Eles por ela e ela por gatos escrita por Airi


Capítulo 13
Um passado.


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, eu sei que eu demorei mtmtmtmtmt a postar, mas entendam, é o que eu sempre digo. Tenho minhas coisas pessoais a fazer e as vezes estou sem inspiração, mas neste caso foi diferente, como passei o final de semana inteiro sem internet me baixou o santo e já tenho, com certeza absoluta, três capitulos prontos! irei postar de três em três dias para não dar confusão ou postar tudo de uma vez, okay?
Espero que gostem! Beijinhos e boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/73306/chapter/13

Perigoso? O que ele estava querendo dizer com aquilo? Senti minha garganta embolotar e mal conseguia respirar com aquele felino metido a besta me segurando, mas eu precisava ser forte, ninguém poderia me salvar naquele momento. É, eu poderia levar como um bom teste de como eu me viraria sozinha com o “inimigo”.

- Pare com isso – disse seca ainda me debatendo para sair dos braços fortes de Sebastian – Você não é ninguém para me intimidar.

- Ah não sou? – ele perguntou ainda mais desafiador – Tudo bem. Chega de brincadeiras. – ele falou logo em seguida, um pouco cansado – O que veio fazer aqui?

 Seus braços murcharam em volta de mim e pude sair daquele perímetro constrangedor, indo para perto do canteiro, o olhando ainda bem desconfiada para qualquer próximo passo de aproximação, mas ele permanecia imóvel, me olhando como se eu fosse uma inútil.

- Me mandaram não vir aqui – comentei um pouco sem jeito, passando a olhar para o chão.

- É claro que mandaram, você não pode nunca se encontrar com o traidor aqui.

 A voz zombeteira dele escondia o real motivo, dava para ver nos olhos do imponente felino que ele se sentia mal com aquelas palavras, de ter sido excluído do mundo em que vivia. Mesmo não sabendo ao certo como posso ver isso nos olhos dele sei que vejo e até o entendo um pouco, já que no meu caso, a muitos anos atrás aconteceu o mesmo comigo e me limitei a ficar calada até encontrar meus verdadeiros amigos, que praticamente me tiraram do fundo do poço.

 Será que ele não passava apenas de um gatinho indefeso? Estou pensando demais e perguntando de menos. Amélia, foco!

- Como assim traidor? Você fez algo? – fui direto ao assunto.

- Isso não vem ao caso – ele comentou dando de ombros – Não é como se eu fosse dizer alguma coisa a você.

 O tom arrogante dele havia me acertado em cheio, fazendo meus pensamentos amigáveis que estavam se formando por ele irem por agua abaixo e voltei a minha posição atenta, olhando de canto para o local, tentando inutilmente, guardar algumas lembranças daquele místico e exótico local.

- Quem sabe, não é? – disse calma, tentando esconder minha irritação – Mas já que não vai me contar nada, acho que posso sair daqui, ir embora, e perguntar a Serafim.

 Ele riu baixinho enquanto eu me virava para ir embora. Sebastian não moveu um musculo para me deter, ele fora mais esperto, chamou minha atenção novamente com as palavras.

- Aquele mentiroso só lhe dirá às coisas que você quer ouvir, típico.

- Como? – perguntei curiosa, dando meia volta.

- Agora se interessou né? – ele provocou, com aquele olhar de quem sabe alguma coisa a mais.

 Odeio isso.

- A onde quer chegar com isso?

- Já consegui. Você está confusa.

- E isso é favorável a você porque... ? – insisti.

- Bobagem lhe falar – ele admitiu – apenas ficará me enchendo ainda mais a paciência – continuou, cansado, passando as mãos no rosto e rindo novamente – depois os gatos que são curiosos, isso porque os humanos não sabem o quão engraçada é a expressão de irritação e desgosto quando estão com tal sentimento em si.

- Você fala bonito – respondi raivosa, me aproximando dele – mas fala demais.

- Olha quem está falando – ele zombou novamente de mim, se aproximando rapidamente e puxando meu rosto para perto dele – Meu irmão irá apenas pagar pelo pecado que cometeu.

