Mágoas do Passado escrita por Liudi


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Oi, alguém por aqui ainda? Enfim, voltei. Espero de coração que estejam todos bem. A situação tá uma loucura enorme e acho que todos precisam de um pouco de distração. Espero que gostem :3



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Pov. Kurt 

  Tentei me esquivar do olhar zangado de uma Sarah muito grávida, mas não deu muito certo. 

    – Que bom te ver. – Usei da minha cara de pau. – Aconteceu alguma coisa? Você sempre avisa antes de vir 

    – Sério isso Kurt? – Levantou a sobrancelha. Ou seja, me ferrei. 

  Mesmo sendo a mais nova Sarah sempre cuidou de mim da mesma forma que eu cuidava dela.  

  Então pela sua expressão, eu sabia dizer que o esporro era certo. 

    – Ei meu amor. – Reade começou tentando se aproximar, mas Sarah o cortou. 

    – Nada de meu amor Edgar. Kurt e eu precisamos conversar. – Disse firme se esquivando do seu abraço. 

    – Jane, Zapata e eu vamos dar uma volta com as crianças. – Ian se pronunciou de supetão. 

    – É vamos mesmo. – Zapata concordou rápido. 

  Em questão de 5 minutos, Ian pegou meus filhos no colo, Tasha suas bolsas e os quatro sumiram porta afora. 

  Ratos!  

  Reade me olhava com pena e Jane tentava disfarçar o riso, ótimo grupo de apoio. 

— Então mana, o que você quer conversar? – Me fiz de rogado. 

    – Corta esse papo Kurt. Porque diabos você não me contou que tinha filhos com a Jane? – E o vulcão explodiu. 

    – Sarah, amor. Vamos com calma. – Reade tentou intervir e murchou um pouco quando o olhar irritado de Sarah recaiu sobre ele. 

    – Me acalmar Ed, como eu vou me acalmar se a droga do meu irmão não me conta as coisas? – Sarah levantou a voz. 

    – Ei, eu não sabia. Nem faz uma semana direito que eu descobri. – Me defendi e vi Jane se remexer culpada.  

    – E de quem é a culpa hein Kurt, de quem é a culpa? Se eu não tivesse visto a mensagem no celular do Ed sem querer quando é que você ia me contar? Quando os dois tivessem 18 anos? 

    – Ei Sarah, a culpa não é toda do Kurt nisso. – Jane disse suavemente tocando o braço de Sarah calmamente.  

  Aquilo pareceu o suficiente para acalmar um pouco minha irmã que lhe retribuiu o olhar menos irritada. 

    – Ok, tem razão. Desculpa Jane, juro que não quis te ofender. As coisas são complicadas. 

    – Tá tudo bem. – Jane lhe tranquilizou. Mas não foi o suficiente pois Sarah começou a chorar descontroladamente. 

  Jane puxou Sarah pra um abraço e passou a murmurar palavras de conforto. 

  Reade e eu estávamos estoicos demais pra fazer qualquer coisa que não incluísse nos olharmos abobalhados. 

    – Eu vou contar pra mamãe. – Disse Sarah por fim, quando já estava mais calma. 

  Arregalei meus olhos instintivamente. 

    – A mamãe não, tudo menos a mamãe. Por favor não faz isso. 

  Sarah e Reade começaram a rir e Jane não entendeu nada. 

    – Mamãe vai adorar saber que o Kurt tá espalhando as sementes dele por aí novamente. – Sarah debochou. – Mamãe vive brigando com o Kurt dizendo que já passou da hora dele se casar e constituir família, mas o Kurt não sabe seguir a ordem correta dos passos. 

  Suspirei sem jeito pelas verdades jogadas na minha cara. 

  Eu já até consigo visualizar minha mãe berrando comigo, perguntando se eu não sabia o que era camisinha.  

    – Por favor Sarinha. Me perdoa. – Pedi lhe abraçando e esfregando a sua barriga.  

    – Sai Kurt, tá achando que você vai esfregar minha barriga e eu vou fazer o que você quer? Eu não sou um cachorro e muito menos um gênio da lâmpada. – Me deu um tapa na mão. 

