Autumn Leaves In a Snowstorm escrita por Miss Moonlight


Capítulo 14
He's lost control


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas, como vocês estão?

Não, eu não morri e não abandonei a estória como devem ter notado. Eu apenas fiquei presa em uma temporada de seminários e provas na faculdade que sugaram minha vida ao ponto de eu mal conseguir revisar esse capítulo e postá-lo.

Como vocês devem ter notado também, esse capítulo é o maior de todos, com 6 mil fucking palavras. Eu sei, eu sei, me desculpem. Eu até pensei em dividi-lo, mas senti que não ficaria tão bom dessa forma. Mas antes que vocês reclamem, há três pausas nesse capítulo, então vocês não precisam ler de uma vez. E só para deixar claro aqui, foi por isso também que eu demorei tanto para postar essa bagaça, a outra desculpa é que esse capítulo é um tanto importante e contém partes que precisavam ser tratadas com atenção e paciência.

Mas enfim, vou parar de falar, porque eu sei que vocês não vieram aqui para isso.

Então, tenham uma boa leitura e eu vejo vocês lá embaixo!



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Bennett estava completamente fora de si.

Seus cabelos cor de caramelo estavam bagunçados e seu rosto estava vermelho em uma expressão de pura fúria, enquanto tentava acertar o mais velho de qualquer forma. Esse, por sua vez, tentava esquivar-se o máximo que podia do garoto descontrolado.

Ao ver aquilo e finalmente realizar o que estava acontecendo, me pus a correr até os dois para tentar parar Bennett. Estava quase o alcançando, quando o mesmo disse na cara do mais velho em um tom que transbordava escárnio:

— Eu prefiro ser um nada a ser um assassino que matou os próprios pais. Não foi isso que você fez, White? Não foi por isso que veio parar aqui? Eu sei que foi, afinal, não é difícil ver o quão perturbado você é!

E então, praticamente um milésimo de segundo depois, Charles segurou a gola de sua camisa e o jogou contra a parede do corredor com toda a sua força, não demorando a começar a socar seu rosto com a mão livre.

Meus pés congelaram no lugar com aquela súbita cena.

O rapaz estava quase que impassível enquanto o socava sem parar. Seu maxilar estava cerrado, sua testa levemente franzida e a coloração da lateral de seu rosto entregava que Bennett havia conseguido acertá-lo algumas vezes naquela região, apesar de estar um tanto desnorteado por conta do álcool. Entretanto, seu rosto mal se igualava ao do garoto a sua frente, que tinha a boca e o nariz sangrando e inúmeras contusões em várias partes do rosto, que se transformariam em hematomas nada bonitos no dia seguinte.

De repente as mãos de Charles escorregaram para o pescoço do mais novo e foi como se eu tivesse acordado finalmente para o que estava acontecendo. Corri até ele e comecei a tentar puxá-lo pelos ombros, não obtendo muito sucesso. O rapaz parecia mal ter percebido minha presença enquanto continuava a apertar suas mãos ao redor do pescoço de Bennett, no qual se debatia desesperadamente na tentativa de livrar-se dele.

— Charles, para! Assim você vai mata-lo! – Eu gritei em desespero e sem saber muito que fazer, ainda tentando puxá-lo, mas agora com meus braços ao redor de sua cintura.

Subitamente Charles  permitiu que eu o puxasse, libertando o garoto, que rapidamente curvou-se com as mãos sobre o pescoço, tossindo e tentando recuperar o oxigênio que lhe haviam tirado. Devido à força que eu havia feito para tirar Charles de cima de Bennett, acabei batendo minhas costas na parede do outro lado do corredor com o rapaz escorado em meu peito. Pude sentir que sua respiração estava tão ofegante quanto a minha e que seu corpo tremia em seus braços, enquanto eu ainda tentava raciocinar o que havia acabado de acontecer.

Percebendo finalmente os vultos a nossa esquerda pela minha visão periférica, virei minha cabeça em direção a nossa possível plateia, torcendo para que não fosse tão grande. Para minha decepção, lá, ao pé da escada, estava um aglomerado de órfãos assustados junto a uma Sra. Stevens totalmente horrorizada, com os olhos arregalados e com uma das mãos sobre sua boca. 

— Pelo amor de Deus, mas o que aconteceu aqui?! – Ela não demorou a exclamar, caminhando para perto de nós três. – Edward, você está sangrando?! – Perguntou ao ver algumas gotas do líquido vermelho no chão ao redor do garoto, que se apoiava em seus joelhos, arfando.

Ela chegou perto dele e levantou sua cabeça delicadamente, segurando-a com suas duas mãos e analisando a bagunça que estava o seu rosto. Seu olhar logo voltou para minha direção, ou melhor, na minha e na de Charles, e depois escorregou para a mão machucada e ensanguentada do rapaz. Era um olhar acusador, furioso, porém nem um pouco surpreso, como se no fundo sempre havia esperado vê-lo naquela situação um dia.

