Eu sou a Lenda escrita por Karina Ferreira


Capítulo 13
I-XII Hellren


Notas iniciais do capítulo

Glossário do antigo idioma nas notas finais



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— Eu não sei se essa é uma boa ideia – proclamou Jasper de cenho franzido e olhos assustados

— E por que não seria? – perguntou Bella de maneira casual – Ninguém jamais viu a princesa, muitos mal sabem de sua existência. Além do mais, Nalla é uma princeps*, tão instruída quanto eu, e muito mais qualificada ao titulo de princesa. O único defeito dela é ser vinculada a um escravo – debochou virando as costas e deixando que os demais a seguissem. Jasper olhou para a professora que andava encolhida e de cabeça baixa seguindo Isabella e em seguida para Edward que aparentava incômodo com a situação

— O que mil infernos significa isso? – esbravejou Zsadist parado ao pé da escada olhando Nalla descer usando as vestes e a coroa da princesa

— Significa que estamos indo para o luau das fadas – respondeu Bella com um sorriso pretencioso no rosto

— Ela não vai se passar por você! – gritou o macho encurtando a distância entre ele e a vampira odiosa a quem chamavam de princesa. Bella sorriu olhando o macho a poucos centímetros de distância nos olhos, em torno deles, todos os olhares eram de preocupação

— Devo reportar à seus superiores que está contrariando a vontade de sua princesa? A tratando como um igual?

— Zsadist por favor – suplicou Nalla aproximando-se do macho – Eu estou feliz em atender a minha princesa - o macho a olhou carrancudo

— Não posso permitir isso

— Você tem algum tipo de autoridade sobre ela? – perguntou Isabella sorrindo deliciada da preocupação do macho – por acaso é o hellren* dela? – Zsadist travou o maxilar olhando de maneira raivosa a vampira que sorria e Nalla abaixou a cabeça entristecida – Nesse caso, já podemos seguir – Sorriu divertida encaminhando-se para a porta de saída. Nalla deu uma última olhada em Z e então seguiu a princesa

...

— Já pensou em dizer como se sente para ele? – perguntou Emmett sentando-se ao lado de Angela na arquibancada da tenda de treinamento. A guardiã estava sentada admirando de maneira fixa seu ahstrux nohstrum* que treinava com um outro soldado

— Não faço ideia a que se refere – falou de maneira constrangida encolhendo-se com a face rubra

— Tenho certeza de que sabe sim – debochou – não há por que se envergonhar, é perfeitamente aceitável que se sinta dessa forma, nenhum dos dois tem compromisso com ninguém Ang – a vampira voltou a olhar o macho que volta ou outra olhava na direção do casal de amigos como se certificasse-se de que Emmett não colocava a vida da vampira em perigo

— Eu não tenho compromisso Emmett, ele tem, tem um compromisso com a memoria da shellan* dele, e eu não tenho o direito de pedir que abandone esse compromisso por mim, não quando eu já tirei tudo dele. – suspirou

— Você não tirou nada dele Ang, ele se ofertou. Por que se importa com você

— Ele não me conhecia, se ofertou por que achou que eu não conseguiria, viu no meu ritual um chrih* para ele, e agora está preso a mim para sempre, sou como um fardo para ele e sei disso. Ben é um macho de muito valor, tem cuidado de mim por todos esses anos e ainda assim, eu só consigo ter pensamentos egoístas quando a ele

— O que quer dizer?

— Alguma vez em sua vida já se perguntou sobre seu ritual fúnebre Emmett? – perguntou em um fio de voz olhando os próprios pés. Emmett a olhou confuso sem saber o por que da conversa estar tomando aquele rumo

— Eu acho que não – respondeu honestamente ainda transparecendo confusão. A vampira voltou a olhar para ele

— É claro que não pensou. E sabe por que nunca o fez? Sabes que quando chegar o momento, terão pessoas lá que se importam com você e que estarão verdadeiramente sentindo pela sua perda – voltou a olhar o macho – ele é tudo o que eu tenho, um macho preso ao luto eterno de sua shellan*, preso a mim por um juramento, e que no momento em que eu morrer, ele partirá comigo ao fade, ai eu te pergunto, quem sangrará por mim? – uma lágrima solitária escorreu pelo olho da vampira e Emmett engoliu em seco - não é realmente egoísta que dada a situação seja essa minha preocupação?

