Capítulo 17 – Jantar de Noivado – Preparativos

POV Rose

Acordei no meio da noite com uma sensação estranha... Como se fosse um mau pressentimento! Tentei me concentrar para ver o que poderia, além da minha dúvida em sobre o que fazer, estar me incomodando tanto, mas não consegui entender que sentimento estranho era aquele.

Levantei-me, depois de tentar dormir novamente por mais uma hora, tomei uma ducha rápida, coloquei uma calça de moletom, um top, uma blusa de moletom e tênis e desci até ao ginásio para treinar um pouco, porque isso sempre me acalmava. Peguei também minha estaca, aquela que meu pai me deu no dia da minha formatura, não sei bem porque, uma vez que estávamos dentro das wards.

O ginásio estava todo escuro, pois era noite para os vampiros e então, acendi somente os holofotes de onde eu ficaria e peguei os bonecos e os outros equipamentos para treino e treinei, duro, como se minha vida dependesse daquilo. Aquela sensação estranha não saía de mim... Por mais que eu tentasse colocar pra fora... Aquele mau pressentimento...

Assumi que era por conta da minha leviandade em ter transado com Dimitri enquanto estava noiva do Louis! O pior é que eu ainda não sabia o que fazer...

Aquelas palavras do Dimitri, do Pavel, da Natasha estavam gritando pra mim, na minha mente, como se tivessem sido marcadas a ferro quente. Acho que treinei por mais tempo que deveria porque agora eu estava toda dolorida e alguns guardiões chegavam ao ginásio para treinar. Eu os cumprimentei e sai.

Fui ao meu quarto, tomei um banho de banheira para relaxar e acho que dormi, porque ouvi uma batida na porta e quando atendi era a Lissa, com um enorme sorriso, dizendo que estava já quase chamando alguém para derrubar a porta.

Ela esperou que eu me trocasse e fomos tomar café da manhã. Encontramos com o Christian, o Eddie, a Mia e a Jill.

“Oi todo mundo!!!” Eu e Liss cumprimentamos a todos.

“Oi”, todos responderam.

“Rose, Lissa, nós já estamos prontas para um dia de meninas...” Disse a Jill sorrindo e a Mia também sorria.

“Ok, nos deixe pelo menos comer... Eu perdi o sono e treinei por horas e estou faminta.”

“Essa a Rose que eu conheço... Sempre comilona!” Retrucou Christian.

“Cale a boca menino fogo, eu nem tenho comido tanto assim! Agora que eu não sou mais guardiã e treino esporadicamente, tenho que fazer dieta para manter esse corpinho desejado por todos e só é de um...” Respondi rindo e todos riram.

“Tem certeza que é só de um?!?”

“Christian, eu não sei o que você está querendo dizer, mas está me ofendendo. Já chega, ok?”

“Tudo bem, não está mais aqui quem brincou!” Fazendo uma careta.

Nesse exato momento o Louis me abraça, me vira e me beija apaixonadamente.

“Bon jour, mon petit! Comment ça va?”

“Très bien, mon amour!”

“Hummm, vocês agora vão ficar falando em francês para que não saibamos do que se trata??? Eu vou vomitar.” Novamente o Christian tem que interromper. Nós rimos.

“Claro que não, bom dia para vocês. Então, qual o menu? Estou com fome.”

“Legal, mais um comilão na mesa.”

“Aiii, Chris, dá um tempo... Arranja outro para alugar. Que tal alugar o Adrian que não disse uma palavra desde que nós chegamos, huh?” Eu disse rindo, acompanhada por todos. O Adrian estava sério.

“Estou de ressaca, minha Pequena Damphir, mas se te agrada, eu posso ficar o resto do dia conversando com você!” Deu um sorriso torto, mas eu entendi perfeitamente o que ele quis dizer.

“Não, obrigada. Você sabe que temos “dia de menina” hoje.”

“Dia de menina, chèrie?”

“Sim amor, a Lissa, a Jill, a Mia e eu vamos ao spa. Sabe, unhas, cabelos, pele, massagem... Essas coisas.” Ele deu um sorriso lindo e disse que então nos veríamos no nosso jantar, enfatizando isso e me deu um calafrio na espinha e fique, de novo, com aquela sensação de mau pressentimento.

Assim, tomamos café e o Adrian continuava a me olhar de forma estranha, como se estivesse analisando a minha aura, ou coisa pior, porque antes, às vezes, ele falava coisas desconexas e não sabia dizer depois o que era e ele estava com essa cara.

O Louis saiu antes para se encontrar com meu pai e quando nós fomos nos levantar da mesa, a Tasha chegou com o Dimitri e disse que nos encontraria no spa. O Adrian me pegou pelo braço e disse exatamente isso:

“Você está com uma sensação estranha... mau pressentimento... posso ver isso na sua aura e posso sentir isso também... tome muito cuidado e leve sua estaca!”

