The White Rose escrita por Senhora Darcy


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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O sol bateu em meu rosto com um toque quente, me avisando que eu estava acordando na hora de acordar, e não mais no meio da noite. Desde que voltara, não tinha mais insônia e conseguia dormir tranquilamente desde que invocasse a imagem de Gregory em minha mente antes de dormir. Meu coração se contraiu um pouco, como fazia todas as vezes que ele cruzava minha mente, ou seja, o tempo todo. Naquele dia, fazia exatamente um mês que eu fora resgatada e trazida de volta para o castelo. A polêmica do sequestro já diminuíra, embora todos me tratassem com extremo cuidado ainda. Estavam todos bem. Os piratas arranjaram empregos onde queriam e alguns deles voltaram para suas terras natais. Meus pais estavam felizes que eu desempenhava meu papel de princesa mais do que nunca e estava me preparando para assumir o trono. Meu noivo estava contente, com o casamento se aproximando. Até Anelize estava feliz com o novo jardineiro que a cortejava com flores todas as manhãs. Estavam todos bem. Menos eu. Além da constante dor no coração que me acompanhava todos os dias e agora já era uma velha amiga, eu acabara de ter uma forte tontura e caíra na cama novamente. Bem na hora que Ane chegou com os pãezinhos doces para o café da manhã. E ai não deu tempo de chegar ao lavatório, e acabei vomitando na cama mesmo.

— Oh, Princesa! Céus, acudam! Acudam! – Ela gritou e três guardas e mais duas funcionárias irromperam correndo no quarto.

— Não... Não precisa...estou melhor, foi apenas um enjoo. Se puderem me trazer um pano ou algo com que eu possa limpar...só isso basta.

— Katherine! – Anelize gritou e eu soube que ela estava brava comigo – Já para a enfermaria! Nós cuidamos da limpeza. Ande, ande!

Sem muito o que eu pudesse fazer, segui as ordens de Ane e fui ver o Dr. Johnson.

Algumas horas mais tarde, lá estava eu, de castigo, na cozinha. Escutando Anelize reclamar.

— Faça-me o favor! Primeiro as tonturas, depois não quer comer meus pãezinhos doces, e então os enjoos...pela quarta vez, Katherine! Pela quarta vez vossa Alteza passa mal da barriga e insiste que está bem! Não sabe o quão perigosa são as doenças? Não imaginou que pudesse ser algo grave? Achou que seus pais, e o príncipe, e eu ficaríamos bem se a perdêssemos para uma estúpida infecção ou... Oh, Alteza, não chore, não...estou só me...

Mas não eram pelas broncas de Anelize que eu estava chorando. E sim pela pequena imagem que meus olhos acharam a alguns metros de mim, na bancada.

— Muito bem, todos para fora, a princesa precisa de um pouco de espaço..arre! – Ela gritou e todos os funcionários deixaram a cozinha.

Eu fui até a bancada e peguei a pequena gravura com a mais bela imagem que eu já vira. Um lindo por do sol enfeitava o cenário do porto, com um enorme navio pirata atrás. Na frente, em uma perfeita e detalhada silhueta, um casal se abraçava, encarando-se afetuosamente. Era a cena mais bonita que eu tinha tido o prazer de ver...e vivenciar. Li o nome do quadro, rabiscado no canto da gravura: “The White Rose”.

— Ah, alteza, esse quadro eu ganhei do senhor Fitzgerald esta manhã...ele alega que quis variar com os presentes, pois achou que eu me cansaria das flores....É um quadro que está ficando famosíssimo nas vilas da região. O pintor não é conhecido, mas todos já viram ou tem uma gravura dessas...- Senti Anelize fazer a ligação das coisas antes que ela mesma se desse conta. – Alteza....a...a senhorita é a...

— Rosa Branca. É como me apelidaram nas vilas e...

— Mas achei que vossa Alteza havia ficado presa no navio por dias...

— Sim, eu fiquei. Mas também sai um pouco. Porém estava sendo vigiada e precisei de um disfarec, assim não fui reconhecida pelos oficiais. – Eu disse, sem encará-la.

— Alteza...por que tenho a impressão de que a senhorita não contou tudo sobre essa viagem?

Eu respirei fundo. Eu não conseguia mais manter isso para mi mesma. Precisava contar para alguém. E ninguém melhor que Anelize.

— Porque você esta certa. Eu não contei nada nem perto da verdade....

