The White Rose escrita por Senhora Darcy


Capítulo 8
Capítulo 9




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Quando amanheceu, eu não estava afim de acordar. Havia tido uma noite horrível de pesadelos, e não conseguirá dormir nada. Uma batida na porta me fez levantar.

— Bom dia, Garota. Dormiu bem? – Era Gregory.

— Não. Tive pesadelos a noite inteira. Não sei quando eles vão parar. – choraminguei, a postura rebelde e malandra da noite passada se desvanecera.

— Ah, sim. Eles vão persistir por um tempo, mas depois melhoram. Me avise se houver algo que eu possa fazer para ajudar.

Olhei meu reflexo no espelho, metade zumbi, metade marinheir-, com alguns resquícios de nobreza.

— na verdade, tem uma coisa....

Uma hora depois, estávamos nos reunindo no porto de Portsmouth com o resto da tripulação. O capitão Tatcher repassava o plano. Com a avançada das tropas, precisávamos ter o dobro do cuidado com os guardas.

— Aldo e Marreta vão ao mercado. Betrus, Pinsley e Rupert ficam com as armas e a pólvora. Vou me encontrar com o mensageiro e garantir nossa próxima parada. White, veja como está a situação em relação a princesa, quero todas as informações que conseguir. Fique de olho nela também.. O resto fica no navio e arrumem o que restou da bagunça do outro dia. Se notarem algo que esteja faltando, mandem vir falar comigo. Quero todos aqui ao por do sol.

Com um movimento, todos foram a seus afazeres.

Segui Gregory pelas vielas do porto. Portsmouth era um lugar bem pequeno, nublado e frio. A brisa batia contra os meus cabelos, emaranhando os fios já emaranhados. Uma garoa fina caia sobre meus olhos, borrando a imagem de Betrus, Pinsley, Gregory e Rupert na minha frente. Quando chegou a hora, o trio foi para um lado, e eu e Gregory para outro. Subitamente me lembrei de algo.

— Espere! – gritei para o trio e corri até Betrus, abraçando-o com força – Feliz aniversário. Não achou que eu ia esquecer, achou?!

Ele sorriu e ficou meio desajeitado com meu abraço.

— Aproveite esse dia, mesmo que você não goste de aniversários. Faça ele ser bom. – Eu sorri e dei-lhe um beijo no rosto.

Os outros três homens que provavelmente não sabiam de anda, me encaravam como se eu fosse louca. Ignorei-os e segui para a direção em que Gregory se dirigira.alguns minutos depois, perguntei.

— então, quando vamos fazer aquilo?

— Aquilo?

— Sim. Aquilo que eu te disse hoje de manhã.

— Bem, esse seu aquilo tem várias partes. Vamos fazer uma delas agora. -a Ele disse e apontou para uma viela cheia de lojas a nossa frente.

— Não entendi.

— É o que você pediu.

— Não, eu não pedi roupas. Pedi que você me ajudasse a tirar essa imagem de prostituta que vocês colocaram em cima de mim.

— Então. Você está vestida como uma. Precisamos dar um jeito nisso.

— E eu vou me vestir como? Não é como se eu pudesse usar meus vestidos normais por aí sem ser reconhecida.

— Sim, e eu tenho uma ideia quanto a isso.

Gregory disse, sorriu e entrou na primeira loja que viu.

Nas três primeiras lojas, não achou o que procurava. Eu não tinha entendido o que ele queria Ainda, mas Gregory estava determinado. Na quarta, porem, uma menor, mais suja e obviamente mais simplória, encontramos alguma coisa. O atendente – um velho barbado que parecia um pirata aposentado – acabara de dizer que não tinha o que precisávamos, quando sua esposa apareceu dos fundos da loja.

— Olhe só Erasmus! Gente nova por aqui é bem raro, em que podemos ajudá-los?

— Em nada, Estefânia. Não temos o que eles querem. – o velho respondeu, grosso.

— E o que seria isso? – ela perguntou a nos.

