— O que? Emily, a Ala Poroibida não é um museu.
— Eu sei. Mas deixamos aquilo tudo lá por um motivo.
— Sim, a lenda de Hanala, não abrir para o público usufruir daquelas coisas.
— Jason. Eu só preciso... Ve-la. - Emily piscou os olhos, tentando faze-lo entender.
— Ver Wanda, Emily? Jesus... Você vai voltar para a terapeuta, okay?
— Tudo bem, mas... Por favor. Vá comigo. Se não for, eu vou sozinha.
Jason esfregou os olhos. Ele odiava aquele lugar. Representava toda a tragédia que ele tentava esquecer. Tirou quase tudo dele. Quase. Tudo menos Emily e Andrew.
— Certo. Vamos chamar Andrew.
— Vou indo pra lá. Você chama. - Jason assentiu, se levantou, mas antes de sair, beijou sua cabeça.

— Vamos superar isso, okay? - Ela assente.
(...)
Jason entra na sala de jogos, e encontra todos eles jogando sinuca, e Hlenah e Jean conversavam.
— Oh, Jason, veio se juntar a nós? - Kiro sorriu, se apoiando no taco.
— Agora não, Kiro. Eu... Vim falar com Andrew. - Andrw ficou sério derrepente, e largou o taco na mesma hora, indo até ele rápido.
— Como ela está? - Perguntou, saindo.
— Péssima. Alguém entrou no quarto dela antes de vocês chegarem.
— O que? QUEM? EU VOU MATAR.
— Ela não sabe. Não viu nada, só ouviu. Entrou pela passagem atrás do espelho.
— Ah, Deus.
— Agora ela sismou de ir ver Wanda.
— Sua filha? O que tem de ruim... - Andrew parou de falar, e Jason ergue uma sobrancelha. - Ahh, o cadáver no seu porão. Entendi. Mas... Por que?
— Eu não sei. - Jason coloca a mão na cintura. - Cara... Eu estou preocupado.
— Eu sei. Também estou. Mas você mais que ninguém pode ajuda-la. Certo?
— Okay. - Ele passa uma mão por seu ombro, e descem assim. Jason tinha sentido falta de Andrew.
— Até que em fim. - Emily mordeu o lábio, sem olhar nos olhos de Andrew.
— Bem, vamos ver esse cadáver. - Ele disse, e Emily o encarou.
Os guardas na porta eram do mais alto escalão. Poucas pessoas sabiam daquela sala, e apenas os três sabiam o que tinha dentro. Pelo menos era o que achavam.
Emily sente um arrepio, e leva a mão a cicatriz no ombro. Jason sente também, tocando o gande corte no seu pescoço. Andrew toca a tempora. Sua única cicatriz era uma nitida marca perto dos olhos onde Nina, mãe de Wanda, havia dado inumeros choques para faze-lo sofrer.
— Vamos lá.
Eles entraram pelas portas, vendo o largo corredor cheio de espelhos e luzes brancas arroxeadas. A bolinha flutuante foi até eles, e os escaneou.
— Bem vinda, Rainha Emily.
— Nós não somos bem vindos? - Andrew sorriu.
— Não. - O robô responde. - Devo atirar, Rainha Emily?
— Eita.
— Não, não! Melhor irmos.
Emily respirou fundo, e abriu a porta de vidro que refletia a luz. Elas rangeram, revelando o corredor escuro.
Eles ficaram parados, encarando a escuridão. Nenhum deles ousa respirar.
Apenas Emily, que começou a andar, com o salto batendo forte no chão. Estava destemida demais pra ser verdade... Tinha algo errado. Quando a luz acendeu, revelando o primeiro dos artefatos, ela nem piscou, continuou andando. Mas quando o primeiro cadáver apareceu, ela vacilou. Cogitou parar. Lágrimas começaram a se formar. Mas ela precisava ver Wanda. Precisava.
Jason e Andrew se olharam. Nenhum deles tinham se mexido. Os dois parados na porta, vendo-a se afastar rapidamente.