...

Em uma clareira, ao som suave de musica, fadas rodopiavam pelos ares exalando energias boas que contagiavam a todos presentes naquela noite. Nalla, sentada em um trono ao lado da rainha das fadas sorria olhando para o alto totalmente encantada com a dança inédita para ela

— Seu hellren* a ama – disse a rainha chamando a atenção da vampira. A fada de meia idade possuía traços e pele jovial, os cumpridos cabelos avermelhados desciam cacheados emoldurando o rosto delicado, as asas abertas combinavam perfeitamente com o vestido esverdeado que a fada usava. Na cabeça, a coroa de flores identificava a posição da fêmea

— Como? – perguntou confusa

— O escravo a quem é emparelhada – falou a fada apontando com o queixo Zsadist parado em um canto afastado dos tronos, o macho era o único imóvel no lugar – Ele não tira os olhos de você um segundo sequer

— Ele não é mais escravo – Respondeu sem pensar. Sabia que o correto seria dizer com delicadeza que a rainha estava equivocada, onde já se viu a princesa emparelhada a um escravo?

— Oh claro! – colocou de imediato a fada aparentando constrangimento – Não foi minha intenção ofende-la, as notícias correm e é claro que soubemos do generoso ato de seu rei em abolir a pratica de escravos de sangue – sorriu docemente segurando a mão da vampira – eu apenas quis dizer que notei o quanto seu hellren* a estima – Nalla voltou a olhar o macho que desviou o olhar quando a notou espiando e então suspirou com pesar

— É complicado – falou simplesmente

— Pela tristeza que vejo no olhar de ambos posso presumir que seja mesmo – a fada deu um novo sorriso cúmplice e então voltou a olhar a festa – Sua princesa sem dúvidas foi agraciada com a beleza dos deuses – Nalla acompanhou o olhar da fada vendo Isabella rodopiar em uma dança espontânea acompanhada dos demais recrutas, em seguida voltou-se para a rainha procurando pelas palavras certas – Ah não, não perca seu tempo, eu soube no momento em que chegaram, é você quem usa a coroa, mas é a ela quem seus soldados guardam, nós fadas somos muito observadoras – sorriu de maneira gentil

— Majestade, não sei quais seriam as palavras mais adequadas para justificar nosso erro, mas garanto que em momento algum a intenção foi ofende-la

— Não preocupe-se com isso, não estou ofendida. Conheço bem os desejos efêmeros dos jovens, estou certa de que a princesa apenas queria divertir-se essa noite, sem preocupar-se com as responsabilidades de sua posição e estou lisonjeada que tenha escolhido um evento de meu povo para adotar tal postura relaxada, isso significa que seu povo confia no meu – sorriu em conforto e Nalla relaxou em seu trono ainda sentindo-se constrangida

— Eu agradeço suas palavras majestade e espero que possa compreender o tamanho de meu desconforto com essa situação, mas sou leal a minha princesa e servi-la é um grande privilegio para mim – fez uma pequena reverencia com a cabeça

— Sua companhia tem sido maravilhosa, és uma fêmea muito bem instruída e creio que sua princesa não a teria incumbido de tal farsa se não confiasse em sua postura requintada para interpreta-la, e é confiando nessa confiança de sua princesa em você que preciso tratar de nossas alianças assumindo que transmitirá minhas palavras em sua rotalidade a sua princesa

— Certamente o farei – garantiu

— Solicitei a presença de sua princesa essa noite por saber que é ela quem está a frente das negociações de aliança de seu povo, e por saber da alta estima que os vampiros tem pelas fadas me sinto na obrigação de relatar nossa posição a vocês. Fui procurada pelos metamorfos dos elementais, lessers* eles se intitulam. Elementais estão buscando suas próprias alianças, criaram uma nova sub raça capaz de atravessar a barreira de suas guardiãs e pelo o que especulei não tardará para que eles próprios consigam atravessa-la também

