Contrato de Amor escrita por Lelly Everllark


Capítulo 15
Bônus.


Notas iniciais do capítulo

Heeeey gente, como vão?
Então, meus amores como prometido cá está outro bônus do nosso bonitão de terno *-* e esse ficou E-N-O-R-M-E sério, me empolguei de mais kkkkk desculpem u.u
De qualquer forma, espero que estejam gostando da história e BOA LEITURA!! :3



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Anthony ainda não podia acreditar que estava ali sentado em uma mesa no meio de uma festa de casamento com ninguém menos que Elisa Banks. Mas ele tinha que admitir a derrota, afinal ele não teve mais argumentos depois do vigésimo terceiro telefonema dela. Claro que agora ele não estava exatamente com ela, estava com a morena que o havia abordo pouco depois da sua acompanhante nada convencional sair atrás de comida. Elisa tinha saído correndo e ele sabia bem pra onde, já tinha vivido uma cena parecida na lanchonete em que fora se encontrar com ela, em poucos minutos a loira voltaria mais pálida que o normal e se sentaria outra vez em seu lugar só para lhe dizer que era tudo culpa sua, esse pensamento o fez sorrir minimamente, Elisa quando queria podia ser a pessoa mais irracional do mundo.

  - Em? Anthony? - a morena que insistia em puxar assunto com ele o chamou, não queria ser indelicado, mas já estava para mandá-la embora.

  - Sim? - respondeu todo educado e talvez com uma pontada de irritação, mas a garota claramente não notou. Era por isso que ele odiava esse tipo de coisa, como festas e jantares, neles sempre alguma mulher se aproximava dele, e era sempre pelos mesmos motivos, sua aparência ou seu dinheiro, nenhuma delas se preocupava em conhecê-lo de verdade, o interesse sempre falava mais alto.

  - Você não acha esse tipo de festa um porre? - Karen perguntou com um sorriso exagerado e Anthony suspirou, era incrível o jeito como mulheres conseguiam se atirar encima dele sem o menor pudor. A única que não havia feito isso assim que o conheceu foi Elisa, a loira parecia quase ofendida enquanto conversavam e isso para Anthony era incrivelmente divertido.

  - Tenho que concordar com você, não sou o maior fã desse tipo de evento - ele se obrigou a ser educado, essa conversa já o estava enchendo, fora que a sua acompanhante não tão convencional assim já estava potencialmente atrasada, ela não devia demorar assim, devia?

  - Então por que veio? - a morena que insistia em manter um diálogo com ele perguntou.

  - Por que... - ele se interrompeu assim que seu celular começou a tocar, não importava quem era, ele estava feliz em encerrar sua conversa ali mesmo. - Se me der licença - pediu e se afastou da morena que lhe lançou um último sorriso exagerado. - Alô? - atendeu no segundo toque.

  - Anthony pelo amor de Deus! Eu preciso de ajuda, de novo. Eu sei que isso já está ficando repetitivo, mas não tem mais ninguém pra quem eu ligar!

  - Elisa? - ele perguntou confuso, sempre que a loira o pegava assim desprevenido ele se esquecia de chamá-la pelo sobrenome.

  - Não, o papa — ela debochou, mas parecia em pânico. - É claro que sou eu! E preciso de ajuda.

  - Ajuda com o que? - ele perguntou sem entender. Ela ao menos ainda estava no salão de festas?

  - Meu... — ela se interrompeu. - Tudo bem, não importa. Você pode achar Lena pra mim e mandá-la aqui no banheiro feminino?

  - Sua amiga? A noiva?

  - É, essa mesma — ela confirmou - Por favor, vou ficar esperando — e desligou.

  Anthony tirou o celular da orelha e o encarou sem acreditar na conversa que tinha acabado de ter. Era por essas e outras que preferia ter ficado em casa tomando um bom copo de uísque e lendo algum suspense do que ter ido até ali. Ele ainda se perguntava o porquê de ter aceitado o convite de Elisa enquanto seguia pelo salão de festas atrás de sua amiga, como é que a noiva some em sua própria festa de casamento?

