x Anguish - Drabble.

Ela sempre esteve acostumada a conviver com a angústia.

Desde que era criança, a perseguia tanto que se tornaram quase que amigas. Sua única amiga, na verdade, se via em um estágio que não conseguia mais imaginar sua vida sem a incômoda dor que apertava seu peito, muito semelhante a sensação de alguém estar com uma mão ao redor de seu coração.

A fez chorar, uma ou duas vezes ela chorou simplesmente por que estava angustiada, por que não havia com quem compartilhar​ suas experiencias, nem a quem dizer suas expectativas.

Por muito tempo ela viveu sozinha, mesmo que houvesse pessoas a cercando por onde fosse.

Tão suja.

Tão pobre.

Tão inútil.

Tão estranha.

Tão indesejada.

Ela sabia o que pensavam sobre ela, ela não só sabia como também sentia.

Mérope não tinha forças para dizer que podia aguentar por muito tempo, ela tentava viver sua vida sem pensar sobre isso.

A mente de uma pessoa silenciosa é turbulenta, está sempre falando mais alto que sua voz, e está sempre em ação. Ninguém sabia o que se passava no coração amargurado de Mérope, ninguém se importava em saber.

Ela já estava quase se acostumando com isso, antes de conhecer a pessoa que ela pensava ser a que mais amava no mundo.

Ela gostava dos seus olhos verdes nos dela, quando estavam cheios de um carinho que ela própria sabia que era fabricado.

A angústia não foi embora somente por quê Tom chegou, pelo contrário, ela ficou mais forte com a presença dele. Parecia que seu coração estava inchando dentro do peito, e quando ela não aguentou mais, deixou ele ir.

Seu coração só deixou de inchar, quando a sua barriga começou a crescer.

Ela as vezes se pegava conversando com aquele bebê, perguntando coisas para ele, tentando ver um futuro onde ela e aquele bebê estivessem juntos, talvez numa praça ou numa rua, talvez ela o carregando em seu colo e beijando seus cabelos, que ela sempre imaginou que seriam muito cheirosos.

Quando soube que estava chegando ao fim, quando ela teve a oportunidade de ver aquele bebê pela primeira vez, ela sentiu a angústia se esvair do seu peito, uma vez em toda sua existência.

Mérope Gaunt morreu imaginando um futuro em que ela seria amada.