Emily sentiu um frio derrepente, abraçando o próprio corpo. Aquele lugar precisava ser frio para conservar os corpos. Pra conservar Wanda.
Ela havia decorado cada nome de cada cadáver naquele lugar. Sabia quais matou. Quais Jason matou.
Aquele corredor nunca pareceu tão grande. Havia muito tempo que ela não descia ali. Quase se esqueceu do que fez. Quase. E aquele era um dos motivos que aquele lugar estava ali. Faze-la não esquecer.
Emily parou. Sabia que se andasse mais um pouco, o sensor da luz que iluminava Wanda acenderia. E ali estava ela. A alguns metros do corpo de sua ex melhor amiga. Ela respirou fundo, e deu mais um passo.
No momento em que a viu, as lágrimas sumiram. Suas mãos tremiam tanto que fazia as pulseiras baterem uma nas outras. Seus olhos fitavam os seus fechados com força. Ela desejava que eles abrissem.
— Ela nunca superou  Wanda. - Jason sussurrou, e ele concordou. - Sabe porque ela insistiu tanto para guardarmos aqui, não é?
— Por ela. - Jason assentiu, voltanto a encarar a esposa agora abaixada com a mão colada no vidro.
— O que você precisa me dizer?— Ela sussurrou num tom que nem ela ouviu, mas servia. - O que você ainda não fez? Eu sei que você ainda está aqui, Wanda.— Ela engole em seco. - Eu te amo. Mas se for preciso, te matarei de novo.
Ela se levantou num pulo, limpando a única e pesada lágrima que caiu, e seguiu andando. Nem piscou quando viu Peter, o rei louco.
Não se arrependia de ter matado esse.
— Você matou meu filho. - Ela sussurrou, fechando os olhos com força sem parar de andar. - Espero que esteja queimando no inferno, seu filho da mãe.
— Ela está falando com os cadáveres. - Andrew constatou, mudando o peso de uma perna a outra.
— Percebi. Nem quero saber o que ela falou com meu pai.
A ruiva só parou quando a última e maior luz acende. O tridente brilhava como um sol com duas das esmeraldas vermelhas. Ela tocou seu colar gelado, arrepiando.
— Fugir da morte tem um preço. - Ela deu um sorriso triste, amedrontado. - Você é o meu.
E ergueu a mão, a deixando centímetros do vidro.
Me toque.
Me toque.
Me tire daqui.
Libere seu poder.
As vozes sussurravam em sua mente, desesperadas.

— Não.
Emily nem piscou, e a essa hora Jason estava andando até ela rapidamente.
Raios fracos e fumegantes, implorando para serem soltos, roçam seus dedos, e ela nem vê. Andrew xinga um palavrão, nervoso.
— Emily. Já basta. - Quando Jason a tocou, os raios sumiram.
— Sim. - Ela sorriu, fechando os olhos. - Me sinto melhor.
— Sério?
— Sim. Obrigada por vir comigo. - Ele assentiu, entrelaçando seus braços.
Até que seus olhos pararam no chão onde tinha.. uma pulseira branca no chão.
— Jason. - ela para, encarando o chão, e Andrew vai até eles.
— O que?
— Você usa pulseira?
— Hã? Não.
— Então alguém entrou aqui. - Jason vê a jóia no chão, arregalando os olhos.
— Dennis. - Emily chamou, com o coração batendo forte. O robozinho voou até eles rápido.
— Posso ajudar?
— Nos mostre as câmeras de segurança.
Ele obedece, e numa fração de segundos, uma tela high-tech azul mostra milhares de vídeos.
Ela seleciona o de ontem, fazendo a imagem ficar rápida até aparecer alguém.
Seus filhos.
— Ah meu Deus. - Andrew solta, e Jason serra os punhos.
— Acho que sei de quem é a pulseira. - Emily disse, empurrando o robô para longe, e caminhando pra fora com paços firmes.