Inquebrável escrita por Larissa Carvalho, MorangoeChocolate


Capítulo 10
Feel Real


Notas iniciais do capítulo

Boa Noite para todos.
Eu e a Morangocomchocolate pedimos desculpas por tanto tempo sem postar. Tinhamos combinado todo domingo, mas minha viagem se estendeu e quando eu voltei, comecei com as aulas e tudo mais. Digo, pela morangoechocolate que ficamos sem tempo e meio doidinhas com os acontecimentos do nosso cotidiano.
Então, pedimos desculpas. Eu só ia postar amanha, mas eu resolvi postar agora, pois estamos devendo a todos.
Terá um bônus no meio da semana e no domingo que vem novamente. Nós voltamos do carnaval com tudo.
Obrigada a todos os comentários e por gostarem tanto da Fic. Amamos vocês.
Boa leitura
XOXO
Até essa semana! ♥



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Sabe quando você tenta não se envolver, mas acaba se envolvendo? É exatamente isso que eu achava que nunca fosse acontecer com esse meu jeito de tentar ajudar todo mundo o tempo todo.

Eu deveria ter esquecido todo aquele problema da noite passada – deveria estar colocando meu sono de princesa em dia, mas não... – Eu estava lembrando-me da cirurgia de uma menininha que já estava fora de perigo e como eu fiquei zelando por ela a noite inteira.

Desisti de conseguir terminar meu sono e fui tomar um banho. Arrastei-me até o banheiro e deixei com que a água quente caísse por meu corpo e levasse todo o cansaço. Já eram quase sete horas e Lissa gritava em seu quarto por não ter uma roupa decente para colocar.

Eu só queria saber quem teve a estupida ideia de ir para uma boate depois de dois plantões seguidos – Ah, fui eu! Parabéns Rose, você é fantástica.

Enrolei-me na toalha e caminhei para fora do meu banheiro, liguei o som do meu quarto, conectando-o com minha Playlist do celular. Coloquei todas as minhas maquiagens em cima da cama e em seguida comecei a fuxicar meu guarda-roupa ao som de Lily Allen.

Peguei meu vestido preto que tinha uma fenda acima do meio da coxa na perna esquerda e uma abertura na lateral da cintura, nos dois lados. Coloquei uma pulseira prata para combinar com meus brincos de argola prata.

Deixei meus cabelos caírem em cachos molhados por minhas costas e tomarem forma. Ajeitei meu rosto e pensei em uma maquiagem rápida e bonita para noite. Passei um pouco de base em meu rosto e depois de finalizar o processo, escolhi uma sombra branca com brilho, esfumei com o preto e deixei que meus olhos ficassem ainda mais impactantes. Passei o Rímel e um lápis de olhos.

Lembrei-me da Rose médica que estava lá ontem cuidando da menininha e sorri ao ver que, eu quase tinha esquecido como era sair com os amigos. Estava tão focada em fazer um bom trabalho e orgulhar Alberta e a mim mesma, que tinha esquecido o lado mulher de ser.

Com meus cabelos já secos – os prendi pela metade e os ajeitei. Coloquei meu salto preto, não muito alto e respirei fundo. Eu analisei-me ao espelho. Estava finalmente pronta.

Lissa deu duas batidas na minha porta, tirando-me de devaneios e eu sorri. Ela tinha seus cabelos presos em um coque frouxo e um vestido vermelho de manga curta, acima dos joelhos decote gota com leves preguinhas na parte frontal é uma graça.

Lissa ajeitou seu vestido, enquanto entrava em meu quarto e me analisava. Eu sorri, virando-me completamente para ela.

— O que achou? – perguntei.

— Que você vai se dar bem hoje. – disse ela. Lissa sorriu de forma maldosa e sentou-se na beira da minha cama. – Belikov está no carro lá embaixo com Cristian. Ele está bonito.

— Que bom. – falei, enquanto ajeitava um cacho do meu cabelo. – Assim não vou ter muito trabalho em conseguir uma namorada para ele.