— Em outros tempos até mesmo os deuses ficaram a favor dos vampiros – argumentou a vampira

— Em outros tempos os deuses se importavam com nossos problemas. Sejamos sinceras minha querida, quando foi a última vez que sua deusa esteve fora de seu santuário? – Nalla engoliu em seco – minha deusa não é diferente da sua, assim como todos os outros, eles viraram as costas para nós e nossas transgressões. Estamos por conta própria

— Está tentando dizer que irá se aliar aos elementais? – perguntou de pronto sem preocupar-se com normas de conduta

— Por enquanto não, estou declarando que por hora, meu povo se manterá neutro nessa guerra, mas devo assumir que os senhores dos elementos nos apresentaram um argumento muito bom para apoia-los, e ao menos que os donos do equilíbrio nos apresente algo ainda maior, quando chegar o momento, lutaremos ao lado dos elementais – Nalla abriu os olhos em assombro – Não é nada pessoal, espero que entenda, todos sabemos que dessa guerra entre elementais e vampiros, apenas uma raça sobreviverá, eu como rainha, tenho obrigação de colocar meu povo do lado correto

...

Bella dançava no centro da clareira totalmente contagiada pela influência das fadas que rodopiavam acima dela e era realmente uma sensação boa aquela que exalava por todo o campo. A vampira sorria extasiada por aquele momento de descontração

— Será que eu posso ter o prazer de dançar com a fêmea mais encantadora dessa festa? – Bella olhou o elfo que lhe estendia a mão sorrindo de maneira simpática. Não respondeu, apenas enlaçou a mão a dele e deixou-se ser guiada pelo macho – tenho estado de olho em você durante toda a noite – falou no ouvido dela – sei que a etiqueta pede que eu seja mais respeitoso com uma fêmea emparelhada mas a sua beleza me impede de pensar com cordialidade

— Eu não sou emparelhada! – falou de imediato olhado o elfo nos olhos e o macho sorriu

— Suas palavras muito me alegram, pois vou beija-la – avisou já aproximando-se dos lábios da vampira e a inclinando em seus braços

— Desculpe atrapalhar – ambos viraram-se para o humano de cabelos acobreados parado ao lado do casal olhando de maneira zangada para o elfo – Mas a princesa solicita nossa presença. Agora – deixou claro. O elfo olhou para a vampira ainda em seus braços e Isabella se amaldiçoou por sentir vontade de seguir o humano

— Desculpe, eu preciso ir com ele – falou já desvencilhando-se dos braços do macho que a soltou contra a vontade

— Claro – sorriu insatisfeito – Nos vemos depois?

— Eu acho que não! – respondeu Edward olhando o outro nos olhos enquanto colocava a mão nas costas da vampira a guiando para longe do macho

— Acho bom você ter uma ótima explicação para essa ceninha – falou Isabella fingindo insatisfação por ser afastada do elfo

— O seu hellren* mal vira as costas e você já atira-se nos braços de outro? – cobrou inconformado

— Eu não estava me atirando nos braços de ninguém Edward, estava somente sendo simpática com um possível aliado – respondeu se servindo da imensa mesa de alimentos e Edward revirou os olhos também já começando a se servir – Além do mais, Emmett não é o meu hellren* - Edward parou de se servir olhando a vampira se afastar sem saber por que estava satisfeito em escutar tais palavras

— Eu pensei que você e o vampiro de ego grande fossem emparelhados – falou sentando-se ao lado da vampira, depositando o próprio prato ao lado do dela no enorme tronco de árvore cortado para servir de mesa

— Você pensa muitas coisas erradas – falou Bella sorrindo para ele – Eu realmente adoraria saber como alguém tão grande quanto você consegue sobreviver comendo tão pouco – falou olhando o prato com ainda menos alimento do que o seu próprio e o humano deu de ombros sem nada a dizer

A vampira voltou a comer olhando a festa em torno de si, ao longe, podia ver o elfo com quem dançars de olho em cada movimento feito por ela. Escutou Edward bufar a seu lado e olhou para o humano que também encarava o elfo com ar de poucos amigos. O humano ainda olhando para o elfo passou um braço por cima dos ombros da vampira

— O que está fazendo? – perguntou Bella em um misto de curiosidade e diversão pela atitude do outro

— Mandando um recado – respondeu a olhando nos olhos enquanto passava a costa da mão de forma delicada pelo rosto da fêmea, da têmpora até o queixo, desviou os olhos para a boca dela e então puxou-a para um encostar de lábios rápido, seguido de outro e outro até que finalmente aprofundou o beijo como ambos desejavam.

