Inverno escrita por Shelter For Crazy


Capítulo 3
Em Meio a Alvorada (parte 1)




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Astrid olhava fixamente para o anel - possivelmente o mais caro que existirá pelos próximos milênios - que insistira em segurar cuidadosamente - ela certamente não saberia oque fazer caso o perdesse em meio a um gesto desastroso como deixa-lo cair - focando-se especificamente na palavra escrita a mão. É de se entender admirar com tanto encanto um tão pequeno e simples - ou nem tão simples assim - objeto, afinal, ele fora muito mais do que isso. Sim, sei que enfatizei bastante o fato de ser algo caro - e acredite, como é! - mas não fora apenas isso que a aplacava de tal forma, mas sim a pequena e simples palavra bordada a sua volta.

—Milady... - Aquela palra escorregou em meio ao seus lábio de forma involuntária, mas ainda não a impedindo de fala-la em um tom baixo, apenas para si mesma.

E, ao - por acidente - ouvir aquela palavra saindo de sua boca, por nenhum motivo aparente, buscou através de seu limitado conhecimento de sua lingua, seu significado. Até onde sabia, era uma palavra vinda das ilhas mais ao sul, customizada ainda no inicio da formação dos povoados - e ouso dizer até mesmo do conselho - logo, sua origem fora devido a enorme obsessão que os homens mais poderosos de diferencia-los - da forma mais clara possível - daqueles que apenas buscavam a própria sobrevivência - ou pelo menos fora assim que Astrid enxergava.

Caso esteja curioso sobre qual é o significado de tal palavra, meu caro leitor, eu lhe respondo: "Milady" era a forma mais adequada dos homens da corte se referirem as mulheres da corte, já os "menos favorecidos" - assim digamos - tinham como dever referir-se a elas como "my lady".

Mas não se engane, Soluço não chamara-a assim com intenção de menosprezar seu povo. Muito pelo contrario, ele os encarava como a base de seu trabalho, e não poderia viver sem esta base. A verdadeira intenção de Soluço, ao chama-la assim, era transmitir-lhe a mensagem de que ela fora a próxima senhora de Berk, ou seja, sua unica, e assim, ninguém seria capas de ama-la mais do que ele.

Já Astrid, estava muito ciente do significado de tal palavra, porém, quanto as intenções de Soluço ao dize-la, ela apenas soubera que fora com boas intenções, afinal ela notara muito bem o grande respeito que demonstrava ter pelo povo. Com isso, Astrid divagava por horas a fio, apenas buscando algum motivo pelo qual Soluço chamara-a assim - E não, meu caro leitor, ela não pensou em perguntar-lhe.

Com esses devaneios sobre homens e mulheres da corte, Astrid, de forma acidental e involuntária, acabara lembrando o dia em que Soluço pedira sua mão em casamento. Ela se lembrava como houvesse ocorrido há menos de um dia, quem diria que já fora a quase 6 meses...

Flash Back: on

O céu estava incrivelmente azul, quase sem nenhuma nuvem, ela quase pudera ouvi-lo chama-la, e, acredite, não houvera nada que Astrid quisera mais do que ignorar todas as suas responsabilidades como general e apenas atender a seu chamado junto de tempestade. Porém, como estava mais do que ciente de sua importância para o equilíbrio daquela pequena ilha, ela resumiu-se em um suspiro profundo, e uma bela desculpa que cantara repetitivamente para si mesma: "Em algumas horas, você estará voando junto com Soluço, para lugarem onde mais ninguém nesse  mundo já foi, então não há mal em aquietar-se antes que fuja dessa ilha junto de seu dragão"

Astrid se referia aos encontros noturnos que - já citei, mas não me custa lembrar-lhe - ambos se dispunham de poucas horas de sono em troca da companhia um do outro.

Por assim dito, por assim feito! Por "fatores desconhecidos" Astrid terminou seu trabalho mais cedo naquele dia em especial - com cedo eu digo: no inicio do por do sol. Assim, Astrdi fora logo a procura de Soluço, se dirigindo primeiro a seu desorganizado escritório, onde não o encontrou. Posteriormente, à sua casa, porém, ele também não estava lá. Mas, por ventura, encontrou Valka, que não exitou em contar-lhe - de forma incrivelmente animada - que ele a esperava na ilha "Sovaco Cosquento".

