Demônios do Sol Nascente escrita por RickyBalboa


Capítulo 3
Capítulo 3 - Hibernação




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Brasil, São Paulo, Colégio Elite, Seis meses depois da saída de Miguel.

Chumbinho esperava por seus amigos dentro do forro do vestiário do Colégio Elite. Havia acabado de convocar uma reunião. Queria pensar a respeito do seu legado como líder dos Karas, e do que Miguel tinha feito pela organização em pouco mais de cinco anos.

Há cinco anos, ser o novo líder dos Karas era uma coisa que só aconteceria em seus sonhos mais malucos. Ter aventuras junto com o seu grupo de amigos, aventuras que faziam tremer os adultos mais valentes, era o seu maior combustível vital.

Mas em seis meses, haviam acontecido muitas coisas que estavam fazendo Chumbinho refletir se a organização estava no rumo certo. E uma recapitulação do que acontecera neste período seria ideal para ajudá-lo a saber, se devia tomar uma decisão que há muito tempo seria impensável para ele.

Nisso, três figuras familiares entram pelo forro.

– Camaradas! Que bom que vocês chegaram. – disse Chumbinho

– É difícil acreditar que você está suportando esse encargo. – falou Calú – Nada mal para alguém que tinha um temperamento problemático como o seu.

– Calú, não é hora desses comentários. – repreendeu Crânio – Se o Miguel escolheu o Chumbinho para ser o nosso líder, devemos confiar que ele vai dar conta do recado. É só ele terminar de se adaptar.

– Não quis ofender ninguém. – replicou Calú – Eu só estava comentando. Faz tempo que eu não falo com o Miguel. Desde que ele saiu da organização, ele faz trajeto de nerd, escola-casa. Alguém aqui conseguiu falar com ele?

– Eu também não consegui. – respondeu Magrí – Chumbinho, você sabe como o Miguel está passando?

– Com ferro, é claro! – disse Chumbinho – Se é a vapor ou a seco eu não sei.

– HAHAHAHAHA! – Magrí ria com a piada – Chumbinho, você não mudou nada! Aiai.

– Obrigado Magrí. – agradeceu Chumbinho – piadas à parte, eu vou revelar o assunto da reunião de hoje. Eu gostaria de um relatório das duas últimas missões que o grupo teve depois que o Miguel deixou a organização. Calú, você poderia nos fazer um resumo dessas últimas missões?

– Mas é claro, Kara! – concordou Calú – Há quatro meses atrás, o Colégio Elite deu pela falta de uma das suas alunas, que não aparecia fazia duas semanas na época. O Chumbinho convocou uma reunião a respeito para que o grupo entrasse no caso. Eu discordei inicialmente, dizendo que isso era trabalho da polícia, mas Magrí e Crânio discordaram do meu ponto de vista, replicando que poderia haver algo mais sinistro por trás do desaparecimento da garota, e que eu havia errado feio da última vez que eu havia dito isto, no caso do Pântano de Sangue, quando o Professor Elias desapareceu misteriosamente no Pantanal. Como as decisões no grupo precisam ser unânimes, eu votei sim para o grupo aceitar a missão.

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– Estou me lembrando desse caso. – lembrou Magrí – Quando fomos ao Pantanal investigar, descobrimos que o Professor Elias havia sido brutalmente assassinado por testemunhar o ouro da Máfia Siciliana sendo transformado em uma carcaça de um avião da Segunda Guerra, em uma operação de lavagem de dinheiro orquestrada por Matilde Bellini, tia de Crânio, e ex-esposa do falecido Don Victor Bellini, o maior capomafioso do mundo.

– Eu ainda lembro como se fosse ontem. – lembrou Crânio – Depois de ser desmascarada, a safada fugiu a bordo de um helicóptero, e o pilotou até a gasolina acabar, e o helicóptero caiu em algum lugar do Oceano Pacífico. Nunca encontraram o corpo dela, ou destroços do helicóptero.

– Voltando ao caso anterior. – falou Calú – Seguimos os rastros da garota desaparecida, e descobrimos que ela estava em um casarão abandonado, sendo mantida refém por seu ex-namorado, que estava inconformado com o fim do relacionamento. Denunciamos o marginal à polícia, na esperança de resolver o caso, mas a polícia não conduziu as negociações como deveria, e o meliante atirou na cabeça da ex antes de se matar. Trágico! Realmente trágico!