    – Bom, já que os ânimos estão mais calmos, que tal jantarmos todos juntos hoje. Assim você passa um pouco mais de tempo com as crianças? – Jane sugeriu e eu achei uma ótima ideia. 

    – Perfeito! Até lá penso na pior forma de contar isso pra mamãe. – Sara me mostrou a língua e eu retribuí. 

  Reade e eu ficamos encarregados de ir às compras e quando voltamos Ian, Tasha e meus filhos já estavam de volta. 

    – Papai! – Amy veio correndo assim que me viu. 

    – Oi princesa. – Ergui ela em meus braços e lhe enchi de beijo. – Achei que seu tio tinha roubado vocês.  

    – Não, tio Ian sabe que a mamãe briga. – Disse passando a mão na minha barba. – Senti sua falta papai. 

    – Também senti a sua falta meu amor. – A abracei apertado. 

  Ben nos observava de perto, então desci Amy do meu colo e me dirigi a ele. 

    – Ei carinha, tudo bem?  

  Ben balançou a cabeça e estendeu os braços.  

  Sorri e o ergui nos meus braços.  

    – Também senti sua falta filho. – Beijei seu rosto e ele se remexeu por causa da barba. 

  Beijei sua testa e o deixei ir. 

  Tasha e Ian discutiam alguma coisa no canto da sala e eu ainda não conseguia ver de onde vinha tanta implicância. 

    – Comprou tudo? – Jane perguntou. 

    – Sim, já dá pra começar a cozinhar.  

    – Ian. – Chamou – Quê? – Perguntou quando viu meu olhar confuso. – Tem certeza de que não se lembra o que aconteceu na última vez que eu cozinhei? 

  Sim, eu lembrava. Foi logo depois de Jane ter sido encontrada. Os seguranças me ligaram pois o alarme de incêndio havia sido ativado.  

  Sai de madrugada desesperado pra no fim encontrar a cozinha da casa segura fedendo a fumaça e uma panela completamente carbonizada jogada na pia. 

  Sorri com a lembrança. 

    – Tem razão, melhor você ficar longe. – Concordei. – Se o Ian concordar eu o ajudo na cozinha. 

    – Pode ser Weller, eu tô acostumado a cozinhar pra menos gente. – Ian respondeu. 

  Fomos pra cozinha e em seguida Reade apareceu, murmurando alguma coisa sobre dia dos homens na cozinha. 

  Cozinhamos em paz, conversando amenidades. 

    – Nossa Kurt, seu macarrão está incrível, não me lembro de ter comido um melhor. – Disse Tasha, com a boca meio cheia. 

    – De nada gracinha. – Ian me interrompeu antes que eu pudesse falar. – O macarrão fui eu que fiz. – Piscou em sua direção e Tasha fechou a cara, murmurando algo baixinho. 

  Ian tinha um sorriso presunçoso no rosto que se desfez quando Jane arqueou as sobrancelhas pra ele. 

  O jantar transcorreu com um clima leve, mesmo com as provocações entre os dois. 

  Tasha e Jane colocaram a louça na lavadora automática e todos nós juntamos na sala pra assistir um filme. 

  Amy praticamente se deitou em cima de mim e Ben fez o mesmo com Jane que estava sentada do meu lado. 

  Em pouco tempo as crianças estavam dormindo e o pessoal decidiu ir embora. 

  Jane e eu colocamos nossos filhos na cama, aconcheguei Amy nos cobertores e lhe dei um beijo na testa. Jane fez o mesmo com Ben, trocamos de lugar e fomos nos despedir dos outros. 

  Jane disse algo no ouvido de Ian que o deixou meio perturbado e ele saiu apressado na frente da Tasha, que me olhou sem entender o porquê. 

  Me despedi de minha irmã e Reade, suspirando satisfeito quando me joguei no sofá. 

  Apesar de toda a bagunça com o Rich, o dia foi extremamente gostoso, como a tempos eu não tinha um dia assim. 

