Contrato de Amor escrita por Lelly Everllark


Capítulo 26
Frango com pimenta, por que não?


Notas iniciais do capítulo

Amores da minha vida, voltei!! ♥
Estou tecnicamente atrasada, mas o capítulo está enorme então estou desculpada, né?
Nem digo que esse está tão cheio de emoções quanto o anterior, por que se depender de mim, paz é a última coisa que a Lisa vai ter u.u
Espero que gostem!!
BOA LEITURA :3
PS: Eu mudei a capa, cês viram? Eu estou muito apaixonada nessa nova, ela foi um super presente de uma leitora linda do Wattpad a @Tina_Ross e bom, eu não consegui não colocá-la aqui também, quero saber o que vocês acharam!! :D



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Meu próprio nome e sobrenome piscavam na tela do celular em minhas mãos e eu não sabia se iria atender (o que é irônico já aparentemente era eu quem estava ligando para mim mesma). Eu devia ter notado que esse não era o meu celular quando ele começou a vibrar demais na noite passada ou quando despertou hoje cinco da manhã, mas não, eu com todo o meu sono e meu raciocínio lento só me toquei que tinha alguma coisa errada quando tentei desbloquear o celular depois de chegar ao trabalho e não consegui. Agora o idiota que estava com o meu, me ligava e eu não sabia se queria atender. O resto da minha noite com Edu ontem, tinha sido tão divertida que quase me fez esquecer todo o drama com Anthony, quase. Mas agora que ele estava com meu celular eu teria que vê-lo muito antes do eu imaginei ser preciso. Caramba, universo! Precisava? Aparentemente precisava, por que mesmo depois de quase dois minutos o celular continuava a tocar. Suspirei tomando uma decisão.

  - O que foi? - perguntei com toda a minha delicadeza depois de atender e vi Chloe me olhar divertida, ela tinha me visto encarar o celular durante todo esse tempo, então provavelmente sabia com quem eu estava falando.

  - Quero meu celular de volta — Anthony devolveu com a mesma delicadeza, me limitei a revirar os olhos e Chloe e Caitlin trocaram risinhos como se estivéssemos na escola, quis matar as duas.

  - Então somos dois. Por que você não voltou assim que percebeu o que tinha acontecido?

  - Por que tinha que terminar um trabalho no computador e por que certas pessoas me deixaram encharcado noite passada e eu tive que tomar um banho — respondeu irônico e eu resisti ao impulso de grunhir.

  - Aposto que deve ter merecido. Mas e então? Você vem trocá-los ou eu vou ter que implorar? - debochei e quase pude ver Anthony revirar os olhos do outro lado da linha.

  - Tudo bem. Lá pelas oito passo na sua casa então, por favor, esteja lá.

  - Sempre estou - suspirei. Por que era verdade, eu sempre estava em casa. - Não demore. Tchau.

  - Tchau — ele se despediu e desligou. Olhei para o celular caro em minhas mãos que tinha voltado para a tela de bloqueio, se eu soubesse a senha, trocaria o nome do meu contato para algo como “Meu amor” só para irritá-lo.

  Esse pensamento me fez sorrir enquanto eu guardava o celular que devia custar uma pequena fortuna de volta no bolso do meu casaco.

  - Conversar com o namorado sempre te deixa animada em Lisa? - Chloe provocou rindo. - Você passou a manhã toda com cara feia e agora só com um telefonema de cinco minutos ele conseguiu te alegar. O que você acha disso Caitlin?

  - É o poder do amor - a morena entrou na brincadeira. Para alguém que não falava muito há um mês atrás, ela está me saindo uma bela de uma tagarela.

  - Vocês não têm mais o que fazer não? - quis saber enquanto voltava a colocar o preço nos cupcakes que estavam encima do balcão.

  - Até tenho, porém minha vida não é nem de longe tão interessante quando a de vocês - Caitlin reclamou fazendo eu e Chloe rir. - Até a minha irmã certinha se mete em dramas envolvendo ex-namorados gatos e eu aqui vendo minha vida passar na minha frente.

  - Aposto que não é bem assim - ri do drama da morena. No fim ela só era muito tímida para falar com a gente no início, agora por outro lado.

