palavras me subiram o sangue. “Humana patética?” Então a pessoa na qual tinha encontrado no quintal noite anterior era esse ser desprezível? Possivelmente ele estaria la. Não fiquei parada mais nenhum segundo. Desci as escadas e fui ate a porta da cozinha, respirando fundo algumas vezes e abrindo. A escuridão do quintal ainda me assustava, mas eu não estava ali de passeio ou porque tinha escutado um barulho estranho. Um vulto passou por mim, era o desenho perfeito de um corpo humano masculino. O vulto era rápido demais para que eu pudesse acompanhar. Meu único movimento foi grudar na parede como chiclete. Desta vez eu o veria, e agora sabia com toda a certeza que era um ser do sexo masculino, já que ele se apresentara como “não humano”. Meus olhos foram se acostumando com a escuridão e pude perceber que aquele vulto estava sentado na mesa de pedra que tinha no centro do quintal. O espanto foi imediato. Tinham coisas se mexendo em cima da cabeça dele, pareciam orelhas de gato e ele tinha algo mexendo atrás também, uma espécie de... RABO? Os olhos eram claros, dava para ver através do brilho que vinha ate mim, e sim, ele estava me olhando. Ele parecia estar descalço. Uma de suas pernas estava em cima da mesa e ele estava apoiando sua cabeça nela. Uma cena um tanto quanto bonita. Se não se tratasse de ser alguém desconhecido e estranho! Acabei me desgrudando da parede e comecei a andar em passos largos e decididos ate ele, era agora ou nunca. Chegando perto falei baixo para que ninguém ouvisse, mas minhas palavras saíram ásperas, do jeitinho que eu queria.

– Quem você pensa que é para ficar mandando bilhetes me ameaçando? – Meu corpo estremeceu todo quando ele se mexeu. Era tão alto e agora de perto pude perceber que ele não usava nenhum tipo de camiseta. Aquilo me constrangeu mais do que o previsto. Mas tinha que manter aquela postura firme diante daquela ameaça. Afinal, ele estava me perturbando durante a noite.

Dava para perceber um fraco sorriso vindo dele, seus lábios cresceram formando uma linha perfeita em cada canto da boca. Uma das mãos dele chegou perto da minha cabeça e passou por meus cabelos. Como eu não esperava por aquilo simplesmente não mexi um músculo. Ele me puxou segurando firmemente meus cabelos, o que doeu um pouco me jogando contra o peito. Ele era quente e eu estava completamente fria. A qualquer momento eu sofreria alguma coisa. Estava esperando apagar como da outra vez. Mas não aconteceu, senti algo quente em meu pescoço. A boca dele tocou levemente me fazendo estremecer mais uma vez, meus olhos estavam arregalados, acho. Acabei perdendo completamente a pose autoritária e tinha virado um pequeno bichinho indefeso. A essa altura eu queria estar apenas sonhando, mas os toques eram reais demais. Eu sempre sabia quando estava sonhando. Os lábios dele foram passando ate meu ouvido onde ele ficou parado por um tempo. E novamente ouvi aquela voz atraente e sarcástica.

– Eu sabia... Fraca e patética. Não acredito que terei de cuidar de você. E eu faço o que quiser, se você vai abrir os bilhetes ou não, o problema é seu. Só um aviso: Jamais chegue perto de mim tão nervosa assim, eu sinto e isso pode se tornar um problema pra você garota. – A voz soou um pouco roca e acabei ficando tonta e fraca. Antes de pensar em retrucar ele beijou meu pescoço e eu não vi mais nada, voltei para o sono profundo.

Acordei da mesma maneira. Deitada na minha cama com Missy ao meu lado muito irritada. Quando tentei me levantar senti uma dor terrível nas pernas e nos braços. O que aquele maldito tinha feito comigo? Nada. Aparentemente era só dor muscular, mas eu ainda queria saber o que era aquele poder sobrenatural que ele tinha sobre mim, como ele conseguia me fazer ficar fraca e dormir em um sono profundo e bom. A cena da noite anterior ficou na minha cabeça o dia todo, por alguma razão eu esperava que aquilo acontecesse novamente. Patética, era isso que eu era. Completamente ignorante! Como eu estava pensando nisso? Eu tinha uma vida normal (e real) a continuar. Coloquei qualquer roupa que vi na mala e desci as escadas para o café da manha. Quando olhei o relógio do corredor eram oito da manha novamente. O cheio dos deliciosos ovos mexidos da vovo estava chegando ate mim. Meu estomago protestou de fome. Estranho, lembrando agora eu nunca sentia fome de manha. Talvez fosse a adrenalina que eu passava durante a noite. Ou pelo menos parte dela. Chegando na cozinha minha tia estava sentada na mesa, parecia triste.

– Bom dia gente! – falei animada demais para quem acordou as oito da manha.

Nenhuma das duas me respondeu.

– Algum problema? – Fiquei preocupada, aquilo não era normal.

– Ah, aquele gatinho que você chamou de Serafim sumiu Amélia, não sabemos onde ele esta. Estamos preocupadas.

