You are just so sweet, right? Wrong. escrita por Calis
O espelho refletiu a si mesma.
Ou o que restava de si, completou morbidamente – encolheu-se na cama, e pensou: “Porque aconteceu com ela? Porquê?”, e aquilo martelou em sua cabeça por algumas horas a fio, mas sabia.
Era uma boa garota, certo?
Era tudo culpa dela.
De Hannah Barker – e aquilo afetava a sua vida em tal ponto que Courtney Crimsen soltou uma lufada que prendeu em seus pulmões – “O que estava fazendo, Courtney?”, e suspirou para si mesma, e pensou em todos os problemas que arranjou com apenas um beijo.
Um maldito e fodido beijo com Hannah.
Crimson pensou a vida toda: “Seja uma boa garota, e terá um futuro brilhante”, um pensamento que toda a garota tem que até mesmo Hannah Barker deveria ter tido algum desses pensamentos – Crimsen refletiu aquilo que todos esperavam dela, e que aliás vinha desde seus amados pais até seus professores e amigos, e posteriormente dela mesmo.
O status que construirá ao longo dos anos, e aquilo a transformara naquele ser humano perfeito, como ela pensa de si mesma – e mais do que tudo, ela prezava a sua reputação – Courtney pensou em sua família, e relembrou alguns desprazeres de sua vida particular.
Crianças podiam ser cruéis, aquele pensamento trouxe lembranças desagradáveis da infância com algumas crianças que consideravam amiguinhos— Courtney franziu a testa ao relembrar cada fase daquela idade em que crueldade não existia em seu vocabulário até ouvir certo cochichos – e o preconceito que sofreu com a postura de algumas pessoas, e por vários outros motivos como status e sua imaculada reputação mantinha sua sexualidade oculta do mundo;
Afinal, ser gay de uma família homo afetiva sempre levava a ideia que casais homossexuais não podem criar crianças que elas serão homossexuais (e ideia totalmente errada).
E lembrou-se dos lábios de Hannah Barker contra os seus – e ela tivera a iniciativa de beijar a garota, afinal se sentia atraída por Hannah – e depois a maldita foto que Tyler tirou que quase arruinou a sua reputação perante a escola e todas as pessoas que conhecia.
Por esse motivo, dissera aquilo de Hannah – era apenas para se proteger.
Autopreservação, disse para si mesma depois do ocorrido.
Depois das fitas – e as verdades que Hannah Barker jogara indiretamente em sua cara por meio de sua voz que assombrou pelas semanas seguintes, e logo depois Clay levando até o cemitério para ver o tumulo sem lápide de Hannah – e aquilo foi estopim para Courtney e seu subconsciente que pareceu sucumbir em semanas depois da tragédia.
Angustia.
Foi o que Courtney Crimsen pensou ao ver o tumulo sem lapide de Hannah Barker – e sentir seu estomago afundar e o choro a desestabilizou como se fosse uma criança tola.
“Falsas esperanças”, repetiu mentalmente.
Quase contou ao seu pai – e agora, depois daquele interrogatório ao qual se sentiu humilhada ao ver a foto que o advogado dos Barker colocou a sua frente, e ao perceber o quão difíceis eram as mentiras – Courtney encolheu-se mais ainda na cama e pensou.
“Sou uma garota boa, não é?”
Mas, lá no fundo, ela sabia que não era uma boa garota.
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