– Fui eu que tive a idéia de chamar a polícia. – lembrou Crânio – Agora vejo que se a gente desse um jeito de distrair o criminoso, o final do caso teria sido diferente.

– Agora vamos ao nosso último caso. – disse Calú – Foi noticiado nas revistas de fofoca o desaparecimento da filha de um poderoso magnata da cidade de São Paulo. Chumbinho convocou outra reunião para que o grupo entrasse no caso. Eu novamente disse que isso era trabalho da polícia, mas Magrí e Crânio novamente não me deram crédito, dizendo que Chumbinho precisava de experiência como líder do grupo, e a missão parecia perfeita. Eu novamente me conformei com a opinião dos meus camaradas. As pistas do carro roubado do magnata nos levaram a descobrir que os seqüestradores haviam levado a garota errada por engano. A verdadeira herdeira estava no hospital de uma cidade distante, por causa de uma bebedeira. O líder dos bandidos não queria apenas o dinheiro, mas queria vingança contra o velho magnata, por julgar que seus negócios destruíram a cidade interiorana onde ele viveu e mantinha a garota em cativeiro. O esconderijo deles era a igreja abandonada da cidade, na qual vivia um mendigo portador de Síndrome de Down, e corcunda. Denunciamos todos, inclusive o corcunda, achando que ele era outro capanga. Mas não sabíamos que o líder dos bandidos se aproveitou da antiga amizade que existiu entre eles quando ambos foram coroinhas da igreja, para persuadi-lo a vigiar a garota. Na primeira chance, ela abriu os olhos dele para o que acontecia. Quando o chefe tentou estuprá-la, o corcunda o agarrou por trás e o jogou no chão. Ele matou o capanga gordo com um abraço esmagador, e matou seu ex-amigo, jogando-o da janela da igreja, após ter recebido dois cortes de espada. O capanga fortão morreu crivado de balas assim que a polícia estourou o cativeiro. O corcunda saiu pela janela, e deixou a garota em um lugar seguro, antes de receber várias rajadas de tiros da polícia. A garota não se conforma com a morte dele até hoje.

– Obrigado pelo relatório. – disse Chumbinho.

– Se me permite... – disse Calú - ...Vou expressar minha opinião. Chumbinho, foi por sua falta de discernimento que estas pessoas inocentes morreram. Não sei se os membros do grupo se lembram, mas antes do Miguel sair do grupo, ele deixou um importante legado que deveria ser seguido pelo próximo líder. E esse legado era: Nenhum inocente morreu em uma missão dos Karas enquanto ele esteve no comando. Ele conseguia levar os criminosos à Justiça sem derramamentos de sangue. E no comando do Chumbinho, dois inocentes pagaram por erros infantis nossos. Chumbinho, só quero te dar um toque. Você precisa melhorar o seu estilo de liderança. Até agora você só nos fez passar vergonha perante nós mesmos, com missões que eram encargo de policiais comuns.

– Calú! – gritou Magrí – Você tá sendo rude demais com ele!

– Deixa, Magrí! – disse Chumbinho – Como eu ia dizendo, eu queria esses relatórios justamente para repensar meu estilo de liderança, e para me ajudar a tomar uma decisão que eu queria propor desde a última missão.

– E o que gostaria de propor? – perguntou Crânio

– Eu gostaria de propor que os Karas entrem em estado de hibernação.

– O QUÊ? – perguntou uma Magrí surpresa

– Isso mesmo. Quero propor uma hibernação ao grupo.

– Kara, desculpa se fui rude demais, mas não precisa chegar a esse ponto. – se espantou Calú – Eu só queria te ajudar a liderar melhor o grupo. Você não pode desistir apenas por causa de algumas falhas. O Miguel confiou em você para manter o grupo vivo!

– Eu não estou desistindo de manter o grupo vivo, Calú. – respondeu Chumbinho – apenas estou fazendo uma retirada estratégica.

– O que você quer dizer? – perguntou Crânio

– Crânio, você sabe que os ursos não hibernam no inverno apenas pelo sono. – falou Chumbinho

– Sim, eu sei.

– No inverno, há pouca reserva disponível para um urso se alimentar, por isso eles se empanturram no verão para agüentar o longo período sem comida.

– Estou começando a entender.

