Bleach escrita por Rodrigo Silveira


Capítulo 2
Glowing Eyes




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“Nós vivemos, para decorar a noite...”
Mais um plus havia desaparecido. Aline olhou atentamente em seu localizador e somou à contagem mental quinze almas não purificadas que misteriosamente haviam desaparecido.
Ela sabia o que podia significar, mas estava tentando ser positiva.
Não podia ser.
Ela preferia que não fosse.
Sentada no muro de uma casa aleatória, em uma rua aleatória, da cidade aleatória de New Silver, Aline fechou os olhos e tentou concentrar-se na energia espiritual ao seu redor. Não havia nenhuma anormalidade. Apenas pessoas comuns naquele dia, naquela tarde, e naquela noite. Até que ele apareceu:
Era madrugada quando o menino de cabelos ruivos passou por ela, acompanhado de duas garotas. Aline podia sentir a sua energia espiritual. Era vibrante e bruta, assim como atraente. Lhe fazia lembrar alguém em quem ela não queria pensar no momento.
Ainda que não houvessem no mundo muitas pessoas assim, o garoto era só mais um, ela pensou, nada que lhe pudesse causar futuras preocupações.
Mas ele olhou para ela.
Ele não deveria ter olhado.
Era impossível acontecer.
Aline levantou-se rapidamente e escondeu-se detrás do telhado. Quando o garoto estava longe o suficiente ela saiu pelas ruas novamente dizendo a si mesma que havia sido só coisa da sua cabeça.
— Relatório BLEACH quinhentos e noventa e sete — ela falou ao seu dispositivo — Nenhuma anomalia detectada essa semana. Segundo a contagem, são cinco meses sem qualquer tipo de manifestação paranormal.
Mas o garoto não saia da sua mente. Ela havia sido vista. Estava convencida, mas não podia reportar. Era uma falha em seu histórico perfeito. Decidiu checar por conta própria.
A energia espiritual que emanava do garoto era inconfundível. Com muitos anos de prática, Aline levou apenas meia hora para encontrar a casa em que ele morava.
Passou pela entrada da casa e pela sala, subiu as escadas e percorreu o corredor até ficar de frente com a porta do quarto dele. Talvez não devesse simplesmente entrar, quem sabe estivesse sendo invasiva demais. Podia até mesmo o encontrar fazendo “coisas que garotos fazem quando estão trancados em seus quartos”. Mas Aline entrou.
Ela o encontrou sentado em sua cama, dedilhando uma guitarra, o rosto serio apresentava o estresse da sua faixa etária. De repente, sua face mudou rapidamente junto com a expressão facial de Aline.
Espanto.
Ele pode me ver.
— Que porra é essa? — O rapaz berrou a plenos pulmões — Quem é você e como entrou no meu quarto?
Aline suspirou, vencida.
— Sou uma shinigami. Você pode me ver, e isso é impressionante.
O garoto suspirou, confuso e aparentemente muito bravo.
— Você é amiga de uma das meninas? Elas que te deixaram entrar? Vem, ninguém entra na porra do meu quarto...
Ele agarrou o braço de Aline. Isso era um absurdo. Ela era um ser plenamente puro e ele apenas um mortal. Era um insulto que ela não podia permitir, contudo foi misericordiosa. Com os dois dedos apontados para o peito dele, exclamou:
— REGRA NÚMERO UM: — e então o garoto foi arremessado para o outro lado do quarto atingindo o enorme guarda-roupas na parede. — Nunca toque em um shinigami sem permissão.
Tudo o que o menino pode dizer, ainda sentado no chão, foi dito pelos seus enormes olhos esbugalhados. Estava com medo.
O ruivo não parecia ser uma má pessoa. Vestia uma camisa com os dizeres “Fuck U” mas talvez isso não significasse tanto ali. Aline tomou uma postura rígida, as mãos para trás, imitando seu irmão, e começou:
— Os Shinigami são seres de uma classe espiritual superior que existe desde o início dos tempos. Alguns povos nos chamaram de Anjos, outros de Ceifeiros e alguns de Morte. Estamos no mundo para varrer as paranormalidades e conduzir almas perdidas ao paraíso. Pouquíssimos homens são capazes de nos enxergar então sinta-se honrado...
Aline parou quando viu os olhos do rapaz mudarem de esbugalhados para semicerrados. Então ele se levantou.
— Vai se ferrar e sai da minha casa — Ele caminhou em sua direção novamente e Aline já se preparava para aplicar-lhe outro golpe quando a campainha tocou.
Aline ouviu vozes de meninas e uma de o que parecia ser um adulto bastante infantil. O ruivo pareceu desesperado. Ele passou por ela e trancou a porta.
— Você não pode sair agora. — Falou.
— “Vai se ferrar e sai da minha casa” foi o que você disse — Aline retrucou. Irritá-lo pareceu divertido. — Isso não significa que eu deva sair agora?
— O que o meu pai vai pensar se me souber que eu estava sozinho em casa com uma garota?
— Em outros tempos era preferível que fosse uma garota à um garoto.
O garoto pareceu confuso por um instante.
— Olha, sua doida, você não conhece meu pai...
Era o suficiente. Um reles mortal não devia insultar tanto alguém como ela. Não importava que ele fosse capaz de vê-la, era hora de fazer alguma coisa...
Foi então que aconteceu.
“Esse quarto é escuro demais, para nós ficarmos...”
Começou com um piscar de luzes e então tudo se apagou. Ela ouviu o homem xingar a companhia elétrica, lá em baixo. O ruivo estava dizendo algo na sua frente, mas algo maior distraia Aline.
Não podia ser.
Ela preferia que não fosse.
Estava sendo irreal.
— QUAL É A SUA? — O menino berrou trazendo Aline de volta a realidade naquele quarto. — Eu tô falando que você tem que aproveitar o escuro e vazar daqui...
Dedos no peito do garoto. Dessa vez, ele foi jogado em cima da cama e caiu desacordado.
Aline sabia que tinha cometido um erro fatal. Não devia ter ido naquela casa. Ou talvez fosse o destino. Ela fora atraída pela energia espiritual ali presente e sabia que não era a única ali. Desceu rapidamente as escadas e, no meio do escuro deparou-se com uma enorme mão, seguida de um enorme braço, que cruzou a sala e adentrou a cozinha agarrando uma das meninas ali presentes que berrou em desespero.
Em uma fração de segundos, a shinigami desembainhou sua espada, tirando-a de dentro do manto preto que cobria seu corpo e desferiu um golpe que fez a criatura largar a menina. As luzes voltaram e naquele momento a única coisa que não podia ser vista era a própria Aline.
Mas ela sabia que a coisa ia voltar.
Eles sempre voltam.
Uma falha em seu histórico perfeito.
Um Hollow.
“Eu sei que tem alguém na porta, eles chamam por ajuda, então escute atentamente, mas o que eu queria era dizer adeus a todos esses olhos brilhantes...”

Música da banda Twenty one pilots
Glowing Eyes


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Notas finais do capítulo

Qual seria o melhor dia para postar os capítulo?



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