Encontros, Acasos e Amores escrita por Bell Fraser, Sany, Gabriella Oliveira, Ester, Yasmin, Paty Everllark, IsabelaThorntonDarcyMellark, RêEvansDarcy, deboradb, Ellen Freitas, Cupcake de Brigadeiro, DiandrabyDi


Capítulo 6
Fobia do amor


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente, chegou o meu dia de contar uma história a vocês, e como é véspera do dia dos namorados, espero que esteja romântica o bastante.

Eu, (Ester) fui desafiada pela Yasmim a escrever uma história em que o Peeta é bombeiro e irá resgatar a Katniss de um incêndio. Foi realmente um desafio difícil de cumprir, tive que recorrer a ajuda, kkkkkk, enfim, a história ficou pronta e espero que gostem. Boa leitura!!!!!



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Olho para o espelho e tento respirar normalmente. Molho as mãos e os pulsos, as mãos tremem debaixo da água gelada. Queria jogar água no rosto, isso me acalmaria, também pode borrar minha maquiagem, não quero isso, quero estar perfeita, apesar de tudo. Quando saio do banheiro, tento anda firme, se em casa vou desabar, ninguém irá saber.

            A noite está quente, consigo sorri para todos tentando ser simpática, apesar de que o olhar de algumas pessoas me envergonha, decido ir embora. É claro que em casa, deixo tudo desabar, choro por um bom tempo, até decidir que não farei mais isso, tomo banho, troco de roupa e vou para sala assistir algo.

Sabe aquelas histórias em que dois melhores amigos se apaixonam e viram o casal do momento? Pois é, eu acreditei que essa era a minha história, Gale e eu somos amigos desde sempre, ele sabe tudo sobre mim, até a promessa que fiz a minha mãe, ele era o único homem que dizia entender meus posicionamentos, sei lá, nem dá para lembrar de minha infância sem ele, morávamos na mesma rua, estudávamos na mesma escola, fazíamos tudo juntos. Até o fim ensino médio, eu o tinha como meu amigo, depois, com as decepções amorosas que acumulei, comecei a alimentar outro tipo de sentimento por ele, me apaixonei, passei anos iludida, esperando que ele desse o grande passo, como isso não aconteceu,  cometi a burrice de lhe contar meus sentimentos, para mim, tudo seria como nas histórias, uma grande paixão surgiria, nos casaríamos e pronto.

Nossos familiares e amigos comemoram, começamos a namorar e logo vieram as cobranças pelo casamento, afinal, nos conhecíamos desde sempre, fazíamos de tudo juntos, para todos o próximo passo era o óbvio casamento. Já que com minha promessa, nosso relacionamento não evoluiria muito.  Só que descobri que meu amigo, como namorado é horrível, ele nem conseguia esconder a atração por outras mulheres, tudo bem, sempre o ajudei quando queria ficar com alguém, mas a situação era diferente, agora tinha um compromisso comigo, o fato é que ele continuou igual. Quando éramos amigos, ele colocava a culpa de suas escapadas nas mulheres, quantas vezes o apoiei? Ele se dizia vítima e eu acreditava que se estivesse comigo, só iria querer a mim e a mais ninguém.

Não foi isso que aconteceu, saíamos juntos e ele tinha o mesmo olhar predador de quando éramos só amigos, sempre à caça de outra companhia. Para mim o estopim foi vê-lo guardando no bolso o telefone de uma garota que vi secando em uma festa, ele nem disfarçou o que estava fazendo, evitei comentar, decidi sair de perto para respirar, aleguei que precisava ir ao banheiro, quando voltei, o vi cochichando no ouvido dela e guardando o papel com seu telefone no bolso, ele estava comprometido comigo e só esperou que eu não estivesse por perto para abordá-la? Foi aí que entendi que não daria certo, que eu estava me iludindo, Gale, o grande amor da minha vida, o cara que eu passei parte da vida apaixonada, não é metade do que eu idealizei. Oriento minhas pacientes a observarem os sinais de que uma relação não dará certo, a estarem atentas a eles e eu os estava ignorando, não poderia mais fazer isso.

 — Eu vi a luz acesa e fiquei preocupada, achei que fosse dormir com Gale depois do noivado... Era a promessa, não? Se ficasse noiva, estaria liberada... — Annie comenta assim que abre a porta do apartamento, moramos de frente uma para outra e somos amigas inseparáveis há um bom tempo.  Ela tem a chave daqui, assim como tenho a chave do dela.

— Não houve noivado. — Informo caminhando até a cozinha, ela vem atrás de mim e sei que teremos um tempo para conversar.

— Vocês não noivaram? Mas o jantar não era para isso? O que aconteceu? Você está péssima. — Só agora parece me observar, sei que é verdade, passei as últimas horas chorando, não deu para apagar isso com um banho. Com um suspiro, levo um pouco de água até a boca e tento falar.