Senti um nó na minha garganta depois de falar aquilo. Quer dizer, eu sabia que tinha que entender todos esses sentimentos que Dimitri causava em mim, mas falar em voz alta algo como “namorada para ele”, não foi tão fácil quanto imaginei.

— Sei. – disse Lissa, cruzando suas pernas. – Quem não te conhece que te compre.

Eu rolei os olhos.

— Se me comprarem, vão devolver na primeira oportunidade de conhecer meu gênio. – disse para ela. Andei até Lissa e sorri, pegando-a pelo braço. – Agora vamos.

Lissa caminhou na minha frente para fora do meu quarto, e então, eu apaguei a luz, depois de respirar fundo.

                                                         ***

Assim que ouvi a música, senti meu corpo tremer e pedir para ir ao sentido dela. Dimitri, com suas botas pretas, sua calça jeans escura e sua blusa de botão social da mesma cor, engoliu a seco. Algumas pessoas dançavam, enquanto outras bebiam tentando dialogar umas com as outras em meio a tanto barulho.

Eu tinha escolhido uma boate perto de casa, e não era um ambiente tão ruim – tinham dois andares, e poderíamos ver as pessoas na parte de cima dançando e se divertindo moderadamente. Tinha uma parte para que as pessoas se sentassem em sofás e puffs e rissem.

Lissa começou a se remexer do meu lado, com apenas alguns minutos ali dentro e Cristian fitou-a um tanto espantado. Ele sabia que ela só perdia na animação para mim— então, teria que se remexer um pouco mesmo que parecesse um poste.

— Eu amo essa. – gritou Lissa para nós três, enquanto Beyoncé levava algumas pessoas para a pista, ou as tirava do lounges. Lissa pulou empolgada e Cristian bufou.

Ela puxou sua mão, arrastando-o para o centro da pista de dança e eu pisquei um pouco com aquelas luzes coloridas – eu estava enferrujada de balada e rezei para que ainda soubesse dançar. Dimitri gargalhou, enquanto Cristian esbarrava nas pessoas e se afastava de nós. Lissa agarrou-o como um ursinho e começou a tentar fazê-lo pega o jeito da música.

— Agora é sua vez. – gritei. Os olhos de Dimitri arregalaram-se para mim e eu sorri.

— Minha vez de que? – perguntou, aproximando-se do meu rosto.

— Dançar. – gritei de volta, mexendo-me. Peguei a mão de Dimitri e levei para perto de Lissa e Cristian.

Dimitri continuou parado fitando-me, enquanto algumas pessoas esbarravam nele. Cristian e Lissa dançavam de um jeito romântico só deles. Eu gargalhei novamente, mexendo-me mais, enquanto havia uma troca de música.

Dimitri arriscou um passo esquisito, mas depois de uma gargalhada minha, ele parou. Ele piscou algumas vezes.

— Eu não sou bom nessas coisas. – disse ele. Dimitri cruzou os braços no meio da pista de dança, enquanto eu começava a sentir a batida da música. Eu respirei fundo e pisquei algumas vezes.

Peguei suas mãos novamente e sorri.

— Deixa de ser um robô insensível e dança. – falei, novamente. Puxei o corpo de Dimitri para perto do meu e estávamos separados por um fio.

— Boa comparação, já que eu não tenho jeito para isso. – disse ele, claramente irritado por não conseguir se enturmar.

— Só vai na onda da música. – sussurrei perto de seu rosto. – Deixa eu te ajudar com isso.

Ele revirou os olhos, enquanto eu acabava com o fio que deixava-nos separados. Senti o corpo quente de Dimitri ao meu e coloquei suas mãos em minha cintura. Os olhos de Dimitri me queimavam como um fogo que não pode ser apagado de maneira fácil.

Soltei suas mãos e senti quando ele finalmente tomou posse de minha cintura, trazendo-a para si. Levantei meus braços e enrolei-os em seu pescoço, enquanto eu ia de um lado para o outro devagar, condizendo-o no ritmo da dança.

