Forget About Me escrita por Lia Mayhew


Capítulo 19
Capítulo 18 - Undercover Martyn


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o pingadinho que faltou. É curto, mas juro que tem mais vindo logo.
Boa leitura!



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And she spoke words that would melt in your hands

 

Fred estava em silêncio completo a cinco minutos. Era domingo à noite e eles estavam em um café trouxa em Londres. Claro, teria sido melhor fazer aquela revelação em lugar particular, porém tinha sido um último recurso. Seu pai - que só sabia metade da história - ia receber clientes em casa, George estava doente no apartamento e os pais de Fred estavam acomodando vários adolescente na Toca. A outra opção era contar toda a história para ele junto a vários estranhos da Ordem da Fênix, ao mesmo tempo. Parecia pior. 

— Sua mãe. 

— Sim. 

— Draco Malfoy? 

— Sim…? Não sei bem que pergunta é essa. 

— Você não fazia a mínima ideia disso antes do dia da Batalha do Departamento de Mistérios?

— Eu não sabia que eu era adotada até olhar para o rosto de Bellatrix. 

Seu namorado estava incrédulo. Os olhos escuros que amava estavam cheios de suspeita. Tentou não ficar magoada e lembrou do absurdo da situação. Também não era fácil para Fred administrar os novos riscos da situação com toda a sua família envolvida na luta contra a magia das trevas.

— Bem, se fosse uma estratégia de guerra, não seria boa. Teria te contado todos os segredos militares que quisesse na primeira noite, e ainda assim continuou saindo comigo por seis meses. Quem saiu no lucro fui eu. 

Layla lutou para segurar o canto da boca e não ceder um sorriso. 

— Você não pode fazer piada. Podem pensar que eu armei mesmo para nosso namoro acontecer e ficar infiltrada no círculo de vocês. Como se fosse meu sonho ver duelos entre adolescentes e malucos em repartições públicas. 

— Sim. Vou dizer que procurava brigas clandestinas para manter a chama do nosso relacionamento acesa. 

Ela desistiu e cobriu o rosto com uma das mãos. 

— Layla, está tudo bem. - Fred estendeu o braço e alcançou sua outra mão que estava em cima da mesa. - A mulher que te abandonou é uma maníaca. Uma família que você não conhece e não te criou é horrível. Você não tem nenhuma ligação com eles. Quem liga se somos primos distantes?

— O que? - Ela soltou o braço com um baque na mesa. - Somos?

— A mãe do meu pai, Cedrella, era nascida Black. Foi deserdada da família quando casou com um Weasley. Quer dizer que sangue não importa, caráter sim. Você não vai ser julgada pelos atos de outras pessoas. 

— Vamos voltar para o parentesco rapidinho. Quantas gerações estamos falando? Com o Draco não importa porque foram só uns beijinhos. - Fred franziu as sobrancelhas. Layla balançou um dedo entre os dois. - Isso já é diferente. 

— Ela seria sua tia-bisavó, acho. Então, seríamos primos em quinto grau, talvez? Acho que está bem longe. Mas a família Black já chegou a casar primos de primeiro grau para manter o linhagem pura se quiser voltar a dar beijinhos no Malfoy.

— Ei, ei, calma aí. Só quero saber se além de ruivos nossos filhos vão ter mais alguma anomalia. 

Eles abandonaram a mesa com os cafés e foram para o lado de fora, de frente para a rua. Fred envolveu ela, mantendo os corpos colados. 

O que você vai pedir para a Ordem amanhã, Layla?



Ela estava ficando melhor naquilo. Era a terceira vez que contava a história de como se tornou Layla Harrison. Percebeu a melhor maneira de enunciar certas partes e os momentos que precisava explicar com os poucos detalhes que sabia. Seu público não pareceu sentir os efeitos da mudança da narrativa. Ela poderia ter jogado uma bomba na sala e ter conseguido a mesma reação. 

— Não. 

Remus Lupin foi o primeiro a se pronunciar em tom cristalino. 

— Não? - Layla tinha feito um monólogo dramático e ganhava uma palavra? 