— Eu desisti, simples assim, quando ele fez a proposta, disse não em alto e bom tom, o constrangimento foi geral, acho que ele nem vai mais falar comigo... — Annie se aproxima de mim e me  abraça, já sabia que era uma possibilidade, contei a ela o que aconteceu na festa e minhas impressões a respeito do relacionamento, já esperava o fim, eu não, me apeguei a um fio de esperança de que mudaria de ideia, que conseguiria passar por cima de seu comportamento, quando ele se ajoelhou e me fez a proposta, ela pareceu tão falsa quanto o amor que ele finge ter por mim. A resposta foi imediata. — Eu percebi que só a fez para ter a oportunidade de me levar para a cama, Annie, ele queria se aproveitar... como todos os outros. — Dói pensar isso, mas não encontro outra explicação. 

— Eu sinto muito, amiga, como você está com tudo isso? — Durante o trajeto até em casa, me fiz a mesma pergunta e não sei a resposta. Como será  minha vida sem o Gale? Vou deixar de pensar nele e querer vê-lo? Não sei, só sei que foi o melhor, para mim, para ele, disso tenho convicção.

Abro uma garrafa de vinho, por saber que é disso que estou precisando e sirvo duas taças, depois vamos juntas para o sofá.

— Eu não quero me casar com ele, Annie, ele é meu sonho de consumo, mas não me ama, não como eu quero ser amada, não basta nos darmos bem, sei que ele gosta de mim, mas eu quero amor, isso ele não me dará.

— E ele, como lidou com essa mudança nos planos? — Suspiro lembrando do Gale.

— Acho que ficou chateado, talvez nem volte a falar comigo, não importa, seja lá quais eram os sentimentos dele, um dia chegará à mesma conclusão que eu, não daria certo, então, não vou pensar mais nisso e vou dormir.

Os dias se seguem lentos, Gale não volta a me procurar, deve estar ofendido, também não quero vê-lo tão cedo, embora tenha consciência de que fiz o melhor, começo a me sentir sozinha e triste demais, parece que meu sonho acabou e não consigo construir nada em cima dele. Então, mergulhar de cabeça no trabalho, parece uma boa coisa, me envolvo nos projetos para montagem do meu escritório e só paro para atender ao telefone.

— Oi, Katniss, tenho uma novidade... — Annie fala animada assim que atendo. — Sabe aquele primo do Finn que chegou novo na cidade? — Ela me havia falado sobre ele, um cara que mudou há pouco e estava procurando um lugar para morar, Annie conseguiu isso para ele. — Então, ele terminou com a namorada e nós estávamos querendo promover um encontro entre vocês, ele é lindo e muito legal, por favor, diga que aceita...

— Annie, encontro arranjado? Eu estou tão mal assim? — Não acredito que veio propor algo assim.

— Katniss, sair com outras pessoas pode te animar, está muito para baixo, ele já concordou, é um cara bem comum, como você faz questão de que seja, mas é bonito, só depende de você, não vou passar nome, nem nada, você vai lá, ele vai estar lhe esperando no local marcado, vai saber quem é porque vai estar na mesa marcada, se não quiser se identificar, é só sair... — Concordo não muito feliz, faço isso só para que tenha a ilusão de que estou seguindo em frente. Ela se despede depois de passar os detalhes do encontro. Decido pensar sobre isso quando chegar o dia.

— Não quero fazer essas fotos — grito para a Johanna. — Eu sei que concordei, mas não é um bom momento...

— Isso é trabalho, Katniss, não dá para voltar atrás, tem um contrato assinado e multa por quebra, só respira fundo e faça. — Seus gritos são muito piores que os meus, como minha agente, ela é bem controladora, sei que tem razão, assinei um contrato para fazer algumas fotos de vestido de noiva, é para uma revista e já estava agendada há bastante tempo, na época ainda estava na ilusão de que me casaria, então recebi a notícia entusiasmada, achei que seria como uma prévia do casamento, só que  minha vida emocional anda bem complicada, não quero me ver no espelho com um vestido enorme e fingir que estou feliz, mas é um trabalho como qualquer outro, preciso fazê-lo.

Ser modelo nem sempre é só glamour, as vezes preciso me submeter a coisas que não quero, ultimamente, tenho me ressentido muito do meio em que trabalho, cresci em uma cidade do interior, meus pais eram bem tradicionais, até hoje meu pai é assim, minha mãe morreu quando eu tinha doze anos, antes de morrer, me fez prometer que não cederia a nenhum homem antes do noivado, foi a promessa que fiz para ela em seu leito de morte, nunca a quebrei, embora isso tem sido um suplício para mim.