    – Boa noite Kurt. – Jane acariciou meu ombro, automaticamente cobri sua mão com a minha e suspirei com o contato. 

    – Boa noite Jane. 

—-- 

Pov. Zapata. 

  O clima estava tão tenso dentro daquele apartamento que não tive coragem de negar o convite de pra sair dali, mesmo sendo com o Ian. 

  Ele me irritava muito, e ao mesmo tempo me fazia sentir culpa. Jane deve ter se sentido assim quando não perdíamos a oportunidade de esfregar seus erros na sua cara. 

  Sacudi a cabeça, agora não a merda já estava feita e não tinha sentido eu me martirizar por isso. 

  Sabia que precisava conversar com Jane, afinal éramos amigas, mas precisava fazer as coisas no meu tempo pra não acabar estragando tudo. 

  Me contentei em prestar atenção na cantoria do Ian e das crianças, na quinta vez que Baby Shark tocou no rádio decidi que precisava intervir. 

    – Estamos indo pra onde? – Perguntei como justificativa para baixar o som. 

    – Central Park. – Respondeu Ian. – Esses dois pestinhas precisam se exercitar um pouco, tomaram muito sorvete. 

    – A gente vai no paquinho? – O mini Weller perguntou. 

    – Parquinho bear. – Ian corrigiu.  

  Aquela miniatura de gente revirou os olhos, com certeza aprendeu aqui com o tio. 

    – Sim, paquinho. Quero ir no balanço. – Teimou fazendo bico. 

  Tive vontade de alertá-lo, aquele garoto ultrapassou todos os limites de fofura. 

  Amy e Ben começaram uma brincadeira sobre o que viam no caminho. Não demoramos muito e estávamos no parque. 

  Descemos do carro, cada um pegou uma bolsa e uma das crianças.  

  Amy veio pro meu colo ser receio algum e logo ela já mexia no meu cabelo enquanto me fazia todo tipo de pergunta. 

  Ela se remexeu pedindo pra descer quando viu os brinquedos e as crianças e eu lhe coloquei no chão. 

  Ben e ela saíram em disparada e Ian se sentou num banco, acabei me sentando com ele. 

    – Quem diria hein, achei uma qualidade em você. – Provoquei. – Até que você é um bom tio. 

  Ian me olhou com uma expressão que dizia “é sério isso?”, soltei uma pequena risada. 

    – Pois fique sabendo que essa é só uma das minhas inúmeras qualidades. – Provocou aproximando o rosto de mim. 

    – Nem que você morresse e nascesse novamente. - Dei tapinhas de leve em seu rosto rindo da careta que ele fez.  

  Amy gritou por Ian pedindo ajuda pra subir no trepa-trepa ao mesmo tempo que Ben também chamava por ele. 

    – Vai. Eu fico com ele.  

    – Tem certeza? Ele não gosta muito de estranhos. – Comentou preocupado.  

    – Tenho. – Confirmei. – O mini Weller e eu vamos ficar bem. 

Ian foi ainda meio incerto até Amy enquanto eu caminhava até Ben, que estava nos balanços.  

    – Oi pequeno.  

    – Oi. - Me encarava, seus grandes olhos azuis e suas bochechas gordinhas exalavam fofura.  

  Nunca fui muito de gostar de crianças, mas até que aqueles dois tinham seus encantos. 

    – Seu tio está com a Amy agora, mas se você me disser o que precisa eu posso te ajudar 

    – Balança. – Disse simplesmente. 

    – Você quer que eu te empurre no balanço? – Perguntei só pra ter certeza, raramente tinha que lidar com uma criança tão pequena. 

  Ben acenou de um jeito fofo e correu para o balanço. 

  Lhe ajudei a sentar e comecei a empurrá-lo de leve. 

    – Mais alto.  

  Pedia ele, mas mesmo assim mantive o balanço numa altura segura, não queria nem pensar o que Kurt faria comigo se qualquer um daqueles dois voltasse pra casa com um simples arranhão sequer. 

  Ficamos mais um tempo no parquinho, até decidirmos que as coisas já estavam menos tensas e que dava pra voltar pro apartamento do Kurt. 

