O restante do recesso de Natal tinha sido maravilhoso para Rose. Ela tinha passado quase todo o seu tempo livre ajudando a mãe ou perdida nos seus inúmeros livros, mas não via a hora de voltar para Hogwarts, já estava com saudades daquele castelo maravilhoso.

No dia de voltar à escola chovia mais do que tudo no mundo, ela havia chegado cedo à estação, então já se encontrava sentada na cabine junto com Lily, Albus e Hugo. Rose sempre amou a chuva desde pequena, quando começava a chover muito forte ela corria para o quintal de sua casa e ficava correndo, enquanto as gotas de chuva caiam sobre o seu corpo, e foi com uma sensação nostálgica que ela se deu conta de que há muito tempo não fazia nada parecido com isso. A garota estava tão perdida em pensamento que mal notou quando Scorpius e Zabini se juntaram a eles na cabine poucos minutos antes do trem partir.

—Oi, ruiva. – Falou Malfoy chamando sua atenção. – Pensando em mim?

—Não, mas eu alimentava a esperança de que você fosse perder o trem dessa vez.

Todos riram inclusive, Malfoy. As conversas e brincadeiras rolavam soltas na cabine, por mais que Rose brigasse com Scorpius, ela tinha que admitir que as brincadeiras sempre eram mais divertidas quando ele e Zabini estavam por perto. Depois de uma gargalhada particularmente alta, vinda de Lily, a garota decidiu que estava na hora de mudarem suas vestes, e levantou-se para ir ao banheiro.

—Espera, ruiva. Eu vou procurar o carrinho de doces, estou com muita fome. – Falou, Malfoy.

Rose fez uma careta, mas permitiu que o loiro a acompanhasse para fora do vagão. Eles não tinham andando muito quando Scorpius finalmente falou:

—Eu falei sério no natal quanto a nossa trégua, sabe?

Rose ergueu as sobrancelhas antes de falar:

—E por qual motivo eu acreditaria nisso, Malfoy?

—Talvez porque estamos velhos demais para ficarmos brigando sem motivo e nos azarando pelos corredores de Hogwarts. – E então os dois riram, mas quando o loiro tornou a falar, já não tinha mais o traço do sorriso divertido em sua voz. – Eu pensei muito sobre o nosso beijo no natal, ruiva.

—Pois só você, então. Eu estava ocupada demais para pensar nisso. – Falou rápido e como péssima mentirosa que sempre fora, corou.

Malfoy riu. Num movimento rápido e ágil a encostou numa das divisórias do trem e falou olhando em seus olhos:

— Eu posso te dar algo para pensar quando chegar em Hogwarts também, ruiva. – E antes que ela pudesse responder, ele continuou. – Mas falei que o nosso próximo beijo era você quem iria pedir, ou me beijar.

Rose riu e abriu a boca para responder, mas o loiro se aproximou devagar e a beijou no pescoço, todo o seu corpo se arrepiou, mas rapidamente ela segurou no rosto do rapaz, levou seus lábios até a orelha dele, mordeu seu lóbulo e sussurrou:

—Dois podem jogar esse jogo, Malfoy.

E saiu de lá se sentindo vitoriosa ao ouvir o menino arfar com seu toque.

*

Já havia se passado dois dias desde chegaram à Hogwarts, e as coisas tinham estado muito calmas entre ela e Scorpius, calmas demais até. Não haviam brigado uma vez se quer ainda, e muito menos voltado aos seus joguinhos; todas as vezes que haviam ficado no mesmo lugar estavam sempre cercado de amigos. Albus foi o primeiro a notar que as brigas haviam parado. Um dia quando estavam sentados todos juntos nos terrenos de Hogwarts em frente ao lago negro, ele comentou:

—Vocês percebem esse silêncio?

—Que silêncio, mano? ‘Tá doido? ‘Tá todo mundo falando alto e rindo aqui. – Falou Lily.

—Mas vocês não estão notando que já estamos aqui há meia hora e Rose e Scorpius ainda não começaram a brigar?

—Nós decidimos dar uma trégua – Falou Rose. – Segundo o Malfoy, estamos velhos demais parar ficar brigando. Eu queria poder continuar a azarar ele, mas acho que ele tem razão.

Todos riram da sinceridade na voz da garota, e continuaram a conversar. Ela então olhou em direção ao castelo, viu Lysander vindo em direção a eles, e lembrou-se que ele e Lily tinham trocado olhares estranhos durante toda a festa de natal. Fez um lembrete mental de perguntar sobre isso a ele na próxima ronda dos monitores. Quando Lys chegou junto a eles, percebeu novamente outra troca de olhares antes do rapaz falar:

—Rose! Scorpius! Ainda bem que estão aqui, eu estava procurando por vocês. Os monitores chefes estão convocando todos os monitores para uma reunião. – Falou diante do olhar indagador deles.

Rose e Scorpius se despediram de todos, enquanto Lysander os cumprimentava e seguiram os três juntos em direção ao castelo para a reunião.

