Lembre-se de mim escrita por J S Dumont


Capítulo 29
Uma terrível semana


Notas iniciais do capítulo

olá gente, voltei estamos ai com mais um capitulo "lembre-se de mim", se forem bonzinhos eu volto logo, mas ai vai depender de vocês, comentem, recomendem e favoritem, se colaborarem essa semana ainda volto novamente com um novo capitulo e nessa fase acho que todos ficarão curiosos por mais comentários, então depende de vocês ;)
beijos!



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VINTE E OITO

UMA TERRÍVEL SEMANA

Tive uma noite terrível, as vozes daqueles alunos zombando de mim ficaram repetindo-se em minha mente, e eu fiquei revivendo aquela cena, e revivendo e revivendo. Tanto, que no outro dia eu estava tão deprimida, que definitivamente eu não queria nem mesmo me levantar da cama, por mais que minha amiga Ângela insistisse.

— Eu não quero sair daqui! - resmunguei para Ângela, que puxava o cobertor de cima de mim, eu continuava segurando-o em meu rosto, afinal, eu não queria sair da minha cama tão cedo.

— Você não vai poder ficar se escondendo Bella, você vai precisar encará-los! – Ângela disse e puxou então o cobertor com mais força, tirando finalmente ele de cima de mim.

Eu bufei e me sentei na cama, olhei-a seriamente. Como eu não havia dormido direito, a minha cabeça latejava e o meu corpo continuava pedindo cama, não só o corpo, como o meu cérebro também, a única coisa que eu queria era continuar ali deitada, mofando o restante do ano se fosse possível.

— Eu não quero sair daqui, não quero ver aqueles alunos, não quero ver o Edward! – eu falei, apesar de que eu sabia que não era totalmente verdade, eu ainda não tinha certeza se queria ver o Edward ou não.

Desde o momento em que ele foi ao meu dormitório falar comigo, e eu acabei não abrindo a porta, desde o momento em que perguntei para ele se era verdade sobre a aposta e ele não me respondeu, Edward não voltou mais ao meu quarto, então aquela duvida cruel continuava martelando em minha mente, eu ainda não tinha certeza se aqueles alunos haviam falado a verdade, porém, Edward também não negou.

— E se esconder vai adiantar em alguma coisa? – perguntou Ângela, então ela bufou, e se sentou em minha cama, olhando-me seriamente. – Tá legal, você dormiu com Edward, mas e dai? Muitas garotas nessa escola dormem com outros garotos, isso não é algo para se envergonhar, ainda mais porque vocês são namorados, pior são aquelas safadas que dormem com os garotos sem estar comprometida com eles, e nem por isso são apedrejadas!

— Você não entende Ângela... O problema não foi o sexo em si, e sim com quem Edward transou, se eu fosse bonita que nem a Tanya, não teria acontecido isso, ninguém teria rido, esses alunos são ridículos, arrogantes, maldosos... – eu comentei, lembrando-me rapidamente do que aconteceu. – E ainda, eles falaram que Edward só transou comigo porque eles tinham feito uma aposta...

Ângela suspirou e discordou com a cabeça.

— Tudo bem, eu nunca confiei nele, mas você acha mesmo que ele faria algo assim? – Ângela perguntou, fazendo-me pensar por alguns segundos.

O Edward que eu conheço não, nunca faria isso. Mas eu comecei a duvidar depois de que ele não negou quando eu perguntei a ele, e o pior, é que eu não podia negar, se o que os alunos falaram for verdade as coisas fariam bem mais sentido do que Edward ter de verdade se apaixonado por mim. Mas ele seria tão maldoso assim? Ele brincaria com os meus sentimentos dessa forma? Ele parecia realmente apaixonado, as palavras dele pareciam sinceras de verdade, ele conseguiria mentir tão bem? Só por causa de uma droga de uma aposta.

Não... Definitivamente o Edward que eu conheço jamais faria isso. Ele poderia se deslumbrar fácil com as coisas, mas ele continuava sendo bom, eu não me enganaria, ainda mais depois de tanto tempo o conhecendo.

— Não Ângela, eu não acho que Edward faria algo assim... – respondi, suspirando e desviando o olhar para o chão. Mesmo desacreditando, eu sabia que não tinha certeza absoluta, e essa pequena chance de incerteza era o que me deixava ainda mais nervosa.