— Bom, - Gregory tomou a palavra – A Catarina aqui e eu estamos, bem, juntos... – Ele disse, me abraçando e dando palmadas no meu traseiro – mas todos por aqui Ainda a tratam como a moça de rua que ela costumava ser, principalmente os homens do meu navio. Não quererem aceitar que ela não está mais “disponível”.

— aah, sim. Entendo!

— Pois é, então estávamos procurando por algumas roupas que lhe dessem um ar mais sério. E não de...bem, você sabe.

— Ah, claro que sei. E sei exatamente onde encontrar! Venha querida, já sei o que procuram.

Relutante, fui com ela para os fundos de onde ela sairá.

— Minha amiga, Leola, era uma moça igual a senhorita e vivia se engraçando com os piratas que paravam aqui. Um dia ela se envolveu com o capitão de um navio, que lhe deu isso aqui de presente...- ela retirou uma grande peça de roupa de um baú ali perto - ....não me lembro bem o porque. Mas quando ela faleceu de doença, ano passado, que Deus a tenha, fiquei com os pertences dela. Acho que isso lhe servirá perfeitamente! Vamos, vamos, não demore! Vista logo, seu namorado não irá resistir! – ela disse, animada e me entregou as peças de roupa.

Pareciam trapos velhos, mas pareciam femininos. Consegui reconhecer um corpete pelo menos.

Fui para um canto no fundo da loja e improvisei uma cortina com uma toalha de mesa. O lugar era apertado e cheio de quinquilharias, parecidas com as que tinham no navio.

Demorei para me vestir ali. Coloquei o corpete preto, de couro, assim como as calças. Um cinto com espaço para bainhas e revólveres envolvia minha cintura. Ajeitei. Coloquei as botas de salto que ela me dera e sai para o cômodo em que estávamos.

— Ah! Ficou ótimo mesmo! Só precisamos arrumar seu cabelo. – ela resmungou e, com uma vasilha de estanho, enxaguou meus cabelos com um produto cheiroso.

Em seguida, secou com uma toalha até estarem apenas úmidos e os escovou com os dedos. Por fim, me deu uma casaca enorme e pesada, azul escura com abotoaduras prateadas na frente. Podia funcionar como um casaco mesmo, mas quando fechado, ele tinha um caimento parecido com um vestido. Era lindo! Depois de vestir tudo, a mulher Ainda colocou alguns adornos em mim e ajeitou meus cabelos. Voltamos para a loja com ela tagarelando sem parar sobre piratas. Quando chegamos à frente, Gregory conversava com o velho sobre uma adaga que tinha nas mãos. Ele parecia te-lá comprado. Deixei-o conversando e fui observar alguns artigos da loja. Ouvi a mulher acertando as contas com Gregory, não tinha saído muito caro quanto eu imaginava.

— Hum, ela vai demorar Ainda? – Ele perguntou.

— Ah, senhor, sua moça está ali. – Mulher disse.

— Meu Deus! – Gregory exclamou. – Garota?!

Eu me virei e o encontrei estupefato. Algo me dizia que aquela roupa era bem escandalosa. Procurei uma superfície de metal para ver meu reflexo. Uma moça alta, bonita e sexy me olhava de volta. Eu nunca tinha me visto de calças, e me sentia extremamente exposta com elas. Marcavam muito! Podia ver toda a extensão de minhas pernas, e o corpete justo ressaltava Ainda mais as minhas curvas. Puxei o casaco para frente e escondi um pouco as coisas. O Tom azul do casaco combinou com meus olhos, causando um efeito interessante. Era bem diferente de quando eu me aprontava no palácio. Sempre acabava parecendo uma bonequinha.

Algo na expressão de Gregory me dizia que ele tinha o mesmo espanto, pois ele não parava de me encarar.

— Feche a boca, querido! – A mulher sussurrou, rindo.

— Hum, Gregory...não acha melhor irmos andando?

— Ah, sim. Claro. Vamos, vamos. Obrigada senhor, senhora. – ele se despediu com uma mesura e saímos dali.