 Na época da escola, essa história vazou, contei para uma amiga e depois ela espalhou pela escola, quando desfilei na fashion Week, uma revista pesquisou minhas raízes, entrevistou colegas de escola e pessoas de minha cidade, a promessa acabou virando pauta, lembro do tempo que isso ficou sendo noticiado na TV e a quantidade de homens que me faziam propostas quando ficavam sabendo, a primeira proposta que recebia era logo de casamento, nunca para namorar, os homens se aproximam de mim por saberem que sou virgem, e poder exibir que foi o primeiro, como se eu não fosse uma pessoa, com sentimentos, sonhos, como se eu fosse somente um troféu. Até hoje, a véspera de encerrar minha carreira, ainda me apontam nos lugares por essa característica, os repórteres sempre falam de mim como a imaculada, é humilhante.

Por isso acabei me apaixonando pelo Gale, ele era o único que se mostrava interessado em mim, no que penso, nos meus sentimentos, só que acabou me pedindo em casamento pelo mesmo motivo dos demais, sem me amar, só para poder se exibir, ele estava um pouco afastado do trabalho, pediu para voltar a andar comigo, para conseguir algum destaque, aceitei isso, por que o queria por perto e fiz mais, falei dos meus sentimentos e começamos a namorar, isso alavancou sua carreira, saímos em vários jornais e programas de TV, percebi que ele só me aceitou por conta disso, me usou para estar novamente em evidência, conseguiu vários contratos desde que ficamos juntos.

 Decidi que não vou mais me envolver com ninguém de minha profissão ou similares, Gale é ator, no fim está sempre nesse ciclo, disse a Annie que quero me apaixonar por um cara comum, um trabalhador que tenha os mesmos sonhos que eu, não quero viver essa vida exposta para sempre, quero me casar e cuidar dos meus filhos, talvez por isso ela esteja marcando encontros para mim, quer que eu encontre essa pessoa.

Por causa dos problemas relacionados à profissão, decidi fazer faculdade e mudar meu futuro, hoje ainda tenho alguns contratos assinado, mas logo estarei livre para fazer o que gosto. Confesso que consegui muito como modelo, só não o que eu mais queria, alguém para amar, confiar e viver a vida.

Sabendo que terei que fazer as fotos, vou para até a maquiadora e depois passo pelo cabeleireiro, é um bom tempo até que me trazem o vestido, ele é absurdamente deslumbrante, projetado por uma francesa que está tentando entrar no mercado de moda do país, tem uma saia enorme e pedras que lhe deixam lindo, visto o vestido e todo o aparato de noiva, véu, grinalda, tiara e espero.

Por saber que estou nervosa, minha agente me dá alguns minutos para relaxar sozinha, ela me leva até o estúdio acústico, único lugar vazio do prédio. O silêncio proporcionado pelo isolamento acústico é assustador e tranquilo, espero pacientemente, aqui não tem espelho, então ainda não sei como estou, o fotógrafo quis garantir que eu não me visse, ele quer registar o momento em que vou me ver no espelho pela primeira vez, espero não chorar... para garantir segredo, confiscaram meu celular, vi quando minha agente o guardou em minha bolsa no camarim.

O tempo passa e estranho a demora, quando já estou irritada, abro a porta do estúdio, a primeira coisa que percebo é o alarme de incêndio disparado, não dava para ouvi-lo dentro do estúdio por causa do isolamento acústico, não há ninguém nos corredores, ando por todos os lados à procura de qualquer pessoa. Decido ir para a saída de emergência, abro as portas e começo a descer, meu vestido atrapalha bastante, consigo retirar os sapatos e isso facilita minha corrida, percebo que a cada degrau que desço, a fumaça começa a me incomodar, até ficar muito densa, corro de volta, começo a subir para fugir da fumaça, o incêndio deve ter começado nos andares de baixo, subo as escadas tentando o telhado, de lá, posso pedir ajuda, mas a última porta está lacrada, tento com todas as forças a abrir, nada acontece.

Desço um andar e tento as janelas, estou no décimo andar, todas as janelas são lacradas. Lembro do meu celular, corro até o camarim onde deixei minhas coisas, ligo para os bombeiros pedindo ajuda e relatando que estou presa no andar, eles prometem me ajudar e recomendam que eu fique parada para me localizarem com segurança.

Tranco a porta, como se ela fosse me proteger do incêndio e espero, a fumaça invade o espaço e começo a me desesperar, uma sensação enorme de pânico me envolve, de repente tenho certeza de que vou morrer aqui, que esse é o último dia da minha vida, penso em minha mãe e minha família, meus amigos, penso em todos com carinho.

Levo um susto quando a janela é quebrada atrás de mim, viro e vejo a visão mais linda da minha vida: pendurado em uma corda, está um bombeiro. Minhas lágrimas escorrem por todo o rosto.

   — Você é Katniss? — pergunta terminando de quebrar o vidro, balanço a cabeça concordando. — Sou sua carona para sair do prédio, meu nome é Peeta, você está bem?