Por aqueles longos segundos, seus olhos me hipnotizaram, assim como ele parecia também estar. Finalmente nossos corpos tomaram a mesma direção e ele começou a se soltar, ainda queimando-me. Era como se a única pessoa que estivesse ali, era eu. E como se a única coisa que eu escutasse, era seu coração batendo mais rápido – assim como sua respiração ofegante.

Desenrolei meus braços de seu pescoço por alguns segundo e senti o rosto de Dimitri encostar-se no meu. Suas mãos subiram por meu corpo lenta e delicadamente quase respeitoso, e entrelaçaram-se às minhas mãos no ar.

Eu estava em um mundo, que só tinha ele – e eu não queria mais sair. Por um segundo – os dois pararam. Era como se finalmente algo nos desse um choque. Era uma corrente que passava dele para mim, entre nossas mãos entrelaçadas.

Pisquei algumas vezes, sentindo meu coração desesperado para sair do peito. Dimitri engoliu a seco, enquanto nos envolvíamos ainda mais pela música e um pelo outro.

Nossos olhos se encontraram, depois de uma analise minha, pela sua boca. Então, Dimitri abaixou nossas mãos para a lateral dos nossos corpos anestesiados. Eu pisquei algumas vezes, enquanto ele deu uma leve mordida em sua boca. Ouvi o som abafado do meu nome, mas eu continuei me aproximando de Dimitri, como se fosse um imã.

— Rose! – alguém gritou.

Dimitri afastou-se de mim em poucos segundos – como se tivesse acordado. Ele olhou-me espantado e corado. Eu respirei fundo, ainda sentindo meu coração bater mais rápido e procurei aquela voz no meio da multidão.

Lissa estava lá no fundo, perto do bar luminoso – com um copo de refrigerante e com um Cristian já animado ao seu lado. Eles acenaram para nós e chamaram-nos para o sofá. Dimitri começou a caminhar na minha frente – tentando não falar nada sobre o que estava acontecendo há pouco tempo atrás.

Continuei caminhando, até um homem esbarrar em mim, com uma força extraordinária. Senti meu corpo indo para trás, mas ele conseguiu me puxar novamente e sorrir. Tinha olhos azuis e cabelos curtos espetados – completamente loiros. Eu sorri, ainda tonta. O rapaz sorriu para mim, com o canto da boca e eu assenti enquanto ele se afastava com seus amigos.

Engoli a seco, já não vendo Dimitri e tentando me localizar. Olhei para os lados e finalmente algumas pessoas pareciam estar indo sentar ou subir para o segundo andar da boate – que me deu uma boa visão do local.

Até que finalmente meus olhos baterem nele.

Era alto – mas não tanto. Era magro e tinham dois caras ao seu lado com terno e gravata. Pisquei algumas vezes para tentar ver tudo bem melhor e então, seus olhos bateram nos meus. Eram tão impactantes, que eu já os tinha visto antes. Tinha uma calça roxa de seda e um terno fechado da mesma cor. Seus cabelos eram pretos e aparentemente ralos.

O homem fitou-me como se tivesse achado algo. Eu tentei analisa-lo melhor – já que ele estava bem longe de mim e aquelas luzes e pessoas não ajudavam. Senti outra pessoa quase me jogar para frente e então uma outra mão não me deixar cair.

Olhei atordoada e Dimitri estava lá.

— Achei que tinha te perdido. – disse ele. Eu pisquei algumas vezes e sorri.

— Eu já sei voltar para casa. – murmurei.

— Tá. – disse ele, entrelaçando nossas mãos. – Mas eu preciso ser a pessoa que te levará. Vamos.

Dimitri começou a me puxar, pedindo gentilmente para que as pessoas o dessem licença. Eu caminhei com ele, tentando voltar meu olhar ao foco anterior – mas não tinha ninguém lá. Apenas um espaço vazio perto da saída de emergência.

                                                          ***

Lissa gargalhou novamente.

— Tudo bem. – disse Cristian. – Vou querer saber por qual motivo está aqui, Belikov?

Eu sorri.