Astrid, por então, voou junto de Tempestade até o local sem questionar. Ao aproximar-se da ilha, Astrid logo avistara Soluço, algo que pode nos parecer normal, mas, no momento, lhe casou uma estranha sensação, como se levasse um choque de felicidade em seu peito por te-lo encontrado, porém, a sensação já lhe era tão familiar, que Astrid nem se deu o trabalho de ressaltar isto em meio a sua memória - porém, apesar disto, o sorriso largo e caloroso que se formara involuntariamente em seus lábios não a deixara mentir sobre o quanto sua presença reconfortava-lhe.

— assim que Astrid descera de seu dragão, fora recebida por Soluço com um sorriso igualitariamente enorme, seguido de - Olá milady...

Acredite ou não, os devaneios sobre o porque de Soluço chama-la assim são tão antigos quando o próprio apelido, sendo assim, quela simples e pequena frase poderia te-la emplacado, travando-a como geralmente fazia, quando dava-se ao luxo de realmente ouvi-la em meio as frases; mas, incrivelmente, ela deslisou pelos seus ouvidos como qualquer outro apelido carinhoso. Fato que ocorreu devido a concentração que mantinha em responde-lo com a seguinte frase:

—Ah, olá para você também! - Ela responde em um tom sarcasticamente bravo - Não é uma maravilha dizer olá? - Ela prossegue, cruzando os braços - uma maravilha maior ainda quando a pessoa a quem nos referimos está lá para ouvir! - Astrid faz uma pausa de mais ou menos meio segundo apenas para puxar ar, e logo prossegue, já em um tom mais bravo - Por Thor! Eu cheguei a achar que não iria te encontrar!

Soluço, que apenas a olhava de uma forma tão incrivelmente apaixonada, quase como se nem almenos tivesse ouvido a bronca que acabara de levar, mas ao mesmo tempo deixando que uma pequena e abafada risada de canto de boca escapulisse de seu interior, assim deixando-nos claro que escutara oque ela falava, de tal forma que achava-a tão fofa quando brava; ria de seu tom de si mesmo por isso, de achar tão doce e relaxante seu bravo tom de voz, de permitir-se ser tão louco por ela a ponto de simplesmente não conseguir chatear-se com seus insultos, e de tudo mais que se possa imaginar que alguém completamente louco riria.

— Astrid chegou a achar que teria que presenteá-lo com mais uma bronca, e talvez uma sutil sugestão sobre a instabilidade de sua sanidade, até que Soluço finalmente decidira responde-la - Bem... Eu também cheguei a achar que você não iria conseguir me encontrar.

Astrid cogitou a possibilidade de xinga-lo, dar-lhe outra bronca, ou até mesmo bater em seu braço; mas novamente, ao reconhecer que seu tempo com ele era limitado de mais para desperdiçar com brigas inúteis e falsas mágoas, decidiu resumir-se em apenas balançar a cabeça em sinal de reprovação, enquanto o encara em uma tentativa de fazer uma expressão séria - tentativa essa que foi completamente em vão assim que ela deparou-se com os olhos verdes eletrizantes que a cercavam de sima a baixo, completamente incapazes de irritar-se com ela, assim como um dragão carente. Fazendo-a deixar escapar uma pequena risada seguida de uma involuntária mordida em seu próprio lábio inferior.

—Ah, não me canse! - Ela falou sarcasticamente em resposta,e em um tom involuntariamente alegre; enquanto sentava-se ao seu lado - Minhas costas já estão suficientemente doloridas!

—Soluço processara tais palavras de forma que que não exitaram em penetrar-se em sua mente, assim se reformulando em uma "engenhosa ideia", que o próprio não exitou em executar, assim comentando - Você quer que eu faça uma massagem?

—Astrid, interpretando da forma mais inocente possível, sentia-se levemente desconfortável com a ideia. Não que ela sentisse qualquer tipo de desconforto com seu toque, muito pelo contrario eu digo, ela apenas soubera que o pouco tempo que tinham juntos naquela linda noite de verão, e preferia fazer bom uso de cada segundo dela. Assim, em um tom calmo, respondeu - Ah, não precisa! Eu apenas...

