A Rosa Dourada escrita por Dhuly


Capítulo 21
É Necessário Partir


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal!
Como vocês estão?
Primeiramente peço perdão pela imensa demora em postar esse capítulo, falta de tempo :/
Espero que vocês gostem, uma boa leitura!



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j a r d i m   de   c i m a

O banquete de despedida para todos os senhores que iriam partir rumo a guerra estava em seu auge.

O centro do salão estava amontoado de pares que bailavam de um lado para o outro, em um ritmo rápido e animado. Os bardos eram de extremo talento e tocavam com maestria sem errar uma nota sequer. Ela lembrava-se que Arthur também tocava um instrumento, era um cistre se ela não se enganava. Quanto tempo que Roslin não via mais ele ou Lyra, seus melhores amigos de infância. Agora todos estavam separados por uma guerra.

As duas eram rainhas, contudo de reinos inimigos. Como o mundo dá voltas, ela pensou melancolicamente. Em sua adolescência sonhava em ser uma rainha e agora que era uma gostaria de não ser. Temia que John mudasse de ideia e resolvesse possuí-la antes de partir, afinal ele poderia morrer na guerra e precisava de um herdeiro. Ela não sabia o que era pior: Ter John vivo e aturá-lo ou o ver morrer e ter de lidar com Elizabeth. A Rainha Mãe nunca gostará dela, contudo agora a desprezava, mesmo que disfarçadamente.

Ela bebeu mais um pouco de vinho que tinha um gosto doce demais em sua opinião. Já Elly, ao seu lado, estava na terceira taça, com uma feição feliz. Afinal a casa delas estava livre de qualquer perigo agora, tinham o apoio dos Gardener e seria quase impossível perder aquela guerra, ao menos era o que John falava nos conselhos.

— E então? Como foi? — Ellynor puxou o assunto.

— Como foi o que? — A rainha questionou com uma sobrancelha erguida.

— Oras, sua noite com o Rei.

Roslin corou, não por pensar em coisas indevidas e sim pela mentira que carregava. Ela disfarçou e bebeu mais um pouco do vinho doce demais.

— Não ocorreu mais nada do que o esperado.

— Está mentindo, eu lhe conheço, você nunca soube mentir. — Ellynor disse colocando uma mão sobre seu ombro. — Ele lhe machucou.

— Não! — A mais nova respondeu prontamente.

— Então o que aconteceu?

Ela sabia que não poderia manter aquela mentira por muito tempo de sua irmã, por mais que John tivesse dito para ela não comentar sobre isso com Ellynor, Roslin não tinha opção se não revelar de uma vez.

— Nós não consumamos o casamento. — Ela cochichou tão baixo que a irmã teve de se abaixar perto de si.

A feição da mais velha mudou de preocupação para raiva. Colocou a taça em uma mesa próxima e arrumou as saias do vestido.

— O que está fazendo?

— Tenho de ter com o rei imediatamente.

— Como? — Roslin falou alto demais, pois alguns criados que passavam olharam para ela, a rainha abaixou o tom da voz. — Está louca?

— Me pergunto se você não está louca por não ter feito o que tinha de fazer. — Elly cochichou perto dela. — Será que não se lembra da história da Rainha Genna do Vale ou de Dorna do Rochedo? As duas não consumaram o casamento e acabaram acabando com a vida delas, a primeira foi trocada pelo marido por uma moça mais nova e a segunda foi acusada de fornicação e morreu decapitada. Quer acabar como elas?

Antes que ela pudesse responder algo à irmã a mesma saiu em direção ao estrado, onde o rei observava junto da mãe. Ela foi obrigada a segui-la, com medo e receosa. Ela teve de passar pelos nobres e todos no salão, o que foi difícil, quando olhou novamente para o estrado os três estavam seguindo para uma sala auxiliar. Roslin seguiu temendo o que iria acontecer.

Quando entrou na sala encontrou o rei assentado sobre uma cadeira no centro do pequeno cômodo e a Rainha Mãe à sua direita, parecia não ter perdido nada. Ela estava tentando impedir a irmã de dizer qualquer coisa quando Ellynor começou.

— Soube que sua graça não se sentiu apto para consumar o casamento...

Tanto Roslin como Elizabeth olharam para John surpresas, aguardando o que ele iria dizer.

— Que eu saiba minha vida conjugal não diz respeito a você, Lady Ellynor...

— Claro que não, mas é de acordo com a tradição que a consumação ocorra na noite de núpcias, e pelo que sei o senhor precisa de um herdeiro o quanto antes.

John apoiou a cabeça na mão e virou a cabeça de lado, como um cão que não se importava com aquilo. O que só aumentou a raiva de Ellynor.

