Antes de Te Deixar escrita por Emily Lopez


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.
Boa Leitura.



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PRÓLOGO.

Dizem que logo antes de morrer sua vida inteira passa diante de seus olhos, mas comigo foi bem diferente. Para ser bem sincero em toda a minha vida achei estranho essa história de ver tudo no final como um flashback. Porque não antes?

Até concordo que algumas coisas e situações ficam melhores bem enterradas, como titia dizia com o mesmo sorriso de canto. Eu me contentaria em esquecer boa parte da adolescência, por exemplo— A pior fase— E alguém já gostou de relembrar a adolescência, que eu me recorde nunca encontrei alguém, claro tirando a Sr. Clark. Agora faça uma junção dessa fase com as reuniões em família forçadas e o clima pesado, a escola, mudanças corporais entre outras coisas que não vem ao caso agora.

Embora fosse interessante reviver momentos bons, e que realmente valem a pena como o primeiro brinquedo, o carro, ou como daquela vez que roubei um beijo da Lara, a plateia a nossa volta aplaudiu com alvoroço, as noites de bebedeira com os amigos que quase sempre resultavam em broncas épicas depois de sermos perseguidos pela polícia. As férias onde toquei a neve pela primeira vez e aquela sensação estranha veio, ou como na festa de 17 anos de Frederico que quase colocamos fogo na casa com apenas uma vela. Dessas coisas eu gostaria de me lembrar, e pelas quais gostaria de ser lembrado.

Todavia antes de morrer, não me recordei de fogo, ou dos beijos que dei em Lara. Não pensei em nada das coisas que fiz. Mas me lembrei de Violetta e de como a deixei sozinha e desprotegida, mais especificamente nas coisas que disse a ela sem ao menos saber que seria última vez que a veria.

Violetta Castillo, é o ser mais estranho que aquela escola já vira, os cabelos longos desgrenhados em um tom queimado de Loiro, os olhos sempre profundos e a carranca sempre bem à frente de qualquer coisa, não foi por acaso que de maneira alguma a aceitaram facilmente ainda mais se tratando do grupo de Ludmila Ferro—A falsa— O ensino médio não foi fácil para ela, assim como não foi para mim, mas eu consegui enfrentar até o último momento, e ela por outro lado teve seus momentos de fraqueza.

Violetta, sentava-se sempre na mesma mesa distante no refeitório. Sozinha. Onde seus olhos ficavam vidrados e atentos naqueles que passassem a sua frente com uma ofensa bem no ponta da língua. Nas mãos trazia o mesmo livro velho de poesia, ou daqueles desenhos abstratos que eu nunca entendi direito o que eram. E para piorar a situação Violetta e Ludmila faziam parte do mesmo conjunto de alunos do Ensino médio, o que pode não parecer tão ruim se você olhar pelo lado bom—se tivesse lado bom.

Parecia engraçado vela andar pelos corredores, Federico adorava tirar sarro da cara dela, e claro eu embarcava em sua onda, assim como todo mundo. Não era contra as regras olhar com ar de ironia para uma pessoa. Ludmila gritavam aos quatro cantos que não gostava da nova aluna, principalmente na hora de escolher os times para as partidas na aula de educação física, ao gabar-se de ter um corpo digamos belo, ao contrário do de Violetta.

E foi exatamente nela que pensei antes da morte bem naquele momento de decisão—Ao contraditoriamente, eu ter tido a chance de me lembrar das bebidas, das risadas no fim do dia, das pinturas inacabadas do sótão.

O estranho era que eu já pensava naquilo há anos. Era uma daquelas lembranças que ficam cravadas na memória e que você nem sabe que elas existem ali. Não que Violetta tenha se perdido, não, nada disso. Afinal sempre vai haver uma pessoa que ri da outra sem algum motivo aparente, isso acontece diariamente, em todos os lugares, cidades, estados, continentes, etc. A grande questão e desafio é conseguir ficar distante de quem ri. No meu caso eu não consegui, não totalmente.