  Ele alcançou a morena sorridente que conversava com um casal assim que ela se despediu dele, seu marido que aparentemente não tinha ido muito com a cara de Anthony não estava com ela.

  - Helena, desculpe incomodar. Tem um minuto? – ele a interrompeu e a morena sorriu assim que o encarou.

  - Oi Anthony! Claro, tenho sim. Cadê a Lisa? – ela perguntou olhando em volta como se a loira fosse brotar do chão a qualquer momento. O moreno chegou à conclusão de que nenhuma das amigas era muito sensata, mas apesar disso tinha gostado muito de Helena, a morena parecia uma boa pessoa.

  - É sobre ela mesmo que quero falar, a Srta. Banks acabou de me ligar parecendo apavorada pedindo pra que você fosse até o banheiro feminino.

  - Como?

  - Exatamente isso, você por acaso não está com seu celular, está?

  - Você acha que eu tenho algum bolso? – ela perguntou divertida apontando para o vestido de noiva. – Mas que história é essa da Lisa no banheiro?

  - Também não entendi muito bem e ela não fez questão nenhuma de explicar nada. Então, você poderia, por favor, ir até lá?

  - Claro – a morena assentiu e segurando a barra do vestido começou a andar, mas assim que notou que Anthony não a seguia parou e se virou para ele. – Você não vem?  

  Apesar de um pouco surpreso com o convite Anthony assentiu e começou a segui-la. Quando chegaram a entrada do banheiro o moreno parou e Helena passou direto, ele não tinha ideia de qual era o problema, mas tinha certeza de que quando Elisa aparecesse de novo em sua frente iria soltar um sonoro “É tudo culpa sua!”. Depois de uns cinco minutos Helena voltou rindo para onde Anthony estava.

  - Então, qual o problema? – ele perguntou e a morena respirou fundo para responder.

  - Vamos apenas dizer que o vestido dela não aguentou o fato de mais de uma pessoa dentro dele.

  - Ele rasgou? – Anthony quis saber surpreso e consequentemente imaginando a cena, Elisa devia estar furiosa.

  - Não, o zíper só abriu. Mas ela me pediu pra dizer que a culpa disso tudo é sua e que quer seu paletó emprestado, de novo. – Helena comentou e o moreno riu, era obvio que a culpa era dele. Anthony tirou o paletó e o estendeu a noiva, essa não era a primeira e ele tinha certeza que daqui para o fim da gravidez, que não seria a ultima vez que ele salvava Elisa. Ele percebeu que estava sorrindo com o pensamento enquanto Helena entrava outra vez no banheiro e se repreendeu por isso, isso era apenas um contrato de negócios, não tinha que ser divertido, tinha que se profissional. Ele nem ao menos devia estar ali com Elisa, onde já se viu ir a festas de casamento de pessoas que trabalham pra você?

  Quando a loira saiu do banheiro praguejando e vestida com seu paletó e ele se repreendeu mais uma vez em reparar no quanto ela era bonita, os cabelos meio soltos e o vestido tinham combinado com ela, seu rosto parcialmente vermelho fechava a combinação, Anthony costumava e preferia não reparar em mulheres, não queria vínculos nem relacionamentos com ninguém, não queria sentir aquela dor outra vez então não se relacionar era o melhor, mas como não reparar em alguém que literalmente se atirou em frente ao seu carro? Não que estivesse vendo Elisa de forma romântica ou coisa do tipo, ele só não conseguia não enxergá-la. Aquele apelido estranho com o qual a tia a chamava, combinava com ela, Elisa era realmente um raio de sol.

  - Hei! Você está me ouvindo!? – a loira o cutucou no braço claramente irritada. – Eu estou enjoada e meu vestido simplesmente abriu do nada no casamento da minha melhor amiga e isso é tudo culpa sua!

  - Helena já tinha me passado o recado sobre sua opinião Srta. Banks – ele sorriu só por que sabia que isso a deixaria ainda mais irritada, não sabia por que, mas gostava de vê-la assim.

  - Argh! – ela grunhiu e se virou para a amiga. – Lena me tira daqui antes que eu bata nele.