— Oras, largue de ser cínico, sabemos muito bem que você não quer consumar o casamento por suas razões, mas é seu dever e você deve fazer isso!

John levantou-se de uma vez, com uma face de extrema raiva.

— Senhor minha irmã bebeu demais, não sabe o que está dizendo...

Roslin não pode terminar de falar, pois foi interrompida pelo rei.

— Você se acha inteligentíssima não é? A pessoa mais importante do mundo e que pode tudo, contudo eu sou seu rei e você me desacatou, poderia mandar matá-la agora, todavia estou me sentindo bondoso hoje. Então vamos ver se você aprende a se comportar melhor nas masmorras. Guardas.

Dois homens de armadura entraram e seguraram Ellynor pelos braços.

— O que? Você não pode fazer isso! Eu sou a Lady de Solar de Cidra, você precisa de mim!

— Eu acho que não! Levem-na pelos fundos, não acho que nossos convidados deveriam saber sobre nossas desavenças.

— Não você não pode fazer isso! Eu sou irmã da rainha! Roslin impeça-o... — Ela implorava enquanto era levada por uma porta do canto da sala.

Nessa altura ela já estava aos prantos e se agarrando ao gibão de John.

— Por favor, meu senhor, não faça isso, minha irmã não sabia que estava falando, ela estava bêbada...

John se agachou na altura de Roslin e se aproximou de seu ouvido.

— Eu disse para não dizer nada para sua irmã, você me decepcionou Roslin. É melhor se comportar enquanto eu estiver fora, se não você vai fazer companhia a sua irmã!

Então mãe e filho saíram do cômodo, deixando ela ali. Jogada ao chão e com lágrimas salgadas descendo por sua face.

 

 

Novamente as lágrimas caíam dos olhos de Amélie, dessa vez não por raiva como nas outras vezes, dessa vez por conta de uma dor em seu coração e um aperto em sua garganta que a impedia de respirar direito. Suas lágrimas molhavam o pequeno papel onde escrevia para Kirlon, contando que estava noiva de um desconhecido com quem ela havia trocado poucas palavras.

Não tinham dado nem uma semana para seus pais a jogarem para o primeiro que acharam, ela estava com muita raiva deles. Por nem ao menos terem a avisado antes de noiva-la sem seu consentimento.

Evangeline havia dito que ela havia tido sorte em se casar com alguém como Aeden Rowan. Sua irmã passará minutos dizendo que ele era rico, bonito, forte, inteligente, galante e bonito novamente. Para ela aqueles adjetivos insignificantes eram tudo o que importavam e nada mais. Afinal por que ela ainda tentava entender Evangeline? Ela era mais uma das damas da Corte sem essência ou personalidade própria, apenas fazia tudo o que a septã mandava e sonhava em um casamento feliz com uma pessoa que nem se importava com ela.

Ela suspirou profundamente, pois cada palavra era uma mágoa difícil de sair. Não sabia por que era tão difícil contar aquilo para Kirlon, por que sentia medo em dizer sobre seu noivado. Porque escrevia com palavras difíceis e usava o máximo de eufemismo que conseguia, já tinha descartado cinco cartas e esperava que conseguisse se expressar de forma correta nesta última.

Ela ouviu batidas vindas da porta de carvalho atrás de si, pediu apenas alguns segundos e foi até o espelho. Com um lenço limpou os vestígios das lágrimas, pois seu orgulho impedia que alguém a visse naquele estado.

Rapidamente guardou a carta em uma gaveta e foi até a porta.

Surpreendeu-se ao ver Sor Aeden em pé no corredor. Estava com um gibão com as cores de sua casa, calções prata e botas negras. Em sua mão uma bela rosa branca, ele estendeu para ela. Lembrando-se de todas suas aulas de etiqueta que teve com a septã ranzinza e os sermões de sua mãe, Amélie aceitou a flor e fez uma breve reverência.

— Lady Amélie, está belíssima está manhã, não a encontrei no banquete e vossa mãe avisou-me que estavas indisposta. Espero sinceramente que esteja melhor.

Ela achou que ele estava sendo gentil até demais dizendo que ela estava belíssima, na verdade estava com um vestido simples verde-musgo e os cabelos presos em uma trança lateral. Contudo procurou ser educada já que ele também fora.

— Muito obrigada pela preocupação meu lorde, eu estou me sentindo muito melhor!

— Fico feliz em saber. — Ele sorriu, e ela teve de admitir que seu sorriso era belo como Line havia dito. — Está um lindo dia, o sol está perfeito para um passeio, poderia me conceder essa honra.

