A batalha não cessava. Nenhum dos dois parecia parar de atacar. Porém, apesar da Horo estar firme e forte na luta, estava ferida e em consequência perdendo.

 - Kirara? Onde está Kirara?! - perguntava sua dona - Nós temos que chamar os ninjas, mas onde está minha youkai?!

 - Acalme-se Sango. Shippo e eu mandamos escondido de Horo um bilhete pela Kirara para os ninjas. Por isso ela não está aqui.

 - É, daqui a pouco devem estar chegando. - confirmou o pequeno kitsune.

 Voltei minha atenção à luta. Horo já não estava mais perdendo. Dava para enxergarmos algumas manchas de sangue fresco na armadura de Sesshoumaru.

 De repente, a vilã parou e colocou sua espada em posição defensiva. Vi um youkai morcego falando em seu ouvido, e pelo jeito, era algo importante, pois a expressão no rosto da primeira ficou cada vez mais preocupada.

 - Me perdoe Sesshoumaru, mas acabei de ficar sabendo sobre uns probleminhas na família. Teremos de continuar mais tarde. Até logo! - deu uma risadinha e saiu voando rápido demais para seguirmos.

 - Babaca! Volte aqui e lute comigo! - gritava o hanyou, enfatizando a última palavra.

 - InuYasha, não adianta. Teremos que continuar nossa trajetória até o Templo. - falei

 - Miur!

 Olhamos em direção ao miado e vimos Kirara, já em sua forma pequena, seguida peloa ninjas e uma estranha mulher com trajes "diferentes".

 - Mieko! Bem agora que você chegou, a Horo foi embora! - percebi que os ninjas estavam com leves sorrisos nos rostos - E então... o que aconteceu com vocês? Pelo jeito foi tudo bem...?

 - Sim. Foi fácil até demais. Parecia até que a Anake não queria lutar!

 - Essa é a Anake então?! Estranho que nem se pareça com sua querida irmã! - acusou Kouga, apontando para a mulher que eu mesma não havia reconhecido.

 - Não! Claro que não! Essa é a famosa feiticeira Hitomi do nosso vilarejo. Infelizmente, nossa Hime não estava com ela, ela deve estar com a outra. Porém, como combinado, já que a Anake havia sequestrado alguém inocente, a matamos.

 - Mataram?! Como?! - perguntou InuYasha indignado.

 - Bem, como eu disse, ela parecia não querer lutar, então o problema não foi ela, e sim seus vários youkais morcegos. - Mieko abaixou um pouco a cabeça - Por causa desses youkais desgraçados, perdemos dois irmãos. Um meu irmão de sangue, e outro meu irmão por simplesmente ser um ótimo amigo. Foi um preço terrível que tivemos de pagar...

 - Eu sinto muito, Mieko. - Apesar de eu saber muito bem como é perder um irmão, e uma mãe, pois o portal do poço se fechou quando derrotamos Naraku, meus pensamentos estavam muito longe daquele assunto. Eu estava ansiosa para falar com Hitomi, porque precisava tirar essa coisa de dentro de mim! Ainda bem que essa Shikon no Tama andava quieta, sem se manifestar.

 Enquanto eles discutiam se iríamos todos juntos, e principalmente, se Sesshoumaru viria conosco, sentei na beira do riacho, muito longe para ouvi-los. Logo Zulah estava ao meu lado seguida de Rin.

 - Kagome-chan, você não deveria estar participando da conversa? - perguntou inocentemente a pequena.

 - Sim Rin. Mas já tem gente suficiente e não estou com cabeça para isto agora...

 - Sabe Kagome-chan, quando eu for maior, quero ser que nem você. Ser bonita, forte, poderosa, e em destaque, ficar sempre ao lado de Sesshoumaru-sama, igual a você com InuYasha-sama!

 - Uhm, eeh, fico feliz com isso... - respondi corando com o comentário inesperado dela.

 Rin estava com os pés no riacho e estava acariciando minha youkai lobo.    

 - Será que quando eu for um pouco mais velha, você poderia me ensinar a ser uma forte sacerdotisa?

 - Eu adoraria Rin! Mas, como eu escolhi o caminho do exército, não posso te ajudar.

 - Mas você não sabe nada sobre ser miko, Kagome-chan?

 - Só sei usar o arco-e-flechas... mas uso-os muito bem! - falei orgulhosa - Porém, todo o resto que a Kaede-sama me ensinou quando era viva eu esqueci. Mal sei diferenciar uma erva de outra hoje em dia.

 - Hmm... Mas você não gostaria de voltar a ser uma um dia? - questionou, um pouco para baixo.