— Sim, como vamos sair? — Ele está pendurado em uma corda, não acredito que queira que eu faça igual.

— Vai ter que confiar em mim, Katniss e vou precisar que tire esse vestido... — Olho para o meu vestido por um segundo, porém, chamas começam a subir pela porta. — Esquece o que eu disse, vem agora! — Ele grita para mim e me preparo para sair pela janela, o vestido é claro, me atrapalha muito, Peeta me segura pela cintura e me ajuda, me agarro a ele, a corda balança muito e sinto medo.

— O que acontece agora? — pergunto com os olhos fechados, estamos no lado de fora do prédio, só que embaixo, há um anexo que impede que o caminhão com a escada se aproxime.

— Nós vamos descer até o telhado do anexo, do outro lado do prédio, há uma cama elástica nos esperando. — Olho para o anexo enquanto ele me amarra em algumas cordas, continuo agarrada a ele, apesar disso.

— O prédio está pegando fogo! — grito para ele, o vento forte balança muito a corda e meu pânico retorna.

— Essa é a parte difícil — diz simplesmente e solta a corda para que possamos descer. — Porque não saiu do prédio quando o alarme disparou? — pergunta enquanto grito por causa da descida.

— Eu estava no estúdio, não dava para ouvir nada do que acontecia do lado de fora, me esqueceram lá... — fico ressentida por isso, Johanna me abandonou? Ele pisa no telhado e me libera da corda que me amarrou.

— Vamos nos manter na parte mais firme do telhado, ele pode está muito comprometido, ande com cuidado, tudo bem? — Ele vai na frente e o sigo, a fumaça impede a visão, sei que o prédio também está em chamas, Peeta me fala que ele pegou fogo primeiro e atingiu o prédio vizinho em que eu estava. Corremos por sobre o telhado, eu acabo pisando em um lugar não muito firme e a telha cede aos meus pés, penso que vou cair lá embaixo, onde as chamas são gigantescas, mas ele me segura pela mão.

— Por favor, não me deixe cair... — imploro segurando sua mão.

— Não vou deixar, confie em mim. — Ele fica me segurando e tentando me puxar para cima, onde está parece que também vai ceder, cada movimento seu deixa o telhado mais instável, por isso faz os movimentos com muito cuidado. O fogo começa a incomodar meu pé, o calor é insuportável, além da fumaça que arde em meu peito. Sei que ele está fazendo um esforço sobre humano para me segurar, pode parecer fácil nos filmes, mas a realidade é que ele não vai conseguir manter isso por muito tempo, vejo o suor escorrendo pelo seu rosto por causa do esforço.

— Ah! Meu Deus, eu vou morrer aqui — digo olhando para baixo e vendo que só há fogo. — Que droga de vida foi essa! Eu vou morrer virgem...

— Katniss, olhe para mim, você não vai morrer... nós vamos sair daqui — balanço a cabeça negando, sei que é inútil, não faz sentido ficar tentando, se me deixar, pode se salvar.

— Vá embora, Peeta, pode se salvar... — Solto sua mão por que não quero sacrificá-lo comigo, mas ele não me solta.

— Eu não vou soltar você, vamos sair juntos, não desista, ainda vai se casar e deixar de ser virgem... — Com um puxão ele me põe para cima, consegue subir metade do meu corpo, depois me puxa novamente me colocando de pé. Voltamos a correr e conseguimos chegar do outro lado do telhado. — Nós vamos precisar pular — diz indicando o que considero que seja um minúsculo pedaço de pano que os bombeiros seguram.

— Eu não vou pular nisso, está maluco? Nós vamos morrer... — Olho para o outro lado tentando achar uma saída.

— Katniss, confie em mim... — pede me fazendo olhar para ele, tudo se passa em questão de segundos, pois ao se aproximar para pedir que eu confie nele, simplesmente me joga prédio abaixo, nem tenho tempo de gritar, caio de costa e fecho os olhos esperando o fim, porém meu corpo bate em algo macio que me joga para cima novamente, quando paro de pular, vários bombeiros me ajudam a descer, estou tonta e nauseada. Logo uma máscara de oxigênio é presa em meu rosto, vejo quando Peeta pula, ele desce da cama com um sorriso enorme, os seus companheiros o congratulam pelo salvamento, eu só quero acertar seu rosto pelo susto que me deu.

— Você, você... — vocifero ainda com a máscara. Ele se aproxima sorrindo. Já eu avanço e soco seu peito, irada

— Pode agradecer depois... — diz convencido, quero gritar e reclamar por ter me jogado, mas a máscara não permite, quando canso de lhe bater, sem nenhuma ação efetiva, já que seu peito parece de aço, penso que só posso fazer isso por que ele me jogou e agora estou à salvo, a certeza disso me atinge e começo a chorar, me agarro a ele chorando. — Obrigada! — É tudo que consigo dizer.