— Acho que ele está aqui para consegui uma namorada. – disse Lissa, enquanto terminava seu segundo refrigerante.

Nós estávamos sentados no sofá há meia hora discutindo coisas idiotas. O som era abafado naquele lugar – o que nos permitia conversar sem gritar. Dimitri pegou seu suco de abacaxi com um limão na borda do corpo e bebericou.

— Tudo culpa da Rose.

Todos riram.

— Vai lá, Rose. – disse Cristian. – Faça sua mágica.

— Ok. – murmurei, ajeitando-me ao sofá. Eu e Dimitri estávamos no sofá de frente para Lissa e Cristian. Mordi a boca e olhei para os caras em volta de todos nós. Dimitri pareceu desconfortável por alguns segundos e então, sorriu fraco. Avistei o cara loiro que esbarrou em mim, antes que eu visse aquele homem perto da saída de emergência. Eu sorri. – Aquele.

Todos olharam o garoto loiro. Ele estava sentado no bar sozinho, provavelmente bebendo enquanto os casais de amigos dançavam. Parecia estar tentando esquecer algum problema – que ainda não queria larga-lo. Ele era quase da mesma altura que Dimitri e tinha uma barba por fazer que lhe dava um charme especial. Era magro e tinha um braço musculoso – mas não tão musculoso. Eu sorri.

— Pronto para os ensinamentos? – perguntei para Dimitri. Ele engoliu a seco.

— Prontos para ver a Rose levando um toco? – perguntou Cristian. Eu rolei os olhos e levantei-me.

— Espere e verás, meu caro. – murmurei, ganhando sorrisos de Dimitri e Lissa.

Caminhei para longe deles, e fui em direção ao bar. O menino já estava com seu pedido em mãos, bebericando-o. Eu pigarrei, mas não ao ponto de chamar a atenção dele e sentei-me na banqueta ao lado. O som também estava razoável naquela área, então ainda conseguiríamos ouvir um ao outro.

O garçom virou-se para mim, ainda secando um dos copos e sorriu. Ele era baixinho e com os cabelos curtos e negos. Seus olhos eram castanhos e seu sorriso simpático. Eu sorri de volta.

— Um refrigerante, por favor. – pedi. O garçom, prontamente começou o meu pedido. Senti os olhos do garoto em mim e sorri, virando-me para ele. – Hey, você não esbarrou em mim? – perguntei, sorrindo. Ele sorriu também, colocando sua bebida no balcão.

— Sim. – disse ele. – Me desculpe por aquilo, eu estava tentando acompanhar meus amigos e eles estavam animadinhos.

Eu sorri.

— Tudo bem. – murmurei, sorrindo para ele. – Sou Rose. – estendi minha mão para ele e sorri.

Ele fez o mesmo comigo, apertando minha mão.

— August.

— Então..., você está aqui por amor ou trabalho?

Ele levantou o cenho para mim.

— O que acha? – perguntou, fitando-me. Eu mordi a boca por alguns segundos e acenei para o garçom que serviu minha bebida.

— Amor. – falei, bebericando a cuba.

Ele fechou os olhos por um tempo e assentiu devagar.

— Me diz, August. – murmurei, cruzando os braços em cima do balcão. – Porque vocês têm a irritante mania de terminar um namoro e vir para a balada e provar que estão muito bem, quando na verdade, ficam brincando com o copo cheio de uma bebida que vai te fazer ir ao meu trabalho, me dar trabalho?

August arregalou seus olhos para mim por longos segundos – até que finalmente caiu na gargalhada e largou seu corpo. O garoto mordeu a boca e olhou-me como se estivesse impressionado com alguma coisa pela primeira vez na vida.

— Você é policial?

— Médica. – disse ela. – Sou o que te faz receber glicose nesse lindo bracinho, caso exagere nesse drink.

Ele sorriu novamente.

— Sinceramente não sei como responder sua pergunta. – disse ele, cruzando os braços em cima do balcão, como os meus. – Mas eu quero seu telefone.

