A Cinderella Story escrita por Queen Of Darkness


Capítulo 10
Capítulo 10




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Juliet apertou o casaco contra o corpo, sentindo o frio do primeiro dia de inverno londrino. Trancou a porta de sua casa e guardou as chaves no bolso da calça; olhou para os lados. Ninguém.
Sabia que Suzana poderia chegar a qualquer momento, então apanhou o celular e sentou-se no meio fio da calçada.
Querido Don’. Não, espere aí. Querido Don? Por acaso ela estava escrevendo para seu diário? Apagou tudo e voltou a olhar para os lados. Ainda nenhum sinal da amiga.
– Vai, vamos lá – Murmurou para si mesma, como se estivesse se auto-encorajando. 
Don, também estou com saudades’. Não, ainda não. Parecia que estava escrevendo uma carta à seu pai. Suspirou profundamente, quase em um bufo. Como Don conseguia lhe escrever mensagens tão simples e facilmente, ainda assim tão lindas? 
– Finja que está escrevendo uma mensagem pro Tom – Falou novamente consigo mesma, rindo enquanto imaginava Don ler algo semelhante ao que escrevia para seu amigo. – Tá, não exatamente igual assim...
Também to com saudades, my Don Juan <3 quando nós vamos nos ver? By the way, amei esse trecho; é de alguma música? :)’ 
Finalmente, uma mensagem que prestasse. 
– BU!
– AAAAAAAHH! – Juliet pulou com o susto, conseguindo fazer sua cabeça bater de encontro com a árvore ao seu lado – Dê graças a deus que eu já tinha enviado a mensagem, Suzana, senão você estaria morta! – Falou como se estivesse brava, mas ainda assim rindo, olhando da amiga que gargalhava até seu celular que havia ido parar no chão.
– Uuh, tava mandando mensagem pra quem? – Ouviu a amiga perguntar num tom provocativo, enquanto apanhava seu celular de volta e o limpava.
– Ah, pro... Tom – mentiu – Dizendo que vamos chegar atrasadas porque alguém é uma noiva, né? – Brincou, rindo ao ver a menina fazer careta.
– E porque a gente vai no ensaio deles, hein? – Suzana perguntou, ao que ajudava Juliet a se levantar – Digo, o Jones vai estar lá! E provavelmente vai levar aquela... Karen.
– Kim.
– Tanto faz – Suzana rolou os olhos, fazendo uma cara extremamente engraçada enquanto repetia o nome de Kim em uma voz irritante.
– Ela já foi embora, Suh – Juliet riu baixinho, puxando a amiga para que começassem a andar logo – Você vai ter o Jones todinho pra você hoje, não se preocupe.
– Como se eu quisesse! – Suzana soltou em um berro agudo, como se estivesse extremamente ofendida.
Juliet apenas riu e voltou a puxá-la. As duas seguiram o curto caminho para a casa de Tom que ficava apenas a alguns quarteirões dali.

