Você Acredita no Destino? escrita por HannahHell


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

essa fic eu fiz especialmente para minha mãe, que é uma fã inveterada dos romances.
Espero que gostem assim como eu desejo que ela goste



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Joseph terminou de ajeitar os últimos detalhes de sua vestimenta e se olhou no espelho, chegando a conclusão que o que via lhe agradava bastante, seus cabelos escuros estavam impecáveis de tão bem penteados, o lenço bordô contrastava com sua pele clara e com o colete azul-marinho , a gola branca de sua camisa se destacava entre os dois, sua elegante capa preta lhe dava o ar superior e fino que todo aristocrata tinha. Uma calça preta caía-lhe com perfeição e seu lustroso sapato preto brilhava.

 

Abriu um sorriso arrogante ao constatar que estava perfeito, não que já não fosse, mas dessa vez se superara, até seus comuns olhos castanhos tinham um ar perfeito aquela noite. Pegou sua bengala e saiu da casa. Seu carro já o esperava pronto para levá-lo no baile de aniversário da amiga de sua prima.

 

 

Cecille deu uma voltinha para suas amigas verem melhor seu lindo vestido de debutante, era o vestido que todas naquele quarto sonham em usar, mas apenas Cecille podia, era feito da mais pura e acetinada seda na cor bordô, as mangas eram fofas e com detalhes em dourado, os mesmos detalhes intrincados e bem desenhados que enfeitavam o corpo do vestido. A saia era rodada e armada e seu sapatinho vermelho de pequeno salto deixava seus pés delicados e prontos para a valsa.

 

-Estás tão  linda, minha irmã – Juliet comentou sonhadora enquanto arrumava os cabelos castanhos e brilhantes da caçula num coque caprichoso com alguns fios soltos e enrolados.

 

-Julie, não exagere – a aniversariante pediu encabulada e se admirou no espelho, tinha de admitir estava mesmo bonita.

 

-Mas ainda vai ficar melhor, sente-se, minha amiga, que vou lhe fazer a mais bela maquiagem do mundo – Isabelle pediu enquanto pegava o que precisava.

 

Depois de muitos pós, pinturas, reclamações, discussões, Isabelle e as demais entraram num consenso e terminaram a pintura de Cecille.

 

Seus olhos azuis estavam bem marcados por uma cor preta, suas bochechas estavam levemente rosadas, e seus pequenos lábios vermelhos, com toda certeza ela iria chamar muita atenção neste baile.

 

As garotas saíram do quarto e uma por uma foram descendo as escadarias que levavam ao salão, até que,por último Cecille apareceu no topo da escada.

 

Todos olharam para ela, e isto a fez se lembrar de como odiava ser o centro das atenções, mas hoje era seu dia, podia ignorar esse ódio e aproveitar. Desceu calmamente degrau por degrau, suas quinze melhores amigas estavam no pé da escada, com seus pares e na frente da escada Francis, o irmão mais velho de Cecille a esperava sorrindo orgulhoso.

 

Quando estava no meio de sua descida o viu: Cabelos negros, olhos castanhos e uma aparência adoravelmente impecável. Para alguém com um visual comum, tinha uma beleza bastante incomum. Ele estava um pouco atrás de Francis e olhava-a um tanto abobalhado e admirado. Ah! Como esse olhar a agradou.

 

 -Minha irmã, estás tão bonita – Francis repetiu o que sua irmã gêmea, Juliet, disse anteriormente.

 

-Pare com isso, Francis – mesmo estando encabulada ela sorriu, e sorriu mais ainda ao bater os olhos no moreno e perceber que ele lhe lançava o mesmo olhar admirado que Francis lhe dera quando a elogiou.

 

-Quando será a valsa? – ele perguntou – quero mostrar para todos aqui como tenho a irmã mais bela do mundo.

 

-Francis – ela reprovou rindo – às dez –ela suspirou e sorriu e acenou para todos no salão que aos poucos voltavam a fazer o que estavam fazendo antes dela ter descido.

 

-Posso roubar a Cissy um pouco? – Juliet perguntou, mas já puxava a irmã para perto das amigas novamente antes que Francis pudesse pensar em responder.

 

-Todo mundo ficou vidrado – Isa comentou – tu és a mais linda daqui – ela parou e deu uma olhada em volta a procura de com quem iria dançar depois que seu par a trocasse pelo primeiro rabo de saia a vista – olhe, meu primo veio.

 

Cecille olhou para a direção que a amiga olhava e percebeu que o belo cavalheiro de antes era o tal primo que Isabelle fizera tanta questão de convidar. E com toda certeza não se arrependeu de deixar que ela o convidasse.

 

-Venha, tenho de te apresentar à ele – antes que Cecille pudesse discordar já estavam na frente do cavalheiro.

 

-Joseph, está é a amiga de quem te falei, e Cissy, este é meu primo Joseph – depois de os apresentar Isabelle simplesmente deu meia volta e voltou até onde Juliet estava.