  - É sério - ela fez bico. - Eu tenho dezenove anos e nunca tive um namorado. Dá pra ser pior que isso?

  - Eu estou tentando ficar grávida há quase um ano e até agora nada - Chloe deu de ombros.

  - E eu estou saindo com um cara, mas não consigo parar de pensar em outro - comentei a verdade. É, ouvi-la não me fez sentir menos pior.

  - Nossa, que merda! - Caitlin disse quase sorrindo e resumindo muito bem a situação. - Pensem pelo lado positivo. Pelo menos vocês não são a minha irmã mais velha que foi pra outro país fugindo do namorado e até hoje eu não sei por quê.

  - Ela foi mesmo para outro país para fugir dele? - perguntei surpresa e agradecendo mentalmente por ter um motivo para não pensar nos dois morenos que não saem da minha cabeça.

  - Bom, ela recebeu uma proposta de estágio então não foi bem uma fuga, mas eu sei que tem alguma coisa a ver com o namorado o fato dela ter aceitado assim do nada. Por que numa hora ela não tinha certeza se ia e depois apareceu com as malas prontas e tudo e também, ela nunca mais falou dele.

  - Tadinha da sua irmã em? - Chloe sorriu de forma gentil como se não tivéssemos tido aquela conversa da bad a menos de cinco minutos atrás.

  - É eu também me sinto mal, eles eram aquele tipo de casal meloso que todo mundo quer ser, mas não admite. Achei que eles iam ficar juntos pra sempre - ela suspirou. - Queria ajudar, mas não posso fazer isso se não sei o que aconteceu. Ela vai voltar amanhã, acho que vou enchê-la de doces, talvez ajude.

  - Com certeza vai ajudar, mas ela deve ter os motivos dela - argumentei a favor da irmã que eu nem conhecia, mas entendia de certa forma. Fugir sempre era mais fácil que enfrentar o problema de frente.

  - É, ela deve ter - Caitlin concordou suspirando.

   Depois dessa conversa, o resto do nosso dia não foi nem de longe tão empolgante, tivemos boas vendas e uma quase briga de duas senhoras por uma torta de morango, mas foi só. Menos de uma hora depois de ser liberada, eu já estava em meu sofá enrolada em uma coberta assistindo The Walking Dead e torcendo para o meu coreano favorito não ser devorado, mesmo que eu já soubesse o que iria acontecer (Lena me deu um spoiler tão grande que eu fiquei quase dois dias sem falar com ela).

  Um tempo depois, eu estava em uma discussão muito importante comigo mesma pra ver se eu iria cozinhar ou pedir uma pizza que o som da campainha quase me matou do coração.

  - Caramba! - reclamei ficando de pé e indo até a porta e a abrindo. - Precisava me matar do coração? - perguntei fitando o par de olhos escuros a minha frente.

  - Não é como se eu tivesse outra esco... - Anthony deixou a sentença no ar me encarando surpreso. Seus olhos passearam pelo meu rosto, e foram descendo pelos meus seios, a barriga inchada até se fixaram em minhas pernas.

  Aquilo não era normal do bonitão, ele sempre fora mais discreto que isso, eu sabia que minha aparência não era das melhores então estava prestes a perguntar qual era o problema, mas quando Anthony abriu a boca para falar alguma coisa e a fechou sem dizer nada, eu entendi na hora o que estava acontecendo e senti todo meu sangue se refugiar nas bochechas. Eu tinha conseguido sujar meu pijama novo ontem à noite e hoje tive que voltar para os antigos, mas como a única coisa limpa que encontrei foi uma camisola que eu não usava muito, foi ela mesma que eu coloquei, e isso não seria problema, a não ser é claro pelo fato de que ela já era curta antes de eu estar grávida, agora então, era quase como se eu usasse apenas uma camiseta.

  Assim que meu cérebro raciocinou o suficiente, enquanto Anthony ainda encarava minhas pernas de uma forma não muito discreta, eu finalmente consegui fechar a porta. Mas calculei mal a posição do moreno, por que ele já estava no meio do caminho para entrar em meu apartamento e a porta o acertou em cheio no ombro direito, ele fez uma careta e isso pareceu acordá-lo.