Meus braços apertaram seu corpo contra o meu quase que automaticamente, numa tentativa vã de protegê-lo do que viria a seguir, enquanto eu observava Sra. Stevens dar passos lentos e torturantes até nós dois com as mãos fechadas em punhos. O corpo de Charles ainda tremia levemente, mas o rapaz estava com a cabeça baixa e as mãos soltas nas laterais de seu corpo, parecendo desligado do mundo real.

Engoli em seco quando a mesma parou a nossa frente.

— O que você fez, seu monstro?!  – Ela gritou para Charles, antes de direcionar sua palma direita à bochecha dele em um estalo tão alto que assustou a todos, até mesmo ela. Houve um silêncio e então, já recuperada da surpresa, voltou a praticamente cuspir para o rapaz a minha frente: – Eu sabia que um dia isso aconteceria, sempre soube que você não conseguiria esconder esse seu lado por muito tempo. Maldito dia em que permiti que você fizesse desse orfanato o seu lar.

Eu quase não conseguia ver o rosto completo da mulher por conta de minha posição, como Charles era mais alto do que eu, seu ombro cobria um pouco menos que a metade da minha visão. Mas eu agradecia por isso, porque aquilo havia me desmoronado e de repente eu fui preenchida com aquele sentimento horrível pela segunda vez no dia, qual eu não sabia ao certo denominar. A imagem daquela mulher que eu conhecia há quase duas décadas, ou achava que conhecia, havia se destroçado bem em frente aos meus olhos em míseros segundos, em apenas um abrir de boca e um mísero levantar de mão.

— Deus sabe o que você teria feito com o pobre garoto se Autumn não tivesse lhe puxado – seus olhos antes tão repletos de entendimento e compaixão, encaravam-me cheio de ódio e rancor. – E você, eu nunca deveria ter deixado que fizesse amizade com essa coisa, Autumn. A partir de hoje, não quero ver você ou mais ninguém desse orfanato fazendo qualquer tipo de contato com Charles White, estamos entendidos? – Disse em um tom mais rígido, olhando agora para os órfãos ainda paralisados perto da escada e que logo balançaram suas cabeças de acordo com a proposta da mulher. Afinal, não deveria ser uma tarefa muito difícil para qualquer um deles, não é como se quisessem ter algum contato com o garoto de qualquer forma, sendo proibido ou não.

Depois de ouvir tudo aquilo, tentei soltar-me de Charles e fazê-la pagar de alguma maneira pelo modo que havia agido ou ao menos mostra-la o absurdo que havia dito, mas ele impediu-me com seu corpo de sair de trás dele, colocando sua mão fria sobre a minha. Rapidamente compreendi o que queria, mesmo que não entendesse o motivo dele estar tão passivo naquele momento. Então, com muito esforço, respirei fundo, fechei os olhos e escondi meu rosto em suas costas, sem a mínima vontade de ver um fio de cabelo se quer daquela mulher outra vez.

— Vem, querido. Deixe-me cuidar disso e ver se precisará ir ao hospital. E  quanto a vocês, já para a cama, o show acabou! – Foi tudo o que eu escutei, antes de ouvir diversos passos distanciando-se até ficarem totalmente inaudíveis.

Eu não sabia o que estava sentindo naquele momento. Era uma mistura de tudo: ódio, confusão, tristeza, preocupação e mais uma avalanche de sentimentos não identificados. Também não sabia dizer por quanto tempo ficamos daquele jeito, cada um perdido em seus próprios pensamentos, mas chegou um momento que minha preocupação falou mais alto, me fez sair de trás dele e ficar na sua frente, finalmente tendo a visão de seu rosto.

Sem cerimônias, segurei suas bochechas com minhas mãos o mais delicadamente que consegui, levantando sua cabeça devagar, com medo de ser impedida por ele em algum momento. Quando seu rosto estava totalmente exposto a mim e seus olhos conectados aos meus, meu coração quebrou-se outra vez ao notar o que eles transmitiam-me.

Eu nunca havia o visto daquele jeito.

Apesar de sua expressão estar impassível, o azul acinzentado de seus olhos esboçavam uma fragilidade e um abatimento inusitados que me tiraram o fôlego. Sem conseguir lidar com toda aquela intensidade por muito tempo, quebrei o contato visual, desviando meu olhar para o resto de seu rosto. Notei que sua maçã do rosto e a ponte de seu nariz começavam a inchar e a atingir um leve tom de roxo, e que, além disso, havia um único rastro de sangue que escorria de seu nariz até seu queixo. Voltei meus olhos para os seus, um tanto apreensiva, e logo senti a necessidade dizer algo para tentar amenizar aquela dor que ele evidentemente sentia.

— Charles, eu... – sussurrei, passando a ponta do meu dedão suavemente sobre sua maçã do rosto, enquanto pensava em minhas próximas palavras, que pareciam ter desaparecido de repente.

