Isn't a happy day, is it? escrita por lau


Capítulo 1
maybe can be.




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Quando era pequena, Victoire Weasley viu seu primo Teddy chorando. Ela tinha ido até o jardim da Toca chamá-lo, pois sua vovó havia feito torta de abóbora para o chá da tarde, mas a garota parou abruptamente ao ver o menino de cabelos, no momento de um cinza escuro, com os olhos vermelhos e as bochechas molhadas, alguns soluços baixinhos escapando de seus lábios enquanto ele tentava se esconder atrás da oficina de vovô Weasley. A menina se aproximou e perguntou o que tinha acontecido, mas Teddy se recusou a responder. Eles não se davam bem o tempo inteiro, é claro, mas quando não estavam discutindo por besteiras os dois tinham uma conexão de dar inveja, e o fato dele ter negado sua ajuda machucou Victoire.

Mais tarde naquele mesmo dia, tio Harry a chamou e contou o motivo pela qual Teddy estivera chorando mais cedo. Em quatros dias seria dois de maio, o dia que os pais de Lupin morreram.

E o dia do aniversário de Victoire.

///

Victoire já estava acostumada a ver pessoas chorando em seu aniversário, e não eram lágrimas de alegria. Eles tentavam disfarçar, faziam uma festa, compravam um bolo caro e a enchiam de presentes, mas a menina podia ver como os sorrisos às vezes falhavam e um silêncio pesado caía sobre a mesa em dados momentos. Nessas horas, ela tentava animar a todos, seja fazendo palhaçadas que não condiziam com sua personalidade elegante, seja chamando seus avós para inaugurar a pista de dança, mesmo que ela odiasse dançar. Em todo dois de maio, Victoire Weasley se transformava na pessoa mais alegre da Toca, tentando a todo custo fazer seus parentes sorrirem.

Quando era pequena ela conseguia. Tio Charlie parava de resmungar e se jogava na piscina com os, como ele chamava, pirralhos, e começava a contar histórias de dragões que assustavam Lucy e divertiam Fred II. Tia Ginny ajudava sua mãe com os doces e Tio Ron ficava na sala, enchendo bexigas e fazendo vozes engraçadas que divertiam os bebês da casa. Mas algumas pessoas não se deixavam afetar. Tia Hermione sorria educadamente e conversava com seu pai ou com seus colegas de trabalho, mas ficava séria em certos momentos, pedindo licença enquanto colocava uma das mãos sobre seu braço esquerdo. Tio Percy parecia mais carrancudo do que nunca, e ela já virá tio George e tio Harry chorando escondido em um dos quartos, no seu aniversário de sete e dez anos, respectivamente. A garota sempre comemorou seu aniversário na Toca ou no Chalé, mas de vez em quando algumas pessoas que ela não conhecia iam até lá, com expressões tristes, e ficavam algum tempo antes de ir embora. Às vezes tio Harry e os Weasley-Granger não podiam comparecer a festa, pois segundo seus pais eles tinham eventos para ir. Com o passar dos anos, a garota desistiu de tentar fazer sua família se divertir em seus aniversários, então ela ficava do lado de fora, bem longe dos adultos e seus fantasmas do passado. Ora, ela não tinha culpa! Como eles não conseguiam entender isso? Ela sabia que uma guerra tinha acontecido e sabia que muitos tinham morrido, ela sabia sobre Fred I, sobre os Lupin e sobre Lord Voldemort, mas aquilo era passado! Victoire ficava revoltada, recusava todos os presentes e se trancava no quarto, com vontade de morrer.

Em seu aniversário de onze anos, ela ouviu algo de Teddy que nunca pensou que iria ouvir. Não com aquela entonação, não com aquela agressividade e julgamento. Ele foi até seu quarto, após a garota ter reclamado do clima mórbido, e não deu tempo dela falar algo.

“Você é o ser humano mais egoísta que eu já conheci,” Lupin estava chorando e Victoire se lembra de sentir seus olhos se encherem de lágrimas. Ela sabia que ele estava certo, afinal. “Hoje não é um dia feliz e nada que você fizer vai mudar isso.”

Victoire bateu a porta do quarto, desejando ter nascido em qualquer dia, menos aquele.

///

Ao ir para Hogwarts, a raiva que Victoire sentia de seu aniversário se transformou em tristeza e frustração. O dia dois de maio era um marco, uma passagem da história que nunca seria esquecida, e por um motivo. Um motivo horrível. Ela acordou naquelas manhãs durante todos aqueles anos sem esperar um desejo de feliz aniversário, um sorriso ou um abraço. Tudo que tinha eram caras tristes, palestras sobre a guerra e lágrimas. Sempre lágrimas.

Então ela começou a pesquisar. Como uma boa corvinal, ela leu todos os livros que podia sobre a guerra, conversou com todas as pessoas e reuniu cada jornal da época. Eram atrocidades tão grandes que a menina chorava a noite em seu dormitório, rodeada pelos folhetos com os crimes que haviam sido feitos, agradecendo aos deuses por não ter nascido naquela época. E então ela entendeu. Não importava que ela tivesse nascido dia dois de maio. Aquele dia não era dela. Aquele dia era de todas as pessoas que morreram na Batalha de Hogwarts, de todas as pessoas que lutaram para que ela estivesse ali, em um mundo justo e seguro. E aquilo importava? Ela tinha o amor de seus pais o ano inteiro, tinha seus irmãos vivos e saudáveis ao seu redor, tinha sua família junta para quando precisasse, mesmo que eles brigassem eventualmente. Ela finalmente entendeu que havia sido egoísta, ela não precisava daquele dia. Não precisava que ficassem felizes por ela ter nascido naquele dia. Que todos sentissem sua dor e seu luto, eles tinham aquele direito, um direito que nenhum daqueles que nasceram depois da guerra iriam entender, e por deus, ela ficava muito feliz por não precisar entender o que era estar de luto.

Victoire olhou para Teddy sentado ao seu lado no banco do carro, com a cabeça para fora tentando tirar fotos das árvores em movimento e riu, apertando o volante. O garoto colocou a cabeça para dentro do veiculo de novo e começou a tagarelar sobre todos os lugares que eles podiam ir na Argentina e como aquele dois de maio seria perfeito, pois ele havia programado tudo com sua imensa genialidade.

“Hoje é um dia feliz.” Disse Teddy em seu ouvido, enquanto entrelaçava uma mão com a sua.

Victoire sorriu.


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