Tinha a impressão de que aquela não tinha sido uma ideia muito boa. Todos na rua olhavam para nos. Parecíamos um casal de comandantes de navios de luxo. Ia comentar isso com Gregory, mas ele não parecia compartilhar da mesma opinião. Tinha um sorriso escondido no rosto e o peito inflado. Tinha o braço enlaçado em minha cintura e parecia estar orgulhoso. Virou direto num bar onde um grupo de homens nos encarava.

— Gregory, o que você está fazendo?

— Desculpe, mas esse é o único lugar decente da cidade. Todos os outros estão bem piores do que este. Além do mais, e o mai frequentado e onde poderemos conseguir informações sobre a procura da Princesa.

Dei de ombros e o segui, me agarrando em seu braço ao entrarmos. Tinham Ainda mais homens dentro do lugar, vários deles faziam piadas e brincadeiras e até esticavam as mãos imundas para mim. Nada do que eu fazia adiantava, eles só riam Ainda mais. Decidi apenas ignorá-los. Pedi comida para nós dois, e enquanto Gregory fora conversar com um dos fornecedores de armas, que avistara a alguns metros de nós, eu puxei assunto com a garçonete.

— Não faça isso. – Uma mulher de meia idade disse, se aproximando com duas taças de vinho.

— Perdão?

— Vá por mim, não se meta com piratas. – Ela explicou.

— Oh, bem, eu não...

— Você está na tripulação de Tatcher, certo? Bem, não é uma boa ideia. Esse capitão não é flor que se cheire. Ainda mais com a guarda real vasculhando os navios clandestinos por todos os lugares. – Ela advertiu e eu fiz uma cara de desentendida. – Bom, por conta da princesa desaparecida, sabe? A rainha colocou mais da metade da guarda atrás dela.

— Ah, sim. Ouvi falar algo sobre isso. Nunca soube muita coisa da princesa, porém.

— nenhum de nós ouviu. Ela sempre foi mantida isolada das atenções, sabe? Mas isso não impediu as fofocas de rolarem.

— Fofocas?

— Sim. Há inúmeras histórias sobre a princesa. As más línguas até dizem que ela sofre de problemas da cabeça, coitada. Outras, afirmam que o Rei tem muito ciúmes da filha, por ela ser muito bela, e não quer que ninguém fique olhando para ela. – Eu dei uma risada e a mulher me acompanhou. – Duvido que alguma dessas versões cheguem perto da verdade, tampouco.

— E qual você acha que é a verdade? Uma doença na cabeça me parece bem convincente.

— Não. Não acho que seja isso. No batizado da princesa, o rei e a rainha fizeram a primeira e única aparição oficial da princesa. Era uma criança linda! Eu mesma vi. Tinha os cabelos castanhos como os da rainha, cheio de cachos macios e suaves. Seus olhos eram de um verde esmeralda, com enormes cílios contornando-os. Ela estava usando um vestido bufante, cor de rosa, cheio de rendas. Quando o rei anunciou seu nome completo, Katherine Marie Rosalinda de Andorra, todos imediatamente a chamaram de Rosa. E o nome lhe caiu bem. Era linda como uma flor. Os funcionários do palácio, os poucos que tinham contato com ela e voltavam para contar diziam maravilhas sobre sua beleza. Os rapazes da vila sonhavam com ela. A princesa Rosa virou a amada dos poetas, a musa dos artistas e para quem os músicos dedicavam todas as suas canções.

— Ah e como é linda! – Um homem se juntou a conversa, já havia tomado muitas doses de bebida, pelo visto – Eu a vi uma vez! – Meu coração parou por um instante – Um anjo! Olhos da cor do mar, um corpo... – Ele gesticulou curvas com as mãos – E lindos cabelos loiros que iam até os pés! Eu trabalhava na vila....como guarda real.... Era um grande amigo do rei... – Ele dizia coisas sem sentido, e eu me tranquilizei – Tivemos uma noite incrivel, eu e a princesa...

— Ah, muito bem, Harold. Sem mais cerveja para você hoje. Vamos, saia já daqui! – Ela riu e se voltou para mim – Voltando ao assunto...Estavam todos ansiosos para a aparição dela, no dia da inauguração no cais. Mas a pobrezinha foi raptada tão rapidamente que ninguém conseguiu, de fato, fazer o tão sonhado retrato da princesa.