Para você entender um pouco melhor as coisas, Violetta era um pouco abaixo da média se tratando de padrões de beleza, seu rosto e braços eram um pouco rechonchudos—não muito—mas dava para perceber nas blusas dela a protuberância daquela região. Ela até emagreceu alguns centímetros, mas não se percebia tão facilmente só se fosse analisada bem de perto, coisa que poucas pessoas faziam. Quase nenhuma.

O primeiro fato estranho aconteceu quando Violetta e Ludmila ficaram amigas, e saíram juntas para comemorar e ficaram mais bêbadas do que deveriam, falando sobre coisas que poderiam fazer ou que deveriam terem feito.

O segundo fato mais estranho ainda foi eu me lembrar disso, o que acontece bem antes de você morrer foi o que me disseram, não sei explicar com detalhes como fiquei sabendo disso, só me recordo que Federico sempre reclamou que eu andava prestando muita atenção na garota nova, e realmente estava.

Ele ficava lá mascando o chiclete de um sabor estranho que havia encontrado em alguma loja de conveniência, mas sempre prestando atenção em tudo principalmente nas batidas da música que ele administrava nos intervalos, enquanto eu feito um idiota tentava lhe explicar minhas teorias para rever meus conceitos sobre os “bons momentos”, o que para ele era mais uma idiotice minha. E foi aí que comecei a me perguntar se realmente não seria.

 Talvez reviver os bons momentos não fosse tão bom assim, causa um certo embaraço na nossa mente que fica até difícil decifrar o caminho certo, mas. Fede conseguira eleger o melhor para ele que foi ter conseguido uma vaga no TLB, claro, embora inda pensasse ser uma besteira eu me preocupar com isso.

A volta para casa foi um pouco pior, pois André também achava isso uma bobagem, mas ele não escapou de me dizer qual era o melhor momento para ele, e claro foi ter conseguido chegar ao ensino médio. Mas que gostaria de reviver intensamente a primeira vez que encontrou e beijou Patty Adkins pela primeira vez. Enquanto reclama do frio que atravessava aquela parte da cidade, Federico trocou a estação da radio colocando em uma que André não aprovava o que gerou uma briga entre eles, Federico tinha os argumentos na ponta da língua para rebater qualquer contestação do outro.  A estrada era estreita e sinuosa com pouca iluminação, e dos dois lados os galhos de árvores escuras e sem vida balançavam como se quisessem dançar com o vento que soprava frio, bem mais que nos dias anteriores. Maxi aproveitou a deixa para colocar uma outra musica qualquer para tocar para embalar a briga que acontecia bem ao nosso lado, André o chamou de filho de uma mãe e soltou o cinto e inclinou-se na direção de Federico para tentar trocar aquela maldita música, o cigarro de maxi caiu o que o fez praguejar mais alto.

Os pneus derrapavam um pouco na estrada que ainda estava molhada pela chuva de horas antes e a fumaça do cigarro estava no ar dentro do carro. Então como magica um flash surgiu na frente do carro. Maxi disse alguma coisa que eu não consegui decifrar com facilidade, era algo como “cuidado”, “sai” ou ‘Porcaria”, e foi nesse exato momento que Federico perdeu o controle e o carro saiu da estrada arrastando os pneus com força no chão, caindo em uma espécie de barranco. Foi um barulho horrível—Coisas se quebrando—Tive tempo de pensar se o celular de maxi havia caído.

E foi então que Violetta Castillo surgiu do passado, suas últimas palavras, tudo sumindo ao meu redor, explodindo.

E depois nada.

O que devemos entender é que: não tem chances de adivinhar, nenhum sinal acontece, uma luz, talvez. Você não sabe se deve dizer adeus as pessoas que ama, nada.

Se você for como eu que acorda uma hora e meia antes do horário para não correr o risco de se atrasar e ser expulso novamente, se se preocupa excessivamente com sua aparência e não liga se lembrou de colocar as meias na cor certa.

Se você for como eu, cuidado seu último pode ser assim:

 


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Notas finais do capítulo

Quem gostou ergue a mão.
Chegaram até aqui, leram tudinho, se sim, fico feliz por isso.
Essa historia ainda vai render muitas emoções. O próximo capitulo já está quase pronto e garanto está cheio de surpresas e vai ser mais fácil entender essa coisa de reviver.
Até o próximo capitulo ♥



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