Suas mãos geladas subiram pelos meus braços até cobrirem as minhas,  segurando-as e levando-as para longe de si de forma demorada, quase como se não quisesse ter que fazer aquilo na verdade. Olhou em meus olhos profundamente outra vez e começou a andar para longe de mim em direção as escadas. Caminhava um pouco curvado, provavelmente por ter sofrido alguma contusão na região do tórax também.

— Aonde você vai? – Perguntei, confusa e apreensiva, ao imaginar que talvez fosse atrás do garoto alcoolizado.

— Pegar nosso jantar – respondeu ele simplesmente, como se fosse algo óbvio, ainda de costas para mim e prestes a começar a descer as escadas.

Rapidamente corri em sua direção e segurei seu braço, impedindo-o de continuar seu caminho.

— Deixe que eu faça isso. E enquanto eu busco nosso jantar, você pode ir dando um jeito nesse sangue, o que acha? Ótimo, nos encontramos no meu quarto então. – Disse sem esperar por sua resposta, começando a descer as escadas antes que ele pudesse protestar, o que eu sabia que ele faria.

—––

Havia sido um tanto difícil equilibrar aquela bandeja com a quantidade de coisas em cima dela e ainda segurar um pacote roubado de ervilhas congeladas enquanto subia os lances de escada. Por sorte não havia trombado com as duas pessoas que eu menos queria ver no momento, ou seja, Bennett e Sra. Stevens; apenas com alguns órfãos que fizeram questão de direcionar-me olhares de pura reprovação, que eu apenas ignorei como sempre costumava fazer.

Quando cheguei ao nosso andar, notei que a porta do meu quarto estava entreaberta. Um quase sorriso formou-se em meu rosto ao perceber que ele havia de fato me escutado. Caminhei até lá, abrindo o objeto de madeira com a ponta do pé e entrando no cômodo, logo o vendo sentado em minha cama com o olhar perdido, preso no chão do meu quarto. Ele rapidamente notou minha presença e, estranhando o inusitado pacote entre os meus dedos, perguntou-me:

— Isso é pra quê?

— Eu trouxe pra, você sabe, pra você colocar no seu rosto – disse um pouco insegura sobre qual seria sua reação.

Ele apenas balançou a cabeça em concordância e eu terminei de levar a bandeja até minha cama. Depositei a mesma a sua frente e sentei do lado oposto, deixando que o objeto ficasse entre nós dois. Charles ajeitou-se e fez com que seus olhos tempestuosos caíssem sobre a superfície metalizada da bandeja, enquanto eu mantinha os meus em seu rosto, tentando encontrar qualquer vestígio que pudesse denunciar o que ele estava sentindo naquele momento.

Ao passar os olhos pela região arroxeada, não pude controlar-me e acabei curvando-me em sua direção, levando o pacote congelado até lá. Tentava encostar o plástico o mais delicadamente possível contra sua pele, sentindo seus olhos agora queimando-me. Ao sentir o contato com a superfície gélida, ele mal se moveu. Portanto continuei pressionando o objeto contra sua maçã do rosto, notando que seu nariz estava livre do pequeno rastro de sangue que estava ali anteriormente.

Estava com medo do que encontraria ao levar meus olhos até os seus, mas o fiz mesmo assim na pura necessidade de saber o que estava escondido ali e, a partir disso, descobrir o que fazer para ajudá-lo. Sabia que havia ficado boa naquilo, em ler seus olhos. Sendo assim, quando o mar predominantemente cinzento dos seus encontraram os meus, um arrepio percorreu meu corpo e não pude evitar que meu coração se apertasse em meu peito outra vez.

Eles transbordavam melancolia e certo sofrimento, quase em um pedido de ajuda, um total contraste em relação ao seu rosto impassível. Era óbvio que ele se sentiria assim. Apesar do que todos pensavam e dele fingir bem, Charles ainda tinha sentimentos, ainda era um ser humano. Então era óbvio que tinha se machucado ao ouvir as palavras da Sra. Stevens e com o que ela lhe fizera.

E através de seu olhar, a sua dor se fez a minha também. Ela era tão sufocante, que a necessidade de sumir com aquele sentimento era desesperadora. Eu quase podia ver o Charles de 10 anos novamente, com o rosto inchado e com hematomas e a roupa amarrotada, sério em sua expressão, mas completamente desamparado em seu olhar.

Não conseguindo pensar em mais nada para fazer aquele sentimento ir embora, apenas escorreguei o pacote para longe do seu rosto, empurrei a bandeja para o lado e enrolei meus braços ao redor de seu pescoço, juntando meu corpo ao seu.

Aquele gesto ainda era um tanto novo para mim, mas eu sabia que Charles precisava daquilo. Seu cheiro único logo atingiu minhas narinas e eu afundei minha cabeça em seu ombro, tentando concentrar-me nele e não na apreensão que sentia quanto a sua reação. Mesmo que tivéssemos nos encontrado na mesma situação anteriormente, daquela vez era diferente, era ele quem precisava do gesto. Portanto a probabilidade de que Charles o recusasse era altíssima, já que era difícil vê-lo admitindo que precisava daquele tipo de contato.

