Sou de Exatas

Ela tinha um estilo incomum, nada tradicional da galera de Exatas. E era esse o toque especial que me fazia ser apaixonado por ela.

Lembro-me até hoje de quando nos conhecemos.

Eu estava aprendendo uma música nova no violão, sentado na grama em frente à entrada do campus, quando ela parou, sentou em minha frente, e ficou me observando tocar.

Tirou seu sketchbook de sua bolsa, e começou a traçar lentamente, quase que no ritmo das cordas do meu violão.

Passei a observar a leveza no olhar dela para o papel, enquanto a brisa batia em seus cabelos, balançando suavemente algumas mechas.

A música foi chegando ao fim, os traços leves agora formavam letras.

Quando finalmente parei, ela sorriu, me olhou verdadeiramente, estendeu sua mão e me disse:

— Prazer, Bridget Chermont, qual seu nome?

Ao ouvir sua voz, senti algo único, indescritível, e sorrindo de volta, me apresentei, da maneira mais sincera que meu coração poderia agir.

Ela então arrancou a folha de seu Sketchbook, dobrou ao meio, e me disse:

— Adorei a música, quem sabe um dia você não toca novamente pra mim? Estou atrasada, vou indo!

Antes de abrir a folha, ao ver ela se distanciando, gritei:

— Ei, você é de humanas?!

Ela então sorriu, e respondeu:

— Sou de exatas!

E então piscou pra mim, e eu disse:

— Eu também!

E então a vi correndo, em direção aos portões, seus cabelos ao vento, brilhando com o sol se pondo bem em sua frente.

E, quando abri o papel, só consegui sorrir ao ler.

"Talvez eu seja louca, pois só eu sei o quão bom foi ouvir o seu som".