— Então você não tem o que se preocupar, Edward vai vir falar com você, vai se explicar, vocês vão se entender e os alunos terão que aceitar mais cedo ou mais tarde que vocês se amam, tipo, dá um foda-se todos em sua cabeça e acabou... – ela respondeu, fazendo com que eu sorrisse levemente.

Sim Ângela estava sendo compreensiva e legal, finalmente, ela tinha começado a aceitar melhor os meus sentimentos por Edward, e bem, logo pensei. Se ela conseguiu aceitar, mesmo tendo conceitos horríveis sobre Edward, por que o resto do mundo não poderia aceitar? O estranho dá medo, é logico. Surpreende, chama atenção e eu sabia que por muito tempo Edward e eu seriamos o centro das atenções, porém, eu ainda tinha aqui dentro de mim, um ponto de esperança que esse tempo difícil iria acabar, eu tinha esperanças de que mesmo depois de tudo isso, iriamos nos levantar, dar a volta por cima. Afinal, o amor não supera tudo? Sim, eu pensei. Logo depois eu vi que fui extremamente idiota por isso.

Pois assim que sai de dentro do dormitório com Ângela, já comecei a ver as coisas começando a desmoronar, primeiro porque logo que comecei a andar pelo corredor, eu já fui notando que todos os olhos vieram em minha direção, alguns olhares eram curiosos, outros eram surpresos, outros zombadores. É, era uma mistura de olhares, noventa por cento dos alunos que eu me deparava me encarava. Era estranho, era constrangedor, afinal, até hoje sempre passei despercebida em todos os lugares e era horrível ver que do dia para noite me tornei o centro das atenções, e o pior, da forma mais negativa o possível.

Tentei ignorar os olhares, mesmo sendo difícil e fui para o refeitório, sentei na mesa de sempre e Ângela sentou ao meu lado, não demorou muito para eu escutar os cochichos e risada dos alunos, suspirei e novamente tentei ignorar.

— Não fica assim Bella, irá passar... – ela disse, eu sorri forçadamente e concordei com a cabeça, porém eu não tinha muita certeza disso.

Mesmo sendo completamente constrangedor, levantei o olhar e olhei em volta do corredor, afinal, eu precisava ver se via Edward em algum lugar. É Ângela tinha razão, eu não tinha porque fugir de Edward, afinal, nós não tínhamos conversado, eu não tinha certeza de nada, com certeza ele iria me procurar como fez no dia anterior e iria conversar comigo, iriamos nos entender. Seria bem mais fácil encarar tudo isso, com ele do meu lado.

Porém, eu não o encontrei, somente avistei Mike sentado em outra mesa, parecia evitar me olhar, com certeza estava chateado, não deve ter gostado nada de saber o que aconteceu.

— Mike deve estar me odiando... – comentei para Ângela, ela logo levantou a cabeça para olhar para Mike. Depois me olhou.

— Não amiga, não pensa assim, com certeza Mike vai entender e logo vai estar aqui com você novamente, ele sempre soube dos seus sentimentos pelo Edward... – ela respondeu.

— É, mas ele nunca acreditou que eu iria ser correspondida... – respondi, depois desviei o olhar para minha xicara de café, dei um longo gole, porém tive dificuldades para engolir.

Fechei os olhos por alguns segundos e quando o abri, vi algo que fez meu coração disparar no mesmo minuto, eu vi finalmente Edward entrando no refeitório, acompanhado de Emmett, ele também estava sério e chamou a atenção dos alunos, que logo pararam de fazer o que estavam fazendo apenas para olhá-lo. Ele se sentou numa mesa vazia próximo a porta e Emmett sentou ao lado dele, encarei-o com os lábios entreabertos e com o coração disparando, que aumentava a intensidade cada segundo mais, quando os olhos dele subiram em minha direção e nossos olhos se encontraram, senti minha garganta esquentar. Sorri levemente para ele, porém ele não correspondeu o meu sorriso, apenas desviou o olhar rapidamente para baixo, notei que seu rosto estava levemente vermelho. Talvez fosse vergonha? Sim era bem provável.

Meu estomago despencou. Bufei e desviei também o olhar, enquanto pensava. Tá, o que deve estar acontecendo é que ele não sabe o que fazer, tudo aconteceu rápido demais, nem eu mesmo sei se de inicio o melhor é ficar afastado dele, ou o melhor é assumirmos de vez tudo, toda nossa relação. É, estava confuso, tanto para ele como para mim,

Durante o café eu cheguei olhar para Edward algumas vezes, mas nenhuma das vezes eu o vi olhar para mim, já nervosa, eu engoli a comida mais rápido do que de costume e sai do refeitório antes dele.