Seus olhos se arregalaram e eu comecei a contar tudo. Desde o sequestro com as rosas, até a invasão dos guardas. Vi sua expressão variar de horror, para surpresa, e decepção, exclamação, gratidão e por fim, compreensão.

Quando acabei, me calei e esperei sua reação, mas Anelize, pela primeira vez na história, se calou também. Quando falou, não conseguia achar as palavras que queria.

— Alteza, eu....a senhorita...a senhorita o...

— Amava? Sim. E ainda o amo, cada dia mais. E cada dia mais me dói por não podermos ficar juntos. – eu disse, cruzando as mãos na barriga.

— E ele sabe que...

— Não, não sabe.

— Mas senhorita...

— Nem eu sabia, Ane, na última vez que o vi. E isso não vai ajudar nada agora.

— A senhorita vai...vai fazer o que?

— Não sei Ane, mas de uma coisa eu tenho certeza. Não vou ser igual a minha mãe. Não vou apressar o casamento com o príncipe só porque estou grávida. – Diminuí a voz para falar disso.

— Oh, Alteza..... – Ane choramingou e veio me abraçar.

— Pode ser que eu caia na desgraça por isso, mas eu só vou me casar com o príncipe se ele souber a minha situação e concordar em contar ao meu filho ou filha quem era seu pai. Não quero que minha criança cresça do modo como eu cresci. Ela não merece isso.  Ela merece crescer com o pai dela, e com a mãe. Sabendo que eles a amam incondicionalmente e fariam tudo por ela. Mesmo que ela tenha uma vida mais humilde e que tenhamos que ser banidos da Inglaterra. Eu quero isso para o meu bebê. E não me importa se meus pais vão me deserdar ou colocar um preço sobre minha cabeça.

— Alteza... a senhorita devia falar com eles sobre isso.

— Claro que não! Eles nunca entenderiam que eu fiz isso por livre e espontânea vontade. Eles achariam que eu fui abusada. Mandariam matar toda a tripulação. E não contariam a ninguém. Me fariam assumir a criança como filha do príncipe.... isso se não me fizessem perder o bebê.... – Eu comecei a chorar.

— Oh, Alteza...se acalme....shhh...não chore muito alto....as pessoas vão começar a notar e sabe como as fofocas voam rápido....

Uma luz clareou minha mente de repente. Era isso! Era isso!

— É isso! Ane, essa é a solução!

— O quê?

— Os boatos...eles não serão mais que boatos então não vão prejudicar minha família, mas ainda assim...tem uma chance de Gregory ouvi-los.....e, talvez....Por favor, Ane, chame todos de volta a cozinha para continuarem os serviços.

 Naquele mesmo dia, eu devo ter indicado a umas cem pessoas sobre a minha situação. Toda hora que havia um funcionário por perto, eu reclamava sobre enjoos matinais, desejos, fragilidade emocional e sobre estar me achando gorda. Chorava pelos cantos e colocava a mão no ventre frequentemente. Com sorte, em uma semana a fofoca já estaria em todos os cantos do reino. No jantar eu já estava tão empolgada que meus pais até estranharam, mas atribuíram minha felicidade à proximidade do casamento.

— Então, Alteza... – O rei começou, se dirigindo ao meu futuro marido – Na próxima semana terminaremos de fazer os convites para o casamento e sei de alguns nobres que ficariam muito honrados se fôssemos visita-los pessoalmente para fazer o convite. Certamente ficariam honrados a ponto de oferecer negócios incríveis para a nossa união...

— Ah, sim, - O príncipe concordou – Seria maravilhoso. Onde exatamente esses nobres moram?

— Ah, no sul de Newhampshire. São uns dois dias de viagem, mas valeriam a pena.

— Certamente, Majestade. Pedirei para aprontar minhas malas. Podemos partir amanhã de manhã.

— Oh, agradeço sua prontidão, Alteza, mas creio que vai levar mais um dia para que eu acerte tudo por aqui antes de sair. No dia depois de amanhã já podemos ir. E, hum, eu acho que seria ótimo se a princesa nos acompanhasse. Para dar mais segurança ao casamento. – O rei disse e me fitou.

— E-eu? Ir junto?

— Sim. Peça a Anelize que prepare suas malas. Partiremos em um dia. – Ele disse e aquilo não era u pedido.

Fiquei extremamente revoltada pelo modo como fui tratada, mas era uma ótima ideia para ver como os boatos iam nas vilas. De qualquer modo, eu não tinha muita escolha na questão.


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