Bella não sabia se era a magia das fadas que a estava influenciando, mas naquele momento, tudo o que ela queria era esquecer todas as lendas e as barreiras que a impedia de viver o que sentia pelo homem a beijando e fingir que existiam somente eles no mundo. Cedo demais Edward interrompeu o beijo mantendo o rosto ainda próximo, o humano fechou os olhos respirando fundo como se estivesse cansado – Alguma vez na vida você já sentiu como se estivesse lutando contra você mesma? – perguntou voltando a alisar o rosto da vampira – como se estivesse na beira de um precipício e soubesse que se jogar no abismo é errado, mas ainda assim, todas as células do seu corpo imploram para que se jogue? – Bella olhou o humano fixando o olhar na imensidão verde

— O tempo inteiro – respondeu com um suspiro

— E o que faz a respeito

— Eu não sei – respondeu com sinceridade – Eu estou cansada de lutar contra mim mesma - Edward respirou fundo mais uma vez aparentando estar no meio de uma guerra interior

— Vamos embora daqui? – pediu já se colocando de pé e puxando a mão da vampira para que ela também se levantasse, e a passos rápidos a levando em direção da floresta

— Edward o que está fazendo? – perguntou confusa enquanto seguia o humano

— Me jogando do precipício – respondeu

...

— Minha querida, eu lamento muito, mas terei que deixa-la por alguns instantes – falou a rainha já levantando-se de seu trono – sugiro que aproveite a festa um pouco – Nalla se colocou de pé fazendo uma breve reverencia a fada e então a fêmea saiu dali a deixando sozinha. Observou que as fadas seguiram sua rainha para dentro da floresta provavelmente para algum ritual ao qual não era permitido a participação dos demais

— O que ela usou para ameaçá-la? – virou-se para o vampiro de cicatriz na face que ela mal havia notado a aproximação – O que aquela princesa disse para te convencer a estar aqui se prestando a esse papel? – exigiu

— Ela é minha princesa e eu como súdita devo cumprir o que ela determina sem questionar ou precisar de uma ameaça para isso – Zsadist revirou os olhos

— Estou realmente escutando isso da vampira que mesmo indo contra todas as regras da glymera* foi até o rei interceder pelos escravos?

— Eu não fiz pelos escravos e você sabe disso – respondeu abaixando a cabeça. Zsadist encurtou a distância entre eles e ergueu delicadamente o queixo da vampira para que ela o olhasse

— Pela Virgem, não quero ofender a mãe da raça, mas você não merecia um escravo como hellren*

— Ainda que não fossemos emparelhados eu teria agido da mesma forma, você é um macho de grande valor

— Eu lamento não ser digno de você

— A única coisa a ser lamentada aqui é que eu não sou boa o suficiente para te fazer esquecer o passado, nossas classes sociais ou qualquer outra barreira que encontre para justificar o fato de não me amar

— Eu a amo! – falou rápido – Eu a amo muito, eu apenas não sou digno de... – antes que completasse a fala a vampira tomou os lábios do macho em um beijo

A princípio Zsadist resistiu, mas logo relaxou dando-se por vencido e deu passagem para a língua da fêmea a puxando para mais perto de si infiltrando a mão pelos cabelos dela. Dentro de si um turbilhão de sensações explodiam em forma de agradecimento. Quando o ar se fez necessário o casal se separou sem quebrar o contato visual

— Minha leelan* - falou de forma doce afagando o rosto da vampira que sorria com os olhos repletos de lágrimas de emoção. A vampira abriu a boca pronta para declarar-se ao macho, mas antes que algum som saísse de sua boca uma flecha entrou por sua nuca atravessando o crânio até que saísse pela testa