Um choque percorreu minhas veias, indo direto para o coração e fechando minha garganta.

– Como é que é? Como isso foi acontecer tia?

– Não sabemos neguinha, ele não estava na lavanderia. E sei que não foi culpa sua porque o vi entrando ontem. Sabe de alguma coisa? – A pergunta foi muito calma, mas me fez soar frio.

– N-não tia... Que pena, mas acho que ele volta! Não é? – Peguei o copo de leite bebi de uma vez só e corri para o quintal. Gritei a primeira palavra que me veio em mente.

– COVARDE!

Confesso que também não entendi pra que tanta raiva. Era só um gato não é mesmo? Chamar o gato de covarde não era uma coisa muita sensata a se fazer, mas algo em mim queria gritar aquilo, colocar para fora. Acho que Missy me perdoou porque veio miando para perto de mim. Na verdade, todos os gatos ficaram miando aquele instante. Foi mágico, mas assustador. Era como um chamado, um aviso. Espirro apareceu e veio ate mim, com medo, mas veio. Miou algumas vezes e quando eu me abaixei para fazer carinho nele foi patinando para o outro lado. “Medroso”. Comecei a rir ao pensar na boa companhia que aqueles gatos estavam me fazendo. Minha vontade de abraçar todos era inevitável, estava me sentindo parte da família em tão pouco tempo. Poxa, Serafim era o que mais se achava, só que tinha seu charme.

A tarde passou tranqüila e um pouco desanimada apesar da correria. Já era hora de guardar os gatos e dessa vez não deram trabalho algum! Todos eles entraram quando eu abri a porta. Entrei na casa e estava muito frio. Minha avo estava sentada assistindo T.V nas alturas e minha tia lendo um livro. O de sempre. Me senti na obrigação de cair na rotina. Estava precisando de um banho daqueles! Subi as escadas, exausta, peguei meu pijama e fui para o banheiro. Adormeci na banheira e acabei ficando um bom tempo na água. Pelo menos sai relaxada. Minha avo tinha preparado o jantar e levado para mim numa bandeja, o problema é que eu estava sem fome, então o coloquei num canto do quarto e me sentei na cama me encolhendo num canto. A rosa. Ela estava praticamente toda desabrochada e com o vermelho tão vivo que só faltava pulsar como um coração. Olhei para o relógio da cômoda que marcavam exatamente 7h55 da noite. Tédio... Tédio... Sono...

Um sono normal (e saudável) começou a me puxar para a cama macia, percebi que Missy não estava no quarto comigo como de costume, mas meu corpo estava tão mole que resolvi dormir. Fechei definitivamente os olhos pensando que dormiria a noite toda. Engano meu. Minha consciência voltou à ativa e pude sentir meus olhos ameaçando a abrir. Cedo demais. Ainda era de madrugada e a luz estava acesa, me incomodando. Abri os olhos. Estava sem sono, estranho. Me levantei e fui em direção da luz quando percebi que faltava algo. Porque a bandeja de comida estava vazia e a janela aberta? Impossível. Fechei a janela e fui ate a bandeja, chegando perto vi aquele familiar pedaço de papel. Ótimo, ele de novo para acabar com minha noite. Peguei o bilhete e abri.

“Surpresa”

Só isso desta vez? “Surpresa”.

– Ah... Claro! Já entendi, não tinha mais o que falar então mandou isso e comeu minha comida? Você só me fez um mero favor! Obrigada. – Disse com sarcasmo.

Bom, pelo menos dessa vez não tinha nenhuma ofensa ou aviso. Apenas uma palavra. Coloquei o bilhete de volta na bandeja e então a luz do quarto se apagou. Aquela escuridão que tanto me incomoda voltou e eu me paralisei de medo. Algo soprou atrás de mim, com palavras bem claras e atraentes.

– De nada Senhorita patética.

Eu precisava de algumas respostas. Essa não seria uma noite como todas as outras, que ele me fala alguma coisa para me deixar irritada, abusa de mim e depois eu apago. Ah! Mas não seria mesmo assim. Senti seu corpo se aproximando. A mão dele tocou minhas costas e me senti fraca como das outras vezes. Eu iria tirar proveito disso e quem pregaria uma peça hoje seria eu. Fiz o que meu corpo mandava e cai para trás me deitando nele. No mesmo instante ele me envolveu com seus braços colocando sua cabeça perto do meu pescoço. Ele gostava muito do meu pescoço, era sempre aquele local que ele ficava beijando. E aquilo me dava sempre arrepios. Meu pescoço é um lugar sensível. Fechei os olhos e inclinei um pouco mais a cabeça para trás, para que ele achasse que tinha ganhado.

Como eu pensei, ele foi direto para meu ouvido e falou baixo.

– Você é tão fácil...