— É o meu trabalho — diz e se afasta de mim. Sou levada ao hospital e passo por uma bateria de exames, é claro que uma noiva no pronto socorro não é algo fácil de ignorar, logo uma dúzia de flashes me atingem, Johanna finalmente aparece e me tira de lá, disse que teve que sair do prédio para buscar algo no carro e que depois os bombeiros não permitiram sua volta, mas que estavam me procurando quando liguei, que o Peeta já tinha subido para tentar me achar e que por causa do fogo, teve que ir pelo telhado.   

Os dias se passam e dou várias entrevistas sobre o incêndio, descubro que há várias fotos minhas com o vestido de noiva, isso é claro, acaba em várias perguntas sobre casamento que não respondo. Gale apareceu depois que soube do incêndio, nós conversamos e decidimos voltar a sermos amigos, tento me acostumar com isso. Meu pai também veio para a cidade, ele mora na fazenda, mas mantém uma casa aqui, para conviver comigo sempre que pode, ele faz questão de fazer um jantar para agradecer ao bombeiro que me salvou, insiste nisso e diz que ligará para ele.

Annie me lembra do meu encontro às escuras, não quero ir, ela insiste muito, no fim, acabo concordando. Não me arrumo muito, prendo os cabelos com um rabo de cavalo, um pouco de maquiagem. Opto por uma calça jeans e blusa colorida. Na mesa marcada há um homem loiro, ele é mesmo muito bonito, sorri quando me aproximo, sua primeira fala me desmonta:

— Oi, você é aquela modelo virgem? — Não respondo e continuo minha caminhada, ele fica em pé com a mão estendida, finjo que estava olhando para além dele e continuo meu caminho, há uma só pessoa em minha frente, por sorte, reconheço quem é, sentado de frente para o bar está Peeta.

— Oi — digo sem graça, ele me olha e parece não me reconhecer, percebo quando isso acontece, ele sorri e balança a cabeça.

— Ainda querendo me matar, noivinha? — Sento ao seu lado.

— Não, já aceitei que salvou minha vida e até já agradeci. — Ele continua sorrindo. — Na verdade, estou usando seus serviços novamente...

— Meus serviços? — pergunta arqueando a sobrancelha.

— É...tinha um encontro as escuras, coisa de uma amiga maluca, acontece que o cara é um idiota, então, fingi que vim me encontrar com você. — Indico o primo do Finn que continua olhando atento para a porta.  — Teoricamente, está me salvando de novo.

— Disponha... — diz levantando o copo, bebe um pouco e depois questiona: — Achei que estivesse noiva?   

— Não, era um ensaio fotográfico, foi um sucesso, meu fotógrafo pegou o momento que me jogou lá de cima, ficou incrível — falo irônica, pelo menos não terei que me vestir de noiva novamente, odiei a foto, mas como toda a situação chamou a atenção da mídia, a revista decidiu usar as fotos do incêndio na divulgação, o vestido apareceu sujo e com manchas escuras, meus cabelos estavam bagunçados, o rosto marcado pelas lágrimas e fumaça, mesmo assim, consideraram as fotos boas, não vou discutir. — Você apareceu em uma das fotos, ele fotografou o momento em que lhe esmurrei, só não usaram a foto na revista por que não conseguiram sua autorização para imagens, parece que não assinou o contrato de divulgação...

— Nem sabia que tinha um... — diz me olhando.

— Eles devem ter tentado fazer você assinar algo e não o fez, em geral, é assim que agem, só depois a pessoa fica sabendo que cedeu os direitos de imagem. Mas a foto ficou boa, a tenho comigo.

            — Guardou minha foto? — pergunta convencido.

            — Na verdade, a emoldurei, achei que seria uma boa história para os meus netos, naquele dia, Peeta, eu estava nervosa demais para perceber o que fez, mas salvou minha vida, vou lembrar disso enquanto viver. — Levanto, beijo seu rosto e tento sair, ele segura minha mão impedindo isso.

            — Quer comer alguma coisa? — Abro um sorriso concordando, sentamos em uma mesa e conversamos por um bom tempo. É tranquilo conversar com ele, percebi que é inteligente, tem um monte de casos de salvamento para contar, confessa que eu fui a primeira a lhe bater depois de um salvamento, disse que em geral, as mulheres tentam agarrá-lo e não agredir. Quando o chamei de convencido, disse que era realista, não convencido.

            — Confesso que foi a visão mais linda do mundo quando você apareceu naquela janela... — Ele gargalha com isso.

            — A última pessoa que me disse isso era um cara de 1,90 e uns duzentos quilos, ele ficou entalado em uma janela ao querer fazer uma surpresa para a namorada, ficou quatro horas preso e gritando por socorro, um vizinho o ouviu e nos chamou, quando eu cheguei, ele chorou dizendo que eu era a visão mais bonita da vida dele, foi estranho... — conclui olhando para mim. — Vindo de você soa melhor. — É minha vez de rir, paro um pouco e olho ao redor.

