A Cidade do Sol escrita por Helen


Capítulo 113
Formigas.




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Inocência olhava a chuva cair, de dentro da casinha do jardineiro. Estava pensativa. Isso era estranho.

— Algum problema, menina? – perguntou o dono da casa.

— Todos... – disse a moça. – Tem um casaco aí? Estou com frio, mesmo com este.

— Tome. – ofereceu o seu próprio. Ela o aceitou de bom grado. Em seguida, o homem foi buscar outro.

Ela deixou de olhar para a chuva, que a deixava depressiva, e olhou pra dentro da casa. Algumas formigas andavam pelas paredes, com uma rapidez bonita, porém, apesar disso se cumprimentavam ao se esbarrar. Aquelas criaturas tão minúsculas, que podiam ser abatidas com uma gota de chuva, continuavam a existir... Por quê? Perguntava-se Bianca. Por não ter o costume de pensar, demorou a chegar a uma conclusão.

— Ah... – o jardineiro sentou-se à mesa, um pouco distante de Inocência, e tomou um gole de café. – Que silêncio bom...

(Caramelo não dormia ali. Dormia no seu quarto, dentro de Castle Hill. Esse era um dos motivos de tudo estar tão quieto.)

Inocência continuava em silêncio.

— Por que você deixou de falar com seu amigo? – perguntou o homem.

— Ele nunca foi meu amigo mesmo... era inevitável.

— Mas foi ele quem te trouxe aqui e tudo mais. De graça, por sinal! Se isso não é amigo, não sei o que é.

— Só estava com pena.

— Pena é o início da amizade.

— Você fala como se soubesse muito sobre amizade. Nem família você tem.

— Isso doeu. – pôs a mão no coração, atuando uma dor. – Mas, ora, eu pelo menos tenho um amigo. Você já desperdiçou outro.

— Outro?

— É. Querido era seu amigo também.

— Vai pra lá. Parece uma tia de fundamental falando.

— Sei não, essa sua língua...

— Aliás, e que amigo é esse que você tem? O rei?

— Ah, é mesmo, ele é meu amigo também... – lembrou do mesmo com um pouco de culpa por ter esquecido antes. – Então eu tenho dois amigos.

— Quem é o outro?

— Ué, Querido.

— Ele é seu amigo? – ela levantou as sobrancelhas.

— Por que não?

— Sei lá. Vocês também não eram de se falar muito.

— Isso não devia fazer das pessoas menos amigas. – tomou mais um gole de café.

Foi aí que Inocência percebeu pra que serviam aquelas formigas na parede, aquelas criaturas sem nomes próprios, sem uma função específica além da própria que exerciam... Elas serviam pra nos fazer pensar.


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