Eu fitei-o por algum tempo e então, abri um sorriso sem controle. Encaramo-nos por segundos e então eu peguei um dos guardanapos em cima do balcão, escrevendo meu nome e meu número, depois do garçom me emprestar uma caneta preta.

Eu poderia falar que meu nome era Leticia e meu número era da China, mas por algum motivo eu quis escrever tudo da forma correta. Naquele pouco tempo do seu olhar delicado e charmoso, eu esqueci o que eu quase fiz antes de Lissa me gritar.

Será que eu beijaria Dimitri? Será que ele me beijaria? Será que eu estava no caminho certo?

Eu costumava conhecer bem meus sentimentos e ser dona de mim. Mas quando se tratava de Dimitri – eu era uma adolescente indecisa. Eu não tinha uma comunicação e por ele ter topado vir hoje – era bem provável que ele não sentisse a mesma coisa.

Só que, pareceu tão real antes de Lissa chegar.

Entreguei meu número para ele e sorri, pegando meu refrigerante. Ele sorriu para mim, apertando o guardanapo em sua mão e tive uma leve impressão, que ele me acompanhou até o meu lugar inicial.

Cristian olhou para mim, com uma expressão espantada e eu sorri – colocando minha bebida em cima da mesinha de centro que nos separava.

— Eu disse que eu conseguia tudo que queria. – falei, jogando-me ao lado de Dimitri.

Ele sorriu para mim.

— Tenho que fazer igual? – perguntou ele, fitando-me.

— Tem que fazer melhor.

— Aquela mulher é bonita. – disse Lissa, apontando para uma garota perto da escada para o segundo andar. Eu assenti.

— Sim. – disse para ele. A garota tinha cabelos longos e loiros, mas eu ainda não conseguia ver seus olhos, pareciam ser claros. Ela tinha uma saia lápis preta e uma blusa social branca, um pouco aberta.

— Belas pernas. – disse Lissa. Cristian sorriu.

— O que eu tenho que fazer? – perguntou Dimitri, aparentemente nervoso.

— Ela está indo para o bar com as amigas. – disse Cristian, analisando a situação.

Eu fitei-as e sorri.

— Vai lá, camarada. – falei. – Seja simpático, atraente e nada grudento.

Dimitri sorriu fraco e levantou-se. Ele caminhou lentamente para a moça sem olhar para trás. Parou no balcão como eu e pediu algo para o garçom – mas assim que fez isso chamou atenção. Ele tinha um cheiro de pós-barba irresistível que eu conseguia sentir de longe, um olhar chocolate que conseguia ler sua alma e aquele jeito calado que fazia com que qualquer mulher sentisse desejo de decifrar.

Ela sorriu para ela e em poucos minutos ele se sentou na banqueta e já começaram a conversar. Cristian arfou, e jogou-se para trás no sofá.

— Tudo para ele é fácil. – disse Cristian. – De atirar em um cara em movimento, à conquistar alguém em uma balada.

Lissa sorriu, ainda analisando a situação.

Eu senti meu coração apertar-se novamente. Claro, eu não sabia o que era isso e também, não queria descobrir. Mas vê-lo sorrir para outra pessoa que não era eu, me incomodou um pouco. Talvez seja porque tenho ciúme dos meus amigos, ou porque se Lissa não nos tivesse chamado, eu teria beijado meu amigo.

Olhei novamente para a cena e Dimitri já estava sendo apresentado, a outra pessoa. Uma garota loira deu dois beijinhos em Dimitri, que ainda permanecia sentado e agora, com as mãos em sua cintura de modo educado.

Ele sorriu para a garota e começou a trocar algumas palavras. Eu mordi a minha boca, pegando minha bebida para bebericar. Olhei para Cristian e levantei o cenho. Ele tinha um olhar divertido para mim.

— Se queria ensinar a ele como conquistar uma garota, poderia começar com você mesma.

— Não sei do que está falando. – resmunguei, brincando com o canudo.

— Sabe sim. – disse Lissa. Eu rolei os olhos, enquanto sentia a batida abafada da música fazer com que todos ao nosso redor dançassem.

