A Cidade do Sol escrita por Helen
Os monstros lamberam a ferida de Vinícius, e a lavaram.
Mesmo sabendo que havia sido Amaldiçoado quem o feriu, os monstros passaram o resto do dia agarrando e abraçando-o, como se fosse um recém-nascido. Ele definitivamente não se sentia bem apesar de tanto carinho, pelo fato de todos serem tão feios como o apocalipse, e tão rudes na forma de acaricia-lo.
Perto da noite, ao escurecer das nuvens, os monstros começaram a sair da caverna, e a banhar-se na água da lagoa.
Pularam nela como crianças que viam uma piscina pela primeira vez. Camila também o fez. Mas os dois Vinícius se contentaram em sentar-se na entrada da caverna.
— É sempre assim? – perguntou Amaldiçoado.
— Todos pulando na água que nem uns doidos toda a noite? Sim. – respondeu Vinícius.
— Que estranho.
—Eu sei.
E ficaram em silêncio, observando aquela cena bizarra.
— Está indo pra onde? – perguntou Vinícius. – Digo, estava, antes de Camila te encontrar.
— Na minha cabeça, estava indo para Castle Hill. – respondeu Amaldiçoado. – Apesar de eu ainda não ter noção do que eu estou fazendo... – “Tudo parece novo, confuso, bizarro, incrível.” Completou ele, em pensamento.
—Veio de Belarus, né?
—Sim, aquele lugar amaldiçoado... E vocês?
—Todos viemos da Fransá.
—Fransá?! – Amaldiçoado arregalou os olhos. – Isso é um país de distância daqui!
— Ah, a Spaña não é tão grande.
— E vão pra onde?
— Dizem que vão para o mar. Lá é onde vivem a maior parte dos monstros, afinal... Mas eu não quero ir. Odeio o mar. – admitiu, por fim.
— Vai fazer o que então? – Amaldiçoado começou a sentir uma coceira no rosto.
— Não sei, não sei... Mas viver vai ser doloroso por lá.
E eles refletiram. Valia a pena continuar vivendo como um monstro?
Mesmo a alegria daquelas criaturas naquela lagoa não conseguia responder.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!