—Bobagem! - Soluço comentou em um tom involuntariamente alto, enquanto posicionava suas mãos em sua cintura, virando-a de costas, para que pudesse executar o serviço - Você merece!

Soluço então, com a palma das mãos aberta em foma de "V", deslizou-as de sua cintura até seu pescoço. Posteriormente, concentrou a tensão na região dos ombros, massageando-a. Então ele repetiu o movimento pelo resto de suas costas. Astrid, inicialmente, considerou torcer os dedos de Soluço para que ele nunca mais tivesse qualquer ideia do tipo. Mas, conforme suas mãos deslisaram por suas costas, e seus dedos massageavam seus ombros, sensações e ideias violentas que tivera usufruíram de seu corpo como água em forma de suor numa sauna.

Ao notar que Astrid já não se encontrava tão dura e fechada - tanto de forma física quanto em questão a ideia de uma massagem - decidiu finaliza-la, assim com as mãos em formato de conchas, massageou suas costas por completo, chegando novamente a sua cintura, onde aproveitou-se para "tirar uma casquinha", assim beijando delicadamente seu pescoço.

—Ok, você tem rasão... - Comentou Astrid posicionando cegamente a palma de sua mão no rosto de Soluço - Eu precisava disso!

—Tudo para você... - Ele comentou beijando delicadamente o lóbulo de sua orelha - milady...

Ao ouvir tais palavras - que em meio aquele momento se combinavam com o doce toque de seu amado - Astrid sentiu uma fervura na parte superior do tórax, que descia lentamente, como se milhares de borboletas agitadas voassem dentro de si. Sendo assim, ela não pode evitar de sorrir.

—Porém, Astrid não era tola, sabia muito bem que Soluço não despertaria uma áurea romântica por nenhum motivo aparente - Oque está querendo, babe?

—Soluço, que sabia muito bem que deveria tomar cuidado com oque dizia e fazia, não conseguiu se conter, assim derramando um sorriso notório sobre seus lábios - Nada, milady - Ele respondeu subindo seus beijos leves até a ponta do delicado maxilar de Astrid, já se preparando para seguir em diante até a bochecha - Eu apenas estava pensando... - Ele a pucha sutilmente, já com um grande consideração de recuo, dependendo apenas da permissão que Astrid lhe dera a cada minimo movimento - Já faz tantos anos que Berk não tem uma nova senhoria...

—Astrid, que ingenuamente esperava algo muito mais infantil como "poderia me cobrir por um dia enquanto eu voo de forma irresponsável com o Banguela" ficou em choque ao processar a informação, sendo assim, sua primeira reação foi virar-se bruscamente para Soluço, encarando-o, e dizer - Está me pedindo em casamento?

—Depende...- respondeu Soluço em um tom calmo porém ainda sim sarcástico - Se você responder "sim" ,eu estou.

Astrid não pode evitar de rir da audácia de Soluço ao transformar um momento tenso como aquele em algo tão relaxante e despreocupante, assim como fazia a todo momento que estava junto a ela, e ela não sabia mas, curiosamente, era especialmente ela quem despertava isto nele, pois ela era uma das poucas pessoas - possivelmente a única - que o fazia sentir-se tão bem ao ponto de realmente soltar-se.

Em meio as risadas de canto de boca, Astrid pensou em atribuir-lhe mentalmente um novo apelido - que obviamente seria apenas um adjetivo - mas, em meio a ansiedade do momento, ela foi incapaz de pensar em algo que se encaixasse na pessoas que ela tanto admirava, sendo assim, ela comcluiu que não houvera melhor apelido para caracteriza-lo do que

—Você... - Tanto que ela acidentalmente deixou-a escapas pela boca, e sim, ela poderia muito bem ficar vermelha, mas os olhos verdes vivos de Soluço que se prendiam a ela de foma igualmente hipnotizada; sequer a permitiram notar oque acara de falar.

—E então...? - Comentou Soluço, tirando-a de seus devaneios - Eu estou pedindo...? - Ele completa abaixando levemente e cabeça.