Ele mordiscou minha orelha depois de falar aquilo. Tão convencido, se achando a ultima bolacha do pacote. Respirei fundo e por alguma razão recuperei minhas forças, talvez fosse questão de mera vontade própria. Me levantei tirando os braços dele, que ainda estavam em volta de mim, e peguei com firmeza nos pulsos o empurrando para trás. Ele foi direto para o chão e eu fiquei em cima dele o prendendo, aquele seria o único jeito de dizer o que eu queria. Prendi as pernas dele com as minhas quando ele tentou meche-las. Eu tinha virado o jogo.

– Quem esta por cima agora? – Disse da forma mais sarcástica possível.

Mesmo na escuridão do quarto eu conseguia ver aqueles olhos claros e brilhantes arregalados de surpresa. Acho que ele realmente não esperava por aquilo. Para ser franca, nem eu. Mas aquela cara de gato assustado não durou muito tempo. Os olhos relaxaram ficando menores, mas o resto eu não conseguia ver.


Serei franca agora. Me senti o ser mais poderoso do mundo fazendo aquilo. Serio! Eu não sou uma menina de muita atitude, e aquela tinha sido a mais arriscada de todas, tanto que meu coração parecia um martelo descontrolado batendo contra o meu peito.

 Fitar aqueles olhos arregalados foi o mais interessante. Eram muito mais bonitos de perto, pude perceber que seu corpo estava paralisado e um pouco tenso. Mas aquele momento feliz de “A mulher está por cima” não durou muito. A expressão assustada dele foi sumindo, dando lugar a outra, meio neutra enquanto ele mexeu um dos braços.

– O que quer de mim? – Ele disse com uma voz seria e irritada.

O que mais me irritou não foi acabar aquele momento e sim ele ter feito uma pergunta tão idiota!

– Eu que pergunto! Você aparece do nada na minha vida, ficando mandando bilhetes sem sentindo algum, me confunde, quase abusa sexualmente de mim e ainda pergunta o que eu quero de você? – Após uma leve pausa continuei – Eu nem ao menos sei quem é você! Naquelas porcarias de bilhetes dão a entender que você não é humano, então o que é você? E se quer mesmo saber, eu estou precisando de algumas respostas coerentes no momento!

Logo eu que sempre queria mistérios estava tentando desvendar um que me parecia mais uma farsa do que algo que eu poderia acreditar. Eu realmente estou indo contra minhas virtudes? Não sei, talvez esteja sim, mas e daí? Ninguém nunca disse que ter algo que se quer muito é fácil ou até mesmo compreensível. A questão é: ele estava calado, imóvel e eu ficando cada vez mais brava com aquela situação.

O olhar dele continuava fixo em mim, mas muito menos assustado agora, parecia que estava meditando ou algo assim. Comecei a sacudi-lo e ele não respondia. Iria se fingir de morto? Ou estava incomodado que eu ainda não tinha saído de cima dele? Resolvi solta-lo, afinal, eu estava começando a ficar com meus braços fracos e já não sentia direito minhas pernas. Mas não cheguei nem um pouco longe dele, pelo contrario, quando soltei suas mãos, meu corpo ficou mole e senti um desejo enorme de me deitar, assim, cai sobre o corpo dele, me sentindo tonta e desprotegida. Droga! Será que seria sempre assim? O corpo dele até que era macio e bem quentinho (mas que pensamento imbecil pra alguém que estava com raiva a pouco tempo atrás). Ele começou a balbuciar algo enquanto me envolvia em seus braços. Talvez já estivesse pronto para responder a algumas perguntinhas minhas. Aqueles típicos questionários de “quem é você? O que quer?” e até poderia rolar um “Não me machuque por favor”, mas ele não fugiria de mim! Não seria mais eu a trouxa.

– Vou lhe avisar uma coisa apenas menina, não vai gostar muito do que vai ouvir aqui, pelo visto, além de fraca e patética, você é bem esquentadinha quando não fazem o que você quer, então pode me perguntar o que quiser, mas com certeza ouvirá o que não quer também, então não me culpe...

Ele parecia meio inseguro, de alguma forma ele transmitia isso para mim. Estranho, desde quando a gente consegue sentir o sentimento do outro? Iria perguntar isso também, mas mais tarde.

– Está bem, me preocupo com isso depois... primeiro, me solte, segundo qual é o seu nome e terceiro porque está aqui?

– Tem certeza mesmo que quer que eu te solte? Sabe, parece que você gostou muito de ficar assim comigo, está carente? – Ele perguntou e não agüentou, acabou rindo de sua própria piada sem graça.

Aquilo não tinha graça NENHUMA!

– Como é que é? Não foge do assunto seu idiota! Me solta e começa a responder as perguntas ou então eu toco você pra fora em dois tempos! – Disse irritada.

Ele tirou seus braços de mim e me levantei me afastando dele. Não sei porque, mas desde o inicio chegar muito perto dele ou tocá-lo era sinal de perigo, eu sei disso porque... bom, meu coração não trabalha direito se lembra? Sei quando aquela pessoa pode abalar as minhas estruturas, e acreditem, ele parecia ser aqueles bad boys que fazem todas as mulher caírem. Como um garoto galinha, só que com um temperamento um pouco(muito) pior.



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