– O grupo está passando por um terrível inverno. Não há missões dignas de nós no mercado, e eu não estou conseguindo seguir o legado do Miguel. Por isso eu proponho a hibernação. Será muito melhor deixar o grupo inativo até acharmos uma missão que seja digna de nós, do que ficar agindo como quebra-galhos da polícia por tempo indeterminado.

– Bom, eu entendi. – disse Magrí.

– Karas, a decisão tem que ser unânime. Vocês votam a favor ou contra o estado de hibernação?

Ainda que muito relutantemente, após dez minutos de reunião, eles decidiram.

– Nós votamos pelo SIM, Chumbinho. Disse Crânio

– Ótimo. Então declaro encerrada a reunião. – falou Chumbinho - Não considero isso um adeus, mas um até logo. Garanto que a hibernação durará pouco tempo.

– Espero estarmos fazendo a coisa certa. – disse Magrí

– Eu também. – completou Crânio

– Chumbinho. – chamou Calú – quero falar com você em particular.

Magrí e Crânio saem do esconderijo. Calú e Chumbinho ficam.

Calú começa a expor o último assunto pendente:

– Chumbinho, eu queria falar com você. É sobre seis meses atrás.

– E o que seria o assunto.

– Eu não te contei antes porque eu queria ver como você tocaria o grupo, mas quando o Miguel te deixou como o líder, eu naturalmente contei para a Peggy. Ela de início achou que fosse brincadeira minha, mas depois, ela te desejou toda a sorte do mundo como o chefe do grupo. A Peggy estima muito você, Kara. Agora nem sei como vou contar a ela da sua decisão mais recente. Ela vai ficar decepcionada.

– Então nem conte a ela. Até porque a hibernação nem vai durar muito. Logo, logo, aparece mais uma missão daquelas bem dignas. Pode ter certeza disso.

– Obrigado Kara. Valeu! A gente se vê por aí.

– Boa sorte, Kara!

Eles são os últimos a sair do esconderijo. Todos os Karas estão meditando sobre as missões que tiveram como membros da organização, e se lembram da decisão que acabaram de tomar, e perguntam a si mesmos: será que eles fizeram a escolha certa?

_____ X _____ X _____ X _____ X ______ X ______

Brasil, São Paulo, Tempo Presente.

Chumbinho está no seu quarto. Desligando seu videogame após duas horas jogando. Não estava conseguindo se concentrar no jogo, pois estava pensando de novo em Natália, a bela ginasta que constantemente invade sua mente. Ele estava elaborando um esquema para conquistá-la quando ele recebeu essa mensagem de texto de alguém muito familiar...

OMOSGÔLCAI MÍXAMI

KESER, TSOCARE DI IJUDI DO PEDER VECÔR! MO OLCELPSOM LE HERTAPIN DI TENÁCAI FODOSIN E MIAR SÍTADE QUO TUDOSOM!

MAGUON

Anexo1. K.jpg

Chumbinho ficou feliz pelo amigo, Miguel, ter dado notícias, ainda que ruins, depois de seis meses de reclusão. Mas o que Miguel poderia estar querendo depois de todo esse tempo? Para descobrir, precisaria usar o código TENIS-POLAR.

A mensagem ficaria assim:

EMERGÊNCIA MÁXIMA

KARAS, PRECISO DA AJUDA DE TODOS VOCÊS! ME ENCONTREM NO HOSPITAL DA POLÍCIA FEDERAL O MAIS RÁPIDO QUE PUDEREM!

MIGUEL

Anexo1. K.jpg

Chumbinho abriu o anexo que veio junto com a mensagem que veio em seu celular, e se horrorizou com o que viu.

Era um K escrito na mão de Miguel.

Escrito com seu próprio sangue!

E ele sabia muito bem que um K escrito em sangue, na linguagem dos Karas, significava morte. Chumbinho teria de ser rápido em passar a mensagem aos seus amigos, pois pressentia que não tinha nenhum tempo a perder.

O que será que tinha acontecido com Miguel?


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Notas finais do capítulo

Se quiserem o capítulo 4, vocês já sabem, né?
Uma Review não faz mal a ninguém, mas faz um bem
danado ao autor.
Reviews ajudam o autor a dar um rumo à fic.
O Capítulo 4 está praticamente pronto na minha
mente. Uma review agora seria estupenda.



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