  Helena riu e olhou de um para o outro.

  - Vocês formam um lindo casal.

  - Helena! – Elisa a repreendeu corada e a morena riu um pouco mais.

  - Tudo bem, vamos dar um jeito no seu vestido – disse e depois se virou para Anthony. – Não se preocupe, vou devolver sua acompanhante, sã e salva. Vem Elisa!

  - Eu te odeio – a loira resmungou enquanto seguia a amiga.

  Anthony viu as duas se afastarem ainda sem entender o que tinha acontecido, aquilo ao menos tinha sido uma conversa? Ele tinha se habituado tão bem ao silêncio reconfortante de sua casa, ao tom contido das pessoas quando falavam com ele na empresa, mas com aquelas garotas ali não tinha sido assim, elas agiam como se eles fossem velhos amigos, e era por isso que ele sempre acabava se deixando levar nas conversas com Elisa, mas não podia se dar a esse luxo. Essa ia ser a primeira e última vez em que ele cedia assim, não precisava e não podia se envolver, afinal era justamente por isso que estava pagando a loira para gerar seus filhos.

  Filhos.

  Estava ai outra palavra que tinha rondado muito seus pensamentos nos últimos dias, ele simplesmente não conseguia acreditar no quão louca podia ser a vida. Num minuto a inseminação artificial tinha dado errado e no outro, ele seria pai de gêmeos, isso mesmo, dois bebês de uma só vez, ele definitivamente não estava preparado pra isso. Era de mais, com certeza era muita coisa de uma vez.

  Ele se livrou dos pensamentos que já estava indo por um caminho preocupante e voltou para sua mesa afim de apenas esperar Elisa voltar, pegar seu paletó e ir embora, já tinha cumprido com sua palavra e a acompanhado, agora era hora de parar com isso, tinha contratos para ler e telefonemas para dar, precisava ir.

  - Olha o que eu achei lá na cozinha! – Elisa surgiu do nada vindo em direção à mesa e surpreendeu Anthony, ela já havia perdido sua carranca, agora sorria e parecia muito animada, essa era outra coisa que ele achava incrível em Elisa, a forma quase mágica com qual ela conseguia mudar de humor, claro que diziam que a gravidez afetava isso, mas ele tinha certeza que parte dessa “habilidade” era inteiramente dela.

  - O que? – ele se ouviu perguntando inconscientemente.

  - Café! – ela exclamou como se tivesse descoberto a América. Elisa se sentou ao seu lado ainda usando seu paletó e sorriu pra ele. – O que foi? – perguntou e Anthony se deu conta que a encarava de uma forma não muito discreta.

  - Nada – ele garantiu desviando o olhar. – Como conseguiu café em uma festa de casamento?

  - Lena e eu fomos à cozinha tentar dar um jeito no meu vestido, e até demos, mas ainda preciso do casaco – ela acrescentou quando ele abriu a boca para o pedir de volta. – De qualquer forma uns funcionários estavam bebendo e eu adquiri uma necessidade quase física de beber um pouco também. Ai quando expliquei o lance do desejo de grávida eles ficaram muito felizes em me dar um pouco, mas como cafeína não faz bem aos bebês o meu tem leite – ela tagarelou – Então não é bem café, mas enfim, trouxe pra você – Elisa lhe estendeu um copo com o líquido escuro e fumegante e Anthony o encarou sem conseguir entender o porquê do gesto da loira. – Você gosta, não é? – ela sorriu como se lesse seus pensamentos. – Então pega logo antes que eu beba.

  O moreno mesmo sem querer abriu um meio sorriso aceitando o copo, essa era a ultima coisa que ele imaginaria beber em um casamento, mas lá estava ele bebendo café em um salão de festas. Depois de uns minutos de silêncio Anthony se viu observando Elisa enquanto a loira praguejava baixinho sobre não poder beber café sem leite, ela com certeza era uma das pessoas mais engraçadas que ele já tinha visto na vida e de uma forma única ela lhe lembrava sua mãe, que de longe tinha sido a pessoa mais incrível que Anthony teve o prazer de conhecer, mas assim que se deu conta do rumo que seus pensamentos estavam tomando ele balançou sua cabeça e ficou de pé assustando Elisa.

