Quando o amor bater à porta, espere pelo melhor

Sakura abriu os olhos muito feliz naquela manhã. Tinha tido um sonho muito bom e foi melhor ainda encontrar Itachi debaixo dela — ela acabava sempre usando-o como travesseiro. Decidiu fazer uma surpresa. Levantou o mais devagar que pôde e foi até a cozinha. Estava inspirada naquela manhã.

O Uchiha acordou sentindo um cheiro ótimo. Foi andando ainda sonolento pra sala usando somente as calças do pijama. E bem, encontrou uma cena engraçada. Sakura estava usando um avental todo sujo de massa que mais tarde descobriu ser de panqueca. Na bochecha também tinha trigo e parecia chocolate também.

— Você já pretende destruir a minha cozinha? — Ele sentou na bancada. Tinha casca de ovo melada também. E provavelmente seria ele quem limparia.

— Ah! Não era pra você ter acordado ainda. — Terminou de virar a panqueca no prato. — Mas já que acordou, me ajuda.

Alguns minutos depois estavam sentados comendo a pancrepe de chocolate e de requeijão.

— Acho que você vai ser o encarregado de fazer a comida normal e eu faço os doces — Sakura falou mordendo um pedaço cheio de chocolate — funcionamos bem assim.

— Sem problemas. Meu estômago agradece. — Ela chutou ele por debaixo da mesa.

A notícia do noivado já tinha se espalhado nos últimos quatro dias e na noite anterior Mikoto tinha feito um jantar pra receber a sua nova norinha. Até mesmo Reiko e Takashi apareceram. Sakura já se sentia da família.

— Quais os planos pra hoje? Nossas férias acabam em duas semanas. Finalmente vou me formar. — Itachi respirou aliviado.

— Você fala como se você fosse horrivelmente velho. Eu hein. Ah, hoje a Ino me chamou pra sair, a mãe dela deixou ela ficar mais alguns dias.

— Podemos jantar hoje? Quero te levar em um restaurante que o Sasuke me indicou.

— Claro, noivinho. Às 19h estou em casa. — Sakura fez sinal de sentido e ele riu.

O moreno a deixou no shopping por volta das 13h, ele precisava passar no escritório pra uma reunião. Sakura despediu-se com um selinho e ele a viu entrar no shopping. Por alguma razão desconhecida, sentiu-se mal. A sensação não o abandonou quando chegou no escritório, nem quando a reunião terminou sem maiores problemas.

Você está bem? Enviou a mensagem pra rosada. Ela demorou alguns segundos pra responder.

Sim, vamos pro café ver o Naruto e a Hinata. Pq?

Estou com um mau pressentimento. Acho melhor eu levar vocês até lá.

Estamos pegando um táxi agora, meu bem. Não se preocupe. É pertinho.

Ele suspirou e voltou a trabalhar. Mais tarde, arrependeu-se de não ter insistido.

Sakura encontrou Ino em frente à livraria.

— Testuda! Preciso encontrar alguns livros de Arquitetura, depois podemos ir no café dos pais do Naruto. Ainda não consegui ver ele e a Hinata.

— Ok, ok. Eles provavelmente estão lá hoje, acho que a Kushina fez algum evento envolvendo sorvete.

— Só espero não ter que vestir fantasia. — As duas riram, mas Ino estava falando sério. Não se dava muito bem com crianças.

Em meia hora conseguiram comprar os livros que Ino precisava. Ficaram conversando sobre os planos futuros — Sakura fazer residência no mesmo hospital em que a tia de Itachi trabalhava e quem sabe ter a sorte de ser a interna de Reiko.

— Fico muito feliz por você, sabia? As coisas estão caminhando só pra se encaixarem e te darem um ótimo futuro. — Ino estava realmente animada pela amiga. — Quando marcarem o casamento, me avisem. Quero ajudar na decoração!

— Avisamos sim. Você e a Hinata vão ser minhas madrinhas, obviamente. Preciso pensar em uma cor que fique bem nas duas. — Sakura disse enquanto caminhavam pra saída.

— Qualquer cor fica bem em mim, querida. — Ino brincou e fez sinal pra um táxi parar. — Manda mensagem pro Naruto avisando que já estamos indo.

— Só estou falando com o Itachi, um instante.
As duas entraram no carro e deram o endereço pro motorista.

— Pronto. Vamos mandar um áudio! Ele odeia abrir áudio. — Sakura sugeriu e Ino prontamente concordou.

— Narutooo... — Sakura cantarolou. — Estamos saindo do shopping perto do café. Acho que em uns 10 minutos chegamos.

— A Hinata vai também? Preciso perguntar dela como que ela consegue aguentar você. — Ino riu e Sakura continuava a gravar. O loiro odiava áudios longos.

— Bom, só mandamos o áudio pra te encher mesmo e... — Sakura se distraiu olhando a janela. Tudo aconteceu rápido demais.

— CUIDADO! — Ino gritou pro motorista. Um caminhão não tinha parado no sinal e estavam atravessando o cruzamento. Sakura continuou com o celular gravando. O caminhão atingiu em cheio o veículo.