Zsadist sentiu seu coração parar de bater em um golpe violento e doloroso enquanto olhava a pequena gota de sangue escorrer em uma linha fina pela testa da vampira deixando um rastro vermelho pela pele clara enquanto a fêmea permanecia de olhos arregalados o fitando. Antes que conseguisse entender o que estava acontecendo uma segunda flecha atingiu a fêmea atravessando as costas e saindo pelo peito

Nalla caiu para a frente nos braços do vampiro que em desespero sentiu o exato momento em que a ligação existente entre eles o abandonou deixando um vazio fundo e agonizante no lugar. Ainda desacreditado daquela situação olhou da vampira para a clareira vendo como que em câmera lenta, lessers* invadirem o local atacando a todos que estavam ali

...

— Edward você quer me dizer o que está acontecendo? – Bella parou no lugar cruzando os braços na frente do peito – Onde está me levando? – Edward a olhou de maneira indecifrável

— Eu não sei! – gritou transtornado – Eu não sei! – puxou os cabelos para trás olhando o céu – Você meche comigo de uma maneira que eu não entendo, me faz ir contra os meus princípios e tudo o que acredito ser correto e eu simplesmente não consigo entender o que isso significa e muito menos sei o que estou fazendo agora. A única coisa que sei é que preciso te tirar daqui, o que vem depois ou pra onde vamos, eu ainda não sei!

— Tudo isso é por conta do elfo? Por que se for... – Bella se interrompeu escutando gritos ao longe e então olhou para trás – Isso é barulho de luta? – perguntou confusa

— Vamos sair daqui – sussurrou Edward a puxando delicadamente para trás e a compreensão chegou

— É uma armadilha! – acusou o empurrando para longe

— Bella por favor, vem comigo – a vampira pegou o arco nas costas já posicionando uma flecha enquanto o apontava para o humano que ergueu os braços em rendição. Ela ia mata-lo, ela precisava mata-lo e sabia disso mas então por que não conseguia soltar aquela maldita flecha? O peito da vampira subia e descia com violência conforme ela respirava em arcadas olhando fixamente para Edward rendido a sua frente, atrás de si o barulho de luta aumentou a lembrando que precisava soltar aquela flecha e voltar para ajudar os outros...

— Rosalie! – gritou arregalando os olhos ao lembrar-se da promessa que fez a Emmett. Virou em seus calcanhares e correu de volta a clareira

— Bella! – escutou Edward gritar atrás de si a fazendo correr ainda mais no desespero de estar longe dele

Assim que chegou ao local da festa viu todos do instituto em uma luta desigual com lessers* em que claramente eles estavam perdendo. Não foi difícil encontrar a loira em sua habitual túnica religiosa lutando desajeitadamente com um macho não muito maior do que ela

Bella atirou uma flecha no braço do macho no momento em que ele acertaria a espada no pescoço da loira o fazendo errar o golpe. Tanto o lesser* quanto a sacerdotisa a olharam surpresos

— Me da a espada! – gritou para a loira socando o rosto do macho que cambaleou para trás, a vampira pegou a espada e em um movimento rápido decapitou o macho que explodiu em uma fumaça escura que logo foi sugada para longe dali – Você esta ferida? – perguntou pra loira que tinha a expressão assustada

— Eu não preciso da sua ajuda! – esbravejou

— Tanto faz! Apenas fique viva – retrucou já preparando-se para a luta ao ver dois machos correrem na direção das duas. se colocou na frente da loira – tente atrasa-los com as flechas – chutou o arco para a outra – só procure não me acertar por engano – completou já começando a lutar com os dois machos

A luta não estava boa para a vampira, além do fato de estar em clara desvantagem e mais lessers* virem ataca-la desviando facilmente das flechas mal lançadas de Rosalie, ainda tinha o fato de estar enfraquecida pela falta de sangue em seu organismo