Tirilim. 
– Cacete Poynter, você não tá parando com esse celular hoje! – Harry reclamou ao ver o amigo mexer em seu celular pela vigésima vez em menos de dez minutos.
– Hey, da primeira vez era a minha mãe me ligando, tá! Ela só queria saber se eu não tinha esquecido minha escova de dente e minhas cuecas... –Dougie falou na tentativa de se defender e acabou fazendo os amigos rirem – Ah, qual é, ela tá preocupada porque eu vou dormir aqui na casa doTom hoje! – Ele tentou consertar, mas viu que apenas havia piorado a situação, uma vez que os outros riram ainda mais e apertavam suas bochechas, chamando-o de ‘bebezinho da mamãe’.
– E as mensagens eram pra mamãe também? – Harry perguntou, imitando uma voz de uma mãe que falava com seu bebê de três anos.
– Não! – Dougie berrou, fazendo careta e murmurando xingamentos para os amigos – Se vocês querem saber, eu tava mandando mensagem pra uma garota, e ela acabou de me responder!
– Uuuuuh – Os outros três falaram em um uníssono, provocando-o.
– Que garota? – Danny perguntou sorridente, enquanto brincava com uma das guitarras. 
– Ah, uma garota aí – Dougie deu de ombros, já corado e pensando em como fora idiota por ter falado sobre a tal garota – Conheci no baile. Nada demais. – tentou disfarçar – Agora com licença que eu vou respondê-la.
Dougie se afastou um pouco dos amigos enquanto os ouvia fazer barulhinhos engraçados e provocativos com a boca. Mesmo que rindo disso, ignorou-os e parou no canto da parede; o celular já em mãos.
A cada palavra que lia, os olhos brilhavam e o sorriso de orelha a orelha se abria cada vez mais, num ato involuntário. Ao terminar, sentiu os dedos apertarem cada tecla do celular com rapidez e ansiedade.
Gostou, é? Foi uma música que eu escrevi especialmente pra você :)’ 
Ficou encarando a tela, como se esperasse coragem para mandar a mensagem. O dedo bem em cima do botão ‘enviar’. Agora faltava só apertá-lo.
– Chegamos!
Apertou.
– Não! – Dougie sem querer soltou. Havia enviado a mensagem para Juliet no mesmo tempo em que via a mesma bem ali, parada na porta na garagem de Tom, junto de sua amiga.
– Obrigada por demonstrar tamanha felicidade em nos ver, Poynter – A garota ironizou, indo cumprimentá-lo.
– N-não é isso – Foi tudo o que conseguiu dizer, sendo que Juliet havia o cumprimentado com um beijo na bochecha, que agora tinha certeza de que aquele mesmo local estava extremamente vermelho.
– Porque demoraram tanto? – Tom perguntou, enquanto Dougie o agradecida mentalmente.
– Porque você acha? – A menina apontou ‘discretamente’ com a cabeça em direção à Suzana, rindo em seguida ao levar um tapa da mesma. 
– Bom, pelo menos a gente avisou você que iríamos nos atrasar, Fletcher – Suzana respondeu um tanto irritada enquanto lançava um olhar mortal em direção à Danny, que obviamente não entendeu. 
– Avisaram? – Tom perguntou como se estivesse inseguro da resposta. 
– É, sobre isso... Suh, esq... 
– Avisamos! – Suzana cortou a amiga – Bom, pelo menos a Juh sim... Ela te mandou mensagem no celular dizendo que a gente ia chegar atrasada, ué. 
– Mandou, é? – Tom voltou a perguntar, agora mais confuso do que inseguro. 
– Suh, deixa pra... 
– Credo Fletcher, você por acaso tem amnésia ou algo do tipo? – Suzana, antes de esperar pela resposta do garoto, apanhou o celular do mesmo que estava sobre a mesinha de centro. Começou a mexer no aparelho enquanto se desviava das mãos de Juliet. – Você deve ter a mensagem aqui, oh... 
– Mas eu não recebi nenhuma mensagem! – Tom se justificou, ajudando a amiga a tirar seu celular das mãos de Suzana. E se ela lesse alguma mensagem muito... particular? 
– Olha Juh, e não é que o Fletcher realmente não recebeu nenhuma mensagem? Só tem umas aqui de alguma tal de... Ga... Gas... Gasparzinho? 
– Gasparzinho? – Juliet repetiu, segurando a risada e olhando para Tom como se esperasse uma explicação, mas via que a única coisa que o garoto fazia era corar e tentar pegar seu celular. 
– Me... Dá... Isso... AQUI! – Finalmente Tom havia conseguido apanhar o aparelho das mãos das duas meninas que brincavam de jogar o celular de um lado para o outro para irritá-lo. – Não recebi nenhuma mensagem sua não, Juliet. – ele voltou a falar, sério, enquanto ajeitava as roupas. 
– Ui ui, a princesinha ficou estressadinha! – Suzana brincou, rindo junto de todos na sala ao ver o garoto ficar com as bochechas cada vez mais vermelhas – Vamos chamar a Gasparzinho pra ele, gente? 
– Nome criativo pra uma amante, Fletcher. ‘Gasparzinho’... – Juliet ria cada vez mais – Essa é nova até mesmo pra você e... 
Juliet não teve tempo de terminar sua frase antes de ser interrompida por um barulho alto e estridente. Ao mesmo tempo, sentiu sua bunda vibrar. Calma, era apenas o celular. 
– Quem é? – Suzana perguntou, inclinando-se no ombro da amiga que mexia no aparelho e já até se esquecendo o quanto era legal zoar Tom. 
– Anh, ninguém – Ela disse sem pensar, sorrindo involuntariamente e nem ligando para o resto dos amigos ali. Começou a andar para algum lugar da sala que nem mesmo ela sabia para onde ia. – Já volto, gente, vou responder o... ninguém – riu baixinho, sem tirar os olhos do celular. 
– Hein? 
– NÃO! – Juliet apenas pulou com o susto, acordando de seu transe. Assim como ela, todos os outros se viraram para onde o berro havia vindo. – Anh, digo... – Dougie recomeçou, corando sob os olhares dos amigos nele – Res-responde depois, Juh. V-você não vai ver nosso ensaio? A gente já vai começar! 
– Vamos, é? – Danny perguntou, completamente perdido, como se nem estivesse ali nos últimos minutos. 
– Vamos! – Tom respondeu por Dougie, e o garoto agradeceu mentalmente o amigo – A gente já enrolou demais! E você deixa pra responder seu Don Juan depois, Juh! 
– Credo, acho que você realmente precisa da tal Gasparzinho, hein? – Ela ironizou, mas ao ver a cara do amigo, apenas levantou as mãos para o alto e fez-se de inocente – Tá bom, estresse, tá bom! 
Enquanto as duas únicas garotas se sentavam no sofá velho e rasgado da garagem da casa de Tom, os meninos se posicionaram. Todos já com seus respectivos instrumentos. Mas nenhum deles fez nada. 
– Seria legal se vocês começassem a tocar, sabe – Juliet comentou num tom completamente irônico, rindo com a amiga. 
– Engraçadinha – Harry deu a língua, mas também rindo – Estamos pensando. 
– Oh God, isso vai demorar! – Agora foi a vez de Suzana. 
– Então, dudes – Tom começou, ignorando os comentários das meninas e praticamente fingindo que elas nem estavam ali – Por que música vamos começar hoje? Saturday Night? 
– Ah não, a gente já tocou tanto essa música que eu até... Bem, eu até já decorei ela, cara! – Danny falou como se fosse algo muito óbvio. Os outros apenas riram da cara que o mesmo havia feito. 
– Então que tal tocarmos aquela sua nova, Dougie? – Harry perguntou, apontando para o amigo que sentiu os olhos se arregalarem automaticamente. 
– Uuh, então quer dizer que o Poynter escreve músicas? – Juliet brincou, num tom provocador. 
– N-não, que isso! – Dougie engoliu a seco – Harry, cala a boc... 
– Que humildade, Poynter – Harry riu, piscando para as meninas – Sua música é tão tocante e inspiradora. E eu sei que você a escreveu pensando em mim, amor! Por favor, toque-a para mim! 
– Cala a boca, Judd – Dougie falou entre os dentes, sentindo as bochechas queimarem. 
– Vai, vamos lá, Dougie – Tom o encorajou – Precisamos de músicas novas de qualquer jeito! – Nesse momento, Dougie escreveu um pequeno lembrete mental em não agradecer mais Tom pelas outras vezes que o amigo havia o ‘salvado’ sem mesmo saber. Ele não estava ajudando muito agora. – E da primeira vez que a gente tocou sua música, saiu bem legal. Vai, eu voto nela! – Tom levantou o próprio braço, olhando para os amigos – Quem mais? 
Dougie sentiu vontade de socar cada pessoa daquela sala, uma vez que todos levantaram a mão junto de Tom. Bom, a única pessoa que não queria socar era Juliet, obviamente. 
– Vai Poynter, por mim! – Juliet falou em um tom de voz provocador e meigo, brincando com o garoto. O que ela não sabia era que ela realmentebrincava com ele. Com ele e com seus sentimentos. 
– Depois dessa não tem como negar, hein garanhão – Danny brincou, dando fortes cotoveladas significantes em Dougie, que apenas tinha forças para soltar gemidos inaudíveis de dor com a boca. 
– Pronto, então é essa mesmo! – Harry disse de repente, como se estivesse realmente decidido e até mesmo Dougie houvesse dado permissão. O problema era que ele não dera. 
– Eba! – Juliet bateu uma mão contra a outra, em leves palminhas, enquanto sorria – Agora diz aí, Poynter, como que a música chama? 
– Anh... – Dougie precisou de algum tempo para responder àquela pergunta. Ainda tentava tomar o máximo de coragem que podia. – A música se chama... ‘Obviously’. 
– Uh, ‘obviously’... Gostei. – Suzana sorriu, trocando comentários animados com a amiga ao seu lado. 
– Então podemos começar? – Harry perguntou, e todos confirmaram em um aceno de cabeça, menos Dougie – Um, dois, trê... 
– Anh, gente? – A contagem foi interrompida pela voz receosa de Dougie ao microfone – Será que podemos pular o primeiro verso da música? 
– Porque? – Tom perguntou confuso, entreolhando-se com os outros membros da banda. 
– Porque... – Dougie parou para pensar – Eu não gostei muito, quero mudar – foi a primeira e única desculpa que conseguiu inventar para uma resposta imediata. 
– Ai Poynter, relaxa – Harry revirou os olhos – Tá ótimo, vamos deixar assim! 
Dougie abriu a boca para falar mais alguma coisa, mas foi interrompido pelo integrante da banda que voltou a fazer a contagem. Nisso, a guitarra começou a ser tocada, numa melodia calma e gostosa. 
– Recently I’ve been... 
– La la la laaaaaa – Dougie cantou por cima, abafando a voz do cantor da banda. 
– Poynter! – Os três garotos gritaram em um uníssono. 
– Não gostaram? Eu achei que ficaria bom assim! – Inventou, sorrindo forçadamente. 
– Dá pra você parar de ser mais esquisito do que o normal, pelo menos hoje? – Tom falou já um tanto sem paciência, realmente sem entender porque o garoto agia daquele jeito. E não só ele que não entendia, o resto dos rapazes e as garotas também. – E vamos logo ao que interessa! 
A contagem voltou a ser feita e o som da guitarra voltou a ser ouvido. 