  - Eu... Ham... Sinto muito - murmurou piscando e eu teria ficado surpresa em ver Anthony Whitmore sem palavras se meus batimentos não estivessem retumbando em meus ouvidos e algo em torno de 90% do meu sangue tivesse ido parar em minhas bochechas.

  - Certo, não tem problema, eu vou é... - perdi a linha de raciocínio assim que seus olhos finalmente encontraram os meus depois dele observar todo o meu apartamento. Suas íris escuras pareciam em chamas assim como todo o meu corpo. Ele deu um passo em minha direção e mesmo que minha cabeça gritasse “Não!” eu teria dado outro na sua se os barulhos dos tiros da TV não tivesse nos assustado. Eu pisquei me dando conta do que ia fazer e me afastei. - Eu vou me trocar - sussurrei com o coração a mil e me obriguei a seguir em direção ao quarto.

  Eu sabia que essa situação toda de forma geral era algo que, assim como aquele beijo no salão de festas, terminaria mal, mas eu não pude simplesmente me afastar, a ideia de que ele pudesse me olhar daquele jeito mesmo depois de tudo o que gritamos um com o outro, mesmo que eu estivesse enorme, me fazia sentir a mulher mais bonita do mundo. Só que ao mesmo tempo em que era incrível, era errado de tantas formas que eu nem mesmo sabia como começar a explicar. Tinha Edu, o contrato, as bebês, o fato de que Anthony não queria ninguém, a situação toda era errada, e eu sabia disso, agora só tinha que explicar ao meu coração burro que já estava todo alvoroçado.

  Enquanto eu trocava de roupa, tentava encontrar alguma razão para termos chegado àquela situação, mas não havia nenhuma, nós nem mesmo estávamos nos dando bem, o encontro de ontem tinha terminado com uma discussão debaixo da chuva. Então eu não entendia como chegamos àquele ponto. Sabe sim, uma vozinha irritante na minha cabeça teimava em sussurrar, mas tratei de ignorá-la, por que eu tinha certeza de que se decidisse ouvi-la, estaria ferrada.

  Ouvi a campainha outra vez enquanto procurava uma calça que ainda fechasse e suspirei chegando à conclusão de que Lena tinha razão, eu precisava de roupas novas.

  - Anthony você pode abrir a porta, por favor? - gritei do quarto, era meio ridículo eu pedir isso a ele depois daquela cena toda, mas eu não tinha escolha, sair seminua para atender à porta era uma ideia ainda pior. - Deve ser a Lena, diga a ela que eu estou no quarto!

 Dez minutos depois quando eu finalmente entrei em uma calça jeans e não ouvi barulho nenhum vindo da sala, estranhei. Minha amiga não devia estar enchendo o bonitão de perguntas?

  - Olha, não acredite em tudo o que ela disser a Lena é lou... - parei assim que cheguei à sala e vi o porquê do silêncio.

  Afinal, dois cães raivosos se encaravam bem no meio do meu apartamento.

  Edu estava parado ao lado da porta enquanto que Anthony estava perto do sofá, eles estavam medindo um ao outro no mais completo silêncio e sem nenhuma discrição. Pisquei perdida, nem em um milhão de anos eu havia imaginado uma cena assim. É claro que ambos já tinham vindo até aqui e eu sabia que voltariam, mas juntos e ao mesmo tempo? Nunca. Claramente tem alguém se divertindo muito com a minha situação em algum lugar, disso eu tenho certeza.

  - Ham... Oi Edu, eu não sabia que viria - murmurei me aproximando dele que finalmente quebrou o contato visual com Anthony e me encarou, ele não estava sorrindo como de costume. - Eu é... - me interrompi encarando suas íris azuis, eu devia beijá-lo? Abraçá-lo? Mandá-lo embora? Eu não sabia o que fazer, sobretudo por que conseguia sentir o olhar penetrante de Anthony as minhas costas.

  - Quem é o seu amigo? - Edu finalmente perguntou depois do que me pareceu uma eternidade.

  - Há... Esse é o Anthony, Anthony esse é o Eduardo - os apresentei e Edu assentiu ao passo que o bonitão arqueou uma sobrancelha, Edu não sabia quem ele era uma vez que nunca citei seu nome, já Anthony ouvira mesmo que sem querer o nome do moreno de olhos azuis. Quanto a isso, eu não podia fazer mais nada. Então era melhor resolver (e logo!) o que estava ao meu alcance. - Não se preocupe Edu, Anthony já está de saída, só preciso encontrar o que ele veio buscar. Não vai levar mais que cinco minutos.