Viu um lesser* atacar Rosalie que caiu ao chão e então esquivando-se dos machos com quem lutava acertou o pescoço do infeliz antes que ele conseguisse alcançar a sacerdotisa. Quando ia voltar-se para seud próprios adversários Edward jogou-se a frente dela a defendendo de um golpe e a empurrou ao chão

A vampira caiu em cima de Rosalie, já ia levantar-se novamente quando viu Edward transformar a espada e agitar no ar. A longa espada brilhante exalou uma energia dourada alongada tal como um chicote gigante e decepou todos os lessers* ali de uma só vez. Lentamente o humano se virou para a vampira que tinha os olhos fixos nele

— Você está bem? – perguntou. Bella travou o maxilar e levantou-se avaliando os machucados superficiais da loira

— Maldita! – virou para a voz exaltada deparando-se com Zsadiat vindo furioso em sua direção. Sentiu a lâmina rasgar-lhe o abdômen em uma dor ardida que lhe tirou o folego. O macho a segurou pelo pescoço com o rosto a centímetros do dela a olhando fundo nos olhos

— Você a matou! – gritou ensandecido – A flecha era pra você! Você fez isso com ela

...

— Ela não está linda? – perguntou Angela empolgada ao lado de Emmett, o vampiro avaliou a noiva parada diante do sacerdote no salão da torre de verão trajando uma longa túnica de cetim vermelha presa por uma faixa dourada a cintura com bordados de pedras preciosas. Os cabelos loiros estavam soltos e a fêmea parecia radiante de felicidade

— Sim está – respondeu com sinceridade desejando que um dia pudessem ser ele e Rosalie oficializando uma união

— O guerreiro pode entrar – anunciou o sacerdote e todos os olhos se voltaram para a escada por onde Laurent desceu, o noivo utilizava uma túnica negra presa na cintura, assim como a noiva, com uma faixa dourada com pedras preciosas. As tranças do macho encontravam-se presas na parte da frente e soltas atrás e o enorme sorriso do macho destacava-se sobre a pele escura enquanto não desviava os olhos da loira o aguardando. Assim que chegou a fêmea, pegou as mãos da guardiã as beijando, Emmett tinha que admitir que não gostava do ahstrux nohstrum*, mas apreciava ver o quanto estava realizado com o momento

— Minha senhora – começou o sacerdote de forma respeitosa olhando para a guardiã, já que esta estava abaixo somente da própria Virgem Escriba – este macho pede que o aceite como seu Hellren*, aceitará como próprio se o for digno?

— Sim, eu aceitarei – respondeu Irina com a voz chorosa olhando diretamente para Laurent que em momento algum retirava o sorriso do rosto

— Guerreiro, esta fêmea o respeitará. Dará provas de seu valor por ela?

— Eu o farei! – era a primeira vez que Emmett escutava a voz do macho, a seu lado, Angela fungou enquanto secava lagrimas com um lenço e Emmett a puxou para seus braços a embalando

— Eu nunca vou ter uma cerimônia de união – choramingou e Emmett afagou os braços dela enquanto assistia ao sacerdote rogar a Virgem que abençoasse a união do jovem casal no antigo idioma

— Ajoelhe-se guerreiro – Instruiu o sacerdote e Irina ficou rígida. Mais uma vez, Laurent beijou as mãos da vampira e então desamarrou a faixa na cintura deixando que as costas ficassem despidas, jogando as tranças para a frente ajoelhou-se perante sua shellan* de cabeça baixa. Ben aproximou-se do casal segurando uma adaga negra

— Qual o nome de sua shellan* guerreiro?

— Chama-se Irina – respondeu de maneira firme e Irina fechou os olhos para não ver a cena a seguir, claramente lutando para manter-se imóvel no lugar e permitir que o macho a quem desposava lhe provasse seu valor. Com um som metálico, Ben desencapou a adaga e inclinou-se sobre as costas escuras do macho fincando a lâmina ali e a descendo pela pele, quando terminado, voltou a fila de ahstrux nohstrum*. Riley foi o próximo a aproximar-se com sua adaga negra em mãos

— Qual o nome de sua shellan* guerreiro?

— Chama-se Irina – Riley repetiu o ato com a adaga, marcando a pele do macho.