 

-Muito prazer – ele deu um sorriso de lado e beijou as costas das mãos dela – devo dizer que és a moça mais bela desse baile.

 

Ela deu uma risadinha tímida, ela consegue  ficar mais bonita ainda tímida, ele pensou ainda sorrindo de lado  - és também muito belo – ela elogiou – mas és da cidade, estou correta?

-Sou de Oxford – ele explicou sorrindo.

 

-Estudos?

 

-Correto.

 

Eles começaram a andar enquanto conversavam, vezes comiam algum dos quitutes que lhes eram servidos, outras ficavam apenas em beber um pouco de vinho.

 

Cecille gostou do jeito arrogante e engraçado que ele possuía, mas para quem conseguiu entrar na universidade aos quinze anos, era uma arrogância até que com muita razão. Ele estava no penúltimo ano de Direito.

 

Joseph se encantou coma facilidade que ela tinha para manter uma conversa, era uma daquelas raras garotas que lera quase tantos livros quanto ele e que conseguia acompanhar suas piadinhas. E o mais interessante, conseguia o fazer rir. Nunca uma garota o fizera rir verdadeiramente, só lhe tiravam aqueles risos educados para não magoá-las, mas Cecille, sabia como manter uma conversa agradável e divertida com ele.

 

-Por que não vamos tomar um ar? Aqui está muito abafado, não achas? – ele sugeriu.

 

-Que tal depois da valsa? Já são quase dez horas – ela respondeu rindo - tenho de ir com meu irmão - ela se afastou e foi até onde Francis se preparava para a valsa.

 

As conversas pararam e todos ficaram esperando na pista de dança, que estava escura, mas foi so começar a musica que ela se iluminou e Cecille começou a dançar com seu irmão. Asssim que a musica acabou ela dançou com seu pai e na terceira musica voltou a dançar com Francis, mas agora suas quinze melhores amigas estavam dançando também.

 

Aos poucos as pessoas foram ficando contagiadas pela melodia e, um a um, casias iam se formando e mais gente começava a valsar.

 

-Com licença – Joseph tocou no ombro de Francis e ele e Cecille pararam de dançar – poderia ter a honra de dançar com tua irmã?

 

Francis pareceu não gostar muito da idéia, mas deu espaço para que Joseph ocupasse seu lugar.

 

Ele segurou a pequena mão direita dela e colocou a outra mão nas costas dela, assim com ela colocou a sua em seus ombros e começaram a dançar.

 

 

 

 

Um mês depois do baile de debutante, Cecille e Joseph se encontraram novamente, desta vez em um jantar entre as suas famílias.

 

Joseph estava até mais bonito do que no baile, e mesmo que comum vestido mais simples dessa vez, Cecille o encantou, talvez até mais do que na festa.

 

Depois de ser apresentada para os pais do garoto, um dos grandes aristocratas da indústria farmacêutica, assim como seus pais, ela se sentou na frente dele.

 

A conversa à mesa foi apenas entre os pais, que estavam excepcionalmente felizes e pareciam esconder algo. Joseph e Cecille apenas tocavam olhares e sorrisos, mas parecia que ele sabia o que os pais escondiam.

 

Antes da sobremesa chegar, Joseph deu um grande sorriso e a encarou contente antes de olhar para cada um dos pais – Senhor Foster – ele se dirigiu ao pai da garota – tenho um pedido a fazer-te.

 

-Pois então faça – o homem parecia saber.

 

Joseph olhou para Cecille e falou teatralmente – eu, por obséquio poderia ter a honra de casar com tua filha?

 

Choque,foi a única coisa que ela sentiu, o sorriso ficou congelado enquanto ela digeria o que ele falara. Ele a pediu em casamento. Em. Casamento, não era algo simples ou passageiro, ele realmente parecia inclinado a se casar com ela e, o mais interessante, parecia feliz coma idéia.

 

-Seria uma honra ter-te como genro, meu garoto  - o Senhor Foster concordou dando um sorriso encorajador.

 

-Quer se casar comigo, Cecille? – Joseph dessa vez parecia temeroso e incerto, como se temesse que ela falasse não.

 

A pergunta agora era para ela. Cecille, você quer casar com ele? Sua mente perguntava incessantemente.  A incerteza foi seu primeiro sentimento, mas depois ela se sentiu feliz, muito feliz, poderia até pular de felicidade se não fosse a dama que era. Tinha sua resposta.

 

-Só diria não se existisse algo que me fizesse sentir menos feliz, porém não consigo me lembrar de nada que me deixasse mais feliz do que este momento – ela respondeu com um grande sorriso.

 

-Vou considerar isso um sim – ele deu um sorriso de lado e ela riu.