Naquela pequena fração de segundo, Astrid se viu contra a parede. Havia tanto a se pensar, tanto a ser levado em conta... Ela se mudaria para a casa dele? Ou eles mesmo teriam que construir uma nova casa? Bem, se ela se mudasse para a casa dele certamente teria que haver uma reforma, afinal aquela casa mal tinha espaço para eles, quem dirá para um filho! E se construíssem sua própria casa? Quantos quartos teria? Obviamente dependeria da quantidade de filhos... Eles teriam filhos?

Quando Astrid se viu perguntando-se a quantidade de primogênitos que teria - oque em sua mente certamente levaria um certo tempo para acontecer - ela finalmente percebera: Estava se preocupando de mais com uma coisa que nem ela, nem ninguém pudera lhe assegurar. E como um grande sermão para si mesma, Astrid voltou a encarar os olhos verdes que tanto a admiravam, e que, instantaneamente impulsionou com a força de 1000 tsunamis uma resposta instantânea:

—Sim, sim você está... - Antes que pudesse terminar a frase, Astrid foi interrompida, mas não por palavras, e sim pelos lábios nada secos de Soluço. Lábios esse que tiraram seus pés do chão no mesmo momento em que tocaram os seus, assim a levando novamente a devaneios, porém, desta vez, sem qualquer tipo de preocupação, pois tudo que enxergava ao imaginar um futuro ao lado de Soluço era uma coisa que nunca teve tempo de apreciar: uma linda família feliz.

Flash Back: Off 

—É realmente um anel muito bonito - Comentou Valka que se encontrava com um prato cheio de peixes fritos, protos para serem comidos.

—Como um reflexo, Astrid logo direcionou seu olhara para Valka, assim dizendo - É, é sim...

Valka então colocou o prato de peixes sobre a mesa a qual Astrid se encontrava. Assim, o cheiro - que não chegara a ser tão forte - do peixe cozido provocou uma sensação completamente inesperada no organismo de Astrid, assim que entrou pelas suas narinas. Como se seu organismo buscasse uma forma de mostrar-lhe que não aceita quilo. Oque era definitivamente muito controverso, já que ao longo de quase toda a sua vida aquele sempre fora um dos pratos favoritos de Astrid.

—Valka, que ainda olhava atenciosamente para o anel de noivado, de forma que nem houvera notado o torcer de sobrancelhas de Astrid o sentir o cheiro da comida, comentou - Parece ser bem caro... Tem certeza que foi meu filho que lhe deu?

—Astrid, que já se esforçara em prestar atenção no que Valka lhe dissera, reconheceu o inoportuno senso de humor que aparentemente a cercava, assim desencadeando uma leve e abafada risada, seguida por sua resposta - Sim, tenho certeza - Astrid não pode deixar de lembrar do inesquecível momento em que Soluço lhe dera o anel, ou mais especificamente, do que ambos fizeram depois disso, assim soltando um suspiro involuntário seguido de um complemento igualmente involuntário - Certeza absoluta...

Astrid ainda podia sentir seu toque, sua respiração, podia imaginar perfeitamente sua voz, assim como seus olhos, tudo nele era completamente inesquecível para ela, oque não ajudava muito quanto ao empenho em prestar atenção nos diálogos os quais seu subconsciente não julgava interessante. Não que isso fora oque acontecera no momento - almenos não por completo - Apenas que é algo interessante de se comentar.

—Vocês formam um lindo casal... - comentou Valka sentando-se a mesa e visgando um dos peixes do prato.

—Obrigada... - Astrid falava tentando se concentrar na voz de Valka, ou até mesmo nos devaneios sobre Soluço, mas algo em seu organismo insistia em provocar um ânsia indescritível - Mas devia dizer isso a Soluço também...

—Ah, acredite, eu já falei, mas ele é completamente incapaz de prestar atenção em uma palavra do que eu digo - Valka comenta pouco antes de dar a primeira mordida no peixe que ela mesma cozinhara - Igualzinho ao pai dele... - Ela completa pouco antes de engolir o bolo alimentar formado em sua boca, assim notando que aquele peixe estava surpreendentemente muito melhor do que qualquer outro que já cozinhara em sua vida, oque não fora muito difícil - Até que está bom! - Valka, ao perceber que Astrid mal havia se aproximado do prato de comida, concluiu que fora por vergonha, assim comentando - Porque não prova um?