— Oh, que pena. Não sabia de tudo isso, tudo que sabia sobre a princesa era que ela vivia numa torre afastada do palácio, aguardando o dia do seu casamento.

A mulher riu.

— Ah, querida, não te culpo. Poucos são os que imaginam a verdade. E os que sabem de alguma coisa, como eu, são os que viveram próximo ao palácio alguma época. Só espero que encontrem logo a coitadinha. Imagino o sofrimento dos pais. E a vida com piratas pode ser muito imprevisível. – Ela comentou.

Involuntariamente eu olhei para Gregory, que me olhava de volta, discretamente.

— E como. – Eu disse.

— Ah, então por isso você está com Tatcher! – A mulher exclamou. – Acabou de se entregar, querida!

Meu estômago gelou e eu senti a cor fugir do meu rosto.

— C-como assim?

— Você está de rolo com o braço direito do capitão! White, certo? Ah, minha querida, tome cuidado que esses homens não são muito certos da cabeça...

— Ah, madame, acho que entendeu errado. Eu não estou...

— Ah, mas é claro que está! Com um homão desses por perto? Não há garota que resista. Um belo pedaço de mal caminho, esse White. E, uau, da forma como ele te olhou agora, acredito que você o tenha fisgado direitinho!

Senti meu rosto corar e apenas dei risada.

— Ora, ora, ora. Está aí algo que não vemos todos os dias.... – Uma voz de homem soou atrás de mim – Uma joia dessas deixada sozinha num bar? Deveria ser um crime uma moça tão bela assim, desacompanhada.

— Ah, desculpe, senhor, eu não estou dessa....

— Saia daqui Terrence, deixe a moça em paz.

— Calma, calma, mamasita! Não farei nada com ela. A menos que ela me implore... – Ele me lançou uma piscadela.

Lancei olhares nervosos a Gregory, mas ele havia se distraído com a conversa em que estava.

— Posso lhe pagar uma bebida, madame?

— Na verdade, eu estou com alguém. Obrigada pela oferta.

— Engraçado, não vejo ninguém aqui.

— Senhor, eu...

— Não lhe farei mal. Apenas irei acompanha-la até que sua companhia chegue. Para que nenhum desses homens imundos venha lhe importunar.

— E isso inclui o senhor? – Perguntei e ele riu alto.

— Uma certa ousadia de sua parte, não madame? Insinuar tal coisa... Ainda assim, não posso dizer que não gostei de um pouco de audácia.

— Que bom que se sente entretido comigo, senhor. Mas sinto informar que o sentimento não é recíproco. Se me der licença.... – Eu me levantei do banco, indo em direção a Greogy.

O homem riu e passou um braço por minha cintura. Me prendendo entre suas pernas.

— Você tem uma boa técnica aqui, madame. Aposto como atrai muitos homens com esse seu jeito teimoso e essa fantasia de pirata. Ainda assim, eu reconheço uma moça de rua quando vejo uma, e estou tentado a lhe oferecer bem mais do que você pede se largar esse seu joguinho e me acompanhar.

— Senhor, eu não...

— Não há necessidade em negar, querida. Já estou louco por você... – Ele me puxou para si e passou a mão pelo meu decote.

Eu levei um minuto para processar tudo e pensar no que faria. O que eu podia dizer? Se desmanchasse o disfarce de mulher de rua, iria levantar suspeitas. Também não podia sair gritando para Gregory, ou iríamos chamar muita atenção. Me afastei do homem, que encarou aquilo com um sorriso. Antes que eu pudesse dizer mais qualquer outra coisa, uma mão masculina passou forte por minha cintura e me puxou para trás.

— Aí está você, Catarina. Lembre-se de nosso acordo de exclusividade. Não quero você com outros clientes enquanto estamos juntos. – Gregory disse, me abraçando possessivamente, e beijando a dobra de meu pescoço. – Sinto muito, Terrence, esta moça já está ocupada.