— Sinto muito que seja filha de uma psicopata, mas não vamos mandar uma adolescente para brincar de casinha com os comensais da morte. 

— Claro, porque os planos de vocês não dependem de nenhum adolescente. A propósito, como anda Harry Potter e aquele bando de crianças que ficaram apanhando por horas até vocês aparecerem no outro dia? 

— Harry não escolheu se envolver nisso e está no lugar mais protegido que existe no momento. Mandar você em uma missão suicida sem ter noção de quais podem ser as consequência é muito diferente. Temos outras formas de conseguir inteligência sem depender de uma menina que nem conhecemos. 

— Vocês só podem ser malucos se acham que aquela escola cheia de professores duvidosos e monstros é segura. Eu sou maior de idade e não estou pedindo permissão. Quis vir aqui como uma cortesia. Vou fazer isso com ou sem a ajuda de vocês. Fica a critério da Ordem se vai querer saber o que eu descobrir do outro lado. 

— Não acho que você está preparada para isso, querida. - Arthur Weasley falou, apoiado no sofá com a esposa. Eles evitavam os olhos dela. Layla sentiu que ia perder a posição de nora amada. - É muito perigoso. Você não entende, não conhece aquelas pessoas. Só porque é filha deles não quer dizer que deixariam de te machucar. Já vimos muitos amigos talentosos serem mortos por ajudarem a Ordem. 

Sua inexperiência e falta de habilidades eram limites reais aos seus planos. Estava longe de ser uma espiã ideal. 

— Eu posso treinar mais antes de ir. É uma intervenção curta. Apenas vou até os Lestrange e me apresento como a filha perdida. Tento descobrir qual é o próximo plano e evitar que eles transformem um adolescente em outro seguidor assassino. Eles têm crianças do outro lado também, um menino que poderia ser filho de qualquer um nesta sala. 

— Como Remus disse, temos outras fontes de informação. - O homem apresentado como Moody falou, o olho mágico azul se movendo para todas as direções. - E você entende que quando conhecer essas pessoas, não tem como voltar atrás? É a única herdeira deles, uma das poucas descendentes da família Black. Pode ser que nunca mais recupere sua vida de volta, com sua família adotiva. 

— Minha família é pequena e ficará muito longe do alcance dos Lestrange. Eu tive a chance de escapar e quero retribuir. Se tem algo que posso fazer para impedir que um garoto faça um pacto com o diabo para proteger a mãe dele, eu quero tentar.

— Eu não entendi como você vai impedir a iniciação do menino Malfoy. - Comentou Quim Shacklebolt. - Está fora do seu controle e seu retorno deve ter pouco impacto nisso. É decisão dele e da família dele continuar servindo Lorde Voldemort ao invés de abandonar o navio. 

Layla tentou pensar em alguma resposta, mas uma voz do fundo se fez presente.  

— Deixa ela ir. - Tonks se manifestou pela primeira vez. - Se Bellatrix viu ela no Ministério, é apenas uma questão de tempo até sair procurando. 

Fred tinha explicado que sua avó não era a única Black deserdada que conheceu. Andrômeda era a irmã caçula de Bellatrix e Narcisa, a última filha. Apesar de parecer a sonserina perfeita, escolheu se casar com o nascido trouxa por quem tinha se apaixonado em Hogwarts, Teddy Tonks. Aquela traição foi forte para a sociedade puro sangue e Andrômeda, junto da filha Ninfadora, eram alvos marcados dos comensais da morte. A própria Bellatrix tinha jurado matar todos que sujaram o sangue da linhagem deles. Layla tinha gostado de Tonks na primeira vez que a viu, muitos meses atrás. O cabelo colorido que mudava de cor, o rosto anguloso e a confiança sendo a única mulher do ambiente a tornavam a pessoa mais interessante dali. Eram primas. Ela não tinha nenhum primo antes e agora parecia ter parentesco com o Reino Unido inteiro.  

— Tonks, isso vai dar errado. 

— Muito provavelmente, Remus. Estamos indo para a guerra. Vamos treinar a menina durante o verão e deixar ela na porta dos Lestrange. - Ela apontou para Layla, medindo ela da cabeça aos pés. - Você vai passar três meses com os papais e fingimos a sua morte de novo. 