 Ele pausou a própria fala, fechando os lábios finos, assim como os do irmão, devagar e passou a encarar meus olhos com os cor de mel intensos dele. Meus olhos já são grandes, e ficam maiores quando estou olhando para cima, e mesmo com aquele sentimento angustiante me perseguindo, enquanto nos olhávamos, pensei no que poderia fazer para ajuda-lo e o mais importante: Me ajudar. Estou completamente perdida em duvidas e ainda mais com ele me falando todas essas informações picadas e aleatórias, parece que um redemoinho de sentimentos bons e ruins tomaram conta da minha alma e começaram a fazer um festival de dança africana.

- Vejo isso... – ele continuou, perdido em pensamento, acompanhando a tremedeira das minhas pupilas - ...em seus olhos.

 As palavras saíram em sussurros e me acertaram de modo incerto. Porque meu coração batia como um martelo contra o peito? Afastei-me rapidamente depois daquilo. Ultimamente os homens, ou gatos, tanto faz, tem estado tão perto de mim que meu coração passou de um entediado a trabalhador profissional quando se trata de alguém se aproximar de mim. Estão todos brincando com os sentimentos de uma menina e isso é cruel.

- Amélia!

 Escutei uma voz aguda e irritada berrando por mim um pouco longe.

 Ainda afastada do enorme felino preto, não consegui parar de encara-lo. Este sentimento nostálgico seria culpa dele?

- Você consegue controlar os sentimentos das pessoas assim como Serafim? – perguntei subitamente, colocando a mão em meu peito, sentindo as batidas estranhas – Quem é você?

 Pude ver que a pergunta mexia tanto comigo quanto com ele. Os olhos bem abertos e as orelhas em pé diziam que ele estava atento a mim, mas não me diziam o porque. Estava embriagada num mar de duvidas quando senti braços bruscamente me puxando para o lado.

- O que pensa que está fazendo?

 Não respondi. Não dava. As perguntas estavam vindo em minha cabeça tão rapidamente que quase gritei de raiva. Estava irritada com aquilo, mas vê-lo estava me trazendo conforto ao mesmo tempo. É esse o tipo de sentimentos quando achamos que conhecemos uma pessoa?

- Amélia!

Serafim berrou novamente.

- O que fez com ela seu desgraçado?

 Pude escutar a voz de Serafim rasgar o silencio que antes havia ali. Ele estava quase indo para cima do irmão. Irmão.

- Serafim – respondi baixinho, segurando o braço tenso dele – Está tudo bem.

- Isso mesmo meu irmão – Sebastian respondeu junto – Ela só veio me fazer uma visitinha.

- Cala a boca!

- Para!

 Explodi, puxando o braço de Serafim para o lado.

- Amélia, o que o desgraçado do meu irmão fez com você?

 Senti Serafim me segurando firmemente, entrando em minha frente e me olhando com aquelas olhos azuis cintilantes bem preocupados. Eu nunca havia os visto assim, tão protetores sobre mim. Juro que ele estava pronto para matar qualquer um que se aproximasse de mim, e era assustador sentir que alguém estava pronto para tal coisa.

- Nada Serafim, vamos embora daqui – respondi baixinho.

 Senti a cabeça pesada. Porque? Minha conversa com Sebastian rodava em torno de algo conhecido, passou para o desconhecido e afundou mais ainda. Fui pega no colo pelo felino branco, que se virou de costas para o irmão, e o encarei mais uma vez antes de ir embora. O sorriso tristonho e nostálgico de quem fica para trás me mostrou que ele apenas provocava o irmão com aquelas caras para não ficar sozinho.

 Senti novamente o aperto no coração e estiquei minha mão, pensando em pedir para que ele viesse junto. Vi o sorriso vitorioso crescer naquelas lábios e me assustei. Era como se ele estivesse apenas esperando por uma palavras, mas quando viu que eu estava prestes a desistir, ele apenas levou o dedo a boca, como se pedisse silêncio. Não tinha como, eu voltaria ali. Sabia disso.

 No caminho de volta, já estávamos nos corredores macabros quando Serafim resolveu falar, e claro, sem olhar para mim.

- O que tinha na cabeça para ir para lá? – perguntou aborrecido.