 Enquanto andava pelos corredores junto de Ângela voltei a notar os olhares maldosos dos alunos, ao passar próximo a um grupo de populares, cheguei escutar até suas risadas e comentários ridículos, do tipo: “Nossa, sua cara está mais feia do que de costume, não me diga que está assim porque Edward é ruim de cama?”. “Ruim de cama? Eu acho que ela está assim porque ele brochou”.

Risadas. Mais risadas.

— Ignore esses idiotas! Não vale a pena... – Ângela comentou, puxando-me para longe deles, e devo confessar que eu ficava mais aliviada quando as risadas deles ficavam mais longe, até eu não consegui mais escutá-las.

Eu não podia negar que doía as zombações deles, porém o que doía mais nem era isso, mas sim ver Edward, e não poder ao menos falar com ele. Isso sim doía bem mais.

###

Eu ainda pensei duas vezes antes de ir para a aula, seria difícil encarar todos aqueles alunos dentro da sala, porém, eu sabia que Edward talvez estivesse lá. Eu precisava vê-lo novamente, na verdade eu ainda tinha esperança de que ele iria arrumar uma forma de falar comigo.

Decidi ir para aula mais cedo do que de costume, não queria entrar na sala quando já tivesse alunos lá dentro, isso chamaria mais atenção e o que menos eu queria nesse momento é chamar a atenção.

Eu estava perto da sala, quando ouvi uma voz conhecida me chamar, porém somente quando a pessoa tocou em meu ombro que eu me virei para olhar, de inicio eu permaneci com a cabeça abaixada, naquele momento estava difícil encarar qualquer pessoa.

— Bella, eu juro que eu não sabia que eles iriam fazer isso, se eu soubesse os planos desses idiotas eu não permitiria, eu te contaria... – a pessoa logo falou, era Jacob, seu semblante estava sério e ao mesmo tempo preocupado, eu levantei os olhos, meio envergonhada, e então o encarei, eu acreditava nele. Eu acreditava de verdade.

— Eu sei Jacob, eu acredito em você... – respondi, num tom fraco.

Ele deu um longo suspiro.

— Eu sinto muito, se eu puder fazer algo, se eu... – ele iniciou. Meus olhos começaram a lagrimejar.

— Não Jacob... – eu o cortei. – Nesse momento ninguém pode fazer nada, eu só preciso esperar, afinal, uma hora eles terão que esquecer, não é? – respondi num tom de choro. Jacob concordou com a cabeça e então me abraçou. Apoiei minha cabeça no ombro dele e permaneci alguns segundos com os olhos fechados, porém quando os abri, surpreendi-me ao ver que tinha alguém parado próximo de nós e nos encarava seriamente.

Meu coração ao mesmo tempo deu um pulo, minha respiração acelerou e eu soltei Jacob rapidamente, era Edward, ele estava ali, próximo de nós, seu rosto estava levemente vermelho e ele me encarava com um olhar sério, o mesmo olhar que ele sempre me encarou quando me encontrava com Jacob.

Jacob se virou para trás, e também avistou Edward, ele me olhou, depois olhou para Jacob, em seguida olhou-me novamente. Achei que ele iria dizer algo, mas não, apenas abaixou a cabeça e entrou na sala de aula, sem olhar para trás.

Jacob me olhou.

— Eu acho que ele quer falar com você... – ele disse.

— Eu não tenho tanta certeza disso! – respondi meio triste.

— Por que você não tenta? Entra na sala e espera, eu acho que tudo isso deve estar sendo difícil para ele também... – ele respondeu.

Sim, isso eu concordava, suspirei e concordei com a cabeça, eu tinha que aproveitar que a sala estava vazia, eu iria entrar e esperar, se Edward estiver procurando alguma oportunidade de falar comigo, essa seria perfeita.

Despedi-me de Jacob e então entrei na sala, olhei a minha volta e vi que ela estava vazia, somente havia Edward sentado, olhando para carteira dele, com um olhar distante.

Fiquei por alguns segundos parada na porta, apenas olhando para ele. Percebi que ele parecia tenso, nervoso e ao mesmo tempo distante, muito distante. Nunca tinha visto os olhos dele daquela forma.