Todos na sala exclamaram, surpresos com a ideia. 

— Três meses é muita coisa. - Fred murmurou no seu lugar na frente da porta. Estava parado apenas observando o que iria acontecer, tinha sido instruído a permanecer em silêncio como condição para participar da reunião. 

— Eles podem desconfiar da sua aproximação. - Moody apontou. - Precisamos ter certeza de que não vai ceder sob pressão ou revelar nada mesmo sob ameaça. 

— Vocês não estão considerando seriamente esse plano. - Exclamou Molly. 

— O lado bom é que posso continuar sem saber de nada das operações de vocês. A Ordem administra as informações de inteligência. Eu seria apenas uma fonte. E, com todo respeito, se eu estou viva aqui demonstra que eu consigo aguentar muita coisa. Eu amo Fred - Ela olhou para o namorado. - e quero proteger minha vida, meu pai e meu irmão. Me sacrificaria antes de colocar eles em risco. 

— Vamos votar. - Anunciou Tonks, de supetão. - Afinal, ainda é uma democracia. Todos a favor de mandar a belezinha aqui para o covil Lestrange levantem as mãos. 

A sua mão foi para o ar.  Moody acompanhou. 

— Vai ser responsabilidade treinar a garota. - Declarou Shacklebolt, erguendo a mão com relutância. 

— Isso é loucura. - Arthur Weasley levantou da poltrona, tomado por uma forte irritação. - Layla, você é uma menina excelente e deve ficar o mais longe possível daquela gente. Se quiser ajudar, existem maneiras menos perigosas. 

— Você é tão nova, meu bem. - Completou Molly. - Essa decisão vai além do que você consegue avaliar. 

Assim, o voto decisivo era de Lupin. Layla analisou o homem em busca de sinais. Ele parecia nervoso.  

— Se vamos vencer isso, precisamos agarrar as poucas chances que temos, Remus. - Disse Tonks, em voz baixa. -  Não vamos achar outro informante na família Lestrange e você sabe quantas desconfianças temos com a nossa fonte atual. 

Remus concordou, a contra gosto. 

— Tudo bem. Layla, você tem uma chance de mostrar que pode executar o plano que compartilhou conosco. Se mostrar as condições que precisa, vamos tentar te ajudar. Mas, nenhuma promessa por enquanto. 

A adolescente sorriu, satisfeita com a vitória. Eles estabeleceram alguns detalhes sobre a avaliação dela e a próxima reunião que participaria. No fundo, Fred parecia dividido entre fascínio e ansiedade. Arthur e Molly foram os primeiros a sair da sala, em permanente descrença. Enquanto os demais saiam, Ninfadora parou atrás de Layla. 

— Você pode listar milhões de motivos altruístas, sei que você está fazendo isso por você. - A voz suave de Tonks era firme, como se ela conhecesse Layla a anos. - Tem algo que você quer com aquela família. E nada de bom vem deles. 

— Os Lestrange estão fora do meu interesse. Teria maneiras mais fáceis de procurar minha identidade ou lidar com o abandono. Não quero informação nenhuma. - Ao dizer isso, sentiu um nó no estômago. Viu os olhos azuis vazios de Bonnie, ouviu seus gritos de criança. Empurrou esse pensamento para o fundo da sua cabeça. - Vingança não faz parte dos meus planos. 

— Vingança é uma escolha interessante de palavra. - A mulher ficou de frente para ela. - Precisa melhorar sua condição física se quiser fazer algum estrago e convencer o Remus.   

— Estou sendo sincera. Quero ajudar o nosso primo e tentar prender Bellatrix novamente. Não sou a pessoa adequada para fazer esse tipo de estrago. 

— Claro. Continue acreditando no que quiser. - Tonks sorriu e já olhava para a saída, parecendo farta da conversa. - Já eu, te apoiei porque acho que tem uma boa chance de você matar aquela desgraçada na primeira chance que tiver. Mas ei? A mãe é sua. 


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Notas finais do capítulo

Até a próxima!



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