São Francisco escrita por Dri Viana


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Aproveitando esse domingão pra postar capítulo novo.



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Passava das dez da manhã quando Sara e eu chegamos à praia. E pude comprovar o que minha namorada disse ontem a respeito do movimento do lugar. Ali estava com bastante gente. A praia tranquila de ontem era inexistente mesmo hoje. O que se via ali era gente e mais gente pela faixa de areia da praia e raríssimas na água. O que eu achei estranho.

Perguntei a razão disso a Sara e ela explicou que a água da praia é fria e poucas pessoas se arriscam a entrar lá.

Nós então caminhamos um pouco à procura de um bom lugar pra ficarmos acomodados quando de repente, vimos um sujeito acenar na nossa direção.

—Você conhece?

—Claro que conheço. Vem!

Era óbvio que ela devia conhecer mesmo!

Seguimos até o sujeito que se encontrava acomodado em uma cadeira de praia colorida sob a sombra de um guarda-sol.

Ao chegarmos no cara vi Sara abraçá-lo enquanto dizia que mal podia acreditar que ele tivesse largado o consultório pra curtir uma praia. O cara que até então eu não fazia ideia de quem fosse, caiu na risada do comentário da minha namorada. Depois desfazendo o abraço com Sara o sujeito lhe disse que a culpa dele estar ali era de uma tal de Alícia. Ela segundo as palavras dele: "O arrastou para a praia"!

Os dois ainda falaram dessa tal Alícia que pelo que entendi tava viajando pra Vancouver e segundo o estranho que eu seguia sem saber quem era, essa Alícia tinha voltado ontem desse ​lugar.

Quieto e calado atrás de Sara, eu apenas observava minha namorada e o sujeito de nome Maurice trocarem mais alguns palavras até Sara virar-se pra mim e tratar de fazer as devidas apresentações entre mim e o sujeito que eu só sabia o nome, mas não sabia quem ele era pra Sara. Se bem que o nome dele não me era estranho.

—Maurice deixa eu te apresentar uma pessoa. Esse aqui é o Grissom, o meu namorado de Las Vegas. Gil, esse o Maurice, o meu terapeuta maluco.

Ah, então aquele era o médico dela?! Ele parecia jovem demais. Acho que não devia passar dos vinte e sete anos.

—E aí, cara?! Enfim conheço o famoso namorado dessa garota chata.

—Famoso? - Lancei um rápido olhar a Sara enquanto apertava a mão que Maurice me estendeu em sinal de cumprimento.

—Não dá ouvidos pra ele, Grissom. Maurice é muito cheio de graça.

O tal Maurice abriu um sorriso.

—Não sou não. E quer saber, Grissom? Você é sim, famoso. Pelo menos pra mim. Porque o que eu já ouvi falar de você, cara, nesses meses e dessa garota... - Ele apontou pra Sara e eu a olhei. Minha namorada revirou os olhos em desagrado e suspeito que isso foi por causa do seu médico. _... Acho até que já te conheço de anos.

—Mesmo?... Ela falou tanto assim de mim?

—Um bocado durante as nossas "conversas" ao longo desses meses.

Eu estava surpreso com essa revelação. Não achei que ela falasse tanto de mim pro médico dela.

—Sério isso? - Olhei pra Sara à espera de uma confirmação sua. Eu sabia que ela não ia admitir aquilo, mas não custava nada tentar fazê-la responder.

—Ele tá exagerando, Grissom. Não falei tanto assim. Maurice pára de "Dá Ibope" pro Grissom dizendo que eu fiquei falando tanto assim dele, senão esse chato vai ficar se achando a última coca-cola do deserto.

Maurice caiu na risada e eu apenas espichei os lábios em um sorriso. Não importava se ela não admitisse, eu tava feliz pelo simples fato de saber que ela tinha falado de mim pro médico dela. Se foi um bocado de vezes ou poucas vezes, não fazia diferença alguma. Ao menos, ela falou de mim!

Uma mulher loira, alta, curvilínea e muito bonita chegou ali e ao ver minha namorada cumprimentou-a prontamente. Em seguida, Sara me apresentou a moça. Ela era a tal Alícia, namorada de Maurice.

Com um sorriso amável, a mulher me cumprimentou. Depois ela nos convidou a ficar ali com ela e Maurice. Sara olhou pra mim e perguntou se tudo bem a gente ficar com eles. Eu concordei. Maurice e a namorada me pareciam pessoas agradáveis.

E um tempo depois de conversa com eles, eu chegava a conclusão de que eles não somente pareciam pessoas agradáveis, na verdade, eles ERAM pessoas agradáveis e divertidas, principalmente o Maurice.

Ele nem de longe aparentava ser um médico terapeuta. Não era nenhum pouco sério. Muito pelo contrário, ele era um maluco e sem noção.