  Amy veio de mão dadas com o tio até nós. 

    – Vem bear, hora de ir pra casa. – Chamou Ian. 

  Contrariando todas as expectativas Ben se virou pra mim e pediu colo. Com aquela carinha não pude negar nada então apenas lhe puxei pro meu colo. 

  Ian me olhava abismado, mas ainda era possível ver o começo de um sorriso em seus lábios.  

  Ben descansou a cabeça no meu ombro e eu meio que fiquei sem saber o que fazer. 

  Fazia muito tempo que eu não tinha contato com uma criança, a demonstração de carinho dele foi bem reconfortante. O mini Weller era muito fofo.  

—--  

Pov. Ian 

  Quando estava me despedindo de Jane ela insinuou que eu sentia algo pela Zapata. Passei a viagem de volta até seu apartamento remoendo o que ela me disse. 

  Não podia ser, Zapata era insuportável.  

  Eu só achava extremamente engraçado implicar com ela e ver sua cara de desaprovação. Nada mais que isso. 

    – O gato comeu sua língua? – Perguntou assim que adentramos seu apartamento. 

    – Antes fosse, assim não precisaria estar aqui. – Retruquei. 

    – Eia, parece que alguém trocou a ferradura. – Ironizou. 

  Revirei meus olhos e fui em direção ao meu quarto. Precisava de um banho e uma boa noite de sono pra pôr as ideias no lugar. Só percebi depois que desliguei o chuveiro que tinha esquecido a roupa no quarto. 

  Me enxuguei com a toalha antes de enrola-la na cintura.   Sai do banheiro tomando cuidado, a casa estava silenciosa demais então deduzi que Zapata já estava dormindo. 

  Ledo engano, trombei com tudo nela que vinha distraída no corredor.  

Segurei firme em sua cintura lhe impedindo de cair. 

    – Ai meu Deus, você tá pelado. – Tasha praticamente gritou. – Não encosta em mim seu pelado, me solta. 

    – Eu hein, eu te salvo de cair e é assim que você me agradece? – Debochou do seu constrangimento. Zapata me encarava, as bochechas vermelhas e os olhos vidrados no meu peitoral. – Gosta do que vê? – Provoquei mais um pouco. 

  Seus olhos aumentaram de tamanho, suas bochechas ficaram mais vermelhas e sua boca se abriu diversas vezes sem formar uma palavra sequer. 

  Desatei a rir, ver Zapata sem palavras era uma oportunidade única e eu guardaria aquela cena na minha memória. 

    – Ian idiota, prepotente, arrogante. – Saiu resmungando pelo corredor e fechou a porta de seu quarto com um estrondo. 

  Apenas dei de ombro e fui pro meu quarto. Já estava começando a ficar com frio só de toalha.  

  Puxa, minha cabeça estava mesmo uma confusão. Eu sabia que as coisas mudariam no momento em que cruzássemos o caminho do Kurt novamente, mas só agora reparei que não estava realmente preparado para isso.  

  Jane, como sempre, já havia perdoado todos eles.  

  Pra mim era um pouco mais difícil. Jane foi tudo o que eu tive além de ter sido minha maior protetora por muitos anos e me irritava profundamente que eu não pudesse retribuir todo o cuidado que ela teve comigo.  

  Era muito estranho não ter Jane e as crianças por perto o tempo todo, meus pestinhas são tudo pra mim. E como se não bastasse isso ainda tenho que aguentar a hipócrita da Zapata.  

  Em nenhum momento disfarcei minha antipatia por ela, ao contrário, sempre deixei isso bem claro. Contudo, sua interação com o Ben hoje serviu pra me mostrar que talvez, só talvez ela não fosse tão ruim. Bem não era nada fácil de conquistar, se ela conseguiu que ele a abraçasse talvez ela merecesse uma chance.  


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Notas finais do capítulo

E então people, gostaram? Comentem, preciso saber das opiniões de vocês. Não tenho ideia de quando volto com o próximo. Pelo amor de deus se cuidem.



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