Recently I've been
hopelessly reaching
 

Juliet ouvia a cada palavra com muita atenção, e desde que a música havia começado a ser cantada, ela não pôde deixar de notar uma certa familiaridade com aquela letra. Onde já havia ouvido aquilo antes? 
Balançou a cabeça na tentativa de espantar os pensamentos. Sabia que aquilo era impossível, uma vez que nunca havia ouvido uma única música da banda dos amigos, por mais que os conhecesse há tempos. Mas, por mais que tentasse, não conseguia parar de pensar em como sentia que conhecia pelo menos a letra. 

Out for this girl, 
who's out of this world.
 

Foi quando a ficha simplesmente lhe caiu: sabia sim que música era aquela. 
Rapidamente, apanhou o celular do bolso traseiro e começou a apertar algumas teclas com muita velocidade. Ouviu Suzana falar algo para ela como para que a garota prestasse atenção, mas apenas o que fez foi ignorar tal comentário. Por algum motivo, sentia o coração acelerar cada vez mais. 
Ali estava, finalmente. A mensagem. Apenas pressionou o botão com o dedo e leu as palavras na tela. 

Believe me. 

– DON?! – Foi a única coisa que conseguiu fazer que saísse de sua boca. 
– Mas que saco! – Tom bufou, ouvindo o barulho dos instrumentos desafinarem quando todos pararam de tocar subitamente. Jogou tudo que tinha em mãos no chão. – Quando todo mundo parar de ser esquisito, me chamem e eu volto pra gente continuar o ensaio. Vou jogar videogame! 
– Desculpe gente, é que... – Juliet tentou consertar, levantando-se e puxando rapidamente o braço de Tom e impedindo-o de deixar a sala – Eu... Vocês vão achar isso estranho e ridículo, mas... – a garota ficou em silêncio, corando ao ver todos os olhares impacientes sob ela. Passeou seus olhos por todos ali, e viu que, por algum motivo desconhecido por ela, Dougie era o único que não a encarava e nem parecia irritado pela interrupção. – Vocês por acaso não conhecem nenhum Don, conhecem? Da escola. 
– Ah Juh, você parou nosso ensaio pra perguntar sobre o seu Don Juan? – Tom perguntou, agora realmente sem paciência alguma. 
– É sério, Tom! – A garota o repreendeu em uma voz chorosa e corou ao perceber. 
– Anh, vejamos... – Harry falou, parando em uma pose estranha e olhando para o teto, como se pensasse – Don... Don. Don? Don! – Por um momento, ele pareceu ter lembrado de algo, nem percebendo o olhar esperançoso de Juliet sobre ele – Yeap, nenhum Don! Sorry. 
Juliet sentiu todos os músculos, antes contraídos pela ansiedade, relaxarem, e uma boa parte de sua esperança se esvair. Voltou a passear os olhos pela sala, encarando Danny como se ele tivesse a resposta. Mas a única coisa que o garoto fez foi dar de ombros e balançar a cabeça em sentido negativo. Passou o olhar direto por Tom; sabia que nem adiantaria perguntar para ele. Agora, seus olhos pousaram sobre o último dos garotos, mas o mesmo parecia tentar ignorar tudo e qualquer coisa daquela conversa. 
– E você, Dougie? – Juliet perguntou firmemente, ainda olhando para o garoto. Este, por sua vez, pareceu ter acordado de um transe falso, e fingiu-se de desentendido. – Você conhece algum Don? 
– Don? – Ele perguntou para si mesmo, fingindo estar pensando – Não, nenhum Don. Desculpe Juh. 
Juliet viu agora toda a esperança que antes tinha sumir. Forçou um sorriso para os garotos e deu de ombros, murmurando quase um inaudível ‘deixa pra lá’. 
– Vamos aproveitar então pra fazer um intervalo? – Danny perguntou animado, acariciando sua própria barriga – Estou com fome! Muito trabalho me deixa faminto, sabe. 
– Muito trabalho? – Tom perguntou no tom mais sarcástico possível – A gente nem fez nada, Jones! 
– E você vai culpar o garoto por ter apetite de um cavalo, Fletcher? – Harry brincou, acariciando a barriga de Danny também, que agora fazia força para deixá-la enorme, como se estivesse grávido – Vai, vamos comer pizza! 
Suzana e Harry riram ao ouvir Danny berrar um imenso ‘YAY!’ e sair saltitando para a cozinha, e seguiram o garoto aparentemente muito faminto.Juliet e Dougie não se moveram, apenas permaneceram intactos onde estavam, trocando olhares. Tom lentamente seguiu os amigos, antes de ser parado por uma mão. 
– Tom – Juliet puxou o amigo, vendo a irritação estampada na cara dele. Sabia o quanto amava música, tocar e aquela banda, e também sabia que ele pensava que ela não estava o levando a sério. Mas não era isso, ele tinha que entender. – Me desculpa, eu não quis atrapalhar... 
– Tudo bem – Tom apenas deu de ombros, sorrindo fracamente. Não conseguia ficar bravo com a menina. – Só não gosto quando você fica se preocupando por garotos que nem mesmo gostam de você. 
– Mas... O Don gosta de mim, Tom. – Juliet falou em um murmúrio, sentindo o coração apertado. 
– Juh, você sabe que eu te amo demais, não é? E que você, sendo uma irmã pra mim, eu me preocupo com você. – Ele apenas via a garota concordar com leves acenos de cabeça – Então, se esse idiota realmente gostasse de você, já teria se revelado apenas para querer passar mais tempo com você, e não ficar se escondendo! Não quero te magoar, só to falando isso porque não quero te ver mal depois por causa de um babaca desses, entendeu? – Ela apenas concordou mais uma vez com a cabeça, se esforçando ao máximo para abrir o maior sorriso que conseguia, o que realmente não era muito. Tom sorriu de leve e beijou a testa da amiga. – Agora vamos lá comer pizza! 
Nisso, o garoto se virou e passou pela mesma porta que os outros amigos já haviam ido. Juliet, por sua vez, não se moveu. 