  Mas levou e eu não tinha ideia de como essa noite ainda iria terminar.

  Eu me virei para procurar o celular de Anthony que eu jurava ter colocado em cima da mesa de centro, mas misteriosamente não estava lá e os dois morenos em meu apartamento continuaram de pé, eu olhei a estante e dentro da bolsa e não vi nada, quando estava prestes a ir para a cozinha me virei para encará-los.

  - Dá pra vocês se sentarem? Estão começando a me irritar - disse impaciente. Eles me olharam parecendo surpresos com a minha súbita raiva. - Eu disse pra sentarem - repeti, e quando eles não se mexeram estreitei os olhos. - Agora!

  - Certo, já estamos nos sentando - foi Edu quem respondeu e pela primeira vez eu reparei que ele tinha uma sacola nas mãos.

  - O que tem aí? - quis saber me aproximando. - O cheiro está ótimo.

  O moreno dos olhos azuis abriu um daqueles sorrisos que eu tanto gostava e deu de ombros, ele estava prestes a responder minha pergunta quando a porta se abriu do nada. Helena passou por ela como um furação.

  - Você tem xampu? Condicionador? Até creme de pentear serve, o idiota do seu irmão foi ao mercado e esqueceu de comprar o meu – foi dizendo sem nem mesmo parar para respirar. E foi só depois que ela fechou a boca que pareceu notar o que estava acontecendo em meu apartamento. Ela piscou surpresa. – Ham... Eu perdi alguma coisa? O que eles dois estão fazendo aqui ao mesmo tempo? Isso é aclaro se esse ai for o Edu, por que se não for, eu não sei de mais nada.

  - Lena, pelo amor de Deus, só dê meia volta e vá embora – praticamente implorei enquanto ela ainda olhava de um para o outro. – E sim esse é o Edu, agora vai, por favor.

  - Eu não sabia que o relacionamento de vocês já estava nesse nível – ela riu e eu quis morrer, ou talvez matar ela, o que viesse primeiro.

  - Helena Mary Clark White – citei seu nome completo e ela fez uma careta. – Só suma daqui, por favor!

  - Ok, já indo, mas depois quero detalhes – ela fez meia volta e saiu – Detalhes! – gritou do corredor depois de fechar a porta. Eu senti as bochechas corarem pelo que me pareceu a milésima vez só nessa noite.

  - Quem era? – Edu perguntou e sorri mesmo sem querer.

  - Minha vizinha, cunhada e melhor amiga, seu nome é Helena e ela mora do outro lado do corredor.

  - Não sabia que tinha um irmão – ele comentou olhando de canto de olho para Anthony que surpreendentemente estava sorrindo.

  - Tenho sim – sorri encerrando o assunto antes que eles continuassem com essa ceninha ridícula e depois voltei a minha atenção para o moreno dos olhos azuis como o pacote nas mãos. – Você ainda não me disse o que tem aí – comentei e ele sorriu.   

  - Eu não sabia se você já tinha comido, então te trouxe uma coisa que eu já estava a fim de comer a muito tempo. Gosta de frango no pote? - perguntou cheio de expectativa e minha boca salivou só com a menção a essa delícia, no momento seguinte eu já tinha desenvolvido uma necessidade quase física de saborear as coxas de frango no pacote nas mãos do moreno.

  - Se eu gosto? - repeti divertida. - Estou indo lavar as mãos.

  - E meu celular? - Anthony quis saber subitamente irritado e eu dei de ombros só para irritá-lo mais.

  - Sumiu.

  - Elisa, por favor - ele pediu passando as mãos pelos cabelos parecendo estar se segurando para não explodir enquanto olhava de mim para Edu e vice versa. Por um mísero instante ele pareceu quase com ciúmes, mas isso obviamente não podia estar certo, devia ser só coisa da minha cabeça maluca.

  Me livrei desses pensamentos e fui até Edu quase conseguindo imaginar o gosto do frango em minha boca.

  - Posso? - perguntei empolgada e ele sorriu divertido abrindo a embalagem.