Ela realmente preferia voltar para sua escrivaninha e terminar de escrever para Kirlon, mas sabia que se chegasse aos ouvidos de sua mãe que não foi com Lorde Aeden receberia um castigo e um sermão, por isso acenou positivamente e entrelaçou o braço com o dele, a rosa ainda em suas mãos.

Os jovens noivos seguiram pelos claros corredores de Jardim de Cima, ali tudo era belo e parecia uma obra de verão de algum artista. Ninguém nunca parecia triste ou com falta de simpatia, até as nuvens pareciam ter pavor de se interpuser sobre o brilho do sol. Realmente um paraíso para quem quisesse ficar ali, ela ainda gostava mais de sua casa, de visitar as crianças no orfanato, roubar guloseimas das cozinhas e ver Isobel, a mulher que cuidava das refeições, correr atrás dela. Até da face carrancuda do mestre de armas ela sentia falta. Contudo, com certeza ela sentia mais falta de Kirlon, de seu sorriso brincalhão, de seu bom humor, do tempo que passavam juntos...

— O que está achando de Jardim de Cima milady?

Mel acordou de seus devaneios com a voz de seu noivo, nem percebeu que já se encontravam nos jardins que davam nome aquele castelo. Com flores de todos tamanhos, cores e aromas. Uma abelha ou uma borboleta preguiçosa voavam pelos arredores, mas ninguém se importava em ser picado pela abelha ou ter uma borboleta em seus cabelos, viviam em uma harmonia plena.

— Aqui é um belo lugar, com pessoas gentis e um clima agradável.

— Com certeza, mas aposto que você gostaria mais de Bosquedouro. Lá temos florestas cheias de frutas silvestres e um jardim cheio de estátuas feitas de mármore.

A Crane fez uma careta em aborrecimento e seu acompanhante pareceu perceber, pois parou de falar no mesmo momento, os dois seguiram em silêncio até uma fonte de pedra lisa. Havia um anjinho no centro, em suas mãos fora esculpido um vaso por onde escorria água. Ela sentou-se na borda, ficando frente a frente com Aeden.

— Você não gosta da ideia de casar comigo não é mesmo?

Ela se sobressaltou com a pergunta repentina, todavia resolveu ser sincera.

— Não gosto da ideia de me casar com alguém que mal conheço. — “Ou seja, não gosto da ideia de me casar com você”.

— Eu te compreendo. Sabia que meu arrumaria uma esposa para mim aqui na Corte, contudo pensava que não seria tão rápido. Tudo é bem... novo para mim assim como para você, nossos pais formaram essa aliança sem o meu ou o seu consentimento e em nome da Casa Rowan eu peço sinceras desculpas. — Ele disse curvando a cabeça em sinal de respeito.

Ela acenou positivamente aceitando as desculpas.

— Minhas irmãs estão muito ansiosas em vê-la novamente.

— Pois diga a elas que será uma honra encontrá-las! — Ela respondeu e Aeden sorriu mais uma vez.

— Bom, tenho de me preparar para partir, todos iremos sair ao meio da tarde, espero encontrá-la no pátio para nos despedirmos.

— Tenha certeza que estarei lá.

Seu noivo beijou sua mão e falou com seu belo sorriso.

— Espero voltar para te conhecer melhor Lady Amélie.

Então ele partiu e apenas ela permaneceu solitária no jardim, com uma bela rosa branca nas mãos.

 

 

As três irmãs aguardavam em pé no quarto, esperavam Aeden chegar para a família ir reunida até o pátio. Era um momento muito dramático na opinião de Eyla, Aella já havia derramado rios de lágrimas e continuava a soar o nariz em um pequeno lencinho. Até mesmo Ayla parecia abatida, com a cabeça abaixada e as mãos entrelaçadas. Apenas ela parecia ter convicção que Aeden voltaria são e salvo para casa? Afinal para que serviram tantos anos de práticas com espadas e hematomas pelo corpo...

Antes mesmo do dia da partida Lorde Alvo havia se despedido das filhas, dando a cada uma um presente para lembrarmos-nos dele. Um vestido novo para Aella (é claro com um colar de pérolas para formar um complemento), um colar com uma estrela de sete pontas feita com prata e diamante para Ayla e por fim um livro de contos para Eyla. Aella havia dito que o pai não soube como presentear a filha mais nova, contudo ela não poderia ter recebido um presente melhor, amava a literatura e principalmente contos. Aquele tinha vários interessantes e a ruiva já havia devorado algumas páginas sob a luz trêmula de uma vela.