Dougie, que ainda continuava ali e que ouvira toda a conversa, sentiu uma pontada lhe atingir o estômago. Viu o desapontamento estampado ali no rosto da menina que mais gostava no mundo, e tudo por causa dele. Sabia que tudo o que Tom dissera era verdade, ele era um verdadeiro babaca. Mas e agora, se ele mostrasse quem realmente é, poderia ganhar boas surras do garoto por causa do fizera e do que ainda continuava a fazer. Tinha que acabar com aquilo agora mesmo. 
– Anh, Juh? – Chamou-a, fazendo com que a garotasse acordasse de mais um de seus transes. 
– Ai, que ódio! 
– Hein? – Ele se assustou com o que Juliet havia dito repentinamente – Ódio do que? 
– Desses idiotas que acham que podem fazer a gente de otária! 
– Q-que idiotas? – Sim, ele tinha quase certeza de que ela estava se referindo à Don... Digo, à ele. 
– O DON! – Viu como ele tinha razão? 
– M-mas porque? – Queria mais era se perguntar porque gaguejava que nem uma galinha botando ovo. 
– PORQUE? – Ela berrava, deixando bem visível o verdadeiro ódio que comentara há segundos atrás – O garoto simplesmente me engana! Faz eu me apaixonar por ele, manda mensagens lindas, diz que a gente vai se encontrar logo, quando o “momento estiver certo”, – Ela fez aspas no ar – e até agora eu não vi NADA! 
Dougie pareceu não ouvir nada além da primeira frase. Ele havia feito Juliet se apaixonar por ele? Bom, Don havia feito. Mas ele era Don, então conseqüentemente, ele também havia feito. Mas ela não sabia que ele era Don, e... Ah, aquilo realmente era muito confuso. 
– V-você se apaixonou por ele, é? – Repetiu, mais para si mesmo, como se quisesse ter certeza. 
– Bom, aparentemente sim. E eu não entendo o porquê, sabe? Tinha tantos garotos legais na festa, e alguns realmente até gostaram de mim! E sabe, tinha o Pete! O Pete, ele era tão fofo! Bonito, engraçado, simpático, e... Ele já foi da Marinha, cara! E ele nem era tão velho, só tinha o que? 20 anos? 
– 23. – Ele de repente disse, como se a corrigisse, e não espantando apenas ela, mas a si mesmo. Pronto, agora já poderia ir contar à Danny que ele não era o cara mais lerdo do mundo. Ele havia conseguido tomar seu lugar. – Digo... Hehe, brincadeirinha! – Nota mental um: calar a boca. Nota mental dois: aprender a inventar melhores desculpas. 
– Que seja! Só sei que ele gostava de mim, cara. Ele na verdade gostava de mim e eu preferi um mentiroso que se chama DON! 
Dougie sentia o estômago afundar com cada palavra de Juliet. Saber que ela estava se referindo realmente à ele e que se arrependia por não ter conhecido melhor o tal de Pete, que sabia quem era. Estava no bar perto dos dois quando eles conversavam, fazendo Dougie até dar uma ‘participação especial’ para o bartender da festa em sua música, Obviously. 
Mas então, se odiava tanto ficar ali ouvindo a garota dizer tudo aquilo, porque simplesmente não lhe contava a verdade? 
Pronto, era isso. Tinha que lhe contar quem realmente era. 
– Juh – Chamou, quase gaguejando. – Sabe, sobre o Don... Eu preciso falar com você sobre ele e... 
– Não, Dougie, por favor – Ela o interrompeu, jogando-se no sofá atrás de si – Eu realmente não preciso de outra pessoa me falando o quão babaca o Don é e que ele só me faz sofrer e blá blá blá. Isso agora parece bem claro pra mim, obrigada. 
– N-não, não é isso! 
– Antes eu achava que o Tom só tinha... sei lá, ciúmes, talvez? Ou só estivesse sendo ele mesmo, sabe? Super protetor e tal. Mas agora eu entendo ele, eu realmente entendo. Meninos assim simplesmente não prestam! 
– Mas Juh, deixa eu só... 
– Sabe, eu acho que se o Don estivesse bem aqui, nessa sala mesmo, e quisesse se ‘revelar’ pra mim, eu... Eu lhe quebraria a cara, isso que eu faria! E... e... – Ela bufou, agora apanhando o próprio celular e fazendo com que Dougie tivesse graves ataques dentro dele mesmo – E quer saber? Quer saber o que eu vou fazer? 
– O-o-o qu... O que? – Gaguejar é uma coisa, aquilo já era demais. 
– Vou ligar pra ele agora mesmo e dizer... E dizer o que ele está perdendo, isso sim! Sabe, tantos garotos no mundo e eu me preocupando por um retardado que não quer nem me ver e se sustenta por mensagens melosas e lindas e perfeitas e... – Ela parou de falar, provavelmente percebendo que estava elogiando até demais as tais mensagens de Don, sendo que queria ofendê-las – Anh, vou ligar logo! 
– NÃO! – Droga, mas que mania de vomitar as palavras em alto tom e nas horas não muito certas. 
– Dougie, você realmente precisava parar de fazer isso – Juliet comentou após um leve pulo no sofá com o susto – E porque não? Ele é um idiota e eu faço questão em deixar ele saber disso! 
– Juh, ele não deve ser tuuuudo isso que você fala também, vai... – O que ele estava fazendo? Querendo se auto-defender só porque a menina que mais amava no mundo estava o insultando sem saber que era ele mesmo ali? É, bem... Talvez seja realmente isso que estava fazendo. 
– Dougie, você nem o conhece e te garanto que, se você estivesse na mesma situação com alguma garota, ficaria tão irritado quanto eu! 
– Mas Juh, você já pensou se ele estiver apenas... Não sei, realmente querendo te proteger? 
– Proteger do que, Poynter? Ele por acaso é algum tipo de serial killer? 
– Mas é lógico que não! – Ele corou ao ver a garota o encarando, provavelmente se perguntando o que o fazia ter tanta certeza daquilo – Digo, acho que não... – consertou. 
– Sabe de uma coisa? Não interessa. Ele é um idiota e eu não vou mais perder um minuto do meu tempo falando sobre um idiota! Porque sabe, eu odeio idiotas. Eu realmente odeio idiotas! 
Ah, ótimo. Agora ela o odiava. 
– Ele não é um idiota, Juh! 
Ah, ainda mais ótimo: ele estava tendo vômitos verbais. Aliás, ótima hora para tê-los, realmente. 
– Dougie, você nem o conhece. 
– Mas eu sei que ele não é um idiota, Juh. Ele só deve gostar MUITO de você, ué! – Ok, ele poderia parar com esses vômitos verbais se quisesse, sabe. 
– Se ele gostasse tanto assim de mim, ele apareceria e diria para mim em carne e osso, olhando nos meus olhos! 
– Talvez você deveria pensar que ele provavelmente deve estar numa situação muito delicada também, sabe? Às vezes as coisas não são tão fáceis quanto queremos, Juliet! Digo, o que o garoto iria dizer? Bater na sua porta e falar: ‘Hey, lembra de mim? Sou o mascarado que te beijou na festa e a fez se apaixonar por mim!’ 
Yeap, agora era oficial: ele era o garoto mais estúpido que existia no planeta. Nem Danny faria algo tão idiota assim. 
