If I die Young (REESCREVENDO) escrita por Baby Blackburn


Capítulo 5
And if you're still breathing, you're the lucky ones


Notas iniciais do capítulo

Antes tarde do que nunca hihi
Esse capítulo não ficou exatamente como eu queria mas eu fiquei a semana toda enrolando e quando vi já estava na hora de postar, então...
Hoje foi o meu último dia de aula do semestre, o que significa que eu vou ter mais tempo para escrever. Pensando nisso, tive a ideia de fazer algumas song fics inspiradas em Fine Line de Harry Styles. Então talvez na próxima semana ou na outra eu comece a postar uma one na quarta e um capítulo na quinta.

A música desse capítulo já está na playlist :https://open.spotify.com/playlist/04O8XcjoKxfbXX2Be8rwdR?si=rSfOrPK_RjWr6yOforPvZg

Espero que gostem ;)



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As preces de Lily para que seu final de semana continuasse silencioso e solitário foram atendidas até domingo de manhã. Lia seu jornal enquanto tomava uma grande xícara de café preto quando ouviu a porta de um carro bater próximo dali. Esticou o pescoço o máximo que pode na tentativa de ver a pessoa pela janela que dava de frente para a garagem. Silenciosamente pediu para que fossem seus pais, mas sua esperança murchou quando viu Albus andando em direção à porta dos fundos.

Rapidamente arrumou sua postura e colocou o jornal em frente ao seu rosto, impedindo sua visão para a porta que estava sendo destrancada. Escutou os passos do irmão até o aparador perto da cozinha, o barulho das chaves sendo jogadas ali e mais passos. Um casaco foi pendurado nas costas de uma cadeira ao seu lado e pela visão periférica pode ver as costas do irmão indo em direção a geladeira. Seus ombros ficaram tensos e, por alguns segundos, achou que tivesse ficado tão quieta que Albus nem ao menos tinha notado sua presença.

Uma mão apareceu no topo do jornal e o abaixou com cuidado. O rosto do irmão surgiu em seu campo de visão com um falso sorriso e uma jogada de
cabeça que outrora fizera Lily responder sim para tudo o que ele lhe pedia, mas agora só parecia irônico e frio.

— Teria sido mais natural se tivesse me cumprimentado quando passei pela porta - disse enquanto se sentava na cadeira ao lado e despejava leite em uma tigela com cereal – se eu já não soubesse o que fez poderia desconfiar que tinha algo errado.

— Não me lembro de ter feito nada importante por esses dias. - Se levantou com o jornal embaixo do braço e com a caneca de café nas mãos, indo em direção a pia.

— Violett me ligou, Lily. – Levou uma colher cheia de cereal até a boca e mastigou um pouco, não se dando ao trabalho de engolir antes de continuar a conversa. – Me contou o que aconteceu.

— Você é um nojento e está desperdiçando as boas maneiras que nossa mãe nos deu. – Deixou um tapa na cabeça do irmão enquanto passava por trás de sua cadeira a fim de alcançar a caixa vazia de cereal – Mas fico feliz que você e Violett, enquanto casal, dialoguem.

Albus afastou a tigela cheia e cruzou os braços sobre a mesa. Suspirou e abaixou a cabeça antes de falar.

— Eu sei que está com raiva mas...olha, eu forcei Violett a me ver naquele dia, ok?

Lily deu a volta na mesa até ocupar o lugar vago na frente do irmão. Cruzou os braços como ele e se acomodou mais perto.

— Está me dizendo que forçou Violett a transar com você na noite em que
James pegou vocês dois na cama?

— O que? Não, eu nunca faria isso e você sabe. – Albus levantou assustado da cadeira encarando Lily como se ela tivesse perdido a cabeça.

— Então ela estava consciente e quis trair o noivo com o irmão do mesmo. De novo. – Sentenciou enquanto levantava, levando consigo a tigela esquecida
de Albus.

— Escuta...

— Não! Escuta você – gritou enquanto se virava para encarar o irmão ainda sentado - aquela era a noiva do seu irmão, seu idiota!

— Eu amei ela primeiro. Sempre fui apaixonado por ela e você sabe muito bem disso! – elevou a voz enquanto seguia a irmã que havia lhe dado as costas e se encostado na pia. – James chegou depois e...

— Se você tivesse dito, Albus! – o grito que saiu de Lily e a louça que ela jogou no chão fez com que o irmão desse alguns passos para trás. – Se você tivesse aberto essa boca pelo menos um vez na vida, se você tivesse tido coragem de falar que era apaixonado por ela...James nunca teria a olhado.