Um a um cada ahstrux nohstrum* teve sua vez, quando terminaram, o sacerdote pegou uma jarra de ouro com água e virou o líquido em uma travessa, também de ouro, repleta de sal. Em seguida, despejou a mistura sobre as costas feridas do macho. Emmett viu o vampiro fechar as mãos em punho e os músculos contraírem-se, mas em momento algum o macho emitiu som algum por sua agonia, enquanto suportava a dor os astrux nohstrum* grunhiram em aprovação. O sacerdote pegou uma faixa branca secando e limpando as feridas sobre a pele do macho e em seguida a colocou em uma caixa ornamentada com diamantes e a apresentou a Laurent

— Entregue isso a sua shellan* como símbolo de sua força, assim saberá que é digno dela e que seu corpo, seu coração e sua alma estão agora a suas ordens – ainda de cabeça abaixada o vampiro estendeu a caixa para a guardiã

— Me aceita como seu? – perguntou levantando a cabeça e a olhando em expectativa. Mesmo a distância, pode ver as mãos da vampira tremerem quando pegou o objeto que lhe era ofertado

— Sim aceito! – Laurent se colocou de pé tomando a fêmea em seus braços e o casal se beijou enquanto todos ali entoavam cânticos no antigo idioma, mesmo com a pele escura, pode ver nitidamente o nome de Irina entalhado pelas adagas nas costas do macho

Emmett cantava empolgado quando sentiu uma dor aguda lhe rasgar o abdômen, com um sonoro grito que chamou a atenção de todos levantou a camisa procurando pelo ferimento que pulsava doloroso prevendo ver uma enxurrada de sangue ali mas nada encontrou. Apertou a pele como se o ato fosse o suficiente para estancar a dor dilacerante que sentia

— Emmett o que foi? – perguntou Garret o olhando em desespero. Emmett olhou do abdômen dolorido para o amigo com olhos suplicantes por ajuda

— Tem alguma coisa errada com a Bella! – falou com voz aterrorizada

...

Bella ainda olhava os olhos de Zsadist quando o macho foi arrancado de perto dela, olhou para o próprio abdômen vendo o cabo da espada preso junto a pele o que significava que a lamina havia varado seu corpo. Levou as mãos trêmulas a ferida vendo o pouco sangue que ainda tinha escorrer por seus dedos e então olhou para Zsadist ajoelhado imóvel ao chão com Edward a sua frente pronto para cotar-lhe o pescoço

— Para! – gritou com a voz vacilante sentindo as lágrimas escorrerem por seus olhos cada vez mais turvos – Não o mate, é o que ele quer! O castigo para ele é conviver com a morte da shellan* que jamais se permitiu amar – dito isso a inconsciência a pegou

...

Emmett invadiu o instituto correndo na direção de onde podia sentir a essência do sangue de Bella, o desespero aumentando a medida em que se dava conta de que estava seguindo na direção da clinica médica


— Onde ela está? – gritou assim que adentrou o local. Rosalie imediatamente se colocou de pé olhando o vampiro de maneira indecifrável. Tomou nota de que a túnica branca da vampira estava coberta de sangue mas ela estava de pé o que significava que estava bem – Onde está Isabella? – esbravejou olhando o humano que permanecia sentado com ar melancólico como se não estivesse o escutando – Suas roupas estão sujas do sangue dela! Se você a machucou – partiu para cima do homem que finalmente o notou se colocando de pé pronto para lutar

— Emmett ele trouxe ela – interviu Rosalie se colocando a frente do macho – se sujou com o sangue dela enquanto a carregava.

Uma porta foi aberta e a doutora Mary passou por ela com ar preocupado. Os três correram para ela aguardando por notícias

— A ferida não é fatal, mas não está cicatrizando, ela precisa de sangue – informou a medica e imediatamente Edward invadiu a sala

— Onde pensa que vai? – gritou Emmett indo atrás do humano

— Vou alimenta-la – falou por sobre os ombros como se fosse algo óbvio.