Respirei pesadamente e dirigi meu olhar novamente para a saída de emergência. Ainda não tinha ninguém – não mais. Mordi minha boca, enquanto tentava me convencer que poderia ser uma miragem.

Fiquei tão perdida em meus devaneios que nem percebi Dimitri chegando perto de mim. Eu sorri para ele.

— Tudo bem? – perguntei, tentando parecer totalmente interessada.

Cristian levantou-se antes que Dimitri pudesse responder e tinha uma Lissa animada seguindo os passos dele.

— Vamos dançar. – disse Lissa, empurrando-o. Ela pulava como uma criança.

Enquanto eles se afastavam, Dimitri tomou seu lugar e sentou-se de frente para mim, analisando-me. Ele tinha um olhar aparentemente culpado, o que me fez sorrir e colocar minha bebida em cima da mesa.

— Algo errado? – perguntou ele.

— Não. – menti. – Então, como foi?

— Bom... – começou, encostando-se ao sofá. – Ela é advogada, inteligente e muito bem casada.

Eu levantei o cenho e logo em seguida, gargalhei. Eu sorri. Senti meu coração se aliviar e a expressão de Dimitri finalmente parecer divertida naquela noite. Ele pigarreou.

— E a outra loira? – perguntei.

— Ela é arquiteta, inteligente e temos um encontro na sexta que vem. – disse ele. Eu mordi a boca, enquanto meu coração se apertava. – O nome dela é Katherine.

— Bonito nome. – murmurei, sentindo seu olhar sobre mim. Ele me avaliava como se eu fosse um dos seus suspeitos.

— Sim. – disse ele, fitando-me. – Você também tem um à vista, não tem? Quero dizer, um encontro!

— Sim. – falei, enquanto assentia. Mordia boca depois de um tempo em silencio e Dimitri finalmente respirou.

Nós nos encaramos por um bom tempo e nos pegamos de novo naquele transe da dança, até uma garota tropeçar ao nosso lado. Dimitri piscou sem entender muita coisa e eu também não entendi.

Quando se tratava no meu mais novo melhor amigo, eu não entendia nada.

                                                              ***

— Você tem certeza que vai ficar bem? – perguntou Lissa. Eu sorri e beijei sua bochecha.

— Vou sim. – disse Lissa. – Pode dormir com o Cristian hoje.

— Ta bom. – Lissa me abraçou e eu tentei fazer o mesmo enquanto segurava meus sapatos.

Cristian cumprimentou a mim e a Dimitri com a cabeça e entrou no elevador com Lissa. Eu respirei fundo e senti o cheiro de pós barba de Dimitri ainda mais forte. Ele parou ao meu lado e sorriu fraco.

— Quer comer alguma coisa? – perguntou.

— Isso você nem precisa perguntar. – falei. Dimitri sorriu e nós caminhamos até a escada do prédio.

Conversamos um pouquinho sobre a noite, mas como era só um lance de escada por ele morar no primeiro andar, nem prolongamos muito. Dimitri abriu a porta para mim e andamos no corredor até seu apartamento.

Ele ascendeu às luzes perto da porta e trancou a porta em seguida. Eu caminhei até seu sofá – que era um velho amigo para mim e me joguei nele. Dimitri foi direto para o corredor que dava ao seu quarto e foi quando eu percebi que nunca tinha estado nele.

Ele não demorou muito lá, o que me fez parar de pensar nisso. Dimitri secava suas mãos e logo em seguida arregaçou as mangas da blusa. Ele começou a colocar alguns ingredientes em cima da pia e eu levantei-me, ainda descalça.

— Quer ajuda? – perguntei. Dimitri parou no caminho de pegar a saladeira e fitou-me de forma séria.

— Você sabe cozinhar? – perguntou.

Eu bufei.

— Claro que não. – falei. – Perguntei no sentido de um apoio moral.

Dimitri gargalhou.

— Levando em consideração que você me fez conseguir um encontro de verdade. – disse ele, voltando a concentrar-se na comida. – Você pode dar o apoio que quiser.

