Her Smile escrita por Isamu H Ikeda


Capítulo 1
O sorriso dela - Parte 01


Notas iniciais do capítulo

* Mereço pedradas? Mereço. Mereço tomates podres? Mereço... Mas fazer o que né? :/

* Para quem me acompanha, peço inúmeras... Infinitas desculpas. Eu não abandonei nenhuma fic... Eu só caí em um bloqueio muito, muito forte. Não estava conseguindo mais escrever absolutamente nada de nada. Não conseguia encontrar animo nem para fazer as coisas que eu gostava e as que eu tenho obrigação de fazer. Eu vou voltar... Só deixem eu melhorar. Não desistam de mim... /cry

* Ok, ok.. Vamos ao que interessa. É, estou postando fic de Yuri!!! On Ice. Admito que eu não esperava gostar tão rápido assim de um anime (apesar de eu ter ficado o ano inteiro na expectativa da estréia lol ) e eu amo o Yurio. Também amo a Mila. Eles são meus mais novos bebês.

* Espero que com isso eu volte a escrever... Quem sabe? Eu preciso me animar... :') Eu gosto muito daqui e de todos que comentam minhas fics, vocês não imaginam o quão gratificante é e o quanto me incentivam a continuar. Mas enfim...

* Deixo que vocês interpretem a relações dos dois como quiserem. Se é fraterna ou romântica, pois eu gosto de ambas.

* Boa leitura



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Tinha algo de errado naquele dia.

Ela estava lá, treinando. Tinha conseguido se classificar mais uma vez para seguir no Grand Prix de Patinação no gelo daquele ano, e agora sua próxima parada seria perto de casa. Em Moscou...

— Três... Quatro... - A jovem contava, um a um, quantos saltos seguidos conseguia dar. Estava se esforçando para, quem sabe, ficar em primeiro lugar no ranking feminino... Já que na última vez pegara a terceira colocação.

O problema era que talvez estivesse se esforçando demais, sequer havia dado uma pausa, nem de cinco minutos. Estava concentrada demais em cada movimento que executava.

Nem mesmo percebera que patinava para um único espectador.

Bem ali, do outro lado, ele a observava sentado. Sua expressão era a de sempre: Emburrada. Parecia que não queria estar ali, ou que estivesse se obrigando a ficar. Embora, no fundo, fosse diferente. Apenas não sabia direito o que fazer.

Não havia mais ninguém, o recinto estava totalmente vazio. Todos já haviam terminado os treinos e Yakov se retirado para seu escritório. Lilia também não estava mais. Nem mesmo Georgi, que era tão dedicado ao esporte.

Após mais alguns segundos, o loiro se levantou indo para o corredor atrás de si. Sem fazer muito barulho esfregou sua cabeça com as mãos de forma frenética, como se estivesse tentando pô-la no lugar. Claro que acabou por bagunçar seus cabelos e ficou igual a um gato de pêlo eriçado. Continuou a andar e mais adiante se deparou com uma daquelas máquinas de lanches. Inseriu o dinheiro, selecionando dois refrigerantes. Não teria troco.

— Ah, que patético…! - Resmungou. Ele não era bom em socializar. Não de um jeito convencional, mas queria tentar. Não custava nada. Afinal… Mila era sua amiga. Não era?

Uns dias atrás, Lilia fizera questão de que a ruiva começasse a ajudar nos treinos de Yuri. Obviamente que o garoto não havia gostado nenhum pouco dessa idéia. Dizia que não era necessário, que conseguiria sozinho. Mas a ex-bailarina tinha bons motivos para isso.

Babicheva era uma patinadora aplicada, bastante versátil e orgulhosa de suas habilidades tal qual o próprio Plisetsky era. Podia executar tanto coreografias dinâmicas e animadas, quanto algumas um pouco mais delicadas. Ela era dotada de uma força, julgada como descomunal por ele, mas sabia sim ser suave em seus gestos. Algo que o mais novo precisava aprender, já que sua professora ainda reclamava que ele continuava “duro” em determinadas posições.

Essas características contrastavam com a personalidade da garota. À primeira vista, nem dava para imaginar o quão grande podia ser o seu senso de humor. Seu charme era o sorriso, aquele de quem estava aprontando alguma coisa e não iria contar. Era brincalhona, extrovertida, às vezes barulhenta, fazia amigos com facilidade ao conversar. Em alguns momentos, acabava sendo um pouco bruta, mas ainda assim com certa feminilidade. Qualquer um perceberia isso se prestasse o mínimo de atenção nela...

E justamente por isso que era absolutamente anormal, para o rapaz que ela estivesse tão quieta ultimamente.