Quase todos naquele castelo pareciam ter certeza que metade dos homens que estavam indo para a guerra não voltaria com vida, ela acreditava que todos deveriam ter um pouco de otimismo ou a fé de Ayla.

Aeden finalmente entrou no quarto, com sua armadura reluzente, uma árvore dourada vinha desenhada em seu peitoral, juntamente com uma capa longa nas cores de sua casa. Parecia muito mais velho do que realmente era. Ou nas palavras de Aella: “Um verdadeiro cavaleiro das canções”.

— Oh Aeden, está tão belo. Não se preocupe, eu separei suas melhores roupas, não é porque está indo pra guerra que quer dizer que tem de ir mal vestido. — A mais velha disse tentando conter as lágrimas.

— Oh meu irmão, saiba que estará sempre em minhas orações. Já pedi para o septão orar por você também... — Ayla disse apertando a mão do irmão.

Ela se perguntava como o septão orava pelos Gardener se o próprio Alto Septão, que era a voz dos Sete na terra, estava ao lado dos Hightower. Era uma verdadeira hipocrisia. Ela botou isso de lado e foi até irmão.

— Volte para nós inteiro! — Foi tudo o que ela disse e recebeu um sorriso em resposta.

— Eu tentarei, mas não prometo nada...

Ela deu um sorriso forçado sentindo um aperto em seu coração.

— Vamos, não é tão bom atrasar muito. — Aella tirou todos do torpor das despedidas e os colocou para fora do quarto.

Os quatro seguiram para o pátio principal onde toda a Corte, sem exceções, estava presente. O rei já estava sob seu garanhão alvo como a neve, em sua armadura dourada, que na opinião da Rowan, havia ficado terrivelmente incondizente com o primo que não tinha todo o porte físico com Aeden.

Seu irmão foi até Lady Amélie e beijou suas mãos, a noiva sorriu e deu seu favor para o Rowan, um pequeno lenço azul celeste com garças em voo. Aeden recebeu com carinho e apertou bem entre suas mãos, montou no cavalo e se juntou aos outros.

As meninas novamente se despediram do pai com abraços, beijos e algumas últimas lágrimas. Não tardou muito para todos montarem em seus cavalos e partirem, não sem antes escutar as palavras motivacionais do rei.

— Meus súditos, partimos agora para uma guerra contra os rebeldes, vocês podem ter medo, mas não se preocupem. Quando entrarmos novamente por esses portões vamos entrar vitoriosos e com os perdedores se arrastando atrás de nós.

Foram ouvidos gritos e aclamações em concordância. Eyla viu apenas palavras vazia e uma promessa difícil de cumprir, se perguntava se John ao menos brandiria sua espada sobre alguém na guerra.

Quando os que lutariam na guerra começaram a sair algumas mulheres, sejam elas esposas, filhas ou sobrinhas, subiram até a guarita para ver o exército partir em uma profusão de cores e bandeiras ao vento. Brasões ostentavam animais, frutas e armas. Um exército imponente partia, deixando para trás um palácio infestado de moças.

Em dos contos de seu livro havia uma parte que falava sobre as mulheres Mormonts, como seus maridos e soldados haviam ido lutar nos Regatos contra os Nascidos de Ferro. No meio da guerra navios foram avistados perto da ilha, a Lady Mormont da época ou como a chamavam “Ursa Guerreira” reuniu as mulheres e crianças e entrou em seu castelo. Quando os ilhéus chegaram encontraram vilas vazias e casas abandonadas, fizeram um cerco ao castelo por dias e quando tentaram invadir em vez de capturar o castelo encontraram luta e machados. No fim a ilha continuou sobre a vigilância dos Mormont por conta de sua mulheres fortes.

Se algo como aquilo acontecesse nesta guerra às damas estariam em grave perigo, pois Sor Odethe e sua guarnição era tudo que defendia as senhoras nobres no castelo. Se eles caíssem tudo que poderiam fazer era jogas novelos de lã nos invasores.


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Notas finais do capítulo

John tomando decisões surpreendentes mais uma vez, agora a Roslin está completamente sozinha junto do pequeno Raymun.
Eu estou dividida entre Amélie e Kirlon (Amélion ou Kimélie?) ou Amélie e Aeden (Aedelie ou Améden?). Gente meus nomes para shipps são muito ruins kkkkkk
Ah o favor que a Mel entregou pro Aeden foi feito pela Evangeline, mas a mãe delas achou esse detalhe pouco importante :S
Eu espero que vocês estejam gostando e cometem o que acharam. Desde já eu gostaria de agradecer a todos que vem comentando e tirando um pouquinho de tempo de vocês para deixar o meu mais feliz ^-^
Beijos e até os reviews!



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