A Cura Entre Nós escrita por Duda Borges


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Sejam muito bem vindos! Decidi começar essa fic depois de tanto pensar e ter ideias, e finalmente a comecei. Espero muito mesmo que gostem da ideia , e que me acompanhem no decorrer da história!

Boa leitura :)



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"Prometa que nunca vai desistir, que não vai se entregar a esse mundo do jeito que eu fiz..."

Essas palavras ecoavam a todo momento em minha mente, deixando as minhas longas caminhadas nesse mundo insano mais solitárias ainda, porém me dando uma espécie de propósito. Afinal, eu não iria me entregar, e olha que já tinha pensado muitas vezes nisso depois de tudo que passei.

Eu estava andando sem parar a quanto tempo? 2 meses? Acho que sim. Mas eu realmente não tinha mais noção do tempo que tinha passado, e nem fazia questão de saber, não fazia diferença. Só sabia que era outono, pois as folhas já estavam caindo e se acumulando no chão, tornando mais fácil de ouvir e avistar os mortos e até mesmo outros animais. Ou folhas caindo era sinal da primavera?

Eu estava muito cansada, mas não podia reclamar, pois pelo menos eu estava fortemente armada. Quer dizer, mais ou menos, pois não tenho armas de fogo. Carrego um arco e flecha nas costas, além de um grande facão, acomodados de um jeito que não atrapalham minha movimentação. Além deles, uso um cinto cheio de facas de todos os tamanhos, minhas armas favoritas, pertencentes a meu pai.

Avistei uma cidade pequena ao longe depois de horas vendo apenas estrada e mato, e soltei um suspiro de alívio. Abri um sorriso esperançoso, sedenta por comida e algum tipo de aventura. Estava muito fraca para caçar, e realmente não aguentava mais andar sem me alimentar. Fiz um rápido coque em meus cabelos longos e brancos, fazendo um aviso mental de corta-los quando conseguir.

Ajeitei minha fiel mochila nas costas e acelerei o passo, torcendo para encontrar alguma coisa boa na pequena cidade, praticamente uma vila. Não comia fazia dois dias, e tinha impressão que cada vez menos animas apareciam, ou seja, cada vez menos oportunidades de me alimentar.

—Maldito apocalipse - Resmunguei para mim mesma, bufando. A solidão já era como uma velha amiga para mim, e muitas vezes acabava conversando comigo mesma para permanecer sã. Provavelmente eu estava mais segura assim, não sei mais o que esperar da minha própria espécie. 

Senti uma dor aguda em minha coxa direita e soltei um arquejo, me apoiando no chão. Observei a ferida cheia de sangue contrastando com minha pele extremamente branca, e tremi. Tinha sido perfurada por um galho em uma incessante fuga de uma horda, e mesmo tendo conhecimentos básicos sobre primeiros socorros, não consegui fazer os pontos direito, e eles acabaram infeccionando. Toquei levemente a agressiva cicatriz de mordida em meu braço, praticamente um amuleto, e soltei um suspiro nervoso, me levantando.

Deixei a dor para lá e continuei meu caminho, ouvindo o barulho suave das árvores ao meu redor balançando com o vento, e claro, o barulho de mortos andando pela floresta. Eu não tinha muito medo deles, mas uma horda poderia ser fatal até mesmo para mim. Parei para analisar o ambiente que me cercava quando cheguei mais perto. 

Era uma cidade pequena, provavelmente esquecida pelo tempo e por Deus, que para mim nem sequer existia mais. Avistei um mercadinho e algumas lojas de roupas próximos de onde estava, o que era bom, porque as poucas roupas que eu tinha estavam desgastadas pelo tempo e pelos ataques frequentes. Tinha também alguns prédios e umas casas, me fazendo pensar em como era esse lugar antes do fim, devia ser um lugar bom para se viver. Bem, não adianta ficar pensando no passado agora. Todos estavam mortos, igual o resto do mundo. 

Decidi que investigaria as lojas e o mercado só ao amanhecer, pois estava realmente no limite. Fui em direção a uma pequena casa de madeira de dois andares, e decidi que ficaria por ali mesmo. Entrei pela janela, e cai no chão da sala com tudo. Soltei um resmungo irritada, se tivesse algum errante aqui ele já terá me ouvido. Peguei uma faca e comecei a subir as escadas, que rangiam em baixo de minhas botas. 

Cheguei na porta do primeiro quarto e logo vi que era de uma menina, pois a porta era rosa com florzinhas brancas. Abri a porta e analisei o quarto, prendendo a respiração. As paredes eram pintadas de rosa, possuía uma cama cheia de bichinhos de pelúcia, uma bancada com alguns lápis e folhas, um armário e alguns quadros espalhados pelas paredes. Em um deles tinha uma família, que deduzi que moravam ali, peguei a foto e olhei para o rosto de uma menininha sorridente de cabelos loiros curtos, pensando onde ela estaria: viva ou morta.

Na foto ainda tinha um casal mais velho e um outro menino, aparentando ter uns 13 ou 14 anos, com uma expressão de tédio estampado no rosto. Soltei um sorriso e imaginei a irritação do menino ao ser obrigado a tirar uma foto de família. Meu irmão reagia da mesma forma. 

Sai do quarto e fui para o outro, que já estava com a porta aberta, me prevenindo de sustos. Entrei sem muita demora e vi que o quarto era igual o da menina, mas as paredes eram pretas, não tinha bichinhos de pelúcia e só possuía pôsteres de bandas e mulheres peladas. Revirei os olhos, " meninos”. 

Agora só faltava o quarto do casal, que era onde eu estava me dirigindo. Abri a porta e me deparei com o que já esperava, igual aos outros dois: Vazio, silencioso e empoeirado, como grande parte das casas estão desde o começo de tudo. Fechei a porta e desci as escadas, torcendo para encontrar comida na cozinha.

Quase pulei de felicidade quando achei algumas barrinhas de cereal abandonadas e uma lata de feijão, mas me contentei com um "uhu" solitário de comemoração. Comi uma das barrinhas e a lata de feijão, e a presença de alimento em meu estômago só o fez pedir mais comida. Mas infelizmente era apenas isso. Um doce gostinho de um estômago cheio. 

Então uma tontura muito forte me atingiu, e se não tivesse sentada teria caído com tudo no chão. Minha visão estava turva e esbranquiçada, e minha coxa praticamente gritava de dor. Segurei a vontade de gritar, e fiquei parada no chão, até que a tontura finalmente aliviou e soltei um resmungo, relaxando meu corpo. 

Fui me arrastando para o andar de cima e entrei no primeiro quarto que vi, deitando na cama rapidamente. Não sei quanto tempo fiquei pensando na dor, mas logo tudo ficou escuro, e fui mais uma vez para o meu querido universo de sonhos. Tinha sobrevivido a várias mordidas de errantes, mas provavelmente morreria para um galho. Que vida ótima.


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Notas finais do capítulo

Aguardo vocês para dizer se continuo ou não. O que acharam? Preciso melhorar em algo?
Desculpem o capítulo curto , mas foi realmente só uma introdução.
Conto com o seu comentário :)



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