Eu não sabia o que fazer, eu não sabia se me aproximava, ou se continuava ali, parada, ou se sentava e também o ignorava e esperava ele falar comigo, afinal, ele que precisava se explicar. Ele que precisava me procurar.

Foi então que os olhos dele subiram, vieram diretamente em minha direção. Eu também o encarei, e vê-lo me olhando fez com que eu sentisse um turbilhão de sentimentos misturando-se e me deixando confusa, extremamente confusa. Eu não sabia se sentia raiva, se sentia saudades, se sentia vergonha, eu não sabia. Eu só sabia que eu queria que ele viesse, se explicasse, me dissesse que tudo isso era mentira. Eu só queria que ele me abraçasse e que eu pudesse chorar em seus braços, e ele me disser: Está tudo bem. Como ele já havia me dito uma vez, que estava disposto a enfrentar tudo por mim.

Porém, não, não foi isso que aconteceu. Ele não falou nada, apenas desviou o olhar mais uma vez, e ignorou a minha presença.

Eu fiquei mais alguns segundos ali, desconcertada com a situação, e ainda sem saber o que fazer ou dizer, eu mordi meus lábios inferiores e caminhei até a primeira carteira, próxima a porta, eu sentei-me nela, ainda olhando fixamente para Edward.

Porém, ele não me olhou mais e também não tentou falar comigo, após alguns segundos pensei em eu mesma me levantar e falar com ele, mas antes de eu criar coragem de fazer isso, os primeiros alunos começaram a entrar, obrigando-me a desistir da ideia.

Olhei para a minha mesa e esperei o grupo de alunos entrarem, sem ter coragem sequer de olhar para nenhum deles, quando eles foram para o fundo da sala, conversando e rindo, eu olhei rapidamente para Edward, notei que ele sequer se mexia, e aquilo já estava começando a me deixar nervosa, extremamente nervosa.

Peguei a minha mochila e sai da sala o mais rápido que pude. Que se dane a aula. Eu já havia encarado demais eles, naquele dia.

E então naquele dia eu não participei de nenhuma aula. Naquele dia Edward também não foi falar comigo.

Fiquei no meu dormitório, na expectativa de que algum momento ele aparecesse, acreditei que ele talvez só queria esperar um pouco e depois vir falar comigo em algum lugar que ninguém nos visse, imaginei que ele poderia me procurar no dormitório, afinal, não teria melhor lugar para conversarmos do que esse.

Mais não. Ele não me procurou. E no dia seguinte foi a mesma coisa.

E a cada dia que passava, a cada hora, a cada minuto que se arrastava, as minhas esperanças iam se apagando, aquela pequena faixa de luz foi perdendo-se a força, pouco a pouco eu comecei a acreditar que tudo o que eu escutei naquele dia, pudesse ser verdade. Edward não tentou mais se justificar, talvez seja porque não tem justificativa. Ele é o culpado e já estava na hora de eu começar a acreditar nisso.

###

Esperar. Ser paciente. É uma coisa difícil de fazer, principalmente quando tem algo te incomodando, uma duvida está a ponto de explodir dentro de si. Ela consegue mexer com sua cabeça de um jeito, que faz você mudar, e fazer coisas das quais você nunca imaginou que iria fazer, ou começa sentir coisas que você nunca imaginou que seria capaz de sentir.

Foi mais ou menos assim comigo... Com os dias se arrastando, começou a nascer uma raiva dentro de mim que antes eu nunca havia sentido, começou a vir coisas em minha cabeça que eu nunca tinha pensado. E algumas coisas começaram a fazer sentido.

Com os dias se arrastando, eu fui vendo que não conseguia mais ser a mesma Bella, e o pior, ninguém parecia querer esquecer o que aconteceu. Era uma semana terrível e parecia que nunca chegaria ao fim.

Embora os alunos continuassem rindo, continuassem zombando e eu continuasse sendo o centro das atenções da pior forma possível, nada doía tanto do que a indiferença de Edward. Ele via, ele ouvia tudo e sempre permanecia calado, aceitava tudo com aquela expressão de derrotado. Ele novamente estava sendo um fraco, e a cada momento que eu o via daquela forma, algo quente estava começando a me consumir, até chegar a minha garganta, querendo sair de qualquer forma para fora. Eu queria gritar, eu queria bater nele, perguntar o por que de tudo isso? O que ele ganhou? Duzentos dólares? Será que isso havia valido a pena?