- O que vocês tem na cabeça para me esconder as coisas? – respondi igualmente aborrecida – Me conte as coisas.

- Não podemos simplesmente sair por ai contando tudo. Nem tudo faz parte da sua missão – Serafim respondeu rápido e seco.

- Então porque acabei deste jeito perto dele? – indaguei.

- O que ele falou pra você?

- E o que isso importa?

- Amélia, Sebastian sabe muito bem mexer com uma pessoa através das palavras.

- Qual é o poder dele, afinal?

- Está curiosa com isso porque?

- Você mexe com os sentimentos momentâneos da pessoa. E os outros?

 Minha curiosidade realmente estava me matando naquele momento, tantas perguntas em tão pouco tempo. Serafim ficou quieto, indo de porta em porta, lerdo. Senti minha força sendo recuperada e me soltei do colo dele sem nenhuma explicação ou pedido, o que pareceu assusta-lo brevemente.

- Avise quando for saltar – ele respondeu indiferente.

- Você está estranho.

- Fiquei preocupado – ele retrucou rapidamente.

- Com o que? – insisti.

- Com você!

- Mentira. – tentei segurar meus nervos na frase, entrando na frente dele – O que ele sabe que vocês não me contaram? Porque nunca me disse que tinha um irmão? Porque ele está preso? Ele me disse que era um traidor, traidor de que? Serafim, porque ninguém me conta nada!

 Meu corpo vibrava em raiva e para tentar amenizar os pensamentos horríveis que se passavam em minha mente fechei minhas mãos em punhos, olhando para Serafim, que de inicio parecia surpreso e agora me olhava com certo desdém, irritado com algo.

- Isso não é assunto seu – respondeu seco, sem olhar para mim – Se concentre no trabalho que deve fazer. A curiosidade não a levará a nada.

- Como...

- Isso são historias e problemas do meu mundo, da minha dimensão, compreende? Você está aqui por um grande motivo, sem duvida, mas por um único motivo. E pelo que eu saiba ele não diz respeito a este assunto, que no caso se quer saber tanto, é mais familiar do que qualquer outra coisa. Agora...

- Já entendi – disse por fim – apenas me diga uma coisa.

 Parei naquele momento não para ganhar o consentimento dele e sim por medo. A pergunta era a chave para o meu próximo passo, mas tinha muito medo da resposta ser negativa. Algo em mim não queria aquilo, porém já sabia que o felino negro tinha razão.

- Diga – ele respondeu derrotado, cruzando os braços.

- Você mente ou já mentiu para mim?

 As palavras saíram com certa preocupação, mas era isso o que eu estava sentindo: Medo e preocupação. Se ele fosse um mentiroso, em quem eu poderia confiar? Estava lá primeiramente por causa dele e aquilo eu não podia contestar, o problema seria saber por onde caminhar se aquilo fosse...

- Sim, menti.

...verdade.

 Suspirei derrotada. Ninguém ali estava disposto a me contar as coisas, muito menos Serafim. Mas a minha curiosidade era teimosa, mesmo que o assunto não tivesse a ver comigo, porque não investigar? Certo, eu estava lá por um motivo especifico, mas ninguém tinha me levado ao lugar, dado instruções ou algo do tipo. Sempre me mandando esperar e esperar.

- Se agora está satisfeita, vá fazer algo que preste. Ainda tem o dia livre.

 Depois da frase ele passou por mim e sumiu na porta a frente. Não tive coragem de para-lo ou segui-lo, mas o felino pequeno e medroso a minha frente, que apareceu minutos depois, estava com a mão erguida e um lenço branco junto a minha bochecha esquerda. Acordei de meus pensamentos, vendo Espirro olhando preocupado para mim.

- Acalme-se Senhorita Amélia. – ele falou normal, pela primeira vez – Tudo dará certo.

 Aquelas palavras não me deixaram mal ou com duvidas, e sim fizeram um sorriso meigo brotar em meu rosto, vendo aquele pequeno e medroso raio de esperança brotar em minha frente. Naquele momento vi que nem em Missy eu confiava tanto quanto eu pensava, mas em Espirro...

- Obrigada.