            — Acha que deveria ir lá dizer para ele que eu era sua acompanhante? — pergunto ao Peeta indicando o primo do Finn, ele ainda está lá, conferindo o relógio a cada segundo. Está de costas para nós, mas eu consigo visualizá-lo bem de onde estou.

            — O que ele fez que te irritou tanto? — Não quero responder a isso, dou uma desculpa.  

            — É uma coisa que ele falou, não gosto quando as pessoas falam sobre isso, acho grosseiro, irritante e um monte de outras coisas...

            — Nossa! Ele levou quanto tempo para te ofender assim? Cinco segundos? — sorrio concordando, nunca dei realmente uma chance ao cara, abaixo a cabeça envergonhada. — Eu vou falar com ele. — Peeta diz e se levanta, vai até o rapaz e conversa com ele alguns instantes, depois volta.

            — O que disse a ele? — Vejo quando o primo do Finn pede ao garçom para encerrar a conta e depois vai embora.

            — Disse que sua acompanhante desistiu do encontro e que lamentava isso, ele quis saber se era você... disse que não, que era uma mulher que me pediu para avisá-lo e foi embora.

            — Boa saída — digo agradecendo.

            — Por que encontro às escuras? — balanço a cabeça me negando a explicar, não quero falar sobre isso. — Não precisa falar se não quiser, só não acho que combina com você.

— Por que não combina comigo?

— Por favor, é bonita demais para precisar desse tipo de ajuda... — Esse tipo de elogio sempre me incomoda, não que eu seja hipócrita, meu rosto e corpo são objetos do meu trabalho, cuido dos dois para estar bem, mas quero que as pessoas vejam além disso, até poucos instantes ele parecia ver isso, agora já não sei mais. — Por que ouvir isso te incomoda?

— Não me incomoda, só não é o que me resume, não sou uma embalagem decorada.  — Acabo falando isso de forma rude, não é intencional, desde que comecei atender pessoas com problemas de autoestima no estágio de psicologia, repensei muito meus conceitos,  a sociedade tabula o que é bonito e feio, estipula um padrão, quem não se encaixa sofre, é como se as pessoas fossem coisas. Ele fica em silêncio por um tempo, depois diz:

— Não disse isso, então, Katniss, o que vai fazer agora que quer deixar de ser modelo?

— Como sabe que quero deixar de ser modelo? — Estou ansiosa por esse momento, meus contratos estão acabando e proibi Johanna de procurar outros, quero me dedicar de corpo e alma ao meu escritório, só não divulguei isso, espero sair de cena na surdina, sem nenhum alarde.

— Você não gosta que te elogiem, não gostou das fotos que foram publicadas, gerando uma publicidade incrível, quer deixar de ser modelo. — Afirma me encarando e não posso deixar de concordar com ele.

— Sou psicóloga, estou montando um escritório no centro, em breve vou poder me dedicar só a isso. Tenho especialização em terapia familiar, então, esse é meu foco de trabalho.

— Família? — Sua pergunta gera um incômodo em mim, tenho que admitir que como homem, ele foi um dos únicos a manter minha atenção por mais de uma hora, estamos conversando há um bom tempo, hora nenhuma ficou focado em minha aparência e sim em minhas ideias, então, tenho curiosidade em saber o que pensa sobre minha atual obsessão.

— Não acredita em família? — O garçom se aproxima com a conta, pego minha bolsa, mas ele faz questão de pagar, reclamo disso, não aceita, quando estamos saindo do restaurante, ele resolve responder minha pergunta.

— Tenho seis irmãos que vivem no meu pé, não acreditar em família seria esquizofrenia, falando nisso, é seu pai que anda me ligando querendo marcar um jantar de agradecimento? — Não pensei que meu pai conseguiria o telefone dele, por isso, fico sem graça e  balanço a cabeça concordando. — Que tal esse ser o nosso próximo encontro?

— Próximo encontro? — pergunto sorrindo. Já cheguei perto do meu carro e sei que agora iremos nos despedir, perceber que ele não quer que essa seja a última vez que nos vemos, me deixa feliz.

— Esse não foi tradicional, mas acabou sendo um encontro, jantamos e conversamos por algumas horas, então, concorda? Podemos nos encontrar novamente no jantar na casa do seu pai?

— Tudo bem, nos vemos lá. — Para combinarmos tudo, trocamos rapidamente os números dos nossos telefones, depois beijo seu rosto para me despedir, se aproveita de minha aproximação e beija em minha boca, não é um beijo intenso, mas longo e doce.