Minha vontade por muitas vezes era de não sair mais de dentro do dormitório, eu queria ficar ali, jogada naquela cama, até que tudo que tenha acontecido se torne tão velho que ninguém mais se lembre. Mas era apenas um desejo estupido, pois eu sabia que isso não iria acontecer. Ninguém iria esquecer, principalmente eu não iria esquecer, com os dias se arrastando eu fui comprovando que aquele papo de que com os dias tudo começa a doer menos é uma baita de uma mentira. Não doía menos. Podia passar horas, podia passar dias, semanas, continuaria a doer, e o pior, não era uma simples dor, a dor estava transformando-se em magoa, a magoa estava se transformando em raiva. E eu olhava para Edward, e começava a sentir uma mistura de amor e ódio, e isso doía, queimava, tanto, que estava tornando-se insuportável.

Eu não queria olhar para ele, era doloroso demais, porém, eu não conseguia, era só estarmos no mesmo ambiente que os meus olhos já procuravam os dele, ele pelo contrario parecia não querer me encarar, sempre desviava os olhos, com aquele jeito de culpa, de vergonha, de receio. E eu estava cansada disso, extremamente cansada.

 Era uma quinta-feira, estava finalmente acabando aquela maldita semana, porém eu não conseguia ser positiva, eu não acreditava que a próxima semana poderia ser melhor. Eu só queria que as aulas terminassem, para que eu finalmente pudesse ficar confinada em meu dormitório e só saísse dali quando estivesse com muita fome.

Estávamos na biblioteca, na verdade estávamos ali obrigados pela professora substituta de Literatura Inglesa, ela havia passado um trabalho, só para enrolar até o retorno da professora titular que está doente.

Eu estava fazendo sozinha, na mesa mais afastada possível de todos os alunos, mas ainda não era tão longe da mesa em que Edward estava sentado, dava para vê-lo perfeitamente, os olhos dele estavam presos em um livro que ele folheava, ele estava sentado ao lado de Emmett, que estava com a mão em seu queixo e seus olhos fechavam e abriam, ele parecia querer dormir.

Edward não levantava o olhar, não encarava ninguém, nem um aluno e muito menos eu. Mesmo passando os dias, ele parecia continuar desconcertado.

Apertei com força o livro que eu segurava, imaginei-me qual seria a minha expressão encarando-o, deveria estar com uma expressão de raiva, ódio ou tristeza. Não sei, pois eu sentia essa mistura dentro do meu peito.

— Olha só... – escutei uma voz feminina e conhecida bem próximo do meu ouvido, fazendo-me acordar dos meus pensamentos. Tá legal, era a ultima voz que eu queria escutar naquele momento. Olhei para ela, e vi que ela estava um pouco abaixada, com o rosto próximo do meu e me encarava com um olhar maldoso e ao mesmo tempo zombador. – Parece mesmo que o seu conto de fadas chegou ao fim... Dá uma pena, pois infelizmente não foi final feliz não é? Mas também, como poderia ser diferente, afinal, se nós formos analisar as princesas dos contos de fadas sempre são tão lindas, desculpa a sinceridade, mas elas não são que nem você, só que eu te disse não disse? Lembra naquela livraria, que eu cheguei em você e te dei um conselho, lembra que eu te falei que garotos como Edward não ficam com garotas que nem você? Eu até posso admitir que estava um pouco errada, agora, depois do que aconteceu eu tenho outra conclusão, garotos como Edward, podem até ficar com barangas que nem você, mas quando tem duzentos reais em jogo, não é?

 As palavras de Tanya foram como uma facada em meu estomago, eu queria responder, mas eu não conseguir dizer uma única palavra, senti meus olhos arderem, eram as lagrimas tentando ser seguradas. Eu não ia chorar na frente dela, não mesmo.

— Hei Tanya, por que você não deixa essa garota em paz? – eu ouvi uma voz feminina, também próxima de nós. Era conhecida, porém, não me fez recordar nenhum nome, confusa eu olhei para trás, fiquei surpresa ao ver que se tratava de uma das garotas populares da escola, uma das lideres de torcida, era a Rosalie Hale.

