— Por Gloob, Gumball, vamos logo.
    - Não é culpa minha. Eu nem sabia que tinha algo preto aqui – respondeu, do enorme guarda-roupa real, enquanto eu revirava os olhos, dizendo a mim mesmo pra não perder a paciência. Afinal, não era todo dia que se convencia o Príncipe Doce a sair numa aventura que nem eu mesmo sabia onde iria dar.
      -Pronto - saiu do closet, se virando pra mim – Como estou?
      Gostoso, tive vontade de falar. Melhor que de rosa e perfeito também estavam na lista. A roupa preta e mais apertada destacava a pele rosa e mostrava contornos que eu nunca tinha visto antes – bem, a não ser quando eu acidentalmente passava pelo seu quarto e pegava deslumbres dele dormindo com a camiseta que lhe dei. Flutuei a sua volta, olhando-o de cima a baixo, enquanto ele corava.
      - Você sempre teve essa bunda? – perguntei, parando em sua frente.
       - MARSHALL! – gritou, escondendo o rosto e eu tentei não sorrir  - Francamente, você diz cada coisa – levantou o rosto, com um vermelho bem convidativo nas bochechas doces -  Vamos logo, pra onde quer que seja.
         - Hm, sim. Mas primeiro temos que esperar uma amiga minha.
         - Então quer dizer que você me apressou pra nad... – se interrompeu – Uma amiga? Olha aqui, Abadeer, eu não vou sair do conforto do meu castelo pra ficar de vela enquanto você se agarra com umazinha por ai.
           Sorri, com a mínima possibilidade de Gumball estar com ciúmes. É, bem um vampiro pode sonhar, não é?
          - Não esquenta, Chiclete. Essa minha amiga é muito bem comprometida. Alias, vai trazer a namorada dela  hoje.
         - Namorada? – ele parou por um momento, mas logo entendeu – Ah, hm, ok então. – disse, parecendo até bem feliz. Sinceramente, se ele não quisesse que eu tivesse a idéia errada não devia se comportar daquele jeito.
          - É... então, acho que o Príncipe não quer ser reconhecido enquanto coloca AAA de cabeça pra baixo, não é?
          - Hm, acho que não.
         - Bem, tem que escolher outro nome. E andar de capuz – puxei a touca do moletom, tampando metade do seu rosto – Que tal Marshall Leeroy?
          - Fala sério...Hm, Bennett?
          - E ai eu vou poder te chamar de Bennie?
          - Oh céus – suspirou, se jogando na cama – Não. Meu nome vai ser Simon.
          Revirei os olhos. Esse viciado em Simon Snow.*
          - Ok. Vou ser Baz – ouvimos uma buzina do lado de fora, insistente. Sorri...Marceline tinha conseguido, então?
          - Vamos. Essa é a nossa carona – coloquei meu capuz, puxando Gumball pra fora da janela, até o carro caindo aos pedaços, meio escondido por entres as árvores, o plano que eu e Marceline estávamos trabalhando a meses: reconstruir um carro velho, da época da Guerra dos Cogumelos e enlouquecer AAA.

          - Marcy – disse, sentando no banco de carona, enquanto Chiclete se sentava no banco de trás – eu disse discreto e não buzine na frente da merda do castelo.

           - Relaxa Marshallzinho – se virou pra mim, sorrindo. O cabelo negro como meu, caindo até a cintura, um espartilho vermelho sangue e calça de couro preto. – Pense em como será a noite de hoje. Se concentre nos seus planos – sibilou, rindo logo em seguida.

            Revirei os olhos, mas ainda sorrindo um pouquinho. Eu tinha mesmo grandes planos pra essa noite.

            - Marceline, não seja mal educada – uma vozinha reclamou lá de trás.

            A vampira bufou.

      - A propósito – olhou para trás, onde a garota de cabelos rosa tentava espiar sob o capuz do Gumball, que parecia analisava cada milímetro do carro. Os únicos que sabiam do portal entre AAA e OOO era Marceline e eu, mas acho que Bonnie fazia alguma uma idéia – Essa é a Bonnibel

       - Só Bonnie, por favor.

       Sorri.

       - Muito prazer, Só Bonnie – Meu nome é Marshall Lee – apontei para Gumball – Aquele ali é Marshall Leeroy.

       - É SIMON! – disse, mais pra mim do que pra Bonnie – Mas, hm, prazer em conhecê-la.

       - Ah, o prazer é meu – se virou pra nós, animada – então, aonde nós vamos.

       Eu e Marceline nos entreolhamos.

       - Musica – dissemos juntos.

       Ela sorriu e o carro disparou, nos lançando para frente. Com certa dificuldade, abri a janela, pra sentir o vento no rosto, e por reflexo olhei para Gumball pelo retrovisor meio caído. Nesse instante, seu capuz voou, deixando seus cabelos rosa livres e ele fechou os olhos, sentindo o gosto da liberdade que era tão negada a ele.

       Abaixei a cabeça, sem conseguir tirar o sorriso do rosto. Não sei descrever aquele sentimento, só posso dizer que era bem parecido ao de descobrir um acorde completamente novo na guitarra. Um que se encaixava perfeitamente na melodia.

*Simon Snow é um personagem do livro Carry On, da escritora Rainbow Rowell que conta uma história baseada em Harry potter – só que, em vez de se apaixonar por uma garota da sua escola de bruxos, o Simon acaba gostando do seu colega de quarto e ‘’’’inimigo mortal””” Baz.