Astrid havia sido criada da forma mais rustica possível, sentiu-se na obrigação de ignorar o cheiro, prender a respiração, e provara um dos peixes. Ao morde-lo e mastiga-lo, seu corpo já agia tentando coloca-lo para fora, mas Astrid se recursara a ceder, ou a se quer demonstrara qualquer tipo de expressão facial que desse a entender que não estava amando cada segundo daquilo. Por fim, e com muito esforço, engoliu-o, e não exitou em fazer uma pausa pra respirar. "Deses! Isso é muito mais desgastante do que o campo de batalha" pensou ela.

— Astrid nem houvera parado para sentir o gosto da comida, porém, achou prático comentar em um tom alegre e animador - Tem rasão! - enquanto apoiava-se com seus cotovelos sobre a mesa, assim amansando as dores que sentia em seu estômago - Está ótimo!

—É a primeira vez que eu faço algo realmente bom! - Valka comenta animada.

—Você acha...? - Comenta Astrid, já em um tom rouco.

Astrid agora sentira que a dor apenas piorava, não importavam mais os movimentos que fazia, o melhor a se fazer era fica parada, podia sentir algo rejeitando a comida dentro de si. Assim, o único movimento que conseguira fazer era descer sutilmente sua mão esquerda até a bariga. Ao executa-lo, Valka finalmente notara o estado de Astrid se encontrava, assim nem se dando o trabalho de perguntar "você está em?".

Valka rapidamente recorreu a um balde com um pouco de água, que se encontrava próximo a uma porta, assim o trazendo para perto de Astrid, que não exitou em segurara bruscamente o ombro de Valka, assim apoiando-se, deixou o vômito vir a tona. Valka, em meio a situação, notara que a trança que Astrid geralmente deixara caída sobre seu peitoral, junto de dos variados fios de cabelo soltos que formavam sua franja a incomodara. Assim, com uma mão, Valka afastou os fios de cabelo que recaiam sobre a face de Astrid, direcionando-os para atras de sua orelha, e posteriormente segurando sua franja.

—A cada segundo que passava, Astrid tentava e tentava engolir, mais tudo que conseguia era maior agressividade em sua saída, sendo assim não foi preciso que isso se repetisse nem mais de uma vez para que Valka reconhecesse tal ato - Calma - Falou Valka em um tom baixo, calmo e desestressante - tudo bem, está tudo bem, apenas tenha calma...

Elas passaram apenas um ou dois minutos naquela situação, mas para Astrid pareciam ter sido horas e mais horas de tortura. Mais isso não era o mais preocupante, Astrid tivera certeza que havia algo dentro de si, algo que rejeitou a comida, algo que, provavelmente, era a causa de suas dores matinais recentes. Astrid logo concluiu que havia um verme em seu organismo - como uma lumbriga ou algo do tipo.

Oque era muito preocupante, pois a segunda pior coisa que se pode acontecer com uma mulher no inverno é ficar doente - a primeira é ficar grávida - Pense, comida escassa, frio estremo, más condições de... Tudo, eu creio. O inverno é a unica estação do ano em que não é pecado matar, e obviamente, isso não ajudava muito quanto ao estado de Astrid.

—Ao rever todas essas desvantagens e preocupações,Astrid se resumiu em uma palavra - Merda... - Ela comentou já se apoiando novamente ereta na cadeira, ainda em meio a uma respiração ofegante e profunda.

—Valka, que no momento não soubera exatamente oque dizer, concluiu que seria prático verificar mais sintomas antes de dar um diagnostico - Esta é a primeira vez que isso acontece? - Seu olhar demonstrava preocupação mas ao mesmo tempo reconforto, sendo assim, nem mesmo uma criatura como Astrid se recusaria a confia-la como curandeira.

—Vômitar? - Retrucou Astrid, que redirecionava seu olhar para Valka, ainda ofegante - Sim, é a primeira vez que eu vômito desde que eu tinha 9 anos... - E com um segundo de exitação, Astrid identificou as intenções de Valka com a pergunta, assim completando - Mas as dores matinais a cima da bexiga já são frequentes há um tempo.