Sara contou que o consultório dele mais parecia um estúdio de rock n'roll do que propriamente um consultório. Segundo minha namorada nas paredes haviam várias guitarras e quadros de bandas penduradas. E as sessões de terapia eram ao som de música, isso é claro se fosse do acordo do paciente.

Tentei imaginar uma consulta assim e ela me pareceu tão louca quanto o médico sentado à minha frente.

Maurice nos confidenciou que essa sua inovadora "metodologia" inventada por ele mesmo pra atender seus pacientes foi taxada no começo como maluca, mas depois ela foi ganhando os pacientes. E hoje, segundo ele, não tem um paciente que não curta fazer suas sessões ao som de um bom rock n'roll leve ou pesado. Isso vai do gosto do paciente.

Eu então o indaguei o porquê de ser rock n'roll. Ele contou que adora rock desde de pequeno. Inclusive, na adolescência ele teve uma banda de garagem, mas esta não foi pra frente. Ficou somente na garagem mesmo!

—E você tocava o quê?

—Guitarra é claro!

—Eu adoraria ter conhecido o Maurice dessa época.

—Ah, você não ia adorar não, Alícia. Eu era esquisito. Usava só preto. Tinham um cabelão e não falava lé com cré.

—Nada muito diferente de hoje em dia, né Maurice?

Minha namorada provocou seu médico e nós quatro ali caímos na risada disso.

—Os cabelos não são mais grandes como naquela época. - Confessou Maurice entre risos.

Depois a conversa rumou pra outros assuntos sempre em clima divertido e regado a mútuas provações entre Sara e seu médico.

Começo a entender porque Maurice e ela se deram tão bem assim. Aqueles dois tinham muito em comum e era visível a relação de amizade entre eles. Eles nem de longe aparentavam ser médico e paciente, e sim dois amigos. Ou melhor, um irmão mais velho e a irmã mais nova.

—Esse seu médico é pirado. - Comentei com Sara enquanto observávamos da areia Maurice e Alícia na água. O médico imitava um zumbi e sua namorada caia na risada dele e suas loucuras.

—Pirado é apelido. Ele é louco de pedra.

Sorri.

—Acho que é por isso que vocês se dão tão bem, não é?

Ela me olhou com seu costumeiro olhar assassino, o qual já não me assustava mais há tempos.

Eu sorri e não resisti em lhe roubar um beijo.

—Você não era dado a esses comentários "graciosos" quando te conheci, Grissom!

—Vamos dizer que a convivência com você me fez pegar o time disso.

—Sem graça!

—Posso até ser sem graça, mas a verdade é que você gosta MUITO do sem graça aqui.

Sara inevitavelmente gargalhou das minhas palavras.

—Qual é a graça já?

—Grissom além de sem graça você agora ficou convencido, foi?

Ambos caímos na risada juntos e depois por iniciativa minha, trocamos um beijo demorado seguido de mais alguns curtos beijos.

Ficamos vendo Maurice e Alícia na água. Não demorou mais que alguns minutos e os dois retornaram e se juntaram à nos.

Com eles de volta, eu resolvi aproveitar para convidar minha namorada pra gente dar um mergulho juntos.

—Vamos entrar na água, Sara? - Propus ficando de pé diante de Sara enquanto me livrava da camiseta.

—Ai, Grissom! Essa água é fria!

—Até que ela não tá tão fria assim hoje, Sara. - Alícia comentou e eu a agradeci mentalmente pelo incentivo.

—Viu só? - Comentei me livrando do short e ficando só com minha sunga azul clara.

—Ah, não! Vamos ficar aqui, sentadinho de papo com Maurice e Alícia.

—Eu quero entrar na água, Sara. - Agachei na frente de Sara repousando minhas mãos em seus joelhos.

—Mas eu não quero, Grissom. Vai sozinho então. - Ela me deu dois tapinhas de leve no rosto.

—Eu não quero ir sozinho. - Protestei. Eu queria que ela me acompanhasse pra gente ficar um pouco sozinho e namorar na água. Mas pelo visto, Sara não parecia compartilhar disso. Resolvi provocá-la, quem sabe assim, surtisse mais efeito. _Olha que eu arranjo outra companhia pra entrar comigo na água. - Sorri de maneira cínica e sórdida pra ela.

Sara me olhou séria. E notei Maurice e Alícia nos encarando com divertimento.

—Você não é nem louco!

Sorri. Realmente eu não era mesmo.

Quando ia lhe dizer isso e tentar mais uma vez convencê-la a me acompanhar num mergulho, escuto meu nome reverberar atrás de mim. Viro meu tronco e quem eu vejo?

Jessie!


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Notas finais do capítulo

A amiga que Gil fez durante a viagem tá de volta. Prevejo certa "garota insuportável" com ciúmes de seu "quatro olhos" . Kkkk

Beijos.

E até o próximo post.



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