A Escolha de Hermione escrita por Angel Black


Capítulo 3
Sobreviver




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Uma explosão estrondosa arrancou Hermione de seu sono. Já fazia três dias que ela estava no campo de concentração, sem sair do quarto de Draco Malfoy. Ele, entretanto, aparecia eventualmente, trabalhava numa mesa no canto do quarto e depois saia antes do sol amanhecer. Por saber que ele estava presente no quarto, Hermione não dormia. Passava as noites observando atentamente seu algoz, com medo de que ele tentasse alguma coisa. Quando ele saia, ela tentava conciliar o sono e descansar um pouco. Ele quase não dormia e quando o fazia, deitava-se a uma distância dela, sem a perturbar durante a noite. Naquela manhã, quando Draco havia saído do quarto a poucos minutos, o estrondo se espalhou por todo o prédio.

A princípio, Hermione achou que fosse um terremoto, pois as paredes tremeram e o lustre se movimentava como se tivesse vida própria. Ela saiu da cama imediatamente e colou o rosto na janela, tentando ver algo. Talvez não fosse um terremoto. Talvez fossem os rebeldes, tentando um ataque desesperado. Fosse o que fosse, não era bom sinal. Primeiro, por que um terremoto poderia matar não somente os agentes do ministério, mas também os rebeldes presos nas masmorras e se fosse um ataque rebelde, seria ainda pior. Como a líder do exercito opositor, Hermione sabia que os rebeldes estavam desfalcados. Os melhores e mais habilidosos bruxos estavam presos ou mortos. Os que sobraram não tinham condições mínimas de coordenar um ataque ao covil de Draco Malfoy.  Mas então...?

Ainda havia aquela esperança de que Harry Potter estivesse em algum lugar vivo. Se ele soubesse que ela estava presa, viria ele atrás dela? Ele a salvaria de alguma forma?

Era inútil ter esperança. Harry desaparecera e ponto. Se havia esperança, essa, deveria vir do povo nascido trouxa, não de Potter, ou mesmo dela mesma, pois Hermione tinha a certeza de que sua vida tinha os dias contados.  Só o que ela esperava era que sua morte pudesse incitar mais pessoas a lutar.

— Você está bem?

Ao escutar a voz de Malfoy atrás de si, Hermione levou um susto. Ele havia entrado no quarto sorrateiramente.

— O que foi esse barulho? Foi uma explosão, não foi? São os rebeldes?

— Não – respondeu ele, simplesmente, mas parecia transtornado de alguma forma, a expressão preocupada. – Venha comigo se quiser viver.

— O quê?

Hermione não entendia, mas sabia que algo muito sério estava acontecendo.

— Venha comigo, Hermione – disse ele, estendendo a mão para ela.

Hermione, entretanto, titubeou.

— Por que eu iria com você? – perguntou ela, dando um passo para trás, afastando-se dele.  – Se são os rebeldes, eu deveria permanecer aqui, até que eles venham me resgatar.

Malfoy sorriu sarcasticamente, mas Hermione percebeu que havia um tom nervoso em sua voz.

— Os rebeldes que sobraram são mesmo imbecis a ponto de atacarem o meu campo? Você e eu sabemos que isso não vai acontecer... – disse ele, com um tom amargo na voz – Venha comigo, Hermione. Não tenho tempo para explicar. Venha comigo, se quiser viver.

— Não – respondeu ela, resoluta, cruzando os braços.

Ele fez um muxoxo, muito irritado, agarrou seus pulsos e puxou-a para fora.

— Não tenho tempo para argumentar com você... – disse ele, puxando-a com força.

— Me larga, Malfoy... me larga!!!! – gritou Hermione, tentando atrasá-lo, puxando seu pulso, tentando se soltar.

Como ele continuava a puxá-la pelos corredores do castelo, Hermione ergueu os pulsos e mordeu com força a mão de Malfoy que imediatamente empurrou Hermione contra a parede, cobrindo o corpo dela com o seu. Ficou tão próximo dela que poderia esmaga-la. Seus lábios a um fio de distancia.

— Você é mesmo uma gatinha selvagem, não é mesmo, Granger... – disse ele, com um estranho brilho em seu olhar e Hermione sentiu as mãos dele em sua cintura, envolvendo suas costas, puxando-a levemente para ele.  Seus lábios quase se encostando.  – Você não imagina o quanto eu gostaria de ter você em meus braços...

Ela tentou empurrá-lo, mais sentia que seu corpo pressionava-a cada vez mais e mais. As mãos de Malfoy passeavam por seu corpo provocando nela, estranhas sensações, tirando-lhe o pouco ar que havia em seus pulmões.

— O que está fazendo, Malfoy? Por favor, não me machuque!!! – disse ela, com os olhos marejados.

Ele franziu o cenho e afastou-se alguns centímetros.

— Acha mesmo que eu poderia te machucar dessa forma? – perguntou ele, com um ar zombeteiro. – Eu estou tentando te manter viva, amor...

