Prologo

Ele andava pelos corredores do hospital devagar, bebericando seu café com creme. Seu jaleco, impecavelmente branco. Em sua mão, exames de seus pacientes que ele olhava enquanto se dirigia a sua sala. Era cumprimentado por seus colegas de trabalhos e enfermeiras, que dirigiam a ele olhares de admiração genuína, que ocultavam certos desejos em relação ao homem.

Ele mantinha uma vida discreta. Sem escândalos, confusões ou aventuras. Gostava de calmaria e ter tudo sobre controle.

— Dia difícil Uchiha? – Pergunta um rapaz loiro.

— Muito Naruto.

Ele e Naruto eram amigos desde a faculdade. Se conheceram quando cursaram medicina e desde então são inseparáveis. Apesar deles terem personalidades totalmente diferentes, encontram um equilíbrio perfeito.

— Algo para mim? – pergunta o moreno olhando os papeis que trazia em mãos.

— A sim. Estes são os últimos exames da sua paciente. – ele lhe entrega os exames.

Pegando o papel, ele avalia superficialmente o conteúdo.

— Obrigado amigo.

Com essa deixa, se despede de Naruto e volta a ir em direção a sua sala.

— Disponha. Aliás você irá ao pub mais tarde não é? – grita o loiro do corredor.

— Talvez. – grita de volta, dando um sorriso de canto.

Chegando a sua sala, ele pede para sua secretaria sua agenda do dia. Entra e senta na sua cadeira, analisando os exames.

Fica feliz quando grande parte dos exames deram resultados leves, nenhuma doença grave. Mas o último exame, o qual seu amigo lhe entregara não trazia boas notícias. A tomografia cerebral mostrava uma mancha no cérebro, mais precisamente nos vasos sanguíneos.

Passando as mãos pelo rosto, ele olha para a tomografia durante longos minutos. O câncer já está em fase terminal, o que significa que qualquer chance de cura é reduzida para 1%. Pela primeira vez, ele perdeu o chão. Ele não podia fazer mais nada para reverter a situação e o mais aterrorizante de tudo, como ele iria dizer a ela que não a mais nada a fazer, apenas esperar a hora?

Ele não é muito religioso, mas se questionou do por que Deus colocou essas doenças no mundo. Se Ele morreu para nos salvar, então como ele tira a vida assim, de uma maneira tão cruel.

Ele tinha que dar a notícia a ela. Tinha que dizer que não a mais tempo, que ela teria com sorte 9 meses de vida antes do câncer a impedir de tudo. E o pior, ela tem apenas 20 anos.

Não podia esperar. Ele tinha de dizer a ela o mais rápido e gentil possível.

Com passos vagarosos, abriu a porta de sua sala e chamou sua secretaria.

— Hinata.

— Sim senhor Uchiha? – disse a morena de olhos perolados, olhando para ele com certo espanto. Sempre que ele a chamava pelo nome era sinal de maus presságios.

— Ligue a para a senhorita Haruno e diga para ela vir ao consultório hoje. – disse .

— Claro senhor. Qual horário?

— Qualquer um que ela estiver disponível.

Hinata se espanta ainda mais. Em todos esses anos em que trabalha para o senhor Uchiha, ele nunca deixou que seus pacientes escolhessem o horário para a consulta. Na verdade, os pacientes esperavam meses só para serem atendidos por ele.

— Tudo bem senhor. – sua voz sai tremula e apesar de seus esforços para não deixar transparecer nada, ele percebe.

— Obrigado. – diz fechando a porta e a deixando sozinha.

A secretaria abriu sua agenda, procurando o número da senhorita Haruno com o coração apertado.

— Pobre moça. – dizia para si mesma enquanto ligava. Ela sabia que não era boa coisa. Por mais talentoso que o Uchiha fosse, algumas coisas não dependem somente da ciência dos homens, mas sim da vontade divina.

— Alô? – fala uma voz suave e feminina do telefone.

Tomando a postura profissional, Hinata se ajeita na cadeira pegando uma caneta.

— Bom dia Sakura. O doutor gostaria que você viesse ao consultório hoje.

— Claro, já saiu os resultados dos exames? – sua voz sai esperançosa e Hinata sente um peso no peito.

— Sim, acabaram de chegar.

— Ótimo. Qual horário seria melhor para poder estar aí?

— O de sua preferência.

— Então pode ser as 2h?

— Sim. Então está marcado hoje as 2h.

— Obrigada.

— Eu que agradeço. – e Hinata desliga o telefone.

Ela se levanta e bate na porta do consultório do médico e logo é recebida por um “entre”.

— Com licença senhor. - diz entrando no consultório e fechando a porta atrás de si.

— Pois não?

— A senhorita Haruno virá as 2 horas.

Ele assentiu e ela sai da sala.

Então as 2 horas o terrível destino de Sakura seria exposto a ela e ele, pela primeira vez rezou para que houvesse qualquer coisa, qualquer coisa mesmo para ele não ter que dar a ela a notícia de que não havia mais nada a se fazer. A notícia de que ela iria morrer.