Os dois entraram num completo silêncio naquele momento, que não ajudou Dougie em nada. Ele respirava ofegante e com dificuldade por causa dos berros, enquanto encarava agora uma Juliet irritada e desnorteada, agora também em pé devido à briga. 
– Como você sabia que ele me beijou na festa? – Ótimo, agora tudo estava perfeito. Ele tinha melhorado toda situação, realmente. – E porque você tá defendendo ele tanto assim se você nem o conhece? 
– P-p-p-por... porque... – E lá ia a galinha botando ovo tomando conta da voz dele novamente. 
De repente, Juliet apenas arregalou os olhos e escancarou a boca, olhando diretamente para Dougie. Ele, no momento em que viu aquilo, teve a certeza de que era aquilo. Ela agora sabia a verdade. Mas não sabia se ficava feliz ou desesperada por isso. Desde o dia da festa, tudo o que mais queria era contar à garota quem realmente era, e aquilo finalmente estava acontecendo. Não do jeito que queria, mas estava acontecendo. Por outro lado, ela agora o odiava e tinha dito que adoraria socar o verdadeiro Don. Fora que tinha Tom... Ele não ficaria nada feliz em saber aquilo. 
Com isso em mente, optou pelo desespero. 
– Dougie, v-v-você...? – Ela gaguejava tanto quanto o garoto. Bom, pelo menos tinham várias coisas em comum. 
– Sim, Juh, e me desculpe – Ele já começou, fechando os olhos, sem querer encarar a garota naquele momento. Se fosse levar um murro dela, que fosse de olhos fechados para não ver a cena nem o ódio na face dela. – Eu queria te contar desde o começo, e tudo o que disse defendendo o “Don” – ele fez aspas no ar – era verdade, e eu fiz tudo isso realmente para te proteger, você precisa acreditar. Eu nunca quis te magoar desse jeito, mas eu... eu realmente gosto muito de vo... 
– VOCÊ CONHECE O DON?! 
– Sim, eu conheço ele. E continuando, eu realmente gosto muito de...OQUE?! – Falou tudo extremamente rápido. 
– Você acabou de falar que sim! Você conhece o Don, eu não acredito! Como ele é? Ele realmente disse tudo isso pra você? Que gosta de mim e que era realmente apenas para me proteger? – A garota também falava tudo com muita rapidez, não se preocupando em esconder a felicidade. Porque realmente não estava nem tentando. 
– Eu... eu... – Dougie realmente não sabia o que falar. Ele esperava que a garota tivesse descoberto e quisesse provavelmente o socar. Mas, na verdade, ela havia pensando que ele apenas era um conhecido de Don, e não que ela era o verdadeiro. Será que ela estava andando demais com oJones? 
– Desembucha, Poynter! – Ela praticamente berrou, e Dougie pôde ver o brilho em seus olhos verdes. 
– O-o que você quer que eu fale? – Ele praticamente berrou. Estava na verdade irritado com aquilo. 
– Como ele é? Ele estuda na nossa escola mesmo? Ele fala muito de mim pra você? – Juliet não fazia nem ao menos pausas entre as perguntas, e antes que Dougie pudesse responder qualquer uma delas, ela fez um barulho engraçado com a boca e voltou a falar: – AH, A MÚSICA! 
– O que tem a música? 
– Bom, foi você que escreveu mesmo? Porque o Don me mandou uma mensagem assim e... 
– Eu sei – Ele deixou escapar, e logo se arrependeu ao ver a cara que a menina lhe dava, provavelmente se perguntando como ele saberia. Falou a primeira coisa que lhe veio a cabeça, na tentativa de consertar a idiotice: – Digo, é... Ele que escreveu. Acho. 
– E porque os meninos acham que é sua música? 
Ótimo, uma desculpa melhor que a outra. 
– Porque... – Dougie olhou ao redor, como se algo naquela sala fosse lhe dar a resposta – Sei lá, ele me mostrou a música e eu achei legal? – Sim, aquilo havia sido praticamente uma pergunta, como quem fosse questionar se aquela desculpa havia sido boa. Deveria ter sido, já que Juliet havia acreditado. 
– Que legal! – Agora ela parecia não ter mais perguntas. ‘Graças à Deus’, foi a única coisa que pensou, antes de ver que havia pensado cedo demais. – E ele... bem, ele já mencionou alguma vez pra você quando ele vai querer me encontrar? 
O garoto abriu a boca para falar alguma coisa, talvez a verdade, já que suas maravilhosas desculpas já estavam se esgotando, mas foi quando algo lhe atingiu na cabeça: o pior pensamento de todos. E se Juliet tivesse pensado aquilo porque ela simplesmente não queria que o verdadeiro Don fosse ele? Talvez a última das opções em ‘quem seria o Don’, para ela, seria Dougie. Aquilo realmente havia lhe atingido com muita força. 
– É, ele é um amigo... – Simplesmente falou, sem ao menos tentar disfarçar. A cabeça abaixada, encarando os pés para evitar olhar nos olhos da garota. 
– Me conta sobre ele, Dougie! – Juliet falou apertando sua mão, apesar de ele ter apenas sentido um aperto no coração. 
Dougie abriu a boca para falar alguma, mas agradeceu quando Harry, Danny, Tom e Suzana entraram pela porta carregando três caixas de pizza e várias garrafas de refrigerante. Ele nem sabia o porquê de ter aberto a boca, não tinha uma sequer desculpa. Não conseguia pensar em nada mais naquele momento. 
– Comida chegou! – Danny berrou, a felicidade estampada na cara. 
– Aleluia, tava morrendo de fome já! – Dougie falou numa tentativa de tirá-lo de perto de Juliet. Não iria agüentar mais nenhum segundo daquilo. Observou a garota pelo canto dos olhos, vendo que o brilho que antes tinha havia sumido. Assistiu-a jogar-se no sofá e Suzana sentar-se ao seu lado, conversando preocupadamente com ela. Tudo que conseguiu ler do movimento de seus lábios foi a palavra ‘Don’ ser repetida várias vezes. 
– Ninguém abre essas pizzas! – Tom gritou de repente, ganhando assim todos os olhares para ele e até almofadadas de um Danny furioso – CalmaJones, você já come, cace... HEY, PÁRA! – Berrou para o amigo que insistia em tentar nocauteá-lo e roubar as pizzas – Antes de comermos, a gente vai ensaiar a maldita música do Poynter, e quando terminamos vamos comer, ASSIM – Ele falou mais alto quando viu que Danny já havia aberto a boca para reclamar – a gente vai conseguir terminar rápido, já que todo mundo tá com fome, certo? – Voltou a olhar para Danny, que agora olhava para o nada completamente emburrado – CERTO? 
– AH, certo – Danny falou com o susto, já se levantando e indo em direção ao seu instrumento – Então vamos logo, seus lerdos! Eu quero comer, cacete. 
Os outros apenas riram e se posicionaram junto de seus respectivos instrumentos como antes. Agora, sem demoras, a contagem foi feita e a guitarra começou a ser tocada, na mesma melodia gostosa que todos já conheciam por terem a feito várias vezes antes. 