 Minha voz de choro ecoou pelo corredor e finalmente consegui sentir as lagrimas caindo dos meus olhos. A ficha de que eu estava em um lugar completamente estranho e sem ninguém havia caído naquele momento e por mais que eu tentasse me reerguer, estava sendo difícil.

- Venha comigo – Espirro disse convicto, me puxando – Acho que a Senhorita precisa conversar.

 Não relutei. Ele parece não saber de nada, mas ter alguém para desabafar nessas horas é muito bom, é quase que se debruçar no colo da mãe e chorar horas sem dizer o porque. Pelo menos é a mesma sensação para mim.

 Chegamos a um outro lugar do pátio, que eu não tinha conhecimento. Igualmente arborizado e fresco e sentamos no mato mesmo, onde Espirro cedeu seu colo para minha cabeça cansada e preocupada.

- Não está com medo de mim? – perguntei intrigada, rindo levemente.

- Hm. As vezes precisamos vencer nossos medos por quem precisa – ele disse sabiamente, bem diferente de antes – Então, me diga, o que aconteceu com você desta vez?

 A voz infantil e calma me confirmou que era Espirro, mas mal dava para reconhecer aquela confiança toda na voz do pequeno felino que escutou todas as minhas reclamações, mas quando cheguei na parte de Sebastian...

- C-c-c-como? A Senhorita conheceu o Senhor Sebastian? – ele perguntou aflito, me forçando a levantar.

- Sim, mas foi por acaso Espirro. Eu estava andando e...

- N-não importa, o que a Senhorita fez foi errado! Todos pediram a você para se afastar da Ala Oeste! – ele continuou, todo apavorado. – E agora? O que faremos?

- É só eu não voltar lá Espirro – tentei acalma-lo – Mas, me diga, ele é mesmo o irmão do Serafim?

 Espirro hesitou, mas após um breve suspiro o felino juntou os pés a frente do corpo, os segurando com as mãos e passou a olhar para frente, com cara de quem ia contar historias.

- Foi a exatamente 100 anos atrás que tudo aconteceu – ele começou – O Senhor Sebastian e o Senhor Serafim viviam neste casarão com a família. Era uma época em que vivíamos de forma semelhante aos humanos. Cada um em suas casas, ricos e pobres, reis e rainhas... essas coisas – ele complementou – A família deles era a mais prestigiada, claro, eram os guardiões do portal para as outras dimensões. A mãe dos dois era quem guardava, e estava ensinando-os como era preciso fazer para guardar bem o portal para que nenhuma criatura estranha viesse a aparecer e ameaçar nossa dimensão. E como todos sabemos – após uma pausa ele olhou para mim e riu baixinho – menos a Senhorita. – depois disso ele retomou a historia – apenas um pode ficar com o cargo.

- Ah, então foi uma luta entre irmãos que não acabou bem? – o interrompi, já imaginando uma possível causa.

- O que? – Espirro voltou a olhar para mim, surpreso – perai, você já está imaginando coisas Senhorita Amélia! Deixe-me terminar a historia... – ele me repreendeu e voltou a olhar para cima, onde o céu já escurecia, continuando de onde parou – Os dois treinaram e quando chegou o dia, o escolhido foi o Senhor Sebastian. O Senhor Serafim ficou muito feliz pelo irmão e nada triste por seu Destino, já que iria ficar perto de sua querida mãe.

- Ele era muito próximo a mãe?

- Sim, e por isso não ficou chateado com o que aconteceu, já que agora passaria mais tempo com ela e aprendendo outras coisas. Mas o Senhor Sebastian passou a usar o portal...

 Espirro parou, olhando para mim novamente.

- O que? – perguntei curiosa – O que houve?

- Ele descobriu a sua dimensão, Senhorita Amélia, e passou a se encontrar com mulheres e mulheres.

- Ah, sabia, mulherengo também? – ponderei um pouco – Vem cá Espirro, isso é de família?

 O pobre felino ficou me olhando sem ter o que responder.

- Bom, não importa, continue.

- O Senhor Sebastian sabia que era proibido e fazia isso escondido, mas ele acabou se apaixonando por uma menina humana.

- E isso é proibido?

- Qualquer ser que não seja de nossa dimensão aqui, é proibido.

