Pecado escrita por Rosecchi


Capítulo 1
A Missa dos Votos Permanentes


Notas iniciais do capítulo

Hello!! Tô aqui com essa fic, que, creio eu que vai ser ótima! E, claro, envolvendo Notre Dame e freiras, vai envolver religião. Mesmo assim, espero que goste tanto quanto eu!! E sem mais delongas, #Partiu!!



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— E então, assim dizendo, dou-lhes as boas vindas. — Disse o velho bispo da Catedral de Notre Dame, que tornou jovens noviças em freiras. Haviam lá, os familiares da maioria das mulheres e estes ocupavam quase todas as cadeiras do local — muitos da classe mais elevada — e na frente, estavam as freiras mais antigas, de longa data na Igreja.

As dezoito mulheres ouviram tudo cabisbaixas até o bispo dar as boas vindas a todas. Depois, este as chamou para o altar para ficarem diante à mesa que estava com uma toalha totalmente branca destacada apenas por uma cruz dourada, vista pela platéia que assistia a celebração, duas grandes velas — cada uma na extremidade da mesa —, e no centro, haviam um cálice com vinho dentro e um cibório dourado com detalhes prateados, cheios de desenhos e com a base estampada por pequenas cruzes, coberto por um véu dourado, onde dentro tinham hóstias já consagradas. Essas hóstias foram banhadas no vinho e distribuídas para cada recém-freira. Logo em seguida, todas ajoelharam-se diante da grande cruz na parede, onde nela estava a imagem de Jesus Cristo e ao lado, uma estatueta da Santa Maria. Rezaram por longos minutos antes do bispo chamar as freiras mais velhas para cantarem em nome das novatas, que levantaram depois de colocarem um anel dourado no dedo anelar esquerdo e, enfim seus votos perpétuos estavam feitos; eram oficialmente mulheres da Igreja até o fim de seus dias. Todos os familiares ficaram de pé e foram ao encontro daquelas que eram suas filhas, primas, ou irmãs, a fim de elogiá-las e parabenizá-las. Somente três das dezoito novas freiras saíram para a sala de jantar e sentaram-se na grande mesa junto do arcebispo, do diácono, do vigário e do arcediácono.

Duas horas depois que a missa tinha começado, todos aproveitaram uma boa refeição com pão, vinho, água, arroz, soja e frutas. Os familiares saíram minutos depois, assim que se despediram de todos da Igreja.

A noite seguiu como outra qualquer, sem nenhum imprevisto. Após o jantar, as freiras mais experientes repassaram as informações dadas as mais moças quando estas eram noviças, além de definir quem faria o quê. Foram à sala de reunião feminina, onde as mulheres que estavam na Catedral há muito tempo ficaram de frente as que chegaram há menos de três anos. Irmã Rute foi a responsável por orientá-las com os horários:

— Muito bem, mademoiselles, caso ainda lembrem do que as ensinamos, devem bem saber um pouco de nossa rotina: — Todas as novatas estavam enfileiradas ombro a ombro. A freira que as instruía era velha e severa. Estava na linha para ser madre-abadessa em poucos anos, portanto saía com mais frequência da Catedral; ela também dava esmolas aos pobres e adoentados. A mulher respirou fundo, olhou para cada uma das dezoito e calmamente falou. — Como foi hoje que todas tornaram-se membros da Catedral, pode ser que o bispo não vá se importar com suas ausências na missa das Matinas. Mas quem for encarregada das funções daqui da Igreja, é mais recomendável que façam o possível para estarem prontas à meia-noite. E é bom que tenham recordado os salmos e os hinos que lhes recitamos. Bom, dito isso, creio que todas já têm as informações necessárias, pois aprenderam conosco ao longo desses anos, certo? — As mulheres apenas assentem. — Muito bem. Passo a palavra a você, Irmã Adelaide.

A mulher a quem Irmã Rute se referia era um pouco mais jovem que esta, porém ainda mais velha, se comparada às novas freiras.