Recently I've been
hopelessly reaching
out for this girl, who's out of this world
Believe me.
 

Juliet e Suzana começaram a balançar ambos os braços no alto, como se fosse um show. Os garotos sorriram, entreolhando-se, e dessa vez, diferente das outras, a música finalmente foi continuada. 

She's got a boyfriend
He drives her round the bend
‘Cuz he's 23
He's in the marines
He’d kill me


Juliet riu baixinho ouvindo atentamente a letra da música, mas não deixando de sentir o mesmo aperto no coração apenas por saber que essa música havia sido escrita por Don, e provavelmente baseada nela mesma, uma vez que parecia falar sobre o baile. Sobre Pete, o bartender de 23 anos, bonito, forte e que já havia sido da Marinha. 
E tinha que admitir, tudo aquilo era na verdade engraçado. Ainda mais se fosse colocado em uma música. 

For so many nights now
I find myself thinking about her now

‘Cuz obviously she's out of my league
But how can I win
She keeps dragging me in
And I know 
I never will be good enough for her
No, no
I never will be good enough for her


Em meio a música, Dougie pegou-se olhando para Juliet. Para sua sorte, a garota estava se divertindo bastante para perceber seu olhar sob ela, e aquilo só o fez ficar pior. Ela estava gostando de uma música que achava que Don havia escrito para ela, sendo que havia sido ele. Ele sentia todos aquelas coisas por ela, ele que queria dizer tudo aquilo para ela, era ele quem a amava... E ele que era Don. 

Gotta escape now
Get on a plane now
Off to L.A
And that's where I'll stay
For two years

Put her behind me
And go to a place where she can't find me


– Sua sortuda. 
Juliet ouviu um sussurro em seu ouvido, e virou-se para a amiga em seu lado. Suzana, por sua vez, falou aquilo e no mesmo instante virou-se para frente, continuando a abanar as mãos no ar junto com o ritmo da música. 
– Hein? 
– Você. – Ela disse, sem tirar os olhos da banda. Ou de Danny? – Você é sortuda. 
– Porque? 
– Sei lá... Você tem alguém que gosta de você e que escreveu essa música super fofa pra você. – A garota deu de ombros, sorrindo pelo canto dos lábios – Queria ter alguém assim também. 
– Assim como? Escrevendo músicas e mensagens fofas para você mas sem um pingo de coragem para chegar na sua frente e falar: ‘Hey, e aí? Eu sou o cara que te escreveu aquelas coisas! Como anda a vida?’ – Ela disse tudo muito rápido, enquanto imitava uma voz grossa, mas sem perceber que aquilo havia saído num tom de voz irritado e impaciente. 
Suzana apenas apanhou a mão da garota e sorriu fraco, como se tentasse consolá-la. Juliet sentiu-se culpada pelo modo como havia falado, e pior ainda quando a amiga fez aquilo. Pareciam que as pessoas tinham dó dela pelo que ela estava passando ou algo do tipo. Odiava ser tratada assim. 

‘Cuz obviously she's out of my league
I'm wasting my time
‘Cuz she'll never be mine
And I know 
I never will be good enough for her
No, no
I never will be good enough for her


Juliet pensou em como queria uma pessoa na verdade presente. Que estivesse ali com ela, falando todas aquelas coisas bonitas pessoalmente, e não através de mensagens e e-mails como Don fazia. Queria alguém como Tom, que apesar de saber que não podia comparar namorados com seu melhor amigo, era alguém que estava sempre lá para ela. Ou como Harry ou qualquer outra pessoa naquela sala: todos estavam presentes na vida dela. Queria algo assim, exatamente assim. 

She's out of my hands
And I never know where I stand
‘Cuz I'm not good enough for her
Good enough for her


Foi quando seu olhar encontrou involuntariamente a figura de Dougie. Ele também era presente, era simpático, bonito, e pelo que Tom havia lhe contado, era surpreendentemente romântico. 
O único problema era que, desde que se conheceram, o garoto nunca ficou sabendo da secreta paixão que Juliet tinha por ele. Aliás, ninguém sabia; ela havia apenas comentado sobre o assunto com Tom há muito tempo atrás. Isso tudo porque sabia que nenhuma de suas amigas, pelo menos naquela época, não iria lhe apoiar por gostar de um dos maiores ‘losers’ da escola. E achava também que nem o próprio Dougie aceitaria muito bem a idéia. Ele nunca sairia com uma das garotas mais populares da escola, pelo simples fato dos ‘grupos sociais’ não se deram muito bem. Apesar deJuliet não ser assim, sempre teve medo de falar para ele o que realmente sentia por ele desde o primeiro momento em que o viu. 
E, ouvindo aquela música, não pode deixar de rir consigo mesmo pela própria miséria: para ela, Dougie era bom demais. Bom demais para uma menina que fingia ser algo que não era, bom demais para se preocupar com as coisas banais como a popularidade e se os outros falavam ou deixavam de falar sobre você. Só sabia que Dougie era diferente. Ela não era o suficiente para ele. 

‘Cuz obviously she's out of my league
I'm wasting my time 
‘Cuz she'll never be mine
And I know 
I never will be good enough for her


Apesar de parecer fingir até que bem, Dougie estava praticamente sendo obrigado a tocar e não se sentir como o melhor cara do mundo. Na verdade, sentia-se como o pior deles. Havia enganado tanto Juliet e a feito sofrer que havia chegado num ponto que não conseguia mais lhe dizer a verdade. Odiava mentir, odiava enganar, odiava inventar desculpas - por isso era tão ruim -, e principalmente se fosse para pessoas que gostava. E no caso de Juliet, não era simplesmente um ‘gostar’. 
Como quase a primeira vez no dia, ele abriu um pequeno sorriso no canto dos lábios, lembrando-se do primeiro dia em que havia conhecido a menina. Ela era diferente. Andava com calças largas, blusas que pareciam ser emprestadas de Tom, o tênis All Star sempre nos pés, os cabelos presos e adorava andar de skate. Lembrou também em como haviam se dado bem, discutindo sobre suas bandas favoritas: Blink-182. Haviam assistido ao DVD da banda juntos, riram das idiotices de Mark Hoppus, ídolo dela, e Thomas Delonge, ídolo dele. Lembrou da felicidade em que sentiu quando ela havia comentado que ele lembrava o próprio Delonge, e foi a primeira vez que havia se sentindo realmente o cara mais bonito e idiota do mundo. Lembrou em como se deram bem. Lembrou em como voltou feliz para casa após conhecê-la. Lembrou em como ele se apaixonou por ela naquele mesmo dia. 

‘Cuz obviously she's out of my league
But how can I win
She keeps dragging me in
And I know 
I never will be good enough for her


– O Dougie tá praticamente dormindo e babando, cara. 
Mais uma vez, Juliet levou um pequeno susto com a voz da amiga ao seu lado. Como havia entrado em um de seus transes em que passava um flashback em sua cabeça, dessa vez chegou até a pular no sofá. 
– To vendo que não só ele, né... – Suzana comentou rindo da garota. 
Ela apenas riu forçado e instantaneamente olhou para Dougie. Ele realmente parecia estar babando, sonhando, e tudo mais que temos direito enquanto dormimos. E não conteve o sorriso quando viu o garoto sorrindo sozinho, como se estivesse tendo um sonho realmente muito legal. Ficou até surpresa em como ele conseguia dormir acordado e continuar tocando a música perfeitamente, sem erros. 