A Haruno não entendeu o que estava acontecendo. Que dor era aquela no corpo? Por que tudo estava girando? O celular tinha sumido de suas mãos, sua cabeça bateu no teto e ficou enjoada. O que era aquilo? Escutava Ino gritar e outra pessoa também. Depois de segundos que pareceram durar uma eternidade, tudo parou. Fez silêncio por alguns segundos e a agonia começou.

Sakura enviou uma mensagem.

Naruto viu o áudio enviado minutos atrás e suspirou. As duas estavam atrasadas já e elas juntas não davam muito certo, provavelmente estavam zoando ele no áudio. Ele fez um bico quando as ouviu o zoarem. E então Ino gritou. Escutou um barulho forte como de freios de carro e uma batida.

Imediatamente pegou o celular e ligou pra Sakura. Chamava e ninguém atendia. Não, podia ser algum tipo de brincadeira? Os minutos passaram e nem Ino ou Sakura atendiam. Hinata chegou um pouco apreensiva.

— Desculpa o atraso, tem um acidente horrível aqui perto. Onde estão as meninas? — Naruto perdeu a cor do rosto. As mãos gelaram. Não, não podia ser.

— Me leva lá agora! — Naruto puxou Hinata pela mão e ela não entendeu o que estava acontecendo. — Sakura e Ino. Elas não chegaram. Elas podem estar lá! Elas podem...podem...

Os dois correram. Hinata já começava a chorar ao pensar no que poderia ter acontecido. Quando chegaram, era um pandemônio.

O cruzamento estava fechado, carros de bombeiro tinham acabado de chegar. O caminhão tinha avançado o sinal e atingido um táxi que estava de ponta cabeça e tinha batido contra um poste uns vinte metros depois da batida inicial.

Conseguiram chegar perto do táxi o mais próximo que conseguiam por conta de algumas pessoas. Foi então que ouviram os gritos. Sakura gritava.

Itachi continuava perturbado. Tinha enviado outra mensagem pra Sakura perguntando se já tinham chegado, mas ela não visualizou. Foi então que o celular tocou. Naruto.

— A Sakura já está com você? Ela não... — Estava um barulho horrível de sirenes. Itachi ofegou.

— Itachi! Aconteceu um acidente! A Sakura, o táxi... — Ele balbuciou. — O táxi foi atingido no cruzamento.

— O quê?! — Levantou imediatamente e pegou a chave do carro. — Onde?! Onde, Naruto?!

— Fecharam as ruas. Estão tirando as duas do carro agora e... — Itachi reconheceu a voz de Ino ao fundo. Ela gritava. — Meu Deus, a Ino tá presa nas ferragens.

— E a Sakura?! — Apertava o botão do elevador agoniado.

— Ela não responde os bombeiros, Itachi. — A voz do loiro tremeu. — Elas vão pro Hospital do centro.

Ino estava chorando, gritando. Sua perna estava presa entre o banco do motorista e o próprio banco. Provavelmente estava quebrada. Estava de cabeça pra baixo sendo segurada somente pelo cinto.

— Sakura! — Ino chamou a amiga desesperada. Tinha ouvido Sakura gritar assim que acordou, provavelmente tinha desmaiado. A cabeça latejava. Imaginou que agora tinha sido Sakura quem desmaiara.

Tinha um pedaço de vidro atravessando a barriga da amiga. O sangue escorria e pingava no teto do carro. Sakura tinha as mãos moles suspensas no ar já que também estava presa ao cinto.

Os bombeiros apareceram e tentaram remover Ino. Ela gritou quando tentaram tirá-la por causa da perna. Naruto desligou e tentou ajudar os bombeiros. Hinata tremia enquanto ligava pros pais do loiro, tinha que avisar o ocorrido.

Os bombeiros conseguiram abrir a porta que Ino estava e com muita dor ela conseguiu ser imobilizada. A perna estava realmente quebrada.

— S-Sakura... — Os dentes tremiam de tanta dor.

— Vamos tirar sua amiga, vai ficar tudo bem. — O bombeiro disse enquanto imobilizava sua perna. Ela já não tinha forças pra gritar e nem achava que isso adiantava alguma coisa.

O casal conseguiu passar pelo cordão de isolamento e Hinata acompanhou Ino na ambulância. Naruto estava agoniado enquanto resgatavam Sakura. O motorista do táxi já tinha sido retirado e só faltava a rosada.

— Sakura, aguenta. Por favor. — Naruto murmurou. Ela foi retirada e as pernas de Naruto tremeram quando viu o tamanho do vidro que estava na barriga da amiga. Quis vomitar com o sangue.

Itachi chegou no hospital. Na porta, encontrou Mikoto e Reiko que já estavam sabendo da situação.

— Calma, vai ficar tudo bem. Estamos preparados pra recebê-las. — Mikoto tinha saído da clínica e estava na emergência.

Ino chegou primeiro e tinha desmaiado no caminho. Itachi só ficava mais e mais preocupado. Hinata sentou ao lado dele enquanto esperavam na recepção. Não havia o que falar.

— Estão chegando. — Reiko surgiu apressada passando por eles e Itachi bem quis acompanhá-la, mas não podia.

Naruto surgiu abatido e sentou ao lado de Itachi. Não teve coragem de dizer o que tinha visto. Só restava esperar pelo melhor.