—Valka, por mais não sigilosa que fosse, não se precipitou, assim, seguiu para a próxima pergunta lógica - E a quanto tempo você tem essas dores?

—Astrid por então, esforçou-se para lembrar de uma data especifica, mas infelizmente, não havia sido um dia tão marcante ao ponto de Astrid carrega-lo em sua memória. Sendo assim, Astrid recorreu aos feriados próximos - Acho que um... Talvez dois meses...

—Valka, que já se encontrava suficientemente eufórica, segurou-se para não dar um diagnóstico precipitado, assim, respondeu-lhe com a últimas a e mais lógica pergunta - E... Quando foi sua última menstruação?

Astrid, antes de se quer lembra-se de que era uma mulher fértil, sentiu-se abalada de tal forma que demorara um certo tempo para processar a pergunta "Grávida?! Eu?! Não! Impossível! Não pode estar acontecendo, devo ter ouvido errado" Porém, Astrid podia até ter um certo problema com visão - devido a um acidente aos 19 anos de idade - mas ela não era surda, e nunca tivera problema algum com audição, e sabia disso. Ao finalmente concluir que não houvera ouvido errado, Astrid notou que - por mais desconfortável que ela estava no momento - tinha de reponde-la.

Assim - mesmo com descrença e desgosto ao palpite de Valka - Astrid buscou em sua mente a última vez que sentira um líquido quente e pegajoso escorrendo por suas cochas, assim chegando a conclusão de que fora pouca antes de receber a melhoria na sela de Tempestade, assim concluindo que - Dois meses... - Aquelas palavras pularam de sua boca como um palavrão horrendo em meio a uma briga de bar.

Astrid, perplexa, sem acreditar no que tinha acabado de falar, perguntava-se como seria possível que ela deixara isso acontecer? Como pudera ter sido tão irresponsável? Já a dois anos se precavia de qualquer tipo de acidente, como algo como isso fora acontecer? Assim, Desesperadamente, Astrid buscou em sua vaga memória se - almenos uma vez - algo tivera dado errado.

Depois de uma leve divagação pelas últimas semanas da primavera - ou até mesmo as primeiras do outono - Astrid poderia jurar que não houvera - nem se quer um vez - que ela dera-se o luxo de permitir que algo como isto acontecesse. Porém, independente disso, a conclusão que acabara de chegar era um fato: sua menstruação já não descia à dois meses, e para uma mulher de sua idade, isso poderia significar apenas uma coisa. 

Assim, Astrid questionou-se se realmente sempre - com isso me refiro a todos os atos - ela tivera todo o controle sobre a liberação da semente. Geralmente Soluço lhe concedia algum sinal, como a prender o folego, ou morder o lábio. Com isso, uma duvida chegou a mente de Astrid: "Será que ele realmente demonstrara isso toda vez?"

Astrid, em sua sã consciência, sabia muito bem que Soluço não tinha controle algum sobre seus gestos e demonstrações, tudo oque ele fizera era completamente espontâneo de sua real reação. Assim, concluiu rapidamente que, mesmo se não demonstrasse sempre, isso não significaria que fizera isso de propósito. Porém, não foi preciso mais do que esse simples devaneio para que Astrid questionar-se em pensamento: "Qual pudera ser a opinião de Soluço em relação a ter um filho?"

Novamente, Astrid pode sentir sua entranhas sendo massacrada devido a tamanho o medo que a dominara ao simplesmente pensar em ter de encarar Soluço ao contar-lhe. Ela estava apavorada, e naõ conseguia buscar dentro si uma forma de acalmar-se, pois tudo que conseguia ver em sua frente eram as milhões de reações e atitudes possíveis que Soluço tomaria ao saber. Mas quem pode culpa-la? Soluço - apesar de sempre se esforçar para distribuir sua atenção e preocupação adequadamente entre todos - já quando assumira o cargo de líder, passou a dar uma importância enorme ao seu povo, assim assumindo um novo nível de maturidade.

