Sorria bobamente enquanto caminhava pelas ruas de Londres. As pessoas ao seu redor, todas muito bem vestidas com seus ternos e pastas de couro na mão, a olhavam e franziam a testa, totalmente sem entenderem ou sem ter uma ideia do que ela pretendia fazer. 

Não que sorrir não fosse um hábito da morena mas, como uma boa advogada que era, Hermione as vezes permanecia com sua seriedade que era exigida nos tribunais na vida pessoal também. 

Equilibrando um delicioso bolo de chocolate com recheio de doce de leite - o seu preferido -, dentro de uma pequena caixa amarela, com a marca da loja em desenhada em cima, Hermione só pensava na surpresa que faria ao namorado.

Conhecera Córmaco em um bar a um ano, e podia-se dizer que era um dos homens mais cobiçados de Londres. De família seriamente tradicional e do ramo da exportação de petróleo, ele logo quisera, com algumas semanas de encontros com a morena, um compromisso mais sério: pediu-a em namoro.

Hermione, completamente encantada com o cavalheirismo do rapaz, aceitara de cara. 

No começo, até que afirmaria sem pensar duas vezes que o amava... mas Hermione não sabia mais se o que sentia era mesmo amor. Era alguma coisa, ela sabia que sim. 

Córmaco era bom com ela. Sempre estava quando a morena precisa, como nas noites em que não conseguia dormir durante uma tempestade. Certo, ele não ficava, literalmente, acordado com ela, mas com Córmaco dormindo ali do seu lado da cama já servia para alguma coisa. 

Pior mesmo era está sozinha durantes os relâmpagos e trovoadas. Hermione odiava sentir medo por aquelas coisas. Checou mais uma vez o estado do bolo, vendo-o sem nenhum amasso ou partido nas beiradas. 

Quando chegou no prédio em que morava, avistando o Sr. Evans, um senhor careca e simpático, Hermione sorriu ainda mais. O homem era o tipo de porteiro que sempre ajudava os outros.

Mas diferente dos outros dias, ele não estava com o semblante simpático, mas sim, com uma cara de preocupação e um pouco de suor escorrendo por sua testa. 

— Boa tarde, Sr. Evans - desejou Hermione. Já era fim de tarde e o sol começava a dar espaço para os raios laranjas. - Tudo bem com o senhor?

Ele deu um sorriso nervoso e ficava cada vez mais estranho para Hermione. Será que tinha acontecido algo na família do pobre senhor? Alguém tinha morrido? 

Balançou a cabeça para dissipar tal pensamento pessimista.

— Oh, sim, minha querida - ele dava discretos olhadas para o elevador e a morena percebeu isso. - Apenas as dores nas costas. Sabe como é, velhice chegando e acarretando estragos.

— Mas o senhor está em plenas juventude! - brincou Hermione, mas mesmo assim o homem não parava de olhar para o elevador. - Continue usando aquela pomada que indiquei. Ela vai ajudá-lo.

Mesmo percebendo os chamados nervosos dele, Hermione não parou de caminhar até o elevador e acenar quando as portas se fecharam. Definitivamente o Sr. Evans estava esquisito aquela tarde. 

Só que não daria para se preocupar naquele momento. Tinha uma surpresa para fazer e tinha que se concentrar.

Abriu a porta de seu apartamento e logo viu, no hall de entrada, o casaco de Córmaco pendurado. Colocou suas chaves em cima da mesa e a caixa com o bolo. Foi para o quarto, onde presumiu que ele estaria. A porta estava um pouco aberta e foi apenas empurrá-la um pouco para ver.

Na cama dela, estavam ele e outra garota de cabelos loiros na qual a morena não conhecia. Ferrados em um profundo sono, eles dormiam abraçados, o lençol a única coisa que cobria os corpos nus. 

A raiva explodiu em Hermione e ela quase pulou em cima dele, o desejo de querer estapeá-los fluindo por seu corpo.

— MAS O QUE É QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI? - gritou em plenos pulmões e, com um salto, os dois amantes acordaram e a viram parada perto da porta. - CÓRMACO! O QUE SIGNIFICA ISSO?

O acusado não sabia o que falar, o rosto pálido como papel. A garota, com certeza uma qualquer que Córmaco arranjara, olhava para Hermione de cima a baixo com um sorriso na boca e as sobrancelhas arqueadas. 

 - E DO QUE VOCÊ ESTÁ RINDO, SUA QUALQUER! - Hermione continuava a gritar e do outro lado do quarto, Córmaco vestia as roupas com desespero. A morena pegou a garota a sua frente pelos cabelos e a arrastou para fora do quarto.

Córmaco deu alguns passos a frente mas foi barrado pela morena.

— Nem mais um passo, seu desgraçado! - apontou para ele ameaçadoramente. Empurrou a garota para fora e, agachando-se, pegou as roupas que achou pertencerem a ela.

Sentia nojo só de pegar nelas. Foi empurrando a garota - que segurava apenas o lençol ao corpo - para fora do apartamento. 

— FORA DAQUI! - e bateu a porta, trancando-a em seguida. 

Voltou ao quarto pisando firme e viu seu ex-namorado ainda parado. Cruzou os braços no peito, sentindo o rosto queimar de raiva.

— Vamos, Córmaco! - gritou. - Explique-se! E não me diga a frase... - crispou os lábios.

— Não é o que você está pensando! 

— Oh, não! - Hermione pôs a mão sobre o peito, fingindo espanto. - Então o que é que eu vou pensar quando eu chego na minha casa, E ME DEPARO COM MEU NAMORADO NA MINHA CAMA COM OUTRA! 

— FOI APENAS UM DESLIZE! - Córmaco gritou de volta.

— COMO VOCÊ TEM A CARA DE PAU DE FALAR QUE FOI UM DESLIZE!? - Hermione o empurrou. - DESLIZE OU NÃO, VOCÊ ME TRAIU! NO NOSSO ANIVERSÁRIO DE UM ANO DE NAMORO!

— EU NÃO TENHO CULPA SE ACONTECEU! - o rapaz falou. - SOU HOMEM, TENHO MINHAS NECESSIDADES! 

— Pelo amor de Deus! - Hermione o empurrou mais uma vez, com força o suficiente de o fazer chocar contra a parede. - PELO MENOS UMA VEZ NA VIDA, HONRE SUAS CALÇAS E DIGA A VERDADE!

 - TUDO BEM, VOCÊ QUER A VERDADE? - Hermione não respondeu. - Você é uma chata! Uma maníaca por organização e é péssima na cama! 

— DESGRAÇADO! - acertou uma bofetada no rosto dele. Córmaco sorriu, enquanto tocava o local vermelho. 

— Pode me bater o quanto quiser - ele ironizou. Retornou a falar bem mais baixo e perto do ouvido da morena: - Nenhum homem vai te suportar o quanto eu te suportei.

A realidade das declarações de Córmaco começavam a atingir Hermione como facas sendo encravadas no seu peito. Não poderia acreditar que tudo aquilo, toda aquela situação estava acontecendo justamente com ela.

— SAIA! - empurrou o rapaz pelos ombros com brutalidade. Ele apenas ria e foi com a raiva que nunca pensou sentir na vida, que a morena o expulsou. 

Mas olhando para o bolo que tinha comprado com tanto carinho, desatou a chorar.