 

 

 

O noivado dele foi a base de cartas e visitas aos finais de semana, mas não reclamavam,ambos sabiam escrever as cartas mais belas e interessantes, com toda certeza se as juntassem daria para fazer um livro intitulado “Como escrever cartas para quem você ama” pois eles conseguiam se colocar nessas cartas, de modo que por mais distantes que estivessem, se sentiam próximos.

 

E toda vez que a saudade batia precisavam apenas lê-las para que ela se amenizasse, um relacionamento tão simples, e ao mesmo tempo lindo, que causava a inveja até mesmo nos casais que via-se todos os dias.

 

Mas, como tudo na vida, há sempre uma calmaria antes da tempestade, e a tempestade tinha apenas um nome: Doença.

 

Tudo começou numa segunda-feira, para que na quarta, os remédios provassem não surtir efeito, na sexta o quadro piorar com uma febre tão alta que a fazia delirar.

 

Ninguém soube dizer exatamente o que Cecille tinha, quando ela desmaiou no jantar, mas aquele desmaio foi o que desencadeou uma série de problemas de saúde que a faziam piorar mais e mais.

 

O médio da família tentou todos os remédios conhecidos e a fez ficar em repouso absoluto.

 

A falta de cartas deixou Joseph preocupado e quando recebeu o telegrama do senhor Foster avisando sobre o que aconteceu com Cecille ele foi para Londres o mais rápido que pôde.

 

Chegou na quinta, e ficou responsável por controlar a temperatura dela na sexta, algo o diziam que por mais que tentassem sem uma cura, ela não resistiria. Porém foi no sábado que ele teve certeza de que esse sentimento estava certo.

 

-Joe – a voz dela estava rouca e fraca quando o chamou pela manhã, a febre tinha se controlado durante a noite, mas pela temperatura da mão dela ele reparou que ela estava se preparando para voltar.

 

-Sim – ele não pegou a toalha úmida como deveria, segurou a mão dela cm uma mão e a encarou atentamente, enquanto passava os dedos da outra mão no rosto dela.

 

-Não fique triste, não era para ficarmos juntos ainda – ela murmurou.

 

-Como assim? Você não me ama mais? É isso?

 

Ela deu apenas um pequeno sorriso – não é isso, bobo – ela o olhou cansada, estava soando e tremendo – só que um dia ficaremos juntos, mas não agora.

 

-O que você quer dizer? – ele estava desesperado queria controlar a febre dela, mas seu corpo não o deixava se afastar.

 

-Nos encontraremos novamente, está no nosso destino – ela explicou e fechou os olhos como que para dormir.

 

A sua respiração aos poucos foi ficando mais fraca, e fraca, até não ter mais nenhuma, a temperatura quente dela foi esfriando e isso o assustou demais. Chamou o médico aos berros.

 

O senhor de cabelos brancos colocou os dedos no pescoço dela – eu sinto muito, mas ela...

 

Chorar. Foi isso que todos fizeram,o que mais chorou foi Joseph, quem precisava de orgulho se o amor de sua vida morreu? Não valia a pena.

 

 

 

 

 

 

Séculos depois, um garoto de cabelos escuros bagunçados escondidos por um boné preto, ouvia uma musica agitada no seu Ipod enquanto esperava o ônibus que o levaria para a escola. Seu uniforme estava propositalmente desarrumado e lhe dando um ar meio desleixado que, segundo Eric, seu amigo gay, as garotas adoravam, e se tinha alguém que tinha muitas amigas esse era Eric, nada como seguir o conselho dele.

 

Olhou para o relógio e viu que já era hora do ônibus chegar, se levantou, seus olhos castanhos viram o ônibus virar a esquina e em segundos, já estava parado no ponto.

 

Ele entrou e com seu cartão pagou a viagem e foi procurar um lugar vago. Havia apenas um: ao lado de uma garota de cabelos castanhos e belos olhos azuis, era provavelmente um ano mais nova que ele, talvez um pouco mais, mas era tão bonita. E usava o uniforme de sua escola.

 

-Posso me sentar? – ele pediu já se sentando.

 

-Pode, claro – ela riu.

 

-Você é nova na escola – ele afirmou.

 

-Sim, eu vim de Londres, vou começar hoje a freqüentar a Academia – ela sorriu simpática enquanto explicava.

 

-Que série?

 

-Primeiro ano – ela riu – pareço tão nova assim?

 

-Claro que não – ele parou um pouco para pensar no que falar – a escola é bem grande, e eu já estou no Terceiro, o que você acha deu te mostrar a escola no intervalo?

 

-Seria muito gentil de sua parte – ela sorriu animada – algum conselho sobre os professores?

 

-Muitos – eles riram e começaram a conversar sobre os professores e a escola.

 

Com toda certeza nenhum deles nunca mais iria reclamar de ir de ônibus para a escola.

 


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Notas finais do capítulo

Depois de muito tempo sem escrever romances, aqui está mais um.
espero que vocês gostem
e não se esqueçam das reviews