— O que está fazendo, Autumn? – Sua voz disse perto do meu ouvido em um tom baixo e mais rouco que o normal, fazendo-o pigarrear logo depois.

— Te abraçando – respondi com a voz na mesma altura que a sua e sentindo minha apreensão aumentar de nível, apesar de continuar abraçando-o.

Ele ainda tinha os braços abaixados e as mãos sobre o meu edredom. Seu corpo estava rígido contra o meu em um total contraste de como estava mais cedo, extremamente acolhedor e quente ao meu redor. Seu corpo dizia-me sem retenção alguma que ele estava rejeitando o meu gesto e, por alguma razão, a realização daquilo de certa forma doía.

— E qual o motivo disso? – Perguntou agora com a voz livre de qualquer emoção.

Suspirei em seu ombro, percebendo que continuar com aquilo não adiantaria em nada, e afastei-me um pouco dele para olhá-lo nos olhos. Apesar de decepcionada, não estava surpresa com sua reação. Como dissera antes, era esperado que ele fosse afastar-me dele, mesmo que ainda existisse um resquício de esperança em meu coração de que ele retribuiria e desabafaria tudo o que sentia, assim como eu havia feito mais cedo.

Daquela pequena distância dava para ver que agora suas íris demonstravam em uma menor intensidade todos os mesmos sentimentos que estavam ali antes. Pareciam se esforçar para escondê-los, mas falhavam miseravelmente.

— O que a Sra. Stevens fez hoje foi inescrupuloso, Charles, suas palavras foram igualmente repugnantes – eu disse, olhando-o nos olhos, tentando demonstrar que estava sendo sincera em cada sílaba pronunciada. Seus olhos fecharam-se e ele abaixou sua cabeça, deixando-me confusa, não sabendo se era um bom ou um mau sinal, se devia continuar ou apenas calar-me. Meu resquício de esperança fez-me acreditar na primeira opção. – Pelo o que eu entendi foi Bennett quem começou a briga e disse aquelas coisas horríveis, eu até vi você tentar pará-lo no início.

Charles levantou sua cabeça de súbito e disse visivelmente exaltado, sem conseguir esconder a raiva que sentia:

— Até eu perder o controle e quase mata-lo, Autumn! – Ele então arfou, como se estivesse pasmo com sua própria atitude, e afundou a mão direita entre os fios negros de seu cabelo. – Se não fosse você gritando o meu nome, eu não sei... não sei o que teria acontecido.

O rapaz afastou-me de si e levantou da cama de repente, deixando-me aflita, imaginando que ele fosse embora. Mas, ao invés disso, começou a andar de um lado para o outro no pequeno espaço livre de meu quarto.

Aquilo era novo para mim, ele parecia assustado ao mesmo que repleto de fúria. Ele era uma bagunça naquele momento. Eu não estava muito diferente, sentia-me tão surpresa quanto preocupada em ver aquele seu lado inusitado. Tudo o que pude fazer foi ficar sentada ali, fitando-o, enquanto o mesmo andava de um lado para o outro, perdido em pensamentos.

— Sra. Stevens tem razão – o rapaz murmurou, parando de repente em frente ao espelho do meu guarda-roupa e encarando sua própria figura com uma expressão de repugnância. – Eu nunca devia ter vindo para cá mesmo e conviver com outras pessoas. Eu sou perigoso, anormal... Sou um monstro igual a ele.

Seus olhos pareciam estar marejados pelo espelho e os meus ficaram também em um reflexo dos seus. Porém, antes que eu ocupasse-me em fazer com que aquelas lágrimas reprimidas desaparecessem, algo em sua frase havia chamado minha atenção.

Ele”? Ele quem?

A quem ele estava referindo-se ao falar consigo mesmo? Talvez ao Bennett? Não, Bennett não. Todos sabiam que Bennett era incapaz de machucar uma mosca. Bom, pelo menos era o que pensávamos antes dele partir para cima de Charles. Minha mente então viajou para quando éramos crianças, tentando achar alguma pessoa que pudesse servir para o papel. Esforcei-me para lembrar de todos os momentos em que eu havia visto aquele menino sofrer na mão de outras pessoas, apenas por ser mais inteligente e diferente de todos os outros.

Mas então a imagem de Ethan veio a minha mente e imediatamente houve um estalo. Talvez Ethan fosse “ele”. Afinal, o garoto não tinha nada de inocente. Deus sabe – e eu também – o quanto Charles teve de sofrer na mão dele. Entretanto, se fosse mesmo o caso, por que ele estava agindo assim por ter feito o que fez com Bennett, quando havia feito algo tão ruim anos atrás com Ethan?