Astrid não pode deixar de arrepiar-se ao imaginar novamente o olhar desapontado que acreditava que recairia sobre ela. Porém, ao cogitar direcionar sua atenção novamente para Valka, pedindo-lhe socorro, Astrid, que já se encontrava quase sem mais esperanças, resgatou um fato a ser levado em conta: "Estou me precipitando, que certeza eu tenho de que Soluço não gostaria de ter um filho?"

Porém, logo esse mesmo alivio interno foi rebatido com outra angustia: Astrid sentia que estivera mentindo para si mesma, assim, optando por buscar motivos pelos quais Soluço gostaria ou não de ter um bebê.

Astrid então, optou por buscar, inicialmente, os motivos pelos quais Soluço teria uma reação negativa. Astrid logo regatou o fato de serem muito jovens, mas também logo descartara, pois soubera muito bem que idade nunca fora um real problema para Soluço. Posteriormente, optou pelo fato de que ele era o líder, e precisava dar toda sua atenção a seu trabalho e... E sabia muito bem que ela fora completamente capaz de cuidar-se sozinha - além do apoio de Valka nos piores meses, já contando que seus trabalhos muitas vezes se cruzavam, assim lhe dando uma boa chance de dar a ela mais de sua atenção. 

Sendo assim, Astrid ficara perplexa com o fato de realmente não achar algum bom motivo para a raiva e desprezo o de Soluço. No caso, ela encontrava-se a vontade para concluir que ele pudera muito bem ficar feliz; não é mesmo? Não! Errado! Astrid, antes mesmo de questionar-se, já levantara o argumento de que também não havia nenhuma prova de que Soluço pudera ficar feliz.

Porém, como um tapa dado por si mesma, Astrid rapidamente lembrou-se de uma noite incrivelmente revigorante para o assunto. Uma noite a qual tamanha era sua importância que Astrid xingou mentalmente a si mesma por não ter levado-a como primeira hipótese...

Flash Back: On 

Era uma noite silenciosa de outono, os preparativos para o inverno tinham acabado de começar, e como esperado, todos estavam exaustos. Mas, independente dos esforços medidos naquele dia, um casal em especial descansava calmamente em uma cama de solteiro, em uma casa tão velha quanto o nome da tribo, mas em um estado tão bom quanto os jovens que nela repousavam.

Sim, dois jovens adultos - com uma média de 22 anos - dormindo juntos em uma cama de solteiro. Pode parecer improvável, mas, acredite, não há nada que Soluço - o jovem mais velho - não tornasse possível por Astrid - a outra jovem - em meio aquela noite.

Astrid dormia calmamente em meio aos braços de Soluço, que tomara todo o cuidado do mundo com a belíssima criatura que tanto admirava. E por assim prevaleceu-se por algum tempo, até que Astrid foi acordada por seu subconsciente, que notara que houvera alguém a encarando. Astrid abrira os olhos lentamente com muita preguiça, tanto que foi necessário alguns segundos para que direcionasse seu olhara para os olhos verdes calmos que a encaravam

—Ainda acordado, baby? - Ela pergunta em um tom de voz tão baixo e calmo quanto sua capacidade de estabelecer um diálogo aquela hora.

Soluço, por sua vez, desconcentrou-se rapidamente da pergunta que Astrid o fizera, assim deslizando seus dedos por sua testa, arrastando os fios loiros soltos que formavam sua franja para traz de sua orelha, e assim voltando a apreciar suas sardas. Já Astrid, arrepiou-se ao sentir o toque quente de Soluço em meio aquela noite tão fria de outono.

—Soluço, que de tão vago nem notara os arrepios de Astrid, logo voltou a encarar os olhos azuis, que, para ele, eram os únicos realmente azuis no mundo, assim completando - Se você realmente quer que eu durma, tem que parar de ser tão linda, milady...

—Astrid apenas rira singelamente do comentário inusitado de Soluço - você é engraçado... - Ela comentou em meio a um sorriso de canto de boca, e segundos antes de tentar adormecer novamente, porém desta vez com a face enfiada em meio "abraço" que Soluço lhe dera. Porém, assim que fechara completamente os olhos novamente, percebera que não sentira mais tanto sono - Mas me fez perder o sono...  

