A Cidade do Sol escrita por Helen


Capítulo 124
Paisagem.




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Amado olhava o mundo em uma das torres de vigia de Castle Hill. Era minúsculo, e mesmo assim, tão vasto. O verde da floresta se estendia como um longo tapete, quase como um mar...

— Um mar muito mais bonito que o outro. – ele ficava emburrado só com a lembrança da palavra mar.

— Falando sozinho?

Vinícius quase caiu da torre de susto. Era apenas Caramelo.

— Avisa quando chegar, ô!

— Desculpa, amigo. – o menino sorriu.

E logo os dois começaram a olhar para a mesma paisagem.

— O mundo é tão grande. – suspirou Caramelo, quase que apaixonado pelo que via. – E ele é tão lindo, mesmo incompleto. Imagina quando vermos todas as cores de novo!

— Vermos todas as cores? – Amado o encarou, confuso.

— O céu tem um monte de cores maravilhosas. Muito mais cores do que esse cinza e o branco.

— Mas isso só quando as nuvens forem embora...

— Quando alguém chegar na Cidade do Sol.

— Você conhece a Cidade do Sol também? – perguntou o meio monstro, surpreso.

— Lógico que sim! Foi meu pai que escreveu os livros sobre ela. “O paraíso dos poetas, a beleza e a glória das coisas que se esconderam dos nossos olhos...

— ...Nascida, como uma fênix, da morte de Wittgen...— continuou Amado.

A mais tranquila e maravilhosa de todas as cidades!”— terminaram juntos.

— Caramba, eu não fazia ideia de que aquele cara tinha tido um filho.

— E eu não fazia ideia de que outras pessoas além do povo daqui liam os livros dele.

— Posso te perguntar uma coisa?

— Diga aí.

— De onde seu pai tirava aquelas ideias? Sem ofensa, mas é cada viagem...

— Sim, muita viagem. – Teodoro riu. – Acredita que no início eu odiava os livros porque eu achava eles muito nada a ver?

— Sério?

— Sério. Aí eu perguntei pro meu pai “Por que diabos você inventa histórias sobre uma cidade que não se pode alcançar?” e sabe o que ele respondeu? “Porque alguém vai alcançar. Alguém precisa alcançar. E eu preciso mostrar a essa pessoa o caminho, já que não posso ir.”

— Nossa.

— Eu pensei que ele estava doido. Mas quando ele foi amaldiçoado... – sua voz se tornou sombria, distante. – Ele continuou me dizendo que eu não poderia jogar os livros fora. Que eu precisava ser paciente. Odiei ouvir aquilo. Ele escrevia tanto sobre a cidade que iluminaria a todos, e termina logo assim. Fiquei com muita vontade de encontrar essa cidade, desde então. Eu não suporto mais esse mundo sem graça. Tenho vontade de morrer. Mas ele nunca disse que ia ser eu que iria até a cidade...

Os dois ficaram em silêncio por algum tempo.

— Então tudo o que ele escreveu é verdade?

— Não tudo. Mas a Cidade é. As árvores também, pelo que Bendito disse.

— Acho que Bendito e Querido vão acabar encontrando a Cidade do Sol.

— Um monstro descobrir a Cidade que liberta todos da maldição. Que ironia. É como se ele estivesse indo atrás do que vai destruí-lo.

— É assim que se vão os melhores heróis. – Amado olhou para o horizonte. – Apesar de que ele não é um monstro completo, você sabe.

— É, tinha esquecido disso. Pra mim nunca fez sentido...

— Tem coisas que só fazem sentido depois que a gente passa por elas.

— Não quero ser amaldiçoado.

—Não é questão de querer... é questão de simplesmente ser amaldiçoado.

Começou a garoar.


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