Depois, com um vislumbre de consciência, balançou a cabeça e se despediu, saindo acompanhado do Eddie e do Christian, dizendo que iriam esquiar. Estranho!

POV Dimitri

Eu estava radiante porque a Rose prometeu pensar em me aceitar novamente e se ela prometeu, eu tenho certeza de que ela vai pensar. Com esse pensamento foi que eu dormi e sonhei com a minha Roza. Ela estava linda, com um vestido todo branco, curtinho e estávamos em uma praia. Por baixo, ela usava um biquíni vermelho. Nós caminhávamos pela praia e era um fim de tarde humano, ou seja, começo da noite vampírica. Ela estava com os cabelos soltos e sorria comigo, de mãos dadas, como se não tivéssemos nada para nos preocupar. Parecíamos felizes, mas de repente, o sonho ficou sombrio. O céu, que era de um pôr-do-sol lindíssimo, ficou todo nublado e a Rose estava vestida com um vestido preto, comprido e mais parecia uma mortalha. Ela estava com os cabelos soltos e quando ela virou na minha direção, os seus olhos estavam vermelhos e famintos e ela rosnava para mim, mostrando suas presas. Quando ela me puxou e me segurou pelos braços, e como ela estava forte, veio com aquelas presas na minha direção e disse que eu a havia machucado e que agora era a vez dela, me mordendo, sem liberar endorfinas e eu sentia uma dor alucinante, acordei gritando e suando.

Há muito tempo eu não tinha pesadelos!!! Esse foi horrível. Eu gritei tão alto que a Natasha quase que imediatamente bateu na porta do meu quarto me chamando.

“Dimka... Dimka, abra a porta!”

“Já vou.” Me levantei com dificuldade para respirar, parecendo que ainda sentia a dor no meu pescoço e abri a porta, envergonhado. “Oi Natasha, me desculpe, eu te acordei?”

“Não, Dimka, já ta na hora de levantar e quando eu estava quase para abrir a porta e vir te chamar, ouvi seus gritos e fiquei preocupada, o que é que está acontecendo? Pesadelos de novo?” Acenei com a cabeça.

“Pensei que isso tinha acabado?!?”

“É, parece que voltaram... Foi horrível! Eu ainda posso sentir a dor no meu pescoço...”

“Dor? Que dor no pescoço?” Então eu lhe contei o meu sonho. Ela ficou ali, segurando as minhas mãos e dizendo que era só um pesadelo.

“Você tinha esses sonhos o tempo todo, quando a Rose sumiu, se lembra? E ela está ótima e viva, não se transformou em strigoi nem morreu... Graças a Deus! Foi só um pesadelo... Esquece isso. Vai se arrumar. Vamos tomar café porque eu estou atrasada para ir ao spa com as meninas.”

“Ok, me dê dez minutos.”

Joguei uma água fria no rosto, coloquei meu uniforme e saímos em direção ao salão onde é servido o café da manhã. No corredor, nos encontramos com Louis no corredor e ele, é claro, nos cumprimentou cordialmente. No salão, a Lissa, a Mia, a Jill e a Roza estavam já de pé, saindo da mesa, quando a Tasha disse que iria tomar café e as encontraria no spa. O Adrian falou alguma coisa no ouvido da Roza com aquele olhar perdido de quando está influenciado por espírito, depois voltou a si, sem entender direito o que havia acontecido. Nos cumprimentou e saiu acompanhado de Eddie e Christian.

Notei que a Rose ficou desnorteada com o que o Adrian lhe disse, mas rapidamente ela voltou a fingir despreocupação.

POV Rose

Fomos ao spa e começamos pelas unhas, depois cabelos e por último, uma massagem renovadora... Pelo menos para mim, mas aquela sensação estranha não me deixava e eu já estava começando a ficar incomodada. Acho que a Lissa percebeu e começou a me mandar mensagens mentais do tipo: “Rose, o que você tem?” “O que é que está te incomodando?” “É por causa do Dimitri?” “O que o Adrian te falou que você ficou alheia o tempo todo?” E coisas do tipo.

Ok, eu já sabia o que eu precisava fazer... Eu sabia do que eu precisava... Eu precisava de Mason, falar com ele... Eu iria sair das wards de alguma maneira e tentar falar com ele. É, depois que eu consegui controlar melhor os meus poderes, embora ele tenha seguido em frente, eu conseguia fazer contato com ele de vez em quando.