  - O que foi? – ela perguntou com os olhos arregalados.

  - Preciso ir – foi tudo que ele respondeu já se virando para sair.

  - Como assim ir? – Elisa o alcançou e o segurou pelo braço, mesmo que não fosse o momento, ele não deixou de reparar não quão quente e delicado era o toque dela. Assim que Elisa se deu conta do que fazia, o soltou.

  - Eu já cumpri minha palavra e a acompanhei – ele foi direto e talvez um pouco grosso, mas não se importou muito, tinha que sair dali, ficar tanto tempo com Elisa não estava fazendo bem pra si.

  - Sua palavra? – ela perguntou confusa. – Achei que... Achei que estivesse se divertindo.

  - Eu me diverti – Anthony acabou por admitir a verdade, por que sim, essa tinha sido de longe uma das noites mais divertidas que teve em muito tempo, mas já há algum tempo ele tinha descoberto que não havia como ter um encontro tranquilo ou remotamente chato com Elisa por perto. – Mas tenho mesmo que ir, preciso terminar uns documentos para segunda-feira.

  - Certo – ela sussurrou parecendo um pouco desconcertada. – Tudo bem, vai lá. E obrigada de novo por vir comigo.

  - O prazer foi meu – ele deu um sorriso educado, daqueles ensaiados e seguiu para a garagem. Sua noite terminaria ali, ou ao menos era o que ele achava, mas dessa vez Anthony Whitmore não podia estar mais enganado.

  Ele seguiu para fora do salão e foi atrás do seu carro ainda se perguntando o porquê de sua afobação repentina, normalmente ele era um cara calmo e educado, mas como tudo em sua vida nos últimos meses, a exceção era Elisa Banks. Assim que alcançou o carro levou a mão ao bolso do paletó para pegar a chave, mas ele não estava ali, estava com a loira lá na mesa onde a havia deixado. Por um instante ele cogitou a ideia de chamar um táxi, mas logo em seguida desistiu da ideia, não podia simplesmente deixar o carro ali, e então praguejando e amaldiçoando quem quer que fosse que estava transformando sua vida em uma comédia romântica ridícula ele deu meia volta e seguiu outra vez para dentro do salão.

  Anthony encontrou Elisa exatamente onde a havia deixado, mas agora com uma diferença, Helena lhe fazia companhia e ambas comiam bolo como se estivessem em sua sala de estar. Enquanto ele caminha em direção as duas a loira virou a cabeça em sua direção e pareceu surpresa em vê-lo ali, o que não era pra menos, afinal ele tinha acabado de dizer que ia embora.

  - Você por aqui? – Elisa perguntou irônica assim que ele as alcançou. – A que devo a honra?

  Anthony revirou os olhos e Helena riu.

  - Já brigaram? – perguntou divertida e depois se virou para Anthony. – Lisa tinha dito que você foi embora, voltou por quê?

  - As minhas chaves ficaram no bolso do paletó e preciso delas – ele suspirou e isso foi o que bastou para as duas amigas caírem na gargalhada. Anthony não entendeu mesmo qual era a graça, mas nem tentou, não lhe dizia respeito de qualquer forma. – As chaves – ele repetiu assim que elas pararam de rir. – Pode devolvê-las?

  - Eu devolvo se dançar comigo.

  - Como?

  - Eu te chamei pra dançar Anthony, não pedi que se casasse comigo – ela sorriu repetindo o que tinha dito a ele em seu apartamento dois dias trás. – Vamos – ela o chamou ficando de pé. – O que custa? Uma dança e as chaves são suas.

  Anthony não podia acreditar no que estava ouvindo, Elisa estava mesmo o subornando com suas próprias chaves? Pelo sorriso travesso da loira, estava sim.

  - Ela está séria sobre isso – Helena comentou depois de outra garfada de bolo. – Então, ou você dança com ela ou arranca as chaves de seu bolso – a morena deu de ombros depois sorriu. – Na verdade o bolso é seu.