 - Nã... - parei. Se eu quisesse viver em paz com o InuYahsa, teria que abandonar a vida de General. Então, nesse caso, voltar a ser sacerdotisa até que ajudaria... - Talvez...

 - Aê! - a pequena vibrava animada se recompondo rapidamente - Então podemos procurar juntas uma sacerdotisa boa para nos ensinar! Seremos só nós duas aprendendo a ser mikos!

 - Mas, Rin, por que você quer ser sacerdotisa?

 - Bem, a Sango é exterminadora; a Kikyou era uma miko extraordinária; a Ayame é uma youkai e sabe lutar muito bem; a Kagura também era youkai e possuía seu leque mortal; e você é uma respeitada General agora! Toda mulher que conheço sabia ao menos se defender... até a Kanna quando era viva! Eu não quero ser um peso morto para o meu Sesshoumaru-sama! - respondeu-me um tanto quanto desapontada consigo mesma.

 - Rin, desculpe a pergunta, mas você não tem uns onze anos só?

 - Na verdade tenho nove... Mas a culpa não é minha se eu amo meu Sesshoumaru-sama! Não existe idade para se apaixonar!

 - É, você tem razão quanto a isso. Mas eu não estava me referindo a este fato... estava me referindo a você se preocupar em lutar com tão pouca idade...

 - Ah... - Ela ficou em silêncio, obviamente envergonhada.

 - Rin, não tem nada de errado em você gostar do Sesshoumaru. Você vai crescer e vai virar uma linda mulher um dia! Não terá uma coisa sequer que seu mestre não gostará em você! Pode crer!

 De repente estávamos abraçadas.

 - Obrigada Kagome-chan. Você sempre foi como um modelo para mim, como uma irmã! E, na verdade, eu queria aprender a ser miko para passar mais tempo com você, não só porque eu preciso apreender... - ela abriu um daqueles sorrisos radiantes que ninguém resistia.

 - Obrigada você, Rin! Isso realmente significa muito para mim. - falei, lembrando-me de Souta.

 Ficamos juntas, nós três brincando no riacho, até que vimos Jaken correndo até nós.

 - Jaken-sama...?

 - Rin! Vocês não me escutam?! Estou chamando faz tempo! - reclama o pequeno companheiro de Sesshoumaru, exausto.

 - Jaken, ninguém, nem InuYasha ou Sesshoumaru, consegue escutar outra pessoa com esse barulho. Só se estiverem perto, como estamos agora.

 - É, Jaken-sama. Tem uma queda d'agua aqui perto.

 - Não quero nem saber! - falou irritado, como sempre - Vamos Rin, antes que Sesshoumaru-sama parta sem nós!

 Zulah e eu seguimos o youkai e a humana até onde todos estavam reunidos.

 - E então, o que foi decidido? - perguntei.

 - Vamos todos juntos, num grupo só, até o Templo de Kaguya. - respondeu o Houshi-sama.

 - E lá, acabaremos de uma vez com aquela Horo!

 - InuYasha, não se esqueça que o objetivo é salvar nossa Hime Yamako! - terminou a ninja.

 - E a Hitomi vem? - perguntei, olhando para a mesma.

 - Sim, vou acompanhá-los. Dessa vez vou ajudar, não ser ajudada! - respondeu-me a feiticeira, de bom humor.

 - Vamos acabar com isso logo! - ouvi o irmão do hanyou, este já começando a caminhar.

 - Espere por mim Sesshoumaru-sama! - insistia o youkai.

 - Vamos Kagome-chan. - chamava me Rin - Você ficará para trás igual ao Jaken-sama!

 - Estou indo Rin.

 Todos começamos a caminhada. Sesshoumaru liderando; InuYasha não muito atrás, já que odiava quando seu irmão começava a "mandar" em seus amigos; Kouga, Sango e Miroku vinham conversando com os ninjas e com a Hitomi; as crianças (Kirara, Rin, Zulah, Shippo e também o Jaken) vinham por último, brincando pelo caminho, bem, o Jaken reclamando pelo caminho.

 Como ninguém parecia ter pressa, corri até InuYasha e peguei sua mão. Após esse momento, o hanyou pareceu relaxar ao fato de seu irmão mais velho estar presente.

 É claro que percebíamos os olhares curiosos dos outros, mas esses nós ignorávamos. Os olhares que mais me "incomodavam" eram os de nojo e repulsa de Sesshoumaru, e os de felicidade e até uma certa admiração, vindos de Rin. Porém, bem no fundo (ou talvez nem tão fundo assim), eu sabia que não ligava mais para ninguém, já que agora, finalmente, o hanyou voltou a ser o meu hanyou.