—Em meio ao calor do momento, Soluço não pode evitar de responder-lhe sarcasticamente - Desculpe, milady - Como se zombasse da razão pela qual Astrid utilizara de um tom tão agressivo.

Soluço não foi capas de conter a pequena e abafada rizada de canto de boca que sua própria "piada" causara - vangloriando-se, como de costume - e como já esperado, foi repreendido com um simples olhar. Por mais assustador e tenebroso que seja receber tal olhares de Astrid Hofferson, Soluço não pode evitar de sentir-se privilegiado por ter a chance de recebe-lo todos os dias. Sim, para ele não era preciso nada como um "eu te amo", qualquer olhar vindo daqueles olhos já fora o suficiente para que ele agradecesse aos Deses. 

Isso pode parecer bobo para oque se referia a apenas um olhar repreensivo, mas acredite, era muito mais do que isso. Aquele olhar era a faísca necessária para acender a chama da memória que resguardava todos os outros olhares: Os sorridentes, os apaixonados, os calmantes, tudo!

Assim, novamente quase perdido em seus devaneios sobre a beleza da mulher a qual dividia a cama no momento, Soluço aproximou-se lentamente seus lábios quase secos da pequena testa de Astrid - que  se encontrava quase completamente coberta pelos curtos fios loiros que formavam degradadamente sua franja - assim, de foma delicada, permitindo sentir a macies de sua pele pouco sardenta. Assim aconchegando-se junto a ela por completo.

—Mas oque ele não esperava ter de temer era o comentário movido pela atinga aflição que despertara em Astrid ao dar-lhe tal campo de visão devido a proximidade - Porque desfez as tranças que eu fiz? - Ela falou, em um tom calmo, como alguém que esperava apenas uma resposta, e não um pedido de desculpas.

Naquele momento - possivelmente devido ao sono que o cercava sem toca-lo - Soluço se esqueceu de que, praticamente no mesmo instante que tal abito fora criado, certo assunto já fora resolvido por: Ele certamente não gostava das tranças que enfeitara seu cabelo, mas ela as faria assim mesmo, sendo que, ambos estavam cientes disso.

Independente do esquecimento de Soluço, algo dentro de si ainda tentava lembra-lo, dizendo que não fora tão necessário ser tão cuidadoso no momento; porém, outra coisa - como sua consciência, ou bom senso - dize-lhe para que ainda sim não arriscasse dizer abertamente a Astrid que não estava satisfeito com algo que ela mesma fizera para ele. Sendo assim, respondeu-lhe: 

—O que?! Eu?! Porque eu faria isso?

—Astrd nem almenos se deu o trabalho de espantar-se com o tom sério e levemente ofendido da "pergunta" que Soluço fizera, assim resumiu-se em reponde-lo em um tom de obvio com - Porque você não gosta delas - Soluço então ficou sem resposta, em parte confuso devido ao tom de Astrid, em parte pressionado pela busca de uma forma de responde-la sem perder mais um membro, e para piorar, finalmente com sono suficiente para dormir por horas a fio. Fato que deu tempo à Astrid para vagar por sua mente ao ponto de chegar a outra tensa conclusão - E nem de nada domestico que eu faço - ela retrucou concluindo sua fala.

—isso não é verdade - Comentou ele em um tom incrivelmente sonolento, já a um passo do sono profundo - Eu gosto de tudo que você faz... Astrid...

E essas foram as últimas palavras de Soluço antes de adormecer finalmente, sendo assim, quase nem chegaram a emplaca-lo de tal forma ao ponto de lembra-las na manhã seguinte . Já Astrid, encontrou-se completamente focada em cada silaba do que ele falara como sempre, no fundo ela sabia que tudo não passava de simples delírios sonolentos, mas ela também acreditava que os único jeitos de arrancar a pura verdade dos lábios de um homem eram: quando ele estiver bêbado, ou quando estiver com sono. E ela estava certa.

Flash Back: off 

Assim, ao lembrar-se por completo do episodio que ocorrera naquela noite, a face completamente desgovernada e assustada de Astrid transformou-se rapidamente no rosto da mulher mais feliz e amada da ilha. E por fim, concluiu posicionando sua mão sobre o ventre: "está tudo bem".


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