— Não é assim tão fácil. – A voz de Albus havia se elevado e ele tinha avançado sobre os cacos em direção à irmã. – Você não entende...

Lily o olhou e riu enquanto dava a volta por ele para chegar até a sala.

— Você só foi covarde uma vez mais. Foi covarde demais para se declarar para Violett e passou anos culpando seu próprio irmão. Por que você teve medo de amar.

— Acho que você não é alguém que tenha direito de me dar lições sobre como amar alguém – foi andando apressado atrás dela até alcançar seu braço forçando sua parada. – Deixou o Malfoy de lado para se encolher na sua bolha de dor, sem ao menos se importar o quão preocupado ele estava ou o quanto ele sofreu.

— Você não sabe...

— Não? – soltou uma risada nasalada olhando friamente para a menina parada na sua frente. – Deveria perguntar para ele quem foi que o ajudou quando a irmã egoísta deixou ele pra trás sem nem explicar o que estava acontecendo, você nem ao menos lhe disse que James havia morrido. Nós éramos amigos dele.

Lily ficou em silêncio enquanto via Albus passando as mãos pelos cabelos.

— Eu a amei primeiro, James atrapalhou tudo...

Ela riu, interrompendo a fala do irmão. Virou as costas para ele e continuou andando até chegar no pé das escadas. Ainda sem olhá-lo perguntou:

— Você ao menos se lamentou por ele ter morrido?

A pergunta fez com que o peito de Albus se comprimisse e o ar fugisse de seus pulmões.

— Ele era meu melhor amigo...- sua voz estava rouca e seus olhos cheios de lágrimas. – Não importa o que, ele sempre foi o meu melhor amigo.

— Pena que ele teve que morrer para você notar isso.

*

Albus Potter era um homem de poucas palavras. Durante toda a sua infância seus pais foram atrás de médicos colegas de Ginny em busca de respostas sobre seu menino. O segundo filho dos Potter se recusava a falar, e mesmo tendo frequentado médicos e mais médicos por anos, a única pessoa que o fez expressar seus sentimentos através de palavras foi James.

Talvez toda a carga emocional que ele e Lily, e até mesmo seus pais, puseram sobre o irmão tenha sido grande demais para um adolescente carregar sem a ajuda dos pais. Mas James continuava ali por eles, não importava o que. Foi ele quem ensinou a Lily que não se pode ter tudo o que deseja na vida, mas pode ser grata pelas coisas que tem. Foi ele quem ensinou a Albus que algumas pessoas são merecedoras de suas palavras. Foi com ele que Harry aprendeu que ser pai não era apenas fazer suas vontades, mas comparecer à momento importantes da vida dos filhos. Foi com ele que Ginny aprendeu a parar e escutar seus filhos ao invés de mandá-los primeiro para um médico.

Não falar para James sobre seus sentimentos por Violett foi a coisa mais difícil que ele fez. E, provavelmente, a que mais se arrependia. Mas ele não poderia ser o responsável por apagar o brilho nos olhos do irmão quando viu a garota pela primeira vez na festa de aniversário de Albus. Mas ele também não conseguia deixar de amar Violett.

Dia após dia, foi obrigado a ver seu irmão e a única mulher que amou se apaixonando. Gostaria de poder culpar o copo de bebida em suas mãos por ter beijado a noiva de James durante uma noite de verão n’A Toca. Gostaria de culpar seus pensamentos confusos e o calor do momento por ter ido atrás dela no meio da madrugada enquanto o irmão dormia tranquilamente. Os dois cometeram erros dos quais nunca seriam capazes de se perdoar e a escolha de continuar com aquilo não era culpa de ninguém senão dos deles mesmos.

O medo e a culpa que sentiam enquanto estavam juntos foi diminuindo com o tempo, enchendo Albus de uma esperança onde, em um futuro próximo, poderiam assumir o relacionamento com o apoio da família. Essa esperança foi jogada fora quando Lily pegou os dois aos beijos na cozinha em uma madrugada a alguns meses.

O olhar decepcionado que a irmã lhe lançou ainda pairava sobre seus pensamentos vez ou outra. Mesmo com a mágoa e raiva presentes em seus feições enquanto assistia de longe o irmão e a cunhada explicarem a situação, ela apenas virou de costas e lhes deu um prazo de duas semanas para terminar o que nem ao menos deveria ter começado, concordando em guardar esse segredo para o bem de James.