— Ótimo. – falei, sorrindo, ainda ao seu lado.

— Você pode limpar a mesa? – perguntou ele. – Não vai demorar aqui.

— Posso. – falei.

Caminhei até a mesa de Dimitri e percebi vários recortes e arquivos. Não demorou, para que eu identificasse meu nome e sobrenome neles.

Eu respirei fundo e peguei uma foto da minha mãe. Se ele conhecesse Dimitri – pela primeira vez na vida – ia me mandar agarrar ele e não soltar mais.

— Ainda sobre meu caso? – perguntei, analisando os outros arquivos.

Olhei para Dimitri e ele caminhou até mim com a salada já pronta. Ele colocou-a em um espaço da mesa sem arquivos e assentiu. Dimitri parou ao meu lado – e se eu não estivesse tão perdida em pensamentos, ia sentir o efeito de ele estar tão perto.

— Sim. – disse ele. – Estava tentando achar alguma coisa que te ligasse a um irmão ou ao Abe Mazur.

— Achou? – perguntei, analisando as fotos.

— Nada, Roza. – disse ele, fitando-me. – Sinto muito.

— Tá tudo bem, camarada. – falei, fitando-o. Seu rosto estava bem próximo ao meu. – Eu acho mesmo uma boa ideia ir até Montana, sabe.

— Diz, mudar-se para lá?

— Não. – corrigi-o. – Talvez um fim de semana, quem sabe. Quero perguntar aos pais da Lissa se eles sabem de algo, eles me ajudaram a vida toda com a minha mãe. Devem saber de algo que eu não sei.

— E quando irá? – perguntou, sério.

— Talvez em uma próxima folga. – disse para ele. – O que eu mais tenho é hora extra.

Ele sorriu, fraco.

— Quer alguém? – perguntou, fitando-me. Eu mordi a boca para ele. – Digo, para ir contigo.

Eu sorri, percebendo novamente a proximidade dos nossos rostos.

— Eu adoraria. – murmurei. Dimitri sorriu.

Meu coração acelerou novamente. Dessa vez ele nem precisou me tocar para passar aquela eletricidade boa que corria pelo meu corpo e me deixava arrepiada. Dimitri não desviou os olhos do meu nem por um segundo, e eu estava relutando para conseguir tentar.

Em uma piscada dele, eu consegui respirar fundo e olhar para algum lugar que não fosse os olhos chocolates. Então, meu olhar bateu em uma das fotos, escondidas por uma pasta de arquivo.

Puxei aquela foto, desviando a atenção de Dimitri de mim e analisei-a. Dimitri fez o mesmo que eu – mas eu já tinha visto aquele homem antes.

Era o homem da boate.

Ele tinha uma calça verde oliva na foto e uma blusa branca de botão e babado. Sapatos pretos brilhantes e dois seguranças que eu não consegui ver direito na foto – mas que eu reconhecia em qualquer lugar. Ele tinha a mesma cor que a minha, os mesmo olhos e provavelmente o mesmo sangue.

Olhei para Dimitri – que parecia confuso.

— Eu acho que não vou precisar ir até Montana. – falei. – Quem é ele?

— Ibrahim Mazur, Rose. – disse ele. – Conhecido como Abe. Eu achei um velho cheque que foi destinado a sua mãe, assinado por ele.

Senti meu coração pedindo para sair pela boca.

— Dimitri. – falei. – Eu o vi hoje.

— Quando? – perguntou Dimitri, aparentemente nervoso.

— Quando Lissa nos chamou. – falei, apertando a foto contra meus dedos. Dimitri parecia pasmo. – Ele tá aqui, Dimitri. – falei, eufórica. – E ele está atrás de mim.


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Notas finais do capítulo

ENQUETE PARA O BÔNUS

1 - Rose fica cara a cara com seu irmão
2 - Lissa e Cristian anunciam algo importante
3 - Dimitri sente ciúmes de Rose

*Só duas são válidas*
*TEREMOS SURPRESA*

XOXO



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