*

A reunião dos monitores não foi nada muito extenso, tão pouco demorado, os monitores chefes só queriam passar os horários e dias das atividades noturnas de cada um deles, e avisar que trocas poderiam ser feitas desde que dois dos monitores estivessem de acordo com a troca, para que isso não chocasse com seus horários de estudo.

Quando eles caminhavam em direção ao salão principal para o jantar, Rose insistia em ver o horário das rondas do Malfoy, que esse negava veementemente.

As rondas noturnas geralmente eram feitas por um monitor e uma monitora, a garota odiava fazê-las com o monitor da lufa-lufa, pois segundo ela, ele era extremamente irritante e ela não tinha paciência alguma para ele.

Para sorte da garota, a sua patrulha já seria hoje à noite e ela não estava tão cansada assim, seria bem tranquilo. A ronda dos monitores só começava após as 21h que era hora do toque de recolher, então ela ficou matando esse tempo lendo um livro no salão comunal da grifinoria.

Quando finalmente o relógio marcou 20:30 ela levantou, foi até seu dormitório guardar o livro que estava lendo e se dirigiu ao salão principal. Quatro monitores faziam a atividade noturna por dia, uma dupla fazia a ronda do lado norte do castelo, e a outra do lado sul, ate porque o castelo era muito grande para apenas duas pessoas fazerem-nas; eles se encontravam todos no salão principal para que de lá fossem fazer sua ronda, essa noite a sua séria no lado sul do castelo. Quando ela finalmente chegou ao salão principal, viu que a monitora do quinto ano da Corvinal já se encontrava lá, e o monitor do sexto ano da lufa-lufa também e deu um suspiro baixo antes de perguntar:

— Onde será a ronda de vocês?

—Lado norte. – Os dois responderam juntos e riram, e ela suspirou aliviada.

—Eu fiquei com o lado sul, mas ainda não sei quem vai fazer a ronda comi... – Mas antes que ela terminasse a frase ela viu um loiro dos olhos cinza caminhando em direção a ela com um sorriso estampado no rosto e então ela involuntariamente soltou um “Puta merda” baixinho.

Quando o loiro se aproximou deles o suficiente, ele perguntou:

—Qual das duas vai patrulhar o lado sul comigo?

—A Rose. – A garota da Corvinal respondeu de forma simples e o sorriso do garoto se alargou mais ainda.

—Então vamos, ruiva. Não queremos nos atrasar, não é?

A menina bufou e os quatro saíram.

A patrulha passou sem muitas interrupções, eles riam relembrando de todos os natais que o Scorpius passou com eles na toca, e lembrando-se de todas as brigas idiotas que tiveram ao decorrer dos anos em Hogwarts. Eles estavam encerrando a ronda, e então Malfoy deu a ideia de que fossem patrulhar a torre do lado sul, pois muitos alunos matavam aula lá em cima. Quando chegaram lá não havia ninguém além deles. Rose foi andando em direção à varanda e, assim que se postou diante dela, viu uma estrela cadente e sorriu, e logo depois olhou para trás para ver onde Malfoy tinha parado, ele estava encostado numa parede, em um canto afastado olhando para ela.

—Você tem um lado doce, ruiva. Por que não mostra ele mais vezes?

A garota foi andando lentamente em direção a ele antes de responder com um sorriso sacana em seu rosto:

—Para que mostrar meu lado doce, Malfoy? Se eu posso mostrar isso aqui.

Assim que acabou de falar ela já estava em frente ao loiro – que ainda estava encostado na parede e parecia mais pálido do que nunca – colocando a mão na nuca dele, subiu para os cabelos apertando-os em sua mão. Beijou o outro lado de seu pescoço e se afastou lentamente mordendo os lábios enquanto Malfoy tremia, quando um arrepio surgiu no corpo dele. Entretanto antes que ela pudesse se afastar demais, ele segurou em seu braço e a puxou para perto de si, prendendo o seu corpo perto do dele segurando em sua cintura e sussurrou em seu ouvido com uma voz rouca:

—Sei que disse que você era quem iria pedir o próximo beijo, mas você está me deixando fodidamente louco, ruiva.

E então ele a beijou. Não foi algo terno, nem suave. Era cheio de desejo, a garota logo concedeu a passagem que sua língua pedia e o beijava com tanto desejo quanto ele. Sentindo que aquele contato já não era mais suficiente, ele a pressionou contra a parede e beijou seu pescoço fazendo com que ela desse um gemido baixo em seu ouvido.

— Caralho, ruiva. O que você está fazendo comigo? – Ele falou em seu ouvido antes de voltar a beija-la.

O som da voz dele pareceu agir como um estopim em seu cérebro. A garota se afastou dele ainda tentando estabilizar sua respiração e falou:

—Nós estamos brincado com fogo, Malfoy. E eu não quero me queimar. – Ele riu, ela virou e foi embora andado para a torre da grifinoria, deixando ele sozinho lá com seus pensamentos.