—  Uau, veja quem criou culhoes! Gregory White! Quem diria? O que te faz pensar que tem algum direito sobre esta moça? Você não parecia estar desfrutando de sua companhia agora há pouco. Se ela quiser, ela vem comigo.

— Eu não quero nada! – Protestei.

— Me diga doçura, quanto esse bastardo te paga para ser exclusiva dele? Com esse porte todo, garanto que eu pago mais.

— Eu não sou...

— TERRENCE! Vá embora, já avisei! Você não tem nada aqui conosco, pare de importunar a moça.

— Ah sim, vejo que ainda é o mesmo babaca de sempre. Está com medo de uma briguinha, White? Vai ser covarde igual o seu velho? Ele também não era muito bom de proteger sua mãe....espero que consiga fazer melhor com essa vagabundazinha aí.

Depois dessa, senti o que viria a seguir. Gregory pulou para cima do homem. Logo, eles estavam lá fora, rolando no chão e trocando socos. Uma multidão de homens se juntaram em volta pra tomar partido e incentivar a briga. Corri para lá também, tentando fazer Gregory sair dali.

— Gregory! Gregory! Pare com isso! – Eu berrava.

Alguns homens ao meu lado notaram a minha presença e começaram a puxar minhas roupas e me provocar. Eu gritei e me sacudi, chutando tudo o que alcançava.

— Garota! Saia daqui! Volte agora para o navio! – ouvi Gregory gritar do meio da roda.

Consegui me livrar dos homens e me encolhi um canto ali perto. Alguém já havia chamado os guardas, e dois homens de uniforme e brasão se aproximavam. Nesse momento percebi duas coisas: se eles chegassem ali, iriam descobrir todo o esquema é Gregory e os outros seriam enforcados. E também, que está era a primeira vez que eu estava totalmente livre. Podia correr em direção aos guardas e me entregar. Podia fugir e esperar que alguém chegasse para me buscar. Podia escapar dos piratas, voltar para casa. Correr. Me esconder. Mas ao invés disso. Agarrei um remo de madeira jogado ali perto e entrei correndo no meio da roda. Acertei todos que estavam na minha frente com o remo, tentando chegar no centro da briga. Com muito esforço, cheguei ao tal Terrence, mas meu remo já estava em pedaços. Me joguei nele, que percebendo a minha presença com o canto do olho, deu um safanão com a mão, me atirando no chão por alguns metros. Bati a cabeça em alguma coisa dura e doeu bastante. Estava meio tonta e não consegui levantar, mas Gregory veio até mim, ofegando e sangrando. Não entendia o que ele dizia, então tentei me expressar:

— G-guards....chegando.....correr. Gregory...

Ele entendeu a mensagem e me pegou no colo. Ao som de muitas e muitas vaias e alguns empurrões, ele nos tirou dali do meio e correu até dentro do bar. Lá, procurou aflito por algo. Ao encontrar, correu comigo em direção a uma porta estreita e discreta no canto do lugar. Ela deu origem a um quartinho escuro e pequeno. Fechou a porta no momento em que os guardas se anunciavam na frente do bar. Com um pouco de custo, Gregory achou uma lamparina e iluminou fracamente o lugar empoeirado.

Eu estava jogada num canto, encolhida e tentando fazer minha cabeça parar de girar. Vi sangue em minhas mãos, o que indicava um corte em minha cabeça. Gregory estava mal também, mas veio me examinar.

— Maldição! Não acredito que deixei isso acontecer! Se nos pegarem aqui, estamos ferrados! Você está bem? Consegue me ver? Aqui, tente deitar e descansar. – Ele me ajudou e foi espiar a porta.

Podíamos ouvir a conversa no bar, ao fundo. “Estamos a procura de piratas. Descobriram que a Princesa foi sequestrada por um desses malandros. Sabe algo sobre isso, homem?”, um guarda perguntou. “Não, senhor. Muitos piratas vem aqui sim, mas não vi nenhuma princesa. Há boatos porém de que eles estão para parar nesse porto. Posso ficar de olho para vocês, por uma quantia específica de ouro, é claro.”, o dono do bar negociou. Um barulho de coisas sendo arrastada é um grunhido se seguiram. “ Acha que pode nos chantagear, homem? Diga agora o que sabe sobre a princesa e talvez eu o deixe viver!”, o guarda ralhou. “ certo, certo. Me desculpe! Tudo o que sei sobre isso são os boatos que correm por aí. Dizem que ela está em um dos navios, se misturando com a tripulação. É só perguntar por aí, em que tripulação está a Rosa Branca.”

