A Matéria Perfeita escrita por RafaelaJ


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente! Aqui venho tentar a sorte com uma nova história haha. Esse projeto é totalmente meu e estou me empenhando muito nele. Apesar do tema ser um pouco Cliché eu estou me empenhando o máximo para fazer uma boa história. Espero que gostem!
Nos vemos lá em baixo!



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15 de novembro de 2016,

 

Na madrugada de hoje o célebre empresário Fernando Lacerda foi flagrado saindo de um clube noturno acompanhado de duas mulheres não identificadas. Na saida do estabelecimento o Fernando discutiucom um dos jornalistas presentes e o agrediu. As causas do ataque ainda são desconhecidas, entretanto, o jornalista - que prefere manter sua identidade em sigilo - prestou queixa por danosfisicos e morais. 

 

Para mais informações fique sempre ligado na Focos&Flashes.

 

As coisas podiam ser bem mais fáceis. Se ela tivesse feito psicologia como o pai queria, tudo poderia estar bem melhor. Mas não, Luiza tinha que teimar em seguir a carreira de jornalista. Esse era seu sonho, isso  era verdade.  Mas ela nunca imaginou que ser jornalista também incluisse ser babá em tempo integral. E, atualmente, isso parecia ser tudo o que ela fazia.

 

Sentada em um dos desconfortáveis bancos no corredor da delegacia, Luiza levantou seus olhos para a figura a sua frente. Fernando Lacerda, em um terno que deveria custar mais que o seu salário, a encarava com uma expressão desagradável. Ela sorriu para ele em resposta. Um sorriso de completo deboche. Afinal, era tudo culpa dele.

 

Se ele não tivesse saido ontem a noite - que, na verdade, era uma quinta feira -, se não tivesse tentando levar uma mulher para casa, se não tivesse sido rude com os jornalistas, e, principalmente, se não tivesse agredido um dos seus melhores amigo Luiza nunca estaria ali. A delegacia era o último lugar que ela pensaria em estar em uma bela tarde sexta feira.

 

Ela o encarou novamente enquant mexia no próprio cabelo. Fernando tinha os cabelos escuros e a pele levemente bronzeada - como se ele tivesse acabado de sair da praia. Seus olhos eram castanhos, o queixo reto e completamente liso. E, quando ele se levantou, Luiza pode ver toda a sua altura. Ele devia ser ao menos um palmo mais alto do que ela. Isso sem falar no modo como seu corpo preenchia o terno. Luiza desviou o olhar. Ela podia ver o porque de as mulheres se atrairem por ele. Isso era nítido. Para ela, no entanto, todas aquelas características caíam por terra quando comparadas ao quanto ele conseguia ser rude, mal-humorado e cafajeste. Ele podia ser bonito, mas não prestava.

 

— Está admirando a vista? - ele perguntou com um sorriso malicioso no canto dos lábios. 

 

Luiza revirou os olhos. Era exatamente a isso que ela se referia.

 

Sem uma resposta Fernando seguiu até o fim do corredor em direção a um bebedouro. Luiza o viu pegar um copo e se servir de água. Porque, é claro, ela nunca encostaria a boca ali.

 

Em sua bolsa ela pegou o bloco de anotações que sempre levava consigo. E, com uma ultima olhada em Fernando, e um sorriso nos lábios se pôs a escrever. Trabalhando em uma revista de fofocas é claro que ela não poderia deixar passar uma matéria como essa. E, além disso, ela ganhava como bônuso fato de estar incomodando o empresário. 

 

— Você não perde tempo, não é mesmo? - ele perguntou voltando ao seu lugar.

 

— Eu sou estou fazendo o meu trabalho - ela respondeu ajeitando os óculos sobre o rosto.

 

Agora foi a vez de ele revirar os olhos.

 

— O seu trabalho é me odiar? 

 

Luiza levantou o rosto e passou a mão pelos longos cabelos castanhos. Ela sorriu para ele enquanto voltava os olhos para seu trabalho.

 

— A culpa não é minha se você gosta tanto de aparecer.