  - Vá em frente. Eu trouxe pra você. – ele me estendeu o pote e eu sorri, mesmo em meio a uma crise eminente não pude deixar de ter fome, essa era eu.

  Peguei a primeira coxa de frango e mordi com tanta vontade que ela quase caiu. E foi nesse exato momento que as coisas começaram a desandar. Depois da primeira mordida minha língua começou a pinicar, mas eu ignorei afinal estava muito bom, depois da segunda eu tive quase certeza de que ela começou a ficar dormente, depois da terceira eu tinha me virado para a cozinha para buscar água e parei onde estava, com o coração batendo mais rápido do que devia, eu olhei para a coxa de frango em minhas mãos começando a entrar em pânico.

  Graças aos morenos que me encaravam eu não havia notado os sinais, eu nem me dei conta de que o frango estava cheio de pimenta, no instante em que o cheiro forte do tempero chegou ao meu nariz, eu já não conseguia respirar normalmente, o frango caiu no chão e eu me apoiei na bancada da cozinha tentando normalizar a respiração, eu estava realmente em pânico, já haviam muitos anos que eu não tinha uma crise alérgica assim.

  - Lisa? – Edu chamou e eu puser sentir a preocupação em sua voz.

  - Elisa? – ouvi Anthony chamar também, mas não respondi, não tinha voz para o fazê-lo de qualquer forma.

  Eu conseguia sentir minha garganta se fechando e o ar lutando para passar, comecei a ficar tonta. Isso é necessário universo? Desse jeito, agora?

  Quando um par de braços fortes me seguraram eu me agarrei a eles, sinceramente não me importava de quem eram só queria algum apoio. Me ajudaram a sentar e eu focalizei os olhos azuis de Edu.

  - Você está bem? O que aconteceu? Seu rosto está vermelho – ele disse preocupado e eu neguei com a cabeça.

  - O... Frango... – minha voz não passava de um sussurro.

  - O que tem o frango? Elisa pelo amor de Deus, qual o problema? – ele parecia em pânico e eu também estava, lágrimas brotaram em meus olhos e eu forcei o ar a entrar.

  - O problema é que ela está sufocando, esse é o problema! – para minha surpresa Anthony rosnou parecendo prestes a bater em Edu.

  - Isso eu estou vendo, eu só...

  - Sai – Anthony o empurrou para o lado e se ajoelhou a minha frente, quase que por instinto me agarrei ao seu paletó. – Elisa fique calma, o que está havendo?

  Eu respirava tão superficialmente que forçar o ar a entrar era quase doloroso. Mas mesmo assim consegui me acalmar o suficiente para pensar. Pimenta, fiz com os lábios depois de uns instantes e os olhos escuros de Anthony se arregalaram. Ele foi até o pote se afastando o máximo que eu permiti já que ainda estava agarrada a ele e pegou uma coxa de frango, ele a levou aos lábios e depois olhou de uma forma assustadora para Edu, mas não disse nada, seus olhos se voltaram para os meus, ele parecia bem perto do pânico também.

  - Você tem algum remédio? – ele perguntou e eu fiz que sim com a cabeça.

  - Remédio? – quis saber Edu. – Remédio pra que?

  Anthony o ignorou completamente mantendo os olhos em mim.

  - Onde está? – Anthony me olhou de uma forma tão intensa que teria feito meu coração parar se eu não estivesse tão concentrada em continuar respirando. Eu indiquei o fim do corredor com a cabeça e ele assentiu ficando de pé. O moreno teria do um segundo passo se eu ainda não o estivesse segurando. – Eu já volto – ele garantiu e eu mesmo contra a minha vontade o soltei.

  Anthony passou como um raio em direção ao meu quarto e Edu me encarou ainda parecendo perdido e em pânico.

  - Lisa? O que...

  - Aqui – Anthony o interrompeu com várias cartelas de remédio na mão, ele me estendeu todas. – Eu não sabia qual era – se desculpou e eu sorri ainda respirando com dificuldade, mas muito mais calma e alcancei os comprimidos brancos e redondos pegando dois. Edu arrumou um copo de água pra mim e eu a tomei junto com o remédio.