Rosalie sempre fora a queridinha da escola, porém, diferente da maioria das populares, ela nunca me maltratou, mas também nunca havia me defendido ou falado comigo. Rosalie é loira, bem branca, tem olhos escuro, corpo esbelta e alta, ela é linda, popular, e ainda sempre fora uma garota legal. Embora eu nunca tivesse trocado nem duas palavras com ela. Mas mesmo ela sendo uma garota legal, eu nunca imaginaria que ela poderia me defender. Ainda mais sabendo, que ela sempre está do lado de Alice Cullen, irmã de Edward.

Por sorte Tanya afastou o seu rosto e em seguida virou-se para Rosalie, cruzou os braços e encarou-a seriamente.

— Virou o que? Defensora de feiosas e oprimidas? – Tanya perguntou, arqueando as sobrancelhas.

Rosalie ergueu uma das suas sobrancelhas, encarando-a seriamente.

— Não, eu só estou de saco cheio de ver você ser tão covarde, tenha um pouco de sentimentos Tanya, a garota tá sofrendo, e estão toda hora zombando ela, já chega, não tem graça! – ela respondeu no mesmo tom.

Achei que Tanya fosse retrucar, xingar Rosalie, gritar, como ela costuma fazer, mas não, ela apenas se afastou sem dizer mais nenhuma palavra, a observei sentar em uma mesa da biblioteca, distante de Edward, que continuava sentado com Emmett, ainda evitando olhar para qualquer lugar que não fosse o seu livro.

Depois olhei para Rosalie surpresa com a atitude dela.

— Obrigada... – eu agradeci.

Rosalie se aproximou da minha mesa, colocou o livro que segurava em cima dela e me olhou, numa expressão seria.

— Por que você aguenta tudo isso? – ela perguntou.

— O que? Como assim? – perguntei sem entender.

— Ser humilhada por esses ridículos, por que você deixa os outros fazerem isso com você? Por que você faz isso consigo mesma? – ela perguntou.

Eu discordei com a cabeça, sem entender.

— Eu não entendo... – eu falei, num tom baixo.

— Você é bonita, só precisa tirar esses óculos que não te valoriza e essas roupas folgadas, solta esse cabelo e passa uma maquiagem na cara, prova para eles que você não é feia coisa nenhuma, eles que são feios por dentro, afinal, eles só podem ter uma alma podre para agirem da forma que estão agindo! – ela falou firmemente, depois pegou o livro na mão novamente e se afastou, indo sentar com sua amiga Alice Cullen, enquanto a observava, eu pensava no que ela havia acabado de falar.

Por que você deixa os outros fazerem isso com você? Por que você faz isso consigo mesma?

E essas perguntas rodaram e rodaram em minha mente, não uma, não duas e não três vezes, mas sim milhares, e logo cheguei a uma conclusão. Rosalie Hale tem razão. Sim, pela primeira vez uma garota bonita e popular, do grupo daqueles tipos de garotas que tanto julguei falou algo extremamente útil para mim, falou algo que eu ainda não tinha parado para pensar. Tudo aquilo estava acontecendo comigo, porque eu permiti que isso acontecesse.

Só eu poderia parar aquilo, e eu não ia permitir isso mais. Não mesmo. Respirei fundo, ergui a cabeça e olhei para Edward, lá continuava ele, cabisbaixo, eu bufei, mexi no bolso de minha blusa do uniforme e tirei algumas notas de dinheiro, apertei-as com força e o olhei por mais alguns segundos.

Eu estava cansada, eu tinha que falar, eu não podia deixar acabar por assim mesmo, sem resposta, sem falar uma única palavra. E então, sem pensar mais eu me levantei, fui até a mesa dele, parei ao seu lado, ele e Emmett demoraram alguns segundos para notar a minha presença.

— Bella? – ele disse, meio surpreso, quando finalmente me notou.

— Tudo aquilo era verdade não é? – eu perguntei num tom baixo, essa pergunta eu não queria que ninguém escutasse a não ser ele.

Edward abriu e fechou a boca varias vezes, mas não conseguiu dizer nada.

— Não tudo bem, não tem que se explicar, eu já entendi tudo, eu não sabia que você estava tão necessitado assim de dinheiro Edward, eu imagino como deve ter sido tão difícil para você, ter que transar comigo por duzentos dólares? Nossa, você deve estar numa condição financeira terrível! – eu disse num tom raivoso e agora um pouco mais alto, para que os outros pudessem escutar, logo comecei a escutar cochichos de alunos em volta da biblioteca. – Mas como eu fiquei com muita pena de você, toma! – joguei as notas no rosto de Edward. – Quem sabe assim te ajuda um pouquinho, dá para comprar algumas balas!