‘Cuz obviously she's out of my league
I'm wasting my time 
‘Cuz she'll never be mine
And I know 
I never will be good enough for her
No, no
I never will be good enough for her


A música finalmente foi finalizada, e no mesmo instante, Juliet e Suzana se levantaram e começaram a aplaudir e assoviar freneticamente. Os garotos faziam cara de metido, como aqueles rockstars, piscando e mandando beijinhos para ela, tendo Danny até gritando algo para Suzana como ‘passa no meu camarim depois, babe’, o que a fez corar exageradamente. 
Dougie apenas deixou seu instrumento de lado e seguiu os amigos para a mesa de centro, sentando-se ao redor dela como todos. Danny já reclamava em como estava com fome, enquanto Tom lhe falava que aquilo apenas havia ajudado a tocarem a música sem enrolação. Harry sugeriu que deixassem Jones com fome antes de todos os shows, enquanto as garotas riam de tudo aquilo. Ele apenas continuava calado. 
– Então, o Don que escreveu tudo isso mesmo? – Ouviu uma voz atrás de si, e sentiu seu coração ir parar em sua garganta ao ver Juliet sentando-se ao seu lado no chão. Meu deus, como ela era cheirosa. 
Não, na verdade fui eu que escrevi. Aliás, na verdade MESMO, nem existe nenhum Don, sou eu mesmo. E ah, eu te amo’. 
– Yeap. 
– Uhm – Foi a única coisa que ela disse, antes de pegar uma pizza, morder e se sujar toda de molho. Tudo bem, aquilo já era tortura. Até suja ela conseguia ficar linda? – Diz que eu gostei! – Falou de boca cheia, cuspindo quase metade da coca que tomava agora, mas nada comparado ao que quase havia saído pelo seu nariz quando riu de sua situação. Dougie não conseguiu não rir também; o jeito desastrado dela a deixava ainda mais perfeita, se possível. Ouvia-a murmurar alguns xingamentos, ainda rindo e limpando sua blusa. Ele apenas apanhou alguns guardanapos e a ajudou. – Ah, obrigada. Eu odeio ser idiota assim! – riu. 
– Tudo bem, não é nada comparado ao Jones, sabe – Ele comentou, apontando Danny com a cabeça, que deixava cair a comida mais do que a comia, e em seguida, pegava tudo que havia sujado sua camisa e lambia – Eu sempre tenho que ficar limpando a boquinha do bebê babão! 
Juliet voltou a rir, e Dougie não pôde deixar de sorrir também e lembrar dos velhos tempos. Ela, com uma camisa curta do Taking Back Sunday, calças capri e largas, os cabelos ondulados nas pontas presos e caídos pelos ombros, e seu tão adorado tênis da Adio, uma das marcas favoritas do garoto também. 
– E então, o que vocês rockstars vão fazer hoje? – Juliet perguntou para todos na mesa, acordando Dougie de seu transe e fazendo-o corar por ficar tanto tempo observando a menina. 
– Cobmelr – Danny falou num grunhido, com a boca repleta de pizza. 
– O que? – Suzana perguntou, encarando com os olhos quase arregalados para o garoto ao seu lado, mas logo parou de olhar quando o mesmo virou para ela, fazendo-a ter uma bela vista de sua boca cheia de comida mastigada. – Ew, Jones. Que nojo! Vira essa boca pra lá seu porco! 
– Clalma – Ele falou completamente enrolado novamente, forçando a pizza a descer por sua garganta – Eu disse que vou comer. 
– Você já está fazendo isso, Jones – Suzana comentou, revirando os olhos. 
– É, mas depois vou repetir a dose! – Ele disse, e em seguida soltou um arroto – É legal. 
– AI QUE NOJO, MOLEQUE! 
Juliet não conseguiu deixar de rir ao ver Suzana brigar com Danny, e ele apenas continuar a provocando sem entender o que realmente acontecia. Imagine como seria se esses dois namorassem? Ela apenas riu ainda mais com essa imagem na cabeça. 
– Bom, eu não vou fazer nada também – Dougie comentou quando Suzana havia finalmente parado de gritar e desistir de fazer Danny de um menino menos nojento – E vocês, caras? 
– Anh... Eu... – Harry pigarreou, engolindo uma pequena porção de pizza que provavelmente nem havia em sua boca – Eu vou sair. 
– Uuuh, sair pra onde? – Danny perguntou, emitindo sons engraçados com a boca, que saíram mais engraçados do que o normal por causa da mais quantidade de comida e bebida misturados em sua boca. 
– Engole a comida antes de falar, Jones! E a bebida. – Harry falou, rindo com os outros – Ah, vou só... sair. – deu de ombros. 
– Pode contando, Judd! – Juliet tacou um pedaço de guardanapo amassado no amigo. 
– Eu tenho um encontro, tá bom? Pronto, podem zoar agora! – Ele falou rápido, corando ao que os amigos o provocavam com mais barulhinhos estranhos com a boca. Mas apenas os meninos. As únicas duas garotas que estavam presente não gostaram nada de ouvir aquilo, e sabiam o porque. 
– Com quem, Harry? – Suzana perguntou, tentando não soar muito curiosa. 
– Ah... U-uma menina aí! Vocês ne-nem conhecem! – Ele gaguejou, enfiando a pizza em sua boca o mais rápido que conseguiu. 
Juliet e Suzana resolveram não insistir no assunto. Sabiam que aquilo não era muito bom, uma vez que uma de suas melhores amigas, Elizabeth, estava na verdade gostando de Harry. Para Juliet não havia sido tão estranho assim, mas já para Samantha e Suzana, havia sido a notícia do ano. Imagine então se ela falasse que já teve uma grande queda por Dougie, e que, na verdade, poderia até sentir aquilo ainda, mesmo depois de tanto tempo. 
– E você, Tom, vai fazer o que? – Harry perguntou, e as meninas perceberam que ele parecia querer mudar logo de assunto. 
– ANH, EU? – O garoto se assustou. 
– Tem algum outro Tom aqui? – Dougie perguntou, rindo com os outros por causa da reação do amigo. 
– E-eu... Eu não vou fazer nada não! – Mas porque todos os garotos gaguejavam agora? – Porque perguntam? Cacete, que interrogatório. Querem saber tudo da minha vida! Já disse, não vou fazer nada! 
– Credo Fletcher, foi uma pergunta, seu besta – Suzana comentou, rindo também com os amigos – E não precisa repetir a mesma resposta três vezes. 
– Pera aí, pera aí, pera aí – Juliet começou, encarando Tom nos olhos como quem soubesse que o amigo estava ‘aprontando’ algo. Ele ficava nervoso demais para uma simples pergunta. – Pode desembuchando, Tom Fletcher! 
– Desembuchando o que, Juliet? Pirou, é? – Ele perguntou, quase suando frio, e enfiando um pedaço de pizza rapidamente na boca. 
– Você não me engana, seu tosco! Pode contando, o que você vai fazer hoje? 
– Ninguém mandou você ter uma melhor amiga mulher, dude – Harry falou, rindo do amigo – Elas sabem de tudo. 
– Não é nem esse o caso, Judd. O problema é a Juliet que me conhece bem até demais. – Tom comentou, mostrando que havia desistido e estava se ‘entregando’ – Tá bom, eu vou sair sim. Feliz? 
– Não. 
– E porque não? 
– Você ainda não me contou com quem vai sair! 
Tom abriu a boca para falar algo, mas apenas conseguiu gaguejar. Juliet olhou para ele com ar de vitória e de superioridade, e o garoto apenas soltou um bufo e continuou murmurando que ela o conhecia bem demais. 
– A mesma coisa que o Harry. 
– HEY! – O menino protestou ao ouvir a frase de Tom. 
– O que? Só to falando que vou fazer o mesmo que você, idiota! Vou sair... num encontro. 
Danny e Dougie novamente fizeram barulhinhos provocadores com a boca. Juliet e Suzana voltaram a se encarar, preocupadas. Era melhor esse encontro ser com Samantha, porque senão... Bem, porque senão ele não estaria contando, certo? 
– Que fofo! Você e a Sam vão sair, é? – Suzana perguntou, tentando tirar algo de Tom. 
– QUE? N-não, não! – O garoto gaguejou, corando exageradamente – Não é com... Não é com a Samantha! 
– Ah não, é? – Juliet encarou o amigo num olhar mortal que chegava a penetrar em sua pele – Com quem é, então? 
– Ah, vocês também não conhecem a menina... – Tom deu de ombros. 
Juliet já estava quase se levantando, provavelmente para socar Tom, mas foi impedida por Dougie, que a puxou pelo braço e a fez cair de volta no chão. 
– E então, hehe... – Dougie começou, sem graça e tentando mudar de assunto. Riu ao ver Tom o agradecer através de murmúrios exagerados que todos perceberam – Vocês vão fazer o que, meninas? 
– Eu queria sair – Suzana deu de ombros, parecendo chateada – Mas eu já falei com a Eliza e com a Sam, e aparentemente elas vão sair também! E como todo mundo tem algo pra fazer hoje... – Ela suspirou alto. 
– A Eliza e a Sam vão sair hoje? – Juliet perguntou, curiosa – Não sabia dessa. 
– O QUE? C-como não, Juh? Até e-eu sabia! – Tom respondeu, novamente gaguejando. Corou ao ver que havia falado quando não deveria. 
– É, parece que a mãe da Sam não deixou ela sair, o que é estranho, sendo que a tia sempre deixa, né? – Suzana continuou, ignorando o comentário de Tom, assim como a amiga também fez – E a Eliza disse que tem um jantar aí que ela tem que ir com os pais. – A garota deu de ombros, suspirando alto e profundo novamente – Você vai sair também, Juh? Diz que não, cara. Não quero ficar sozinha em pleno feriado! 
– Na verdade eu não vou fazer nada hoje não, Suh – Juliet respondeu, após engolir um pedaço de pizza – Vamos fazer alguma coisa? Também não quero ficar em casa. Urgh, já enjoei daquele lugar! 
– Vamos, vamos, vamos, vamos! – Suzana respondeu animada, mas não durou muito – Mas a gente vai fazer o que? 
– Vocês querem sair? – Dougie perguntou de repente, surpreendo na verdade a todos na sala – Credo gente, se todo mundo tem um encontro aqui, eu acho justo eu e o Jones também termos, certo dude? – Ele piscou para Danny, que concordou feliz com a cabeça e bateu a mão com o amigo, em um ‘high five’ – O que nos dizem, girls? 
– Por mim – Juliet deu de ombros, sorrindo para Dougie e, por sorte, nem o vendo corar. 
– Me diga o que eu possivelmente poderia fazer em um encontro com o Jones – Suzana perguntou, olhando com desgosto para o menino ao seu lado. 
– E quem aqui disse que seu par vai ser o Jones, Suzana? – Juliet provocou, recebendo em seguida um chute da amiga por debaixo da mesa – Hey, calma! – ela riu – Só estou dizendo que eu que vou com ele, certo Danny-boy? – Piscou para o garoto, que retribuiu e ainda mandou beijinhos para ela, fazendo-a rir. 
Sem perceber, na mesma hora, Suzana e Dougie coraram intensamente e pareceram evitar olhar a cena. 