— Pois bem. — Começou. E pelo tempo que as antigas noviças passaram no convento, souberam que, a que estava falando, não era tão severa quanto a que falara anteriormente, porém era perfeccionista e não suportava algo fora de ordem. — Desde já, definirei as funções de cada uma. — Virou-se de modo que fosse vista por todas ali presentes. — E sejamos breves, irmãs; o tempo está passando e ainda temos mais uma missa a ser feita. — Dito isso, voltou a focar-se nas novatas. — Irmãs Giselle, Abigail e Raquel, — As três mais velhas das dezoito — estarão encarregadas a distribuir esmola aos pobres e doentes daqui de Paris à Versailles e Pontoise. Informem-se com Irmã Rita, Irmã Lucianne, Irmã Caterine, e Irmã Clarisse para saberem mais do que farão; Irmãs Juliette, Vivien, Marie, Frida e Ellen, cuidarão dos orfanatos para os meninos. Irmã Bernardete, Irmã Ester, Irmã Lilien e Irmã Joanne estarão ao seu dispor; Irmãs Sara, Margot, Claire e Aline serão as enfermeiras, juntamente com Irmã Anne, Irmã Daiane, Irmã Tereza e Irmã Margareth; Irmãs Beth, Fernanda, e Clarisse, falem com Irmã Madalena e Irmã Bianca para suas atividades na colheita e na criação dos animais; e quanto à vocês, Irmãs... — Olhou para as mulheres mais jovens, numa faixa de quatorze e dezessete anos de idade. Elas eram também as mais pobres que conseguiram se tornar freiras. — Serão sacristãs. Irmã Rebeca e eu nos responsabilizaremos por vocês. — A mulher, outra vez respirou fundo, mudando um pouco o assunto: — Já que sabem suas funções, agora ouçam: escolheremos duas de vocês para executarem a missa das Completas, a última do dia. Todos os dias, escolheremos duas para realizarem cada missa do dia. E hoje, Irmã Juliette, dê as honras às suas colegas e recite a oração do Livro das Horas. E Irmã Aline, por gentileza, auxilie-a nos hinos. Agora é com vocês, meninas. Já foi o bastante o que a ensinamos. — Todas assentiram. Passou-se segundos e ninguém se moveu ou falou alguma coisa. Num tom mais impaciente, Irmã Adelaide vociferou: — E o que fazem ainda paradas? Andem! Movam-se! — Todas as novas freiras andaram de um lado para o outro. e a irmã complementou para duas freiras específicas: — E a missa está para começar, irmãs! apressem-se!

— Sim, Irmã Adelaide. — Falaram ambas ao mesmo tempo. Um tanto nervosas, elas quase não abriram a porta da sala, por conta das mãos trêmulas. As outras continuaram ali para obterem mais informações das suas novas funções.

O padre e o arcediácono andavam calmamente pelo corredor, um pouco mais a frente da sala onde as freiras estavam reunidas. Aline e Juliette andavam a passos largos e apressados em direção à capela onde realizariam a missa. De tão distraídas, quase acabaram colidindo com os homens.

— Oh, céus! Perdão, padre. — Falou Juliette, um pouco trêmula. Aline também pediu perdão, e fez uma reverência, imitada pela outra.

— Não iremos repetir esse erro. — Aline ajoelhou-se, temendo ser punida na sua primeira missa independente.

— Não tem com o que se preocuparem, Irmãs. — Disse o velho padre, sorrindo. — Aparentemente, ambas têm um compromisso agora. E o que estão esperando para cumpri-lo?

— Já estamos indo. — Juliette o respondeu meio envergonhada pelo acidente. Mesmo assim, pegou Aline pelo pulso e a puxou para acompanhá-la.

Quando ambas saíram da vista dos homens o arcediácono, indignado com a atitude do padre, comentou:

— Elas não deveriam escapar sem alguma punição!

— Oras, Claude. Não há necessidade para isso. Afinal, puni-las por algo tão banal... Não é esse retrato que passaremos às novatas. Acalme-se, meu rapaz.

As demais freiras saíram minutos depois, todas andando com o semblante sério e com o andar ereto até a capela. Onde tinha-se dado início a missa das Completas. Irmã Juliette fez as rezas que estavam marcadas nos Livros das Horas, enquanto Irmã Aline auxiliava a companheira, nas horas em que tinha de iniciar algum hino, ou lembrá-la, discretamente de algum salmo que a outra esquecia; o que acabava numa breve discussão por parte de ambas. Por sorte, ora ninguém percebia, ora pensava que era alguma estratégia da Catedral para animar um pouco mais a missa. Que teve seu fim uma hora e meia depois.