  Anthony suspirou e depois de uns segundos de hesitação finalmente estendeu a mão para Elisa, a loira pareceu incrivelmente surpresa com seu gesto e ele ficou sem entender, não era ela quem tinha começado com aquilo? Elisa tirou a mão do bolso do paletó e segurou a de Anthony, eles seguiram para a pista de dança deixando uma Helena completamente satisfeita para trás.

  - Não achei que você fosse aceitar dançar comigo – Elisa admitiu enquanto uma música lenta começava a tocar.

  - Eu também não – Anthony deu de ombros tocando de forma hesitante a cintura da loira, Elisa se encolheu um pouco e depois se obrigou a relaxar enquanto passava os braços pelo pescoço do moreno.

  Nenhum dos dois disse nada enquanto balançavam pra lá e pra cá. E mais uma vez na noite Anthony se viu pensando no porquê de ter aceitado mais essa loucura, tinha ido embora, justamente para não se envolver mais, não podia estar ali dançando com Elisa, mas estava. E mesmo que nunca fosse admitir isso nem pra si mesmo, ele estava gostando, tê-la ali em seus braços parecia tão certo que era desconcertante, a loira tinha um cheiro delicado de lavanda e alguma outra flor que ele não se lembrava, mas que parecia perfeito para ela.

  Quando deu por si já estavam terminando a segunda música e Elisa os interrompeu encostando a cabeça em seu ombro, esse pequeno gesto o pegou de surpresa, mas a loira não parecia estar se dando conta do que fazia, só queria alguma coisa, ou alguém, para se apoiar.

  - Meus pés – ela sussurrou e ele a olhou sem entender.

  - O que tem?

  - Estão doendo – choramingou levantando a cabeça e o encarando com aqueles incríveis olhos verdes. – Podemos nos sentar?

  Anthony abriu um meio sorriso e revirou os olhos.

  - Vamos, afinal eu ainda preciso das minhas chaves.

  - Claro – Elisa cantarolou seguindo para a mesa e ele foi atrás dela.

  - Só um instante – ela pediu se sentando e começando a tirar os sapatos, Anthony acabou por se sentar também quanto à loira se livrava das peças que a incomodavam.

  - Onde estão todos? – ele perguntou por fim depois de dar uma olhada em volta, haviam poucas pessoas no salão, viu três grupos de pessoas em suas mesas, dois casais dançando e viu também o casal de noivos sentado na mesa ao lado comendo e rindo, pareciam muito felizes.

  - Como assim onde? – Elisa questionou divertida. – Você já viu as horas? São quase duas da manhã, todo mundo já foi embora.

  - Duas da manhã!? – o moreno repetiu surpreso pegando o celular do bolso da calça e conferindo as horas. Elisa tinha razão, marcavam 01h48m da manhã. Ele só não entendia como tinha ficado tão tarde. – Certo, agora eu tenho mesmo que ir, minhas chaves, se puder...

  - Ai meu Deus, Lisa! – Helena exclamou de repente o interrompendo e ficando de pé. – É a nossa música! Vem! – ela chamou a loira e a arrastou consigo para a pista de dança antes mesmo que Anthony pudesse dizer qualquer coisa que fosse.

  Estava tocando You Belong With Me e as duas dançavam como duas adolescentes enquanto berravam a letra da música, por que o elas faziam não podiam ser considerado cantar, ambas estavam sem os sapatos e Elisa já tinha desfeito o penteado do cabelo e o prendido em um coque desajeitado e elas eram as únicas dançando, mas nenhuma delas parecia estar se importando com isso.

  - Elas são sempre assim – Miguel comentou se sentado ao lado de Anthony e sorrindo ao olhar as duas. – São meio loucas, mas são as duas garotas mais incríveis que já conheci.

  - Não duvido – Anthony as observou também. Não tinha muita escolha agora além de esperar a música acabar para pegar as chaves com Elisa.

  - Eu te devo um pedido de desculpas – Miguel suspirou ainda sem encarar Anthony que por sua vez pareceu surpreso com a declaração do outro.