Emmett prendeu a respiração quando viu a amiga deitada sobre a cama inconsciente coberta por um lençol. Voltou a si quando o humano voltou a entrar em seu campo de visão correndo para a vampira. Correu atrás dele o puxando de perto de Isabella

— Não seja idiota! Eu é quem vou alimenta-la – Edward rosnou o olhando em fúria – Você é humano Edward! Humano! – completou exaltado enquanto rasgava o próprio pulso já pegando cuidadosamente a cabeça da vampira para que não se engasgasse com o líquido.

Pode escutar Rosalie fungar atrás de si mas não virou-se para olhar a fêmea, sabia que estava sendo cruel com ela, mas se a encarasse seria ainda mais difícil para ambos. A vampira abandonou a sala e ele agradeceu mentalmente por isso.

Mesmo de olhos fechados Isabella começou a sugar o pulso do macho cada vez mais forte e isso o tranquilizou, respirou aliviado e acariciou os cabelos da amiga. Escutou Edward voltar a rosnar e o vampiro voltou a olhar o humano que estava de olhos escuros, cenho franzido e mãos fechadas em punho o que o fez bufar

— Seu sangue não é forte o bastante para ela, isso sem contar que você morreria se ela bebesse o tanto que precisa para ficar boa – explicou tentando manter a calma e o respeito que o outro merecia – Eu sei que você é o hellren* dela ta legal? Não estou querendo tirar sua posição ou te diminuir, mas você precisa entender, ainda que a Virgem o tenha escolhido como hellren* dela e que vocês oficializem a união, ela jamais poderá se alimentar de você, vai sempre precisar de um vampiro se não de mim que seja de outro e você terá que se acostumar com isso

— O que está dizendo? – perguntou o humano aparentando confusão e Emmett o olhou espantado dando-se conta de que talvez tivesse falado demais – que história é essa de hellren*?

— Emmett saia! – Bella pediu com a voz fraca e os olhos ainda fechados, o sangue que parara de sugar escorrendo dos lábios aos pescoço

— Leelan* me perdoe, eu pensei que...

— Emmett por favor, saia – pediu abrindo os olhos sofregamente. Emmett suspirou olhando a amiga em seguida o humano e então saiu do quarto

A mente de Edward dava voltas enquanto ele olhava a vampira sentar-se a cama com dificuldade e gemidos de dor. Aproximou-se dela que não desviou os olhos dos seus. Puxou o braço da fêmea que não demonstrou oposição ao ato dele e então arrancou o bracelete de couro com algum brasão com o qual não se importava e virou o pulso da vampira para cima

Engoliu em seco olhando da marca para o rosto da vampira que sustentava seu olhar. Retirou a luva que usava encostando o próprio pulso ao dela em busca de alguma diferença, qualquer uma, mas tinha que ter uma diferença

Desejo a morte daquele que possuí uma marca idêntica a minha

As palavras no antigo idioma proferidas pela voz feminina quase que infantil que sempre o assombrava lhe vieram fortes e vívidas a memória trazendo consigo lembranças que ele gostaria de apagar. Fechou forte os olhos permitindo que as lágrimas acumuladas ali escorressem e então os abriu olhando novamente a vampira que permanecia o olhando totalmente inexpressiva

— Você é ainda mais desprezível do que imaginei durante todos esses anos!

Continua...


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Notas finais do capítulo

Glossário do antigo idioma:

Princeps: O nível mais elevado da aristocracia estando abaixo somente das guardiãs, sacerdotisas e primeira família

Ahstrux nohstrum: guardião pessoal com proezas para matar

Shellan: companheira

Chrih: simbolo de morte honrosa

Lesser: sociedade redutora de vampiros

Hellren: companheiro

Leelan: muito amada

Oie voltei. O estranho no sótão está finalizada e agora vou me dedicar somente aqui.

O que acharam do cap? Foi muito difícil para mim escreve-lo já que vcs sabem que sou apaixonada por Zsadist, matar a companheira dele n foi fácil Kkk mas é uma guerra e as pessoas morrem em guerra não é mesmo? Rrsrs

Estamos na reta final da primeira fase. Então quarta tem o penúltimo cap e sábado ou domingo o último

Me deixem saber o q acharam!
Bjus Ká



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