 Naquela época ele parecia bem orgulhoso de seu ato. Poderia ser porque, depois do que fez, nunca mais havia sofrido qualquer espécie de agressão vinda do garoto mais velho e de seus amigos. E se levássemos em consideração que Bennett nunca havia feito nada de ruim para ele diretamente, fazia sentido que Charles se sentisse mal por ele ao contrário de Ethan.

Minha cabeça girava sem parar em várias hipóteses, porém não encontrando mais nenhuma que fizesse mais sentido do que aquela. Pensando melhor, o que em Charles White fazia sentido? Era quase impossível lê-lo inteiramente, quase tanto quanto esperar que ele se dispusesse a responder qualquer uma de minhas incontáveis perguntas.

Meus pés guiaram-me em direção a sua figura até pararem logo atrás dele, em uma distância na qual eu pudesse encarar seu reflexo no espelho por acima de seu ombro. Ele rapidamente notou minha presença e direcionou os seus olhos ainda marejados até mim, observando minha mão levantar e pousar em seu braço gentilmente.

Engoli em seco quando suas íris tempestuosas voltaram-se para as minhas. Elas encaravam-me em expectativa, aguardando pacientemente minhas próximas palavras, quando nem eu mesma sabia quais seriam. No fim, resolvi agir com sinceridade e demonstrar que na verdade eu o compreendia, o que ninguém nunca pareceu ter feito.

— Charles, qualquer que seja o motivo que te faça concordar com aquela mulher, quero que saiba que eu não concordo com isso, nem um pouco. Apesar das suas ameaças, você nunca me fez mal algum– ele levantou uma das sobrancelhas para mim e eu logo entendi o motivo. – Sim, teve os hematomas em meu braço, mas, para ser sincera, eu não acho que tenham sido intencionais. Talvez eu esteja sendo idiota e ingênua, mas, de qualquer forma, eu deixei de te considerar um perigo há um bom tempo. Ao conviver com você, mesmo que com toda aquela farsa envolvida, eu pude te conhecer melhor. Eu posso não saber tudo sobre a sua vida, Charles, afinal você nunca fala sobre isso, mas eu te conheço o suficiente para saber que você não me machucaria.

— Como pode ter certeza disso? – Perguntou um tanto seco, logo virando seu corpo de frente para mim.

Suspirei ao notar seu olhar frio. Mas é claro que ele colocaria aquela máscara de indiferença novamente, ter uma conversa inteiramente sincera sobre si mesmo pela primeira vez era algo que Charles nunca permitiria que acontecesse. Retribui seu olhar por um tempo e lhe lancei um pequeno sorriso de volta, esperando que fosse tão encorajador quanto eu achava.

— Eu só... sei. E você não precisa vestir essa máscara de indiferença, Charles, não comigo, não mais. Não podemos agir sinceramente um com o outro pelo menos por essa noite?  – Perguntei, antes de levantar minha mão até seu rosto, não conseguindo evitar acariciar as regiões levemente arroxeadas de sua pele com as pontas dos meus dedos. Não demorou muito para que eu fosse preenchida com a mesma tristeza de anos atrás quando o via daquele mesmo jeito. – Eu posso começar se quiser. Bom, não sei se já está óbvio, mas você se tornou um amigo para mim, Charles. E mesmo que não me considere da mesma forma ou não goste da ideia, queria que soubesse que pode confiar em mim tanto quanto eu aprendi a confiar em você.

Ele olhou no fundo dos meus olhos por alguns instantes, ainda impassível, parecendo procurar algo neles que indicasse que não havia sinceridade em minhas palavras. Porém, não muito tempo depois, ele fechou seus olhos como em uma rendição, permitindo que eu continuasse a acaricia-lo.

Podia sentir meu coração acelerando cada vez mais com aquele contato, que antes parecia até mesmo íntimo demais para nós dois, mas que agora parecia certo. Quando o rapaz permaneceu imóvel por um bom tempo e o leve roçar dos meus dedos em sua pele não pareciam mais o suficiente, o envolvi em um abraço outra vez, sabendo que ele ainda precisava daquilo, mas nunca se voluntaria para iniciar tal ato.

Assim que meus braços envolveram seu pescoço e eu o trouxe para mais perto de mim, os seus também me envolveram de forma quase que desesperada e ele enterrou seu rosto em meu ombro. De início fiquei com medo de ele sentir as batidas frenéticas do meu coração através da proximidade de nossos corpos, mas logo deixei o pensamento de lado ao perceber que aquilo seria irrelevante diante de tudo o que estava acontecendo e de todas as outras coisas que eram mais importantes no momento.

Ficamos um bom tempo daquela forma. Minha mão direita já havia feito o seu caminho – ainda de um jeito desajeitado e inseguro – até os fios macios de seu cabelo sem conseguir conter-se. Eu fazia um carinho ali, enquanto sentia seu cheiro e era acalentada pelo seu calor corporal.