  - Desculpas pelo que?

  - Por ter sido grosso com você, Lena ficou me enchendo um tempão por causa disso. Você é dono de uma companhia enorme e não tem obrigação de conhecer todo mundo. Mas acho que não era só isso, tem também o fato de que a Lisa grávida de você e mesmo que não isso não tenha acontecido pelos métodos tradicionais ainda assim me irrita, afinal, ela é minha irmãzinha. De qualquer forma, desculpa.

  - Tudo bem – Anthony conseguiu responder. Esses irmãos tinham que parar de surpreendê-lo assim.

  - E obrigada – Miguel continuou e dessa vez Anthony o olhou, ele já não estava entendendo mais nada.

  - Pelo que?

  - Por ter vindo com a Lisa e a ter feito sorrir assim, desde que ela terminou com o idiota do ex-namorado ela ficava sempre enfiada em seu apartamento. Por mais incomum que esse trabalho que ela está fazendo pra você seja, ela parece mais animada, então obrigado. E te agradeço também por tê-la ajudado semana passada com aquela coisa toda das uvas – Miguel revirou os olhos e Anthony acabou por sorrir. Era nesse tipo de situação que ele terminava quando Elisa estava junto. – E agradeço também por ter ficado para acompanhá-la hoje, se você não tivesse ficado Lisa não teria como voltar pra casa, duvido que passem táxis há essa hora. É que eu e Lena vamos para um hotel e minha mãe e os pais dela vão embora amanhã e por isso já foram, daí não sobrou ninguém para levá-la, de qualquer forma obrigado.

  Anthony olhou para a loira sorridente que ainda dançava surpreso, se ele não tivesse esquecido as chaves já teria ido, ela não lhe disse nada que precisava de carona e se sentiu culpado por não ter perguntado, não era sua obrigação, mas ainda assim ele era seu acompanhante, era suposto que ele ao menos se oferecesse para levá-la, só que obviamente ele não o fez, estava concentrado de mais em si mesmo para ver qualquer coisa que fosse.

  - Não se preocupe, ela vai chegar em casa sã e salva – ele garantiu depois de uns segundos e Miguel sorriu.

  - Fico feliz em ouvir isso.

  - Posso perguntar por que Elisa chama sua mãe de tia? Vocês são irmãos, não é? Isso tem me deixado curioso já há algum tempo.

  Miguel sorriu outra vez e deu de ombros.

  - Não somos irmãos de verdade. Elisa perdeu a mãe quando tinha cinco anos, leucemia, a gente se conheceu quando ela se mudou para o meu prédio, mas ai o pai dela morreu quando ela tinha dezessete num acidente de carro, e depois disso minha mãe meio que adotou ela e a nossa relação que já era algo como irmãos acabou por ser isso mesmo. Então fique avisado de que se magoá-la com essa historia toda de bebês, eu não ligo que seja o meu chefe, isso não vai me impedir de quebrar a sua cara assim como eu fiz com o babaca do ex dela – Miguel riu da própria ameaça, mas Anthony já não estava mais ouvindo, ele tinha se perdido em pensamentos depois de ouvir sobre os pais de Elisa.

  Ele imaginou que eles morassem fora ou algo do tipo, talvez fossem divorciados e por isso ela chamasse a mãe do irmão de tia, mas ele nunca imaginou que ela assim como ele já não os tivesse por perto. Logo ela, a garota louca que sai de casa de pantufas, que consegue irritá-lo e provocá-lo com uma facilidade absurda e que distribui sorrisos como se não fossem nada. Anthony já havia estipulado em sua cabeça que aparentemente todas as pessoas que perderam os pais deviam ficar como ele, tristes e sozinhos, que não poderiam mais sorrir, mas ali bem diante dele, dançando, estava o brilhante raio de sol que teimava em lhe mostrar o contrário.

  Talvez ele tivesse uma ou duas coisinhas a aprender com Elisa Banks.


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Notas finais do capítulo

Eai? O que acharam? Ficou bom?
Quero opiniões, please... :D
Beijocas de pudim e até!! :*