— Boa noite, Katniss — diz assim que me solta, entro no carro e encontro dificuldades em dar partida, só com um beijo ele me deixou completamente ofegante e desnorteada.

O jantar na casa do meu pai foi bem tranquilo, Peeta me ligou pedindo para me levar até lá, concordei com isso. Quando vai me buscar, me recebe com um beijo um pouco mais intenso que o anterior, dessa vez ele me abraça e o beijo é bem quente, não havia percebido que beijava tão bem, fico novamente desnorteada, por isso, quando ele termina o beijo, abaixo a cabeça e entro no carro. Constrangido por meu gesto, ele tenta conversar.

— Se não fosse tão avessa a elogios, diria que está muito bonita essa noite. — Em nosso primeiro encontro, estava bem simples, hoje caprichei um pouco mais.

— Não sou avessa... — Retruco incomodada que tenha chegado a essa conclusão. Ele olha para mim sorrindo, é um lindo sorriso, parece tão puro. Em nossas conversas tenho conhecido um pouco mais sobre ele, é o filho mais velho, acompanha os irmãos e os sobrinhos em tudo, me falou de uma sobrinha sua que nasceu por esses dias, até me enviou uma foto com ela, parece muito apegado à família, foi bom perceber isso nele.  

— Está linda essa noite! — Afirma olhando bem para mim.

Meu pai faz um drama ao recebe-lo em sua casa, faz questão de agradecer várias vezes e acaba constrangendo nós dois, no fim, é um bom momento. Descobri que ele conversa bem em público, além de conseguir prender a atenção de todos à mesa com seus casos de salvamentos e situações inusitadas que diz enfrentar de vez em quando. Meu pai casou novamente após a morte de minha mãe, minha madrasta tem três filhos, que já se casaram e comparecem ao jantar com seus respectivos cônjuges, então, a mesa está cheia, fico envergonhada da situação, mas Peeta não, conversa bem e atrai a atenção das pessoas, apesar de não conhecer quase nada sobre ele, penso que é uma boa pessoa.

— Conheci sua família, agora precisa conhecer a minha. — Peeta afirma quando vou me despedir dele em frente ao meu prédio, ele abriu a porta para mim e me ajudou a sair. Temos nos entendido bem, quer dizer, por telefone, ele me ligou todos os dias e conversamos bastante, só não sei se quero prosseguir com isso. Fico em silêncio por um tempo e ele chega a uma conclusão: — Você não quer... tudo bem, foi ótimo te conhecer, Katniss... tenha uma boa noite. — Não tenta me beijar, só entra no carro e vai embora.

Nos próximos dias, ele não me liga, e isso passa a me incomodar.

— O que você tem, ainda pensando no Gale? — Annie pergunta ao me ver largada no sofá. Ela entendeu o motivo para eu ter ignorado o primo do Finn e não fez nenhuma cobrança, acabou achando bom que eu tenha reencontrado o Peeta.

— Não, estou pensando no Peeta... — Ele tem estado em meu pensamento de forma recorrente e isso é estranho, já que nos vimos só algumas vezes, ainda sim, não consigo esquecê-lo.

— Por que não deu uma chance para ele, Katniss? — Quando contei o que aconteceu entre nós, ela se limitou a me ouvir, agora parece ter uma opinião a respeito.

— Ele queria que eu conhecesse a família dele, com dois encontros? Estava apressando as coisas...— Isso sempre me incomoda nos meus relacionamentos.

— Ou talvez só estivesse puxando assunto, você está muito na defensiva, Katniss, nem todo homem quer te usar como um objeto, eu sei que já encarou muita coisa, mas Peeta parece um cara legal, que te tratou com respeito, abriu mão dele por uma bobagem... — É sua conclusão final, tenho que concordar com ela, por isso decido agir.

Descubro o quartel em que ele trabalha e vou até lá, consigo encontra-lo enquanto dá instruções aos colegas, está com a farda e muito elegante, achei que ele era uma visão bonita só por que eu estava desesperada, não é verdade, ele é um homem lindo e a farda consegue dar ele um ar incrivelmente sexy. Espero que ele termine o trabalho, mas assim que me vê, passa a função para outra pessoa e vem em minha direção.

— Oi, não esperava ver você aqui... — diz me encarando.

— Preciso conversar com você... — Ele aponta uma direção para tomarmos, logo estamos distantes dos seus colegas de trabalho, como não diz uma palavra, sei que espera por mim. — Eu queria me desculpar pelo que aconteceu no nosso último encontro...

— Não precisa fazer isso, eu entendi, foi pretensão minha, Katniss, eu sou só um cara comum, sinto muito por ter constrangido você... devia saber qual era meu lugar. — Sua fala acaba comigo, eu, que fico ofendida quando me limitam a um corpo e rosto bonito e agora estou fazendo com que pense que é menos do que qualquer pessoa por ser quem é. Vou até ele e beijo sua boca, a princípio não corresponde, insisto até que faz isso, me abraça juntando nossos corpos por um tempo, depois cola nossas testas, está com os olhos bem fechados e respirando ofegante como eu.