Os cochichos aumentaram, escutei até mesmo algumas risadas, porém ignorei todos a minha volta, Edward ficou me encarando, com o rosto extremamente vermelho, porém não disse nada, eu também não quis mais falar, afinal, aquilo já dizia tudo. Apenas virei-me e sai da biblioteca, a caminho da saída ainda escutei a voz da professora perguntando o que estava acontecendo, as risadas aumentaram, mas ignorei tudo. Apenas sai da biblioteca.

Algumas lágrimas caíram dos meus olhos enquanto eu caminhava em direção ao meu dormitório, entrei nele já decidida que não queria mais chorar. Limpei as lágrimas com força e encostei-me na porta. Eu estava com muita raiva de Edward Cullen, tanta, que doía, como doía. Novamente ele não tinha falado nada, novamente não tentou se defender, o que confirmava claramente minhas suspeitas. Ele era o culpado.

###

Fiquei algumas horas deitada em minha cama, pensando o que faria da minha vida dali em diante. É, era uma escolha difícil, mas as escolhas é que pode fazer a maior diferença do mundo, eu poderia simplesmente continuar como estava, ou eu poderia mudar tudo, da mesma forma eu sabia que o sofrimento continuaria, mas talvez se eu mudasse, o sofrimento poderia ser menor. Eu iria descontar, as pessoas pensariam duas vezes antes de falar algo para mim, é, chega de humilhações, chega de ficar por baixo de todo mundo.

Eu suspirei, os meus olhos continuaram presos no teto do meu dormitório, e continuei pensando: Se eu tentasse mudar e acabasse agindo como uma palhaça? Se as pessoas rissem de mim? Será mesmo que eu conseguiria ficar bonita, ou acabaria agindo feito uma idiota?  

Enquanto pensava, a porta do dormitório se abriu, Ângela entrou, os seus olhos foram direto em minha direção, enquanto ela fechava a porta.

— Você já está ai caída na cama, completamente deprimida? – ela me perguntou.

— Não tenho como esquecer Ângela, na verdade ninguém me deixa esquecer... – respondi.

Ângela suspirou, aproximou-se de mim, sentando na cama ao lado, seus olhos permaneceram pregados em mim. Eu também continuei encarando-a.

— Ângela, você acha que eu poderia ficar bonita? – perguntei meio receosa.

Ela me encarou com as sobrancelhas franzidas, eu não podia negar que eu estava insegura, muito insegura em pensar na possibilidade de mudança de aparência.

— Sim, claro, você é bonita, você só precisa se arrumar um pouco mais... – ela respondeu, sorrindo para mim.

— Você acha que se eu fizesse isso, as pessoas não iriam rir mais de mim? Eu não poderia ficar, é, sei lá, parecendo uma palhaça? – perguntei, extremamente preocupada com essa possibilidade, eu não queria dar mais motivo para risadas.

Ângela discordou com a cabeça, levantou-se da sua cama, e foi até a minha, sentando-se do meu lado. Eu remexi-me na cama, sentando-me e encarei-a fixamente.

— Eu sei que você está insegura, você tem motivos para isso, mas acredite, você não é o que eles dizem, eles não te conhecem Bella, e tá na hora de você dar uma oportunidade para as pessoas conhecerem essa Bella que você tanto tenta esconder! – ela respondeu, tirando o meu óculos e soltando o meu cabelo, ela começou a mexer nele, jogando-o para frente, e olhando para o meu rosto, com atenção. – Você é linda, só precisa acreditar nisso! – ela disse, sorrindo para mim, eu sorri de volta para ela. – Bem, eu vou tomar um banho, para nós irmos jantar, mas pense nisso!

O sorriso dela se alargou, e em seguida ela se levantou, virou-se e foi em direção ao banheiro, quando ela fechou a porta, eu soltei um longo suspiro, levantei-me da cama e aproximei-me lentamente do espelho.

E então eu me observei, me observei sem o óculos, com os cabelos soltos, aproximei-me mais meu rosto do espelho, toquei-me nele e pensei por mais alguns segundos. É eu poderia tentar, na verdade eles estavam me obrigando a isso, obrigando-me a tentar.

Ou eu mudo, ou continuo aguentando isso até não sei quando. Não tinha mais saída, e era isso mesmo que eu iria fazer, a partir de amanhã eu começaria a me tornar uma nova Isabella Swan.

 Continua...


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