Após um longo e angustiado suspiro, Yuri retornava a passos de tartaruga. Refletindo. Ensaiando o que diria. Preocupava-se, apesar de ter disfarçado bem nos dias anteriores. Ele não era, de jeito algum, de deixar algumas emoções aparentes. Se fechava muito, nunca falava o que realmente se passava em sua cabeça para ninguém. Estava sempre guardando suas frustrações, formando constantemente uma grande bola de neve e que, sem querer, descontava a avalanche descontrolada em forma de gritos nos desavisados.

Ele agia, basicamente, igual a um gato de rua arisco. E não era todo mundo que se aproximava do rapaz. Yakov sabia lidar com ele, afinal o treinava desde novo. Lilia também, levando em consideração o quanto ela era rigorosa e não permitiria má educação. Viktor, aquele para quem infelizmente sua admiração perdera para o orgulho, jogou a promessa feita por ambos para bem longe e preferiu treinar um “porco” chamado Yuuri Katsuki, no Japão. Então o apoio dele Yuri não teria mais, assim ele pensava. Mesmo que tivesse sido Nikiforov a coreografar a sua apresentação Agape, que fora altamente aclamada. Yuuko, a japonesa amiga de seu rival, tornara-se bastante próxima depois da breve competição que tiveram em Hasetsu meses atrás, vez ou outra lhe enviava mensagens carregadas de preocupação e zelo, exatamente como uma mãe faria. Demorou, mas Yuri se acostumou com isso. Apesar de que no início, o garoto tinha total certeza de que ela era uma espiã que estava querendo informações. Que bobo, não? Tinha também seu avô, mas nem tudo ele podia compartilhar, por mais que quisesse ou tentasse. Parecia que seu avô não prestava realmente atenção nas coisas que dizia, sempre mantendo um olhar absorto durante as conversas, e outras não poderia falar pois só estaria o preocupando… E o velho já tinha bastante problema… Sendo um deles a própria mãe de Yuri. Georgi era um colega de time, sim... Mas às vezes não tinha muita paciência para lidar com ele.

Pensando nisso, Mila era a única ao seu redor que estava sempre disposta a ouvi-lo. Quando ele não dizia nada, ficava calado com a cara enfiada no celular, evitando contato, a moça compreendia o que estava acontecendo e ia até ele, com aquele jeito único de animá-lo. Mais do que isso, ela tentava com afinco fazê-lo participar das coisas e interagir com outras pessoas. Ganhava silvos e rosnados no lugar de agradecimentos, mas não se importava. Sabia que era a maneira dele de aceitar um ombro amigo. E como ela sabia? Yuri Plisetsky não deixava qualquer um simplesmente encostar nele. Mila o abraçava quando bem entendia e jamais havia sido empurrada ou ignorada. Ele podia reclamar, mas não fazia objeção alguma no final das contas. Somente tentava fugir das tentativas da moça de carregá-lo nos braços ou erguê-lo, como se ele fosse um filhote.

E Yuri tinha alguma noção disso? Tinha. Porém admitir era uma história totalmente diferente de perceber. Mas ele a ouvia, seguia suas instruções, seus conselhos… Valorizava a sua opinião e acima de tudo, confiava nela.

E sabia bem que ela confiava nele igualmente.

Ao deixar o corredor para trás, a procurou com os olhos e Mila continuava lá. Mas parada dessa vez. Pensou então em se sentar, deixar as latas de lado e assisti-la novamente. E foi o que acabou fazendo. No mesmo instante a moça retomara com sutileza os movimentos dos braços e das costas, tão elegantes quantos os de uma bailarina do Bolshoi. Ela então, virou-se para perpetrar a coreografia e continuou ainda não notando a presença quase ínfima do mais novo.

Quieto, Yuri pensou que seria uma oportunidade de observar melhor a técnica dela. Surpreendentemente, nunca tinha feito isso. Estava continuamente tão ocupado consigo mesmo… Em querer vencer… Ser melhor do que o Katsuki... Chamar a atenção de Viktor, que não via as apresentações de mais ninguém, a não ser que fossem as de um rival a ser superado.

— Ah… - Ele soltou com decepção. - Que idiota. - Dizia sobre si mesmo ao se dar conta de que ela, durante todos esses anos em que vinham treinando juntos, estava sempre lá na platéia e o parabenizava por todo o seu esforço para chegar mais e mais perto de alcançar seus objetivos como patinador.

Respirou fundo nada contente, focando o olhar na garota. O ponto forte dela era definitivamente a expressão. Ela sentia mesmo a música e a transmitia através do rosto. Era evidente em cada pirueta ou durante a execução da coreografia.

Ela sorria. Mas ainda assim, era um sorriso triste.

Após mais algumas tentativas de finalizar um triplo axel, que não foram bem como ela gostaria, Mila se deu por vencida e parou. Puxou a respiração para recobrar o fôlego e antes que pudesse se virar ouviu palmas e uma voz debochada.

— Até que você não é tão enferrujada assim, velha!— Dizia Yuri com a mesma cara zombeteira de todos os dias.