Por um minuto, Hermione achou que ele iria soltá-la, mas ele fechou os dedos novamente em seus pulsos e a puxou, sem que ela pudesse se desvencilhar.

— Malfoy... – implorou Hermione depois de um tempo. Ele a levara por corredores infinitos como se fosse um labirinto. Se fosse largada naquela parte do castelo não  saberia retornar ao quarto dele.

— Eu tenho um esconderijo. Você ficará  a salvo, por enquanto, até eu resolver ‘esse’ problema.

— Que problema? – perguntou ela, embora soubesse que ele não responderia. Por fim chegaram a uma parede e Malfoy brandiu sua varinha, fazendo aparecer uma porta oculta. - É um quarto escondido. Você  ficará  bem.

Depois disso, ele abriu a porta, empurrou Hermione para dentro e depois a fechou novamente, deixando Hermione ali sozinha.

Na escuridão, esquecida pelo mundo, Hermione ficou atenta a cada barulho. Houve mais explosões. Não tão estrondosas quanto a primeira, mas Hermione sabia que alguma coisa muito grave estava acontecendo. Agora, pensava mais e mais que aquilo se tratava de um ataque rebelde. Torcia por eles. Esperava que eles pudessem ganhar, embora Hermione soubesse que era uma loucura atacar Malfoy no próprio covil. Ainda assim, ela torcia para que eles pudessem ganhar. Contudo, se isso acontecesse e se eles matassem Draco, como é que eles a descobririam ali? Hermione pensava que não poderia ser egoísta. Sua vida valia muito menos do que a causa dos rebeldes. Eles lutavam por liberdade e daria sua vida com prazer se isso pudesse ajudar.

Depois de um tempo, os sons pararam. Ela aguardou por muitos minutos até que conseguiu escutar os passos de alguém se aproximando.

Antes que pudesse pensar no que fazer, percebeu que a porta oculta se abria. Diante dela, Draco apareceu. Ele tinha um corte feio na testa, mas parecia tranquilo.

— O que aconteceu? – perguntou ela, nervosa, esperando pelo pior.

— Venha comigo...

Hermione seguiu Draco para fora do quarto oculto e dali para fora do castelo. Hermione olhou para todos os cantos, tentando saber o que acontecia. Havia alguns focos de fogo ali fora e parte do castelo estava destruída.

— Draco, o que aconteceu, por favor...

Mas ele não respondia e continuava a caminhar para fora do perímetro do castelo, embrenhando-se numa floresta aos arredores. A esta altura, Hermione sentiu que o fim dela se aproximava.

— Se vai me matar, mate-me aqui e agora, Draco...

— Não vou te matar... – respondeu ele, simplesmente.

Caminharam por muito tempo em silêncio, mas cada vez que Hermione tropeçava, Draco a sustentava, não deixando que ela se machucasse.

Chegaram a uma clareira no meio da floresta e Draco então parou, virando-se para ela.

— Seja rápido, por favor... – disse ela, com raiva por sentir seus olhos marejarem.

Draco sorriu como se achasse graça da atitude de Hermione que secava as lágrimas com as costas das mãos.

— Eu não lhe disse que estava tentando te salvar? – respondeu ele, com uma estranha feição. Depois colocou a mão no robe e tirou do bolso a varinha que Hermione costumava usar.

— Vai me matar com a minha própria varinha? Você é doente, Draco!

— Você vai aparatar para Hogsmeade. Vá até ao cabeça de Javali e procure por Gongon. Ele vai tirar você do país em segurança.

— Como assim? – perguntou ela, sem entender muita coisa – Você está me ajudando a fugir?

— Fui atacado por uma equipe de meu pai. Eles estava atrás de você e quando eu me recusei a entrega-la, eles me atacaram. Eu consegui mata-los, Hermione, mas meu pai vai me atacar com mais força até conseguir você. Eu não posso mais protege-la.  Fuja, Hermione. Você tem pouco tempo. Eu vou tentar enganá-lo. Fazê-lo pensar que você ainda está aqui. Mas meu pai é esperto.

— Mas os rebeldes...

— Os rebeldes estão mortos, Hermione.... – disse Draco, secamente. – É inútil você ficar aqui... fuja e quem sabe poderá me matar noutra oportunidade. Vá... – disse ele, estendendo a varinha de Hermione na direção dela.

— E você, Malfoy... o que vai acontecer com você...?

— Não se preocupe comigo. Eu farei o que tiver de fazer para sobreviver...

Hermione segurou sua varinha na mão com uma nota de satisfação e tristeza ao mesmo tempo, sem saber exatamente o porquê.  Era a sua chance de liberdade. Mas liberdade para que? Se os rebeldes estavam todos mortos, para que Hermione queria continuar viva? Entretanto, seu instinto de sobrevivência dizia-lhe para continuar de alguma forma, sobreviver a qualquer custo, como Draco também o faria.

— Adeus, Hermione... – disse Malfoy antes de sumir entre as árvores.

De alguma forma, ela sabia que o veria novamente.


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