— Isso foi uma despedida? — pergunta sem me soltar.

— Só se quiser que seja assim, já eu gostaria de companhia para o jantar de hoje. — Ele sorri e me beija novamente.

— Jantar está ótimo, estou liberado depois das oitos... — Nos beijamos novamente e planejamos o novo encontro. Se ele vai ser o cara certo para mim? não sei, só sei que estou disposta a descobrir.

Estamos nos beijando no sofá, depois de meses de namoro, os beijos andam intensos demais, Peeta é sempre carinhoso, conversamos muito sobre tudo em minha vida, aos poucos me fez perder o medo de amar, sei que está comigo por muito mais que minha aparência e rótulos, me sinto especial com ele, então, quando cola as nossas testas e diz as palavras que odeio, sinto uma angustia enorme.

— Preciso ir embora — afirma com os olhos ainda fechados. Há tempo que nossas despedidas têm sido dolorosas, queria que ficasse aqui, que durma e acorde comigo. Por causa da promessa que fiz a minha mãe, nunca fizemos isso.

— Não precisa não, pode ficar aqui, está chovendo muito lá fora — digo querendo beijá-lo novamente, ele evita isso, segura meu rosto nos mantendo afastados. — Fica comigo... — peço encostando a cabeça em seu peito.

— Meu bem, eu não sou de ferro, dormir com você está para além de minha resistência, não dá, preciso ir... ligo para você quando chegar em casa. — Ele me dá um selinho e tenta sair, fico entre ele e a porta.

— A gente devia ficar noivos — digo de uma vez, ele olha para mim e sorri. Não planejei esse momento, as palavras escaparam do meu controle.

— Está me pedindo em casamento, Everdeen?  — É claro que não queria recorrer a isso, mas parece que por tudo que sabe de mim, ele é sempre contido, provavelmente vai levar anos para me pedir em casamento.

— Se ficarmos noivos, vamos estar livres, não vai mais precisar ir embora com uma chuva assim e não precisamos nos casar agora... — é a pior desculpa do mundo, só não consigo formular nenhuma outra.

— Estou confuso, esse noivado seria para valer?

— Você nunca pensou nisso?

— É claro que sim, eu amo você, só acho que está emotiva agora, não devia tomar uma decisão importante de forma tão brusca. — Essa é uma de suas características que me confundem, ele é sempre meticuloso e ponderado em tudo, até aprecio isso no dia-a-dia, hoje não, queria que mergulhasse de cabeça comigo.

— Não tomei essa decisão de forma brusca, eu... — penso se devo confessar tudo que está dentro de mim, já que aparentemente ele não sente igual, levo alguns segundos decidindo se devo dizer ou não, as palavras meio que saíram de forma rápida, mas esse é um pensamento recorrente que tenho tido, olho para ele, nos últimos meses aprendi a apreciar sua companhia, seu sorriso, seus beijos, a forma como me trata, se fosse o contrário, se ele estivesse fazendo esse pedido, eu gostaria que dissesse tudo o que sente, puxo o ar e digo: — Todas as noites, quando vou me deitar, quero que esteja comigo, e quando acordo de manhã, viro meu rosto imaginando que verei você, eu sonho com isso todos os dias, odeio quando se despede de mim, sofro quando diz que precisa ir embora, tudo que quero é você aqui... — Ele se aproxima e cola nossas testas, fecha os olhos por um instante.

— Eu também me sinto assim... — Confessa baixinho. — Sinto sua falta todos os dias e é horrível me despedir, mas se vamos fazer isso, deixa eu fazer direito. — Ele se afasta e se ajoelha de frente para mim, abro um sorriso enorme e levo minhas mãos ao rosto.

— Katniss Everdeen, você é desconcertante, me surpreende todos os dias, eu devia ter preparado um discurso para esse momento, não fiz isso, então, vou dizer o que trago em meu coração, eu amo você, e serei o homem mais feliz do mundo se aceitar casar comigo. — Praticamente pulo em seus braços, retiro sua camisa enquanto ainda me beija, os dois ajoelhados no chão, paro só um segundo para dizer:

— Sim, eu quero me casar com você. — Olho para o teto e digo: — Mãezinha, cumpri minha promessa! — E sorrindo volto a beijá-lo, ele gargalha ao me ouvir, só não nos soltamos mais.

Pela manhã, sinto seus braços ao redor de mim, ele tem um sorriso enorme no rosto e imagino que o meu seja igual, decido que é assim que quero acordar todos os dias de minha vida, junto com ele. 


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Notas finais do capítulo

É isso aí, espero que tenham gostado, bom fim de semana e até o próximo. Bjs