Aquilo tudo era estranho, eu tinha que admitir, mas de alguma forma era surpreendentemente bom. Se falassem para a Autumn de meses atrás que ela acabaria naquela situação, ela teria rido e dito que só se não estivesse mesmo bem da cabeça. Nunca, em toda a minha vida, teria imaginado o dia em que Charles White e eu nos abraçaríamos por vontade própria. E só de imaginar que era a segunda vez naquele mesmo dia, chegava a ser realmente inacreditável.

Era de fato bizarro, mas naquele momento parecia algo natural de se acontecer.

— Eu não sei o que nós acabamos nos tornando um para o outro, Autumn, mas por algum motivo, eu não sinto vontade de te afastar dessa vez – ele murmurou de repente, contra o tecido do meu casaco, tão baixo que eu ponderei por um momento se não estava delirando.

Após sua declaração, Charles separou-se lentamente de mim e eu não pude deixar de sentir-me um pouco decepcionada. Ele então pigarreou e caminhou em direção a minha cama outra vez, sem fazer contato visual comigo, enquanto dizia:

— Vem, vamos comer logo, antes que sua barriga ronque ainda mais alto ao ponto de assustar todos desse orfanato.

Ri levemente do seu esforço em mudar de assunto e imitei seus passos, caminhando até o local onde ele estava, sentando-me a sua frente e começando a atacar o que eu havia trazido na bandeja, finalmente me dando conta do buraco que havia em meu estômago.

—––

— Então você não concorda em nenhum ponto se quer com a Sra. Stevens? – Perguntou Charles, olhando para o guarda-roupa a nossa frente.

Eu não fazia ideia de que horas eram e mal me preocupei em olhar para o relógio ao lado de minha cama para saber. Porém o pacote de ervilhas jazia sem utilidade sobre a bandeja, já que o gelo havia derretido completamente àquele ponto, dando-me uma ideia de quanto tempo estávamos ali.

Estávamos sentados no chão, encostados na cama, e conversávamos sobre qualquer coisa que não estivesse relacionada a sentimentos ou assuntos pessoais, por mais que eu estivesse praticamente mordendo-me para pergunta-lo sobre diversas coisas. O único assunto mais sério e sentimental tocado foi sobre o Merle, afinal, não fazia sentido eu esconder algo quando ele já sabia de tudo.

Nós éramos bons naquilo, em nos distrair com futilidades. Termos gostos e opiniões em comum era um ponto ao nosso favor. Nossa conversa conseguia migrar de livros da biblioteca do orfanato à política do país em um mísero segundo. Mas o caminho dela em algum momento começou a desviar para o que havia acontecido mais cedo, o que era algo natural, não tinha como evitar o assunto para sempre. O que me surpreendeu foi Charles ter dado o ponta pé inicial.

— Mas é claro que não, ela não estava certa em nenhum ponto se quer hoje, seja em sua atitude, seja em suas palavras – eu respondi sem conseguir disfarçar muito a raiva que havia adquirido da mulher. – Mas não vou dizer que você estava certo. Você errou, mas Bennett também e muito. Não devia ter agido e dito aquelas coisas horríveis para você em primeiro lugar.

— Vai me dizer que você não acredita que eu matei meus pais também? Eu sei que é o que todos aqui pensam e não é de hoje – sua voz era baixa e Charles estava impassível, apesar de o seu olhar entregar que aquele assunto era delicado para ele. Ele também parecia me olhar como se pedisse indiretamente para que eu não o desapontasse.

Era fato que muitos realmente acreditavam naquela teoria. Ninguém sabia de onde havia saído aquela história, mas minha suspeita era que partira do garoto que viria a sofrer uma vingança, na qual dificilmente esqueceria um dia. Mesmo tendo sido rejeitada no passado pelo rapaz a minha frente, eu ainda sentia a necessidade de defendê-lo desde aquela época por alguma razão e me negava a aceitar que seria capaz de algo assim. Foi só depois do incidente com Ethan que minhas opiniões e minha visão sobre ele mudaram e aquela teoria começou a fazer sentido na minha cabeça, apesar de mesmo assim ser difícil de acreditar.

Entretanto naquele momento, com a cabeça de uma adolescente de dezessete anos, ao presenciar tudo o que tinha acabado de acontecer, escutado tudo o que ele havia dito em seu momento de fúria e conhecendo-o como eu o conhecia agora; a teoria havia se provado muito pouco provável para ser defendida e não parecia passar de um boato maldoso inventado por um adolescente infeliz e inseguro que dependia do sofrimento alheio para se afirmar no mundo.

— Não, Charles, não acho. Talvez por um momento tivesse começado a considerar a ideia quando o acidente com o Ethan aconteceu, por ser criança e ingênua demais, mas nunca cheguei realmente a acreditar, principalmente agora. Eu te entendo, entendo os seus motivos por ter feito aquilo, apesar de não concordar e da ideia ainda me terrorizar – disse, sentindo que ele precisava da minha sinceridade mais do que nunca naquele momento.