O término dos dois foi pontuado com altos e baixos, nos quais, após James dormir, Violett se embrenhava nos cobertores do irmão mais novo do noivo por algumas horas. O vai e vem do relacionamento, que vinha acompanhado por um sentimento de culpa e fúria da parte de dele, durou dois meses. Na noite em que seu irmão voltou para a cidade após acompanhar o time do colégio em um campeonato na cidade vizinha, Albus havia resolvido que seria uma ótima ideia sair do bar, onde havia passado sua noite, para aparecer tarde da noite na porta da casa de Violett. Tiveram um pequena discussão antes de concordarem que aquela seria a última vez que se encontrariam escondidos, aquela seria a última noite juntos. E também a última de seu irmão.

James chegou em Londres por volta das dez da noite, pegou o carro no estacionamento e rumou em direção à casa da noiva na intenção de fazer uma surpresa com sua chegada repentina. Estacionou o carro na frente do carro da mulher e foi em direção a porta de entrada enquanto procurava sua chave reserva na mochila que trazia no ombro. Parou por alguns segundos antes de colocar a chave na fechadura e gira-la lentamente, tentando abrir a porta o mais silenciosamente possível.

O primeiro andar da casa estava quase todo tomado pela escuridão, salvo apenas pelo pequeno ponto de luz que vinha de uma luminária acesa ao lado do sofá. Não havia sinal de que Violett pudesse estar por ali. Suspirando, cansado, James tirou a jaqueta do time – presente dos jogadores ao ganharem seu primeiro jogo tendo ele como treinador - e pendurou junto aos outros casacos que ficavam perto da porta de entrada.

Ainda em silêncio, subiu as escadas em direção ao longo corredor que levava até os quartos da casa. Ao chegar no topo das escadas pode ver a luz que saia do quarto de Violett. Sorriu, com saudade.

Uma risada conhecida saiu de dentro do cômodo fazendo com que seu sorriso se fechasse. Outra risada e vozes cochichando. James começou a andar em direção à porta. O suave barulho de algo sendo jogado sobre o chão seguidos de mais cochichos e ofegos. James continuou a andar até chegar na porta aberta.

— Vio? – chamou enquanto sentia seus músculos endurecerem o mantendo paralisado enquanto aquela cena se desenrolava em sua frente. Ao ouvir seu nome sendo chamado por James, Violett levantou assustada, trazendo Albus consigo. – Mas que porra?

A mulher veio andando rapidamente em sua direção, vestindo apenas um sutiã e com a calça jeans desabotoada. Albus continuava preso no lugar, vestindo apenas sua boxer.

— James...o que você está fazendo aqui?

 

Uma batida suave em sua porta fez com que o homem levantasse a cabeça dos braços apoiados na escrivaninha. A cabeça ruiva de Lily apareceu na porta.

— Posso entrar? – perguntou baixinho olhando para o chão. Albus murmurou em concordância. Lily entrou lentamente, na mão trazia uma mochila preta e um casaco preto e vermelho. Se sentou na cama e estendeu o casaco para o irmão. – Estava nas coisas que Violett me trouxe, achei que você gostaria de ficar com ele.

Albus pegou o casaco e levou até o rosto, inspirando fundo sentindo o cheiro forte do irmão. Lily ainda olhava para baixo quando seu olhar caiu sobre ela novamente.

— Lil..

— Me desculpe, eu não queria ter dito aquilo. – Seus olhos encontraram os do irmão que tentou sorrir. – Eu só...fiquei com raiva e...

— Tudo bem, eu entendo.

O silêncio pairou entre eles por mais tempo do que já havia acontecido. Ele alisava a jaqueta em suas mãos enquanto Lily olhava uma caixinha de madeira que tinha tirado da mochila.

— Nós demos essa para ele quando ele fez quinze anos, – Albus disse baixinho enquanto ria e olhava da caixinha para Lily – um péssimo presente para um adolescente.

— Ele disse que amou. Não consigo ver uma utilidade para ela, mas está trancada.

Albus assistia Lily balançar a baixa ao lado da cabeça enquanto buscava por alguma coisa nos bolsos da jaqueta. Sua mão esquerda tocou em algo grosso e áspero amassado no fundo do bolso. Lily agora revirava a bolsa de James em busca de suas chaves. Ele trouxe o pequeno papel para fora do bolso e abriu lentamente.

Era um bilhete retangular e irregular com as bordas sujas e a escrita borrada, como se tivesse sido molhada.

— Lily, você tinha visto isso?

Albus estendeu o bilhete para a irmã que o olhava curioso. No centro dele, escrito com uma letra cursiva e apressada havia um recado direto para James.

“Querido Sr. Potter, aproveite seu dia como se fosse o último. Nunca sabemos quando realmente será.”


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Notas finais do capítulo

Então? O que estão achando até aqui? Deixe um comentário para que eu saiba sua opinião.
Até quinta que vem :)



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