Após uma hora com mais pizzas, bebidas, risadas e até alguns acústicos, todos já se despediam. Tom alegava que precisava se trocar rápido para seu encontro, assim praticamente expulsando os amigos de sua casa. Harry não demorou nada pra ir embora, também por causa de seu ‘misterioso encontro’. Com isso, restaram apenas Juliet, Suzana, Dougie e Danny parados ao meio fio da calçada em frente à casa de Tom. 
– Então, o que vamos fazer? – Juliet perguntou, balançando seu corpo para frente e para trás. 
– Ir para uma pizzaria! – Danny berrou, batendo palminhas e sorrindo animado. 
– Jones, você acabou de comer uma pizza inteiro sozinho! – Suzana comentou, abismada com o apetite do garoto. 
– E daí? Eu gosto de pizza, ué! – Ele deu a língua. 
– Bom, isso nós já vimos... 
– Tem certeza de que é uma boa idéia sairmos com esses dois juntos? – Juliet perguntou, virando-se para Dougie. Em seguida, a garota corou ao ver que sua pergunta havia soado como se quisesse sair sozinha com ele. Não que não quisesse também. 
– Tenho, e eu já sei para onde vamos e não é para uma pizzaria, Danny – Dougie se apressou em dizer ao ver a cara esperançosa do amigo, fazendo-o se sentir decepcionado, Juliet rir e Suzana revirar os olhos. – Mas vocês vão ter que confiar em mim. 
– Ok, essa história agora não está me soando muito bem – Suzana comentou, e apesar dos amigos rirem, ela pareceu séria. 
– Vocês preferem ficar em casa sem fazer nada ou sair com a gente? – Dougie perguntou, olhando para Suzana, e quando ela ameaçou abrir a boca, provavelmente para reclamar, ele se apressou e a cortou: - Você vai gostar, acredite. 
– Vai Suh, o que custa? – Juliet lhe deu uma leve cotovelada, como se quisesse a motivar. Ouviu a amiga gemer algumas palavras, e aceitou isso como um ‘sim’. – Ok Poynter, pra onde você pretende nos levar? 
– Bom, falando assim até parece que eu vou seqüestrar vocês e fazer coisas proibidas e... – Dougie preferiu nem terminar a frase, apenas pelo olhar que Juliet e Suzana o davam naquele momento – Era só brincadeira, gente. É bem legal o lugar, eu tenho certeza que vocês vão gostar, principalmente vocês, meninas. Mas é segredo! 
– Segredos são legais. – Danny comentou, soando um completo bobo. 
– Segredos são idiotas. – Suzana disse em seguida, cruzando os braços e fechando a cara para o garoto. 
– Não interessa, nós topamos! – Juliet se apressou em dizer, ignorando a face da amiga. 
– Certo, então vamos lá! – Dougie disse animado, já começando a andar com Danny em seu encalce. 
– Pera aí, a gente vai agora? – Juliet perguntou, confusa. 
– Mas é claro, ué. Você queria ir que horas? 
– Bom, eu achei que a gente ia pelo menos tomar um banho e se trocar! Além de que está frio, eu queria pegar um agasalho em casa. 
– Tomar banho? Pra que? – Danny perguntou como se fosse óbvio, dando a língua para Suzana quando a mesma murmurou um ‘porco’ para ele. 
– Ai, vamos logo – Dougie disse, já puxando Juliet pela mão, que também puxou Suzana. 
Os quatro seguiram o caminho sendo liderados por Dougie, o que causava um certo medo nas meninas. Suzana apenas comentava que ele realmente pretendia seqüestrá-las, enquanto Juliet ria dos comentários e tentava adivinhar para onde poderiam estar indo, já que Dougie não queria contar nem porque o caminho era tão longo assim.


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Notas finais do capítulo

Desculpem a demora, mas é porque eu realmente ando sem tempo.



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