- Então eu estou em perigo ou algo do tipo? – perguntei preocupada.

- Não! A Senhorita tem um proposito aqui e todos nós entendemos isso, afinal, se aquela mulher não for detida todos nós morremos, já que ela tem a chave do portal e muito poder, mas a questão é, o Senhor Sebastian contou sobre nos e a trouxe para cá. Realmente nos relatos a menina era pura e completamente curiosa, meiga e vivia dizendo que ia nos ajudar. Mas durante uma noite ela nos traiu.

- Como?

- Vou lhe explicar: Ela passou a viver conosco aqui nesta dimensão e durante uma noite ela roubou a chave de Sebastian, e quando estava fugindo encontrou a Senhora Phie.

- Quem?

- A mãe deles, a Senhora Phie.

- E o que houve?

- A Senhora Phie entrou em pânico, jamais pensou que ela faria algo assim e claro, tentou recuperar a nossa chave, porém não deu muito certo já que sua saúde estava muito deliciada e... ela morreu durante a pequena luta que travou com a garota.

 Senti meus olhos se arregalarem com o que Espirro me contou e me aproximei dele.

- Depois do ocorrido Sebastian fora condenado pela morte da mãe e pelo que aconteceu com nossa dimensão logo depois disso. – após uma pequena pausa de Espirro, ele bufou alto, jogou os braços para cima e se jogou para trás – É claro que o mestre nunca o perdoou por isso e nenhum de nós Senhorita Amélia. Afinal, o Senhor Sebastian que resolveu traze-la para cá.

- E ela, a onde está?

- A onde? Bom, ela está lá no alto da montanha, atrás de nossas muralhas, pronta para tentar ganhar o nosso mundo.

- Aquela mulher doida que terei que enfrentar é ELA?! – berrei.

- Sim – Espirro confirmou normalmente, se levantando – Ela desenvolveu poder magico sabe-se lá como e como o tempo aqui é diferente, seu corpo demorou a envelhecer, mas não sabemos como ela está agora. Ninguém nunca mais a viu.

- E quanto ao Sebastian? – perguntei indignada – Ele fez algo muito arriscado, mas a culpa não é dele da morte da mãe, ele também foi traído Espirro!

- Ele é um traidor! – Espirro berrou, irritado – fez meu Mestre sofrer este tempo todo e ainda por cima está numa pena muito regular para o meu gosto, apenas a exclusão eterna.

- Perai, explica isso direito...

- Ele foi privado de ter contato com qualquer um pelo resto da existência dele. Não é permitida a entrada de ninguém lá e logo você, uma humana, aparece por lá! Isso é loucura, ele deve estar vibrando com isso – respondeu todo preocupado.

- Sinto muito, mesmo, de verdade! – comentei aflita – Mas ninguém me dizia nada, acabei dando o meu jeito de entender as coisas! Não é justo me privarem dessas coisas! Isso era um assunto importante!

- Talvez agora você entenda as coisas Senhorita Amélia. Por favor, não volte mais lá.

- Espirro, qual é o poder do Sebastian? – perguntei subitamente, puxando o braço do pequeno felino, antes que ele se fosse.

- O Senhor Sebastian não o tem, alias, nenhum felino tem – ele explicou – Apenas o meu Mestre, por ser o guardião do portal.

- Então ele foi me buscar por causa disso?

- Todos nós podemos viver no seu mundo agora, porque sabemos da existência do portal e também guardamos segredo das outras criaturas, principalmente os humanos que mal sabemos o que eles poderiam fazer conosco caso soubessem disso. Mas seu caso é diferente, você fora escolhida segundo o Destino, já que na profecia diz: “Para derrota-la, apenas alguém de sua espécie e que o Destino irá lhes trazer”. O meu mestre odeio humanos por este fato, mas sem você ele jamais conseguiria a vingança que quer e nos salvar. Deve ser difícil para você entrar numa batalha que não lhe diz respeito nenhum.

- Que isso Espirro, como não seria um assunto que não me diz respeito! Ela quer acabar com todos e dominar tudo! – respondi indignada – Como posso não pensar nisso, ela irá mudar a vida dos humanos também!