  Nenhum deles fez ou disse nada nos minutos seguintes enquanto eu tentava me acalmar. Tomei o resto da água do copo e continuei agarrada ao paletó de Anthony como se disso dependesse a minha vida.

  - Eu sinto muito por tudo, Lisa – Edu disse parecendo mortificado e aquilo acabou comigo. – Mas ainda não entendi muito bem, você por acaso é alérgica a frango?

  Acabei rindo e quase me engasguei no processo, consegui acalmar a respiração o suficiente agora que susto havia passado.

  - Eu sou alérgica a pimenta – contei, minha voz estava rouca como se eu tivesse acabado de acordar.

  - E você quase a matou – Anthony disse irritado.

  - Eu realmente sinto muito, mas não tinha como saber – Edu se defendeu e eu sabia que mesmo que o bonitão não fosse muito fã de conversas ele iria retrucar, então resolvi interferir na briguinha dos alunos da 5ª série.

  - Chega vocês dois, eu agradeço pela ajuda, Anthony, mas o Edu não tinha mesmo como saber.

  - Pelo menos não foi nada muito grave – o moreno dos olhos escuros a quem eu ainda estava agarrada comentou parecendo aliviado. E depois abriu um daqueles meio sorriso irônico que sempre notava, mesmo sem querer. – E o meu celular?

  - Continua desaparecido – disse divertida. – Mas qualquer nova informação que tivermos, você será o primeiro a saber.

  - Fico feliz em ouvir isso, mas agora acho melhor eu ir – ele comentou olhando para Edu, que por sua vez encarava minha mão agarrada a manga do paletó de Anthony, a soltei na mesma hora. – Você vai ficar bem?

  Assenti sem ter certeza se minha voz sairia, talvez uma pequena e estúpida parte minha queria que ele ficasse. Mas como isso era uma péssima ideia, fiquei de pé e o acompanhei até a porta. Vi o meu casaco jogado em cima da mesa e subitamente me lembrei onde estava o celular do bonitão.  Fui até o casaco e revirei os bolsos até encontrar o aparelho.

  - No fim ele só estava escondido – comentei divertida e Anthony me olhou sorrindo também, como se achasse graça de alguma coisa que não entendi.

  - Helena te mandou mensagens a tarde toda – comentou pegando meu celular em seu bolso. – Deve ter algo entorno de cinquenta delas, talvez mais.

  - Não duvido – suspirei e Anthony me de um ultimo aceno de cabeça antes de se virar e ir embora. E meio tarde de mais eu me lembrei que devia estar irritada com ele, mas não estava, na verdade essa noite ainda parecia surreal de mais para eu decidir qualquer coisa que fosse.

  Edu pigarreou e eu finalmente me virei para encará-lo.

  - Acho que também vou indo – ele comentou suspirando. – Eu já quase matei você hoje, então acho que não tem mais clima pra nada.

  - Não foi bem assim. Você não sabia, não tinha como saber e eu também tenho culpa, estava com tanta fome que nem percebi nada.

  Ele riu e veio até mim me dando um beijo na testa, estranhei, ultimamente toda vez que íamos nos despedir ele sempre me dava um selinho.

  - Certo então, vamos dividir a culpa. Mas mesmo assim eu já vou, recebi uma mensagem do meu cupido hoje e não sei se eu estou bem.

  E o olhei sem entender.

  - Seu cupido está tecnológico assim? – quis saber e ele riu.

  - É só uma amiga estranha que se autodenominou meu cupido. Nada de mais. Mas enfim, melhor eu ir.

  - Tem certeza que não quer conversar?

  - Tenho, até mais, Lisa – ele sorriu se dirigindo a porta.

  Depois que ele saiu, sentei no sofá exausta, tanto física quanto emocionalmente, essa noite tinha sido de mais, inda mais que a de ontem, discutir como Anthony na chuva? Há, isso é fichinha. Agora, deixar ele me ver seminua e depois quase morrer envenenada com frango no meio de uma crise? Isso era de mais, com certeza. Aparentemente paz, era a última coisa que eu teria nesses próximos meses.


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Notas finais do capítulo

E então o que acharam do encontro dos morenos? Da crise da Lisa? Do quase envenenamento? Exagerei? Kkkkk quero saber u.u
Beijocas e até!! *-*