Estava um belo início de noite, o céu num tom azul-escuro, misturado com o azul-claro e o leve rosa do horizonte; por volta das seis horas. As Irmãs entraram no quarto, onde tinha cama para cada uma delas. Duas das freiras — ambas novatas — aproveitaram o tempo em que as outras ainda não tinham chegado para jogar conversa fora. Uma tinha o rosto fino e delicado, embora um pouco magra, com grandes olhos castanhos. Já a outra, tinha o rosto mais cheio, bem como seu corpo, que era retangular e de olhos meigos e azuis.

— Até que enfim acabou. — Sussurrou a de olhos azuis, com um pequeno sorriso.

— Concordo, Irmã. O dia foi longo. — Respondeu a outra, com um sorriso mais aberto. — Mas o jantar foi ótimo!

— Com certeza! Porém de meia-noite...

— Irmãs, por favor. — Juliette interrompeu, sussurrando. Ela acabara de entrar no quarto, e ouviu os risos da dupla. — O padre pode ouvir! E nossos tempos de sermos poupadas das punições por descumprirmos as regras acabaram. Se nos pegarem criticando a Igreja ou algo parecido...

— Como se já escapássemos... — Respondeu uma das freiras, a que antes era a mais sorridente, e que agora, tinha um semblante triste nos grandes olhos. Ela sentou-se na cama e olhou fixamente para o chão. — Irmã Isabel, Irmã Lia e eu fomos as que mais sofremos punição como noviças, já que fomos as mais pobres daqui...

— Não fique assim, Irmã. — Juliette sentou-se ao lado da jovem, dando um leve aperto nos ombros dela, em sinal de conforto. — Você e as outras conseguiram se tornar freiras! O que significa que têm sorte de estarem aqui. O Senhor as viu utilidade para a Igreja.

A outra respirou fundo, voltando a sorrir novamente.

— Deve ter razão. — E depois de um longo suspiro, a jovem levantou-se da cama. E quando ia falar algo, foi interrompida pelo restante das freiras que entravam no quarto em silêncio.

Quando a massa das mulheres diminuiu, as três que já estavam no quarto viram o motivo de todas as Irmãs entrarem tão rápido: a madre-abadessa Marta estava ali, de frente à porta. A mulher tinha a postura ereta e olhava para cada uma. Era a mais velha de todas as freiras ali presentes e a que mais requeria respeito por parte delas; não tanto quanto o padre ou o bispo, óbvio. Seu semblante sério faziam, principalmente as mais jovens, terem um pouco de medo da senhora. Que andou a passos pesados pelo amplo e largo quarto. Cada freira estava de pé ao lado de sua respectiva cama, cabisbaixa, mas sentindo a presença da madre passar na sua frente, com a respiração forte. A velha chegou no fim do quarto, e enfim falou, com a voz baixa, porém grossa.

— Boa noite, Irmãs. Que o Senhor as abençoe.

— Boa noite, Madre. — Todas responderam em uníssono.

Esse "que o Senhor as abençoe" era como se a madre tivesse dado uma permissão. Já que, logo em seguida, as freiras ajoelharam-se diante de suas próprias camas e oraram silenciosamente, com um terço nas mãos e os olhos fechados. A mulher saiu do quarto — mais discreta do que quando surpreendeu as Irmãs no corredor — e foi para o seu próprio, fazendo as mesmas orações que as freiras faziam. E depois de longos minutos, todas as Irmãs deitaram-se, pegando no sono rapidamente, pois sabiam que, em breve, o sineiro anunciaria meia-noite, que era quando a rotina delas dava-se início, com a missa das Matinas. Uma delas, porém demorou mais para pegar no sono, graças a ansiedade com sua nova função na Catedral. A freira segurava o terço, enquanto olhava pela janela, vendo pequenas luzes da rua, fora o céu estrelado. "Sentirei falta de passear noite afora..." Pensou brevemente, antes de apertar mais o terço em sua mão e dormir profundamente; por algumas horas.


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Notas finais do capítulo

E aí? Começou um tanto confuso, não foi? Mas esse era só pra apresentar os personagens e tals... Mas já vai dizendo se ficou legal pra um primeiro cap.



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