- Como? – ele perguntou confuso, logo depois rindo – Ela não trás mal nenhum a vocês, ela quer apenas nos destruir para dominar a nossa dimensão e chegar até o portal, que no caso fica aqui, e revelar o segredo aos humanos. Claro que isso trará problemas, por isso lutamos contra. Senhorita Amélia, a cobiça do ser humano é muito forte, sabemos que eles, com este poder em mãos, não pararão até dominar tudo.

 Senti certo medo me dominar bruscamente, e aquelas cenas anteriores vieram a minha mente. Tudo o que ele já tinha me falado quando o assunto era serio... aquilo não podia simplesmente ser mentira. Serafim havia mentido sobre o motivo também?

- Mas está tudo bem né, Senhorita Amélia? Sabia disso, não sabia?

O sorriso de Espirro após a frase abriu novamente mais um raio de sol e esperança em mim. Era tão puro e animador que senti que realmente podia lutar, se essas fossem as circunstancias, mas...

- Todos vocês sabem disso não é? – perguntei incerta. – Sobre essa batalha ter apenas a ver com o seu mundo... – parei por um momento, abaixando a cabeça de forma dramática – Todos me odeiam por eu ser humana, também te isso né...

- Acho que ninguém lhe odeia Senhorita Amélia, apenas temos medo, só isso. Mas sabemos que a Senhorita é diferente, por isso, lhe peço, como um pedido pessoal, não vá mais a Ala Oeste, uma humana metida lá e principalmente com o Senhor Sebastian é... no mínimo problemático. Até porque não sabemos ainda se a Senhorita possui algum dom. Segundo a profecia sim, mas até agora é apenas uma humana normal e cheia de motivação.

- Obrigada Espirro, pelo menos alguém reconhece que não sou inútil. – respondi amarga, com um leve sorriso, me levantando – Mas só para lhe avisar, eu não sabia de nada disso.

- C-como? O meu mestre não lhe falou o porque? – ele perguntou um pouco aflito.

- Não Espirro. Ele me falou que era para salvar tanto vocês quanto os humanos de uma grande catástrofe.

- Senhorita Amélia, o meu Mestre não mentiu, apenas omitiu algumas partes pelo que estou vendo – Espirro ponderou um pouco e, derrotado, tornou a falar – Mesmo que eu saiba que ele provavelmente deve ter mentido sobre uma coisa ou outra para lhe trazer aqui.

- Cretino. – rosnei baixinho. – Mas pode deixar, tirarei esta duvida pessoalmente com ele!

 Tentei soar o mais amigável possível, para que ele não desconfiasse da tortura maçante que seu mestre passaria nas próximas horas.

- Espero ter lhe esclarecido varias coisas. Apenas avisando que não era para ninguém lhe contar isso, mas estava tão aflita que achei melhor lhe esclarecer as coisas. Sabe, não lute por nós, lute por você, para voltar para quem você ama. Quando chegar o dia, pense naqueles que fazem e fizeram sua vida, mesmo que estejam longe, eles precisam de você. E uma dica! – ele disse mais animado, se levantando – sua fraqueza é a sua maior virtude!

- Ahn?

 Senti aquela pontada de confusão voltar a minha cabeça, enquanto o pequeno felino ia sumindo por entre as arvores cantarolando, mas consegui sentir que eu estava bem melhor agora, depois de saber de toda a verdade e principalmente ter um objetivo traçado.

 Encarei a lua no céu, aliviada por meus problemas agora terem soluções e angustiada pela historia dos dois irmãos. Pude entender a raiva e o ódio de Serafim pela perda da mãe por um erro do irmão, mas não da pra não ter pena de Sebastian, que fora traído cruelmente por seu amor. Essa historia de romance e traição me pareceu muito com uma peça de teatro, mas infelizmente era a realidade deles, e eu me senti atraída a encontrar as respostas com Sebastian, saber a versão dele.

 Sinto muito Espirro, mas terei que trair sua confiança e quebrar um pouco as regras se quero entender o que foi que senti, o porque dessa historia toda e porque Serafim mente e mentiu tanto para mim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

bom, opiniões, opiniões e xingamentos por favor! ahahaha, até a proxima povo! :3
Beijos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Eles por ela e ela por gatos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.