Expliquei à Liss que eu precisava pensar e queria andar por ai, sozinha, para poder tomar uma decisão e então, as meninas se despediram e foram embora. A Natasha ficou por último e disse depois que elas se afastaram:

“Rose, eu não quero te influenciar de forma alguma na decisão que vai tomar, mas quero te dizer que o Dimitri andou absolutamente infeliz nesses sete anos. Desde que ele aceitou ser o meu guardião, ele não é mais o mesmo. Se ele já era anti-social acredite, ele piorou. No começo, eu até tentei conquistá-lo porque eu queria ter uma família e sempre o amei e, então, diante de todas as minhas investidas ele resolveu me dizer que se eu insistisse ele deixaria de ser o meu guardião, eu desisti. Ele disse que se tivesse oportunidade de construir uma família, a mulher escolhida seria você. Sempre foi você, Rose, sempre! Nos primeiros dois anos, ele tinha pesadelos todas as noites com você, porque ninguém tinha notícias suas. Ele sonhava com você transformada em strigoi... Sonhava com você morta por strigoi... Sempre sonhava com você relacionada com alguma tragédia, foi quando eu resolvi colocar um investigador particular para ver se te encontrava, mas parece que você sabe bem esconder seus rastros...” Ela riu.

“Natasha...”

“Espere, não acabei.” Disse meio que tentando não parecer rude. “Quando resolvemos vir a essa comemoração da rainha, ele não queria vir. Disse que estação de esqui sempre lembrava você, mas eu disse que ele era o meu único guardião e que ele poderia rever os amigos e se divertir um pouco, então, cá estamos. Quando nós a vimos, as esperanças dele se acenderam, mas como você só o tratava de forma indiferente e ainda por cima estava com o Louis Zeklos, inimigo dele, ele surtou. E quando vocês ficaram juntos em São Petersburgo e depois disse que aquilo foi um erro, pronto, começaram novamente os pesadelos com você! Entenda Rose, a decisão que você tomar, vai afetar, e muito, diretamente o Dimitri. Se você ainda o ama, e eu sei que ama, pelo amor de Deus, cuidado com o que vai decidir!”

Dizendo isso, ela virou-se e foi embora. Agora sim é que eu preciso, urgentemente, de falar com o Mason ou com aquela bruxa que eu falei na Turquia e que foi morta por strigois dias depois de suas previsões para mim.

Quando estava já quase fora da estação, adivinhem... Pavel.

“Dona Rosemarie, onde é que a senhora pensa que vai???”

“Pavel, eu preciso sair das wards e convocar os espíritos... Eu...” Ai, o que eu vou falar agora? “Eu preciso perguntar uma coisa e vou ver se consigo convocar o Mason ou aquela bruxa que me fez as previsões.” Não tinha jeito, ele não iria me deixar sair das wards sozinha. “Se você quiser, pode me acompanhar, senão, eu vou sair do mesmo jeito... Eu... só... preciso...” Murmurei.

“Ok, Então vamos lá!” E me acompanhou sem questionar nada.  Saímos pelos portões e uma enorme dor de cabeça me pegou de imediato. É claro que eu estava sem o anel, pois não tinha outra forma de vê-los. Chamei por Mason, mas quem apareceu foi a velha bruxa, com um rosto contorcido como se estivesse sentindo dor ou uma preocupação muito séria.

“Você pode me explicar o que está acontecendo comigo? Porque eu ando tão loucamente mal humorada? Porque a escuridão da Lissa está passando para mim mesmo quando eu estou usando o anel? Porque essa sensação de mau pressentimento? O que você quis dizer quando disse: “Nunca se sabe quando você vai precisar salvar a coisa que você mais valoriza, seu sangue é poderoso, ele é uma mistura entre a vida e a morte, você tem o poder de morte tanto quanto o da vida, você pode manter uma vida longe da morte tanto quanto terminá-la, basta você escolher o que quer”? Porque você não me disse que uma viagem acabaria de vez com todas as minhas certezas???” Quando eu terminei eu já estava chorando e gritei essas ultimas palavras para o espírito da velha bruxa. Ela sorriu e me disse:

“Tenho pouco tempo... Você está crescendo, menina... Seus poderes estão crescendo... Saiba que isso será bom e ruim para você. Você é muito cobiçada por aquelas criaturas que só andam nas sombras. Cuidado. A pessoa de confiança vai te entregar por pura ambição de poder. Estás na hora de fazer escolhas!. Cuidado!” Assim ela foi embora e me deixou ainda mais confusa.

Eu me ajoelhei no chão e Pavel veio e me abraçou, dizendo que eu entrasse. Eu o segui, automaticamente, até ao meu quarto. Minha mãe nos encontrou no caminho e, é lógico, que não me deixou sozinha, já ligando para o meu pai. Eu entrei no banheiro e literalmente senti vontade de morrer.

Depois de mais de meia hora, quando meu pai ameaçou derrubar a porta, eu sai do banheiro completamente decidida.