“ Rosa Branca?”

“ sim, sim. The White Rose. Não sei direito o porque, mas é como estão chamando a princesa agora. Talvez porque ela se destaque muito no navio onde está. Como uma Flor. Foi tudo o que ouvi, senhor. Qualquer informação e eu mando um bilhete! Juro!”, o dono do lugar suplicou e o guarda resmungou algo.

Minutos de tensão se passaram até que Gregory pulou para trás e colocou a mão na minha boca.

— Eles estão vasculhando o lugar. Vai estar aqui a qualquer instante. – sussurrou, quase inaudível.

— O que fazemos?

Gregory balançou a cabeça por alguns segundos e olhou para mim com malícia nos olhos.

— Tem uma coisa, mas não sei se vai dar certo. É uma ideia estúpida. – Ele disse.

Eu dei de ombros e ele respirou fundo, rindo consigo mesmo.

Em seguida, empurrou uma prateleira de madeira com força, fazendo um estrondo. Antes que eu pudesse entender o que acontecia, ele me levantou e me escorou na parede.

— O que você acha que....

— Me desculpe.

Ele disse e me beijou forte. Me puxou contra ele e fez alguns barulhos com a boca. Batia com as mãos na parede e eu não entendia nada do que estava acontecendo. Quando a porta abriu ruidosamente, eu entendi. Era um teatrinho ridículo e idiota, mas genial. Isto é, se desse certo. Joguei meus braços em volta de seu pescoço, e enrosquei minhas pernas em sua cintura.

Os guardas entraram grosseiramente e nos separaram a força.

— Quem é você?

— Se afaste!

— Moça, a senhorita está bem?

— O que você estava fazendo com ela, seu bastardo maldito?

Os guardas falaram todos de uma vez. Um deles estava prestes a socar Gregory e levá-lo para a delegacia. “Mas que ótimo plano, Gregory”, pensei. O que faríamos agora? Antes de terminar de pensar, me ouvi dizer:

— Ei, o que pensam que estão fazendo? – eu gritei, respirei fundo e dei um passo à frente – Esse aí eh meu melhor cliente! E vocês saem machucando ele assim? Sabe quando prejuízo vai me dar? Se acharem que eu tenho problema com a polícia, vou perder tudo! Ora, mas que audácia! Não sabia que era crime fazer isso! O dono do bar reclamou, por acaso?

— N-nao, senhora. Havia uma briga aí em frente... só estávamos querendo achar o culpado.

— Briga? E o que eu tenho a ver com briga? Estava aqui fazendo o oposto disso....

O guarda tentava se desculpar, mas o que segurava Gregory o apertava mais Ainda, desconfiado de algo. Tinha que tirá-los dali.

— O que estão fazendo aqui ainda? Querem acabar com todas as minhas chances de retomar os negócios aqui?

— Desculpe, moça... são apenas...

— Olha, quer saber? Quem vai sair daqui sou eu. Pode por favor soltar meu cliente? Vamos terminar isso em outro lugar.

— Não posso soltá-lo, sinto muito. É uma questão de protocolos. A Rainha pediu expressamente que todos os piratas fossem revistados. Esse aqui tem cara de pirata...

— Ah, mas é claro que tem! Esta vestido como um! Eu mesma estou. Era parte da nossa brincadeirinha. Agora, vocês já estão me causando um baita prejuízo. Se esquecerem essa parte de frescuras e libertarem meu amigo, não comento nada sobre esse ultraje de vocês e não levo o caso para frente. O assunto morre aqui, sim?

Pedi, impaciente. O guarda pensou por um momento e fez um sinal para o outro soltar Gregory. Peguei-o pela mão e saímos dali o mais rápido possível.


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