Ele balançou a cabeça algumas vezes em sinal de compreensão e admitiu, mostrando-se um tanto frio novamente:

— Eu não me arrependo de nada, se quer saber, nunca me arrependi. Talvez tenha por um instante antes de... fazer o que fiz – o rapaz fez uma pequena pausa, enquanto olhava para o guarda-roupa outra vez, perdendo-se em suas próprias lembranças não muito agradáveis. – Mas logo passou e o alívio de nunca mais ter que lidar com mais nenhum daqueles filhos da puta foi maior do que qualquer pena e arrependimento que pudesse sentir.

Aquilo havia me deixado surpresa, outra vez ele estava se abrindo para mim sobre um assunto pessoal, ou seja, sobre o nosso assunto proibido. Eu só podia esperar que aquele título não coubesse mais e que aquele tipo de assunto agora se tornasse natural em nosso dia-a-dia. Mas eu não podia ser tão otimista, não em relação a Charles White.

— Eu sinto muito por aqueles imbecis e o que você teve que engolir por conta deles – foi tudo o que veio na minha cabeça para dizer. E era verdade, eu realmente sentia e sempre havia sentido muito por tudo.

Era horrível vê-lo sofrendo aquele tipo de coisa e não poder fazer nada, afinal, mesmo que eu tentasse, não surdia efeito algum. Havia perdido a conta de quantas vezes, depois de contar-lhe o que havia acontecido com o garoto, Sra. Stevens dissera-me que era só “coisa de moleque”, ou pior ainda, que se aquilo havia acontecido, era porque ele havia começado a briga ou feito por merecer.

— Eu sei. Eu sabia que você tinha contado a Sra. Stevens algumas vezes sobre o que eles faziam comigo. Era, e ainda é, bizarro para mim o fato de você não conseguir controlar sua empatia, apesar de eu ter negligenciado sua amizade como fiz na época – disse, suspirando logo depois. Não pude evitar que meu olhar se prendesse em sua figura, surpresa ao escutar aquilo. – Mas é claro que não deu em nada, não é mesmo? E aquela velha ainda se diz competente para tomar conta de um orfanato – soltou uma risada sarcástica, sem um pingo se quer de humor. – Não vejo a hora de sair daqui.

Apenas balancei a cabeça, concordando com sua última frase e compartilhando da mesma ideia, apesar da insegurança do que encontraria lá fora, vivendo finalmente por conta própria, deixar-me temerosa.

— No dia anterior àquele – disse em um tom baixo depois de um tempo em silêncio, ainda com seus olhos claros presos no objeto de madeira a nossa frente, – Ethan e os outros garotos haviam ido ao meu quarto no meio da noite. Após a rodada de ofensas e agressões, eles falaram sobre você. – Meus olhos arregalaram-se na hora ao mesmo tempo em que minhas sobrancelhas franziam-se. Esperei ansiosamente que ele continuasse, enquanto tentava adivinhar que caminho aquilo levaria. – Falaram sobre o que eles fariam com você no dia seguinte, coisas que eu nem consigo reproduzir de tão repugnantes. Tudo isso para fazer você parar de “bancar a heroína”.

Charles, que estava com os joelhos dobrados e os pulsos apoiados em cima dos mesmos, fechou suas mãos em punhos e as apertou, como se tentasse controlar o ódio que estava mais do que evidente em seus olhos.

— Eu deveria ter te assustado mais naquela época, para que parasse de vez de tentar me defender. Era por isso que eles queriam fazer aquelas coisas com você, para que você parasse de se intrometer nos “assuntos deles”, porque pelo visto a Sra. Stevens, de tanto você falar, estava começando a acreditar e a tratar o que eles faziam comigo como algo sério.

Eu estava sem palavras pela centésima vez naquele dia.

Eu nunca teria imaginado que o motivo dele ter feito aquilo com Ethan havia sido em uma parcela, mesmo que mínima, por minha causa. Meus olhos estavam grudados em seu rosto e por ali ficaram por um bom tempo, enquanto eu tentava digerir aquilo.

De repente todos os olhares de esguelha e murmúrios que Ethan e seus amigos faziam uns para os outros naquela época, obviamente direcionados a mim, faziam sentido. Não pude evitar o arrepio que percorreu o meu corpo ao imaginar o que teria acontecido se Charles não tivesse intervindo.

Penso se um dia eu ficaria sabendo daquele fato se não tivesse me metido na vida daquele garoto ao meu lado ou se nenhum dos trágicos eventos daquele dia não tivessem acontecido.

— Então foi por isso também que você...? – Perguntei, apenas para que ele confirmasse o que eu vinha suspeitando.

— Entenda como quiser, Autumn – ele respondeu, rindo nasalmente e balançando a cabeça de um lado para o outro, desviando seus olhos finalmente para os meus. – Acho cada vez mais que você tem o poder de causar esse tipo de reação nas pessoas. – Seus olhos agora estavam menos tempestuosos e o azul límpido, que sempre parecia tirar meu fôlego, começava a tomar o seu costumeiro lugar. A intensidade na qual ele me olhava era tanta que se não fosse a minha curiosidade em tentar desvendar o que eles diziam-me, eu teria certamente desviado. – Parece que eu não consegui escapar dele também.

