Estávamos do lado de fora entre a minha casa e a casa dele.Foi impossível não lembrar do dia que que filmamos para o programa do Caesar neste mesmo local, para toda Panem ver a farsa dos amantes desafortunados.

O gelo escorregadio nos fez ir ao chão e no meio da farsa um beijo de amor que para mim foi real, mas para ele era parte de um show...um show da vida "real" onde ele estava tão perto e ao mesmo tempo tão longe de mim. Os olhos de Peeta naquele momento, enquanto me encaravam no chão gelado eram de dor,  de rancor, quase como se não acreditasse em tudo que estava acontecendo. Eles me faziam sentir  culpada de tudo que eu fazia. Inclusive dos beijos e sorrisos forçados. Nossa vida se transformava numa prisão sem muros, num entretenimento para a Capital.

Mas agora, no mesmo lugar...sem câmeras!  Sem farsas! 

Sinto que posso finalmente assumir o que eu sinto por ele sem medo, sem incertezas!Peeta me olha com ternura e não com rancor, ele se aproxima de mim devagar colocando uma mecha  de meus cabelos que insistiam em cair em minha testa, atras de minha orelha. Mordo os lábios sentindo meu corpo responder a cada simples toque dele.Seu rosto se inclinou a poucos centímetros do meu, sinto meu rosto esquentar e sei que estou vermelha. Seus lábios desenham um sorriso torto ao perceber o quanto estou nervosa. O mesmo sorriso de antes...do telessequestro. Em seguida ele pergunta:

— Isso já aconteceu antes? Real ou não real?

Respondo sem hesitar.

—Real...

—Agente caiu no gelo...real ou não real?

—Real...

— Você me beijou?

Meu coração quase sai pela boca, baixei a cabeça sem saber o que dizer. Ele tocou meu queixo suavemente erguendo-o. Seus olhos doces e ternos do garoto do pão estavam lá...diante de mim. O velho Peeta de antes parecia nunca ter ido embora. Com um olhar cauteloso ele perguntou quase encostando nossos lábios um no outro: 

—Posso retribuir o beijo?

Sem dizer nada eu apenas fechei os olhos aproximando nossos lábios num beijo Voraz.