— Y-Yuri?! Estava aí todo este tempo?! - Por sua vez, Babicheva estava bastante surpresa por não tê-lo notado ali nem por um segundo. Tinha de estar muito preocupada com seu programa para não ter percebido. Mesmo assim, deslizou até o limite do rinque onde tinha o acesso que servia de entrada e saída do gelo, colocou a proteção nas lâminas dos patins e se aproximou dele.

— Toma. - O mais novo disse oferecendo uma das latas de soda, a que era de morango. Por alguma razão imaginou que ela gostasse de qualquer coisa que fosse derivada de frutas vermelhas. Um suposto palpite pela cor de seus cabelos?

— Yuri…? - Ela repetia com a voz bem baixinha. Seu semblante era um pouco indiferente, como se tentasse distinguir se ele estava lá de verdade ou se era uma ilusão causada pelo cansaço. 

— Sim, sou eu… Tsc, anda logo e pega. Ou você já está caducando? - Retrucou. Mas ela nem era tão velha assim, tinham apenas três anos de diferença.

— Ah…Desculpe, eu estava no mundo da lua! - Ela riu disfarçando e aceitando a soda, logo sentando-se ao lado dele no banco. - Não imaginava que você ainda estivesse aqui. Pensei que já tinha ido embora com a Srta. Baranovskaya para aquela mansão... - Disse se referindo a casa da professora, que não era exatamente uma mansão… Mas era uma  casa de rico, de qualquer forma.

— Não estava com vontade de voltar agora. - Respondeu abrindo a latinha, imediatamente dando um gole - … E você?

— Nada demais. Eu também não quis voltar agora. - Ela disse esfregando os polegares na lata, como se quisesse esquentá-la. Mas na verdade apenas hesitava em beber, não por não gostar da bebida, e sim por que estava distraída. Insistia em seus pensamentos que deveria ter conseguido completar o Triplo Axel.

— Ah! Porra, Mila! Você está estranha. - Largou de uma vez puxando a latinha da mão dela e abrindo. Voltou a oferecer para que ela tomasse pelo menos um mísero gole. Yuri definitivamente não sabia como puxar assunto. Não de uma forma… Comum.

Ele estava com o braço esquerdo mais ou menos estendido, esperando a ruiva pegar a lata, mas com uma cara tão… Contrariada, que a moça, calada e incrédula repentinamente começou a rir. Não iria deixar uma ocasião como essa passar batido de jeito nenhum.

— Mas o que é isso?! - Perguntou já com o tom de voz totalmente distinto de antes. - Yuri, por acaso você está preocupado comigo?

— ... N-não! - Ele entrava na defensiva rápido demais. - Só estou falando que vo…

— Meu Deus! Você está preocupado comigo, sim! -  A ruiva interrompeu o puxando para um daqueles abraços sufocantes. - Yuri! Que fofo, está preocupado comigo!

— Mila, me solta! Você está mudando de assunto!

A russa ainda ficou repetindo o nome dele algumas vezes, ignorando totalmente o menor. "Yuri! Yuri! Yuri!" Ela dizia à medida que ia apertando-o com os braços e inclusive, ele ainda segurava a bebida nas mãos, que respingava neles. Era um hábito fazer isso. De repentinamente jogar todo o seu peso em cima do loiro por inúmeros motivos. E ele não ousava revidar muito, já que poderia correr o risco de encostar acidentalmente onde não devia. Isso já aconteceu uma vez, inclusive. Yuri ficou uma semana sem conseguir olhar para Mila, muito envergonhado. Mas a garota apenas achava graça de tudo.

De súbito ela parou, porém, continuava abraçada ao menino.

— Eu só estava pensando…

— Pensando? No quê?

Bancar a forte era uma especialidade dela. Muitas vezes conseguindo esconder tudo muito bem com um sorriso meio parvo, mas bonito. Dificilmente notava-se tristeza em suas atitudes, apenas uma felicidade boba e contagiante. Entretanto, a exaustão em seu olhar a delatava. E estava cansada de quase tudo àquela altura…

— Em nada demais. Apenas lembrando em como eu sempre conseguia o primeiro lugar nas competições quando era mais nova e que agora mal consigo me manter em terceiro. Se minha antiga professora me visse hoje, com certeza me daria uma bela bronca.

Mila também era perfeccionista. Apesar do tempo ter tornado isso discreto. Antes de partir para patinação artística no gelo, frequentava uma companhia de dança bastante exigente. Era uma das preferidas, mas por motivos fortes… Parou de cursar. Ela também não falava muito sobre, fazia piadas somente.

Era sempre desconfortável falar sobre o passado.


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Notas finais do capítulo

* Um dia eu faço a parte 2 :")

* ERA PRA SER ONE-SHOT MAS.... NAAAH.



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