Não tinha muita certeza sobre o que ele queria dizer com aquilo, se era algo bom ou ruim. Seus olhos também não ajudavam na tarefa, pareciam mais intrigantes do que nunca para mim. Estando também dividida entre agradecê-lo pelo o que havia feito anos atrás ou não, resolvi apenas ficar em silêncio, com medo de estragar aquele nosso momento. Nós dois ficamos assim por um tempo, até ele começar a calçar seus sapatos, que haviam sido esquecidos ao pé da cama perto dos meus.

— Você já vai? – Perguntei sem conseguir controlar a rapidez com que a frase saiu de meus lábios.

— Sim, não sei para você, mas para mim já deu de drama por hoje. Acho que eu te devo alguma paz, Pierce, mas não vai se acostumando – lançou-me um meio sorriso que não alcançou seus olhos, enquanto terminava de amarrar seus cadarços. Depois disso, levantou-se e virou-se para mim, dizendo: – Você vai ficar legal?

A surpresa deveria estar nítida em minha expressão. Ele estava preocupado comigo, depois de tudo o que aconteceu com ele naquele mesmo dia? Charles White realmente não estava bem. Eu também não, porque, além de Merle e do que havia acontecido com o garoto a minha frente, suas revelações também haviam me abalado.

— Vou tentar – disse, sincera, levantando-me também. – Você vai ficar legal? – Repeti sua mesma frase na esperança de uma confirmação para dormir pelo menos um pouco em paz.

Ele arfou em uma típica risada sarcástica, antes de dar de ombros e balançar a cabeça em um gesto de negação.

— E isso importa, Autumn? – Indagou em um tom de pergunta retórica.

— Sim, Charles – fiz questão de afirmar, um tanto indignada com o que havia dito e sabendo que meu olhar talvez denunciasse coisas demais sobre o que eu estava sentindo. – Se eu já me importava antes, por que não me importaria principalmente agora?

Ele olhou-me nos olhos sem conseguir disfarçar o quanto estava pasmo com o que eu havia confessado também. O azul das suas íris estava tão profundo, que por um momento eu vi-me pateticamente perdida neles, enquanto sentia as batidas do meu coração em um ritmo frenético.

O que estava acontecendo e por que eu havia dito aquilo?

Quando a ficha finalmente caiu, minha expressão imitou um pouco a sua no quesito surpresa. Eu havia dito tudo sem pensar, tinha sido quase que automático, mas nem por isso perdia seu significado, certo?

Eu realmente importava-me com ele, não me importava? E não era de agora.

— Bom, – pigarreou o rapaz, enquanto desviada seus olhos para o chão – vou indo então. Foi... legal o que fez por mim hoje – sua voz estava rouca e tão baixa que quase não pude ouvi-lo, mas havia conseguido o suficiente para que um sorriso se instalasse em meu rosto. – Apesar de eu não ter sido de grande ajuda para você com toda a situação do Sr. Baker.

— Ah, não, está tudo bem. Você não é obrigado a nada, Charles – tratei logo de dizer. – E foi... bom me distrair um pouco – fiz uma pausa e logo percebi a besteira que tinha acabado de dizer. – Não que eu quisesse que aquilo tivesse acontecido com você, é claro que não, pelo amor de Deus. Eu estava me referindo à conversa que tivemos, não sobre-

— Eu entendi, Autumn – ele interrompeu-me com um sorriso fraco e rindo levemente depois, fazendo com que meu coração acelerasse de repente outra vez e com que eu imitasse seu sorriso. – Enfim, vou indo.

Depois disso ele andou o curto espaço até a porta e a abriu, passando pela mesma e parando para dizer-me, enquanto olhava diretamente em meus olhos:

— Boa noite, Autumn.

— Boa noite, Charles – respondi, sem nem ao menos perceber o suspiro que soltei após vê-lo sorrindo para mim pela última vez. Segundos antes que ele fechasse completamente a porta, eu disse, esperando que ele tivesse escutado: – Obrigada.


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Notas finais do capítulo

Bom, é isso por hoje!

Espero que tenham gostado e me desculpem pela demora, espero que tenha valido pelo menos um pouco a pena.

Como vocês já sabem, sintam-se livres para deixar suas impressões, teorias, sugestões, críticas e tudo mais que quiserem. Eu vou adorar ler! E se encontrarem algum erro, por favor me avisem. Por mais que eu tenha revisado esse capítulo umas 10 vezes, ele é enorme e com certeza eu devo ter deixado algo passar.

Muito obrigada por ainda estarem aqui e por não terem desistido dessa estória!

Espero ver vocês no próximo! ♥

P.S. Sim, o título é uma referência à música "She's Lost Control" do Joy Division.

Tati.



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