 

E se tinha algo que ele parevia gostar era isso: aparecer. Presidente de uma das maiores empresas do ramo de comunicação em São Paulo, a Interliga, Fernando conseguia estar pelo menosuma vez na ssemanana mídia. A maioria, é claro,  escândalos. Só no último mês Luiza tinha escrito três matérias sobre ele. E com essa agora em seu colo completaria quatro. Ela, contudo, tinha a consciência livre. Se ele gostava de bancar o irresponsável a culpa não era dela. Tudo o que ela fazia era relatar. E as vezes dar um empurrãozinho para que a matéria parecesse um pouco maior do que era. Mas, cuidando de uma coluna de fofocas, o que mais ela poderia fazer?

 

Esse não era seu sonho, afinal. Na realidade, não passava nem perto. Ela deixaria com prazer de escrever matérias sobre ele, e sobre qualquer outra celebridade que também se sentisse perseguida, se tivesse uma oportunidade para mostrar seu talento. Ela podia estar escrevendo sobre política, economia, pobreza mundial, ou algo de fato relevante, mas, infelizmente, estava presa as fofocas. Esse era o seu Karma.

 

Luiza levantou a cabeça de súbito ao ouvir a porta ao seu lado ser aberta. Dois homens sairam de lá. Um deles um homem alto, com cabelos grisalhos, e uma postura completamente ereta, que Luiza supôs ser o advogado de Fernando. Já o outro, com o cabelo castanho claro, um pouco mais baixo e magro era Marcos, seu amigo.

 

Luiza guardou suas coisas na bolsa e se levantou.

 

— O que aconteceu? - ela perguntou se aproximando de Marcos.

 

Ela viu Marcos desviar o olhar para Fernando, que conversava com o outro homem, por um segundo.

 

— Ele vai me pagar uma indenização.

 

Luiza suspirou de alivio. Isso era o mínimo que ele podia fazer depois de ter quebrado a câmera de seu amigo e lhe dado um soco no queixo - cuja marca ainda estava ali como prova. E isso tudo porque Marcos havia tirado algumas fotos dele acompanhado de mulheres enquanto voltava para casa completamente bêbado. Ela bufou. Se Fernando não queria ser flagrado ele tinha duas opções: ou deixava de ser indiscreto, ou parava de agir assim. Mas é claro que, ao invés disso, ele preferia resolver seus problemas a força bruta. 

 

— Eu acho que está tudo resolvido, então - o homem grisalho se aproximou dos dois - Em breve entrarei em contato com o senhor para discutirmos sobre o acordo.

 

O senhor estendeu a mão na direção de Marcos que a apertou devidamente.

 

— Eu estarei esperando.

 

Luiza teve que segurar o riso com isso. Marcos estava tão serio e tão cheio masculinidade que nem parecia seu melhor amigo gay.

 

— Vamos, Jasper - chamou Fernando. E sem falar com nenhum dos dois saiu andando pelo corredor.

 

Jasper fez um sinal de despedida com a cabeça e seguiu o cliente.

 

— Se ele não fosse tão babaca até que seria um bom partido - disse Marcos - Olha aquela bunda! 

 

— Marcos! - Luiza o repreendeu com uma cotovelada.

 

— O que? - ele riu - É verdade. Mas como eu disse: ele é idiota demais. Então nem pense.

 

Luiza riu com a cara pai de responsável que o amigo fez. 

 

— Pode deixar - disse Luiza - Agora vamos embora que eu não aguento mais ficar aqui. Além disso, eu deveria estar trabalhando.

 

— É você está - respondeu Marcos enquanto eles saíam do prédio. - Você sabe que arrumou uma matéria de primeira. E Alexia vai te amar por isso!

 

Luiza se arrepiou ao ouvir o nome de sua chefe. Ela não queria nem pensar nas dezenas de ligações que ela havia deixado em seu celular. Mas em uma coisa Marcos estava certo; ela iria adorar a matéria. E tudo primeira mão.

 

Ela pegou o celular e mandou uma mensagem a Alexia dizendo que logo chegaria. Marcos e ela foram em direção ao carro do amigo, um Uno prata, e entraram. Marcos sintonizou a rádio em uma musica agitada enquanto seguiam para a sede da Focos&Flashes, a revista onde ambos trabalhavam.

 

Luiza se formou a pouco mais de um ano e meio. Jornalista recém-formada ela andou por toda a cidade de São Paulo entregando currículos a fim de arrumar um trabalho. E ela recordava-se de como tinha ficado feliz ao conseguir uma vaga em uma das revistas mais vendidas do país. E havia sido lá que ela conhecera Marcos. O amigo era um dos fotógrafos oficiais da revista. Um dos melhores na opinião de Luiza. E sendo os dois novatos não demorou muito para que um companheirismo começasse a surgir. Agora os dois dividiam um apartamento e suas vidas, de modocom que Luiza não conseguia mais se imaginar sem ele.

 

— Obrigada! - ela disse assim que ele estacionou em frente ao enorme prédio espelhado que abrigava desde escritórios de advocacia a sedes de ONG's. Seu destino.

 

— Obrigado você por ter me acompanhado, lindinha - ele sorriu. Luiza, por sua vez, teve que segurar a vontade de revirar os olhos pela mania que ele havia adquirido de colocar apelidos em todos.

 

Ela deu um beijo na bochecha de Marcos e saiu do carro invenjando-o por ter a tarde livre enquanto ela ainda tinha que enfrentar uma reunião de equipe.

 

Entrando no prédio ela mostrou o crachá para a recepcionista e seguiu para o elevador principal. Ela entrou no grande espaço acompanhada de uma mulher e dois homens. Com um sorriso simpático no rosto ela deu um pequeno aceno para eles.

 

O elevador não demorou muito para chegar ao seu andar; o vigésimo primeiro. Apressada, Luiza saiu do elevador e deu de cara com um ambiente tumultuado. Mas ela já estava acostumada com aquilo. A correria, os gritos, e papeis jogados em qualquer lugar eram a marca daquela redação. 

 

Luiza cumprimentou a secretária, Clara, e seguiu para sua sala que no caso se resumia a uma pequena mesa, completamente desorganizada a exemplo das outras, e sem paredes ou divisórias. Infelizmente, privacidade era algo que os jornalistas tinham que abrir mão ao aceitarem trabalhar na Focos&Flashes.

 

— Você demorou - disse Sonia enquanto Luiza se sentava.

 

— Tive que acompanhar o Marcos na delegacia - ela respondeu arrumando suas coisas. Luiza ajeitou os óculos que teimavam em cair enquanto ligava seu computador.

 

A tela iniciou e ela entrou logo aplicativo do Word.

 

— E como foi?

 

Luiza virou sua cadeira na direção de Sonia - cuja mesa ficava ao lado da sua. Divorciada e mãe de dois filhos, Sonia era uma das suas pessoas favoritas ali. Ela era atensiosa, mas sem ser invasiva. Exatamente o que Luiza precisava. Além disso, ela era bem bonita, o que fazia Luiza se questionar o porquê de o marido tê-la deixado. Dona de um cabelo castanho curto, olhos azuis e uma pele alva, Sonia chamava atenção onde quer que fosse.

 

— Ele conseguiu uma indenização.

 

— Pelo menos isso! - Sonia exclamou.

 

Luiza concordou com um aceno. Ela voltou-se para o computador e pegou seu bloco de anotações na bolsa. Precisava terminar essa matéria ainda hoje se quisesse que estivesse na próxima edição. Sua atenção, no entanto, se desviou das palavras para o barulho de saltos altos batendo contra o piso da redação.

 

Ela levantou o olhar e viu Alexia saindo de sua sala. A mulher alta e esbelta parecia mais um modelo do que uma editora. Alexia tinha os cabelos louros caidos pelas costas e usava um conjunto tailleur rosa claro que se destacava na sua pele branca. Ela era elegante e sedutora. E sabia disso. Alexia era o tupo de mulher que sabia conseguir o que queria, quando queria e como queria. E talvez fosse por isso que ela havia conseguido chegar tão alto na revista com tão pouca idade. Isso ou talvez por ter dormido com o chefe.

 

— Reunião agora!

 

Bastou que ela falasse apenas uma vez para que todos se levantassem imediatamente. Luiza tinha que dar um pouco de crédito a mulher; se tinha uma coisa que Alexia sabia fazer era se impor.

 

Luiza seguiu pelo corredor, acompanhada pelos colegas, até a sala de vidro onde as reuniões aconteciam semanalmente. A enorme mesa de madeira não era capaz de suportar os mais de vinte jornalistas e por isso alguns deles tinham que permanescer em pé. Infelizmente, Luiza era um desses.

 

A reunião começou normalmente. Alexia perguntou a todos os colunistas fixos qual seria a enquete da semana. Foi decidida também a manchete e a capa. A revista sairia na segunda-feira e tudo tinha que estar preparado hoje.

 

— Luiza - chamou Alexia.

 

— Sim?

 

— A matéria sobre Fernando Lacerda, você consegue escrevê-la e me mandar ainda hoje? 

 

Luiza sabia que aquela não era uma pergunta realmente. Ou ela escrevia ou estava fora.

 

— Com certeza - ela respondeu confiante.

 

É claro que Alexia não poderia deixar aquela matéria de fora. Se havia alguém que gostava de importunar Fernendo naquela revista, essa pessoa era Alexia. Cada matéria escrita sobre ele era como um sopro de alegria em seu coração. Luiza não sabia exatamente o por que daquilo, mas também não ousava questionar. Se Alexia queria escândalos sobre ele era isso o que ela teria.

 

— Certo. Agora quero falar com vocês sobre um assunto importante. - Alexia, em pé, se curvou levemente e apoiou as mãos na mesa. - Acho que todos já sabem que a Márcia, nossa colunista de atualidades, pediu demissão ontem.

 

Pedir demissão não era bem um termo que Luiza usaria. Na verdade, Márcia havia sido dispensada após um pequeno escândalo na redação. A mulher havia ficado furiosa ao ter sua matéria cortada por que citava nomes de certos "parceiros" da revista em um escândalo de corrupção. Luiza teve que segurar a vontadede defendê-la. Os jornalistas deveriam poder lutar pela verdade sem serem oprimidos por isso. Era isso que ela sempre havia acreditado, ao menos. Contudo, na necessidade de manter seu emprego, ela nada disse.

 

— ... E com isso nós temos uma vaga aberta. - Luiza teve sua atenção totalmente capturada com essas palavras.

 

— E quem vai preenchê-la? - perguntou David, era ele quem cuidava da seção das viagens. 

 

— Eu ainda não sei - respondeu Alexia - Na verdade, eu decidi fazer uma pequena competição. - um sorriso malicioso se abriu no rosto da mulher - A pessoa que me trouxer a melhor matéria até o fim do mês vai ficar com a vaga. 

 

Luiza arregalou os olhos. 

 

— Que tipo de matéria? - ela perguntou esfregando as mãos uma na outra ansiosa.

 

— Qualquer uma - Alexia respondeu, seus lábios rubros curvados em um sorriso - Desde que seja algo espetacular.

 

Luiza não pode evitar que seu coração batesse mais rapido, ou mesmo que um sorriso aflorasse em seu rosto. Era isso. Era essa sua chance. Com isso ela poderia conseguir o seu tão sonhado espaço. Ela poderia finalmente provar seu valor. Ela conseguia até mesmo imaginar  si, com uma coluna própria, e podendo escrever sobre o que quisesse. Era como um sonho.

 

— Eu desejo boa sorte a todos, e que vença o melhor!

 

Então, quando Alexia dispensou a todos, Luiza só tinha em mente o pensamento de que ganharia aquela competição. E para isso ela só precisaria achar a matéria perfeita.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam? Deixem seus comentário para que eu possa saber a opinião de vocês